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quinta-feira, 23 de maio de 2013

O VIAGRA CAIPIRA


Ou "Nó De Cachorro"

Certa vez pescando no rio São Lourenço, no Mato Grosso, em Fátima do São Lourenço, estávamos no Rancho do Norahir Nogueira.                                                                                        José Cipriano Campos, era pirangueiro, caçador e atendia o rancho, um mineiro bom de prosa, contador de casos e acontecidos.
Estavamos descarregando as traias de pesca do caminhão bau, da fabrica de estofados Bandeirantes de propriedade do  Norair.         O Zé Cipriano,foi cevar em alguns poços, rio acima e atracou seu barco em frente ao rancho e trazia consigo um feixe de raízes que apresentavam uns nós, nos seus segmentos, disse que se tratava do nó de cachorro, cujo efeito de uma garrafada é fazer ficar duro o que teima em ficar mole, que levantava qualquer coisa, principalmente aquela coisa que não está querendo mais nada com nada, e que esse estimulante raiz dava alegria e prazer aos homens envelhecidos e cansados.
Com aquele feixe de raízes nas mãos perguntei , para o Rivail Silvano Bessa se ele estava precisando: - Que isso Só! Eu to é muito bom no batente, num preciso desta garrafada para melhorar o meu desempenho, to precisando até é de um calmante... Voltei para o Zé Quinzote, e este foi logo se justificando dando sonoras gargalhadas:- Você tem dúvidas do meu desempenho? To tinindo de bom, e não tem essa de nó de cachorro pra cima do velho, porque o velhinho aqui é garanhão, é garanhão... É garanhão, E o nosso cozinheiro, Neno Culturato, vai nessa? - To fora, sou igual fogão de lenha quando esquenta; haja panela!!
E assim sucessivamente ofereci o nó de cachorro pro Norair, pro Joninha, pro Josafá (comerciante da 25 de março em São Paulo), pro José Sanches, pro Saulo Mineiro (caçador de paca), pro Manasses Alcheleigar (Mana) e todos dando largas risadas dispensaram aquele afrodisíaco caípira, rebatiam em velhas ladainhas e sempre enaltecendo os seus desempenhos na cama.
Lembrei, do amigo Jonas (Papanata), que me relatou, no famoso banco da Praça São Pedro; Ah...Se esse banco falasse......), que estava um tanto derrubado por uma doença degenerativa e precisando mesmo de uma ajuda, passou por vários médicos e nada era um desânimo sem fim. Fui até a cidade de Rodonópolis e comprei um garrafão de vinho branco, recomendado, e já no rancho macetei aquelas raízes e aqueles nós, seguindo cegamente as instruções do Zé Cipriano.
Fui introduzindo no garrafão as raízes com os nós devidamente macetados e o vinho foi se turvando, adquirindo uma coloração avermelhada, e teria que ser deixado em repouso pelo prazo de pelo ao menos três dias.
Na pescaria os dias passam rápidos e ligeiros cono serelepe, e somente lá pelo quarto ou quinto dia foi que me lembrei da garrafada e avidamente fui tomar uma dose daquele revigorante de largas famas,não por necessidade e sim, para provar o sabor da garrafada, mas para minha surpresa e decepção o garrafão de vinho estava vazio, completamente vazio, estava seco, nem uma só gotinha sobrou do vinho, tomaram às escondidas o elixir do Papanata.
Com o garrafão vazio nas mãos indaguei os meus companheiros querendo saber qual deles havia bebido toda a garrafada, e todos juravam de pés juntos que não tinham sequer visto a tal garrafada, que não precisavam de muletas, mas não olhavam nos meus olhos, cabeças abaixadas, com um sorriso maroto discordavam da acusação:
- Cambada, eu sei que foram vocês que tomaram a garrafada, e tomara que o efeito em vocês seja ao contrário, mas bem ao contrário, praguejei!
Relatando ao Zé Cipriano do acontecido, ele deu largas gargalhadas, e falava por falar:
- Uai, quem disse que os garanhões não estavam precisando de uma garrafada de nó de cachorro?
A nossa traia já arrumada nas caminhão, íamos partir, foi quando aquele bom mineiro me presenteou com um novo feixe de raízes do nó de cachorro, e ele sorrindo me recomendou que só fizesse a garrafada quando estivesse em casa para evitar os gambás beberrões e os falsos garanhões.
A viagem de volta é sempre longa, mais de mil quilômetros e quinhentos longe de casa, avançamos por estradas sem fim, chegando finalmente em casa, cada um tomou o seu rumo, e no outro dia me lembrei do nó de cachorro, e saí a procurá-lo, procura daqui, procura dali e nada, olhei nas caixas de pescarias e nada, alguém havia surripiado o feixe de raízes, na certa ciente dos seus efeitos revigorantes. Eu fiquei sem saber que gosto tinha a garrafada do afamado nó de cachorro.
Contei o acontecido pro Papanata, que ficou chateado e sem saber se realmente era tão afrodisíaco como diziam os ribeirinhos e o Zé Cipriano. Não fiquei sabendo até a data de hoje, qual o efeito do elexir afrodisíaco: NOS ENIGMÁTICOS GARANHÕES!!!

Antônio de Fázio