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 RESGATE CAMINHO DAS TROPAS         
 Há quem não goste, mas, eu gosto por demais, café no bule de ágata, carne de porco na lata, fogão a lenha com linguiças penduradas defumando, forno a lenha, broa quente derretendo na boca, biscoito de polvilho, bolo de fubá com erva doce, pamonha, cural de milho verde  com cambuquira, franguinho ao molho, bolinho de frango,  horta no fundo da  casa, varanda com espreguiçadeira e muitas plantas, jardim sem projeto, roda d' água e monjolo, para fazer uma deliciosa farinha de milho.   Custei a aceitar, mas, existe uma menino do interior muito vivo dentro de mim, e tenho a certeza de muita gente também. Sou mais de mato e cachoeira do que de praia, quem não se lembra de nossas avós, fazendo um   arroz doce com canela e raspas de limão, paçoca de charque feita no pilão, desossar uma leitoa, para depois recheá-la com virado de feijão. arroz com frango e por ai vai com uma gastronomia tropeira e caipira da região.  Gosto de rezar de joelhos e não resisto a uma capelinha simples de povoado, se estiver decorada com flores do campo, então, meu coração itarareense assunta o paraíso e também o Tropeirismo. Toda essa referência é super-afetiva, nos motivou ser uns do mentores do Resgate do Caminho Viamão/Sorocaba (trecho Paulista de Itararé à Sorocaba).   Na história do Brasil, o ciclo tropeiro, não fazia e não faz parte do currículo e da grade escolar; com algumas exceções de municípios que compõem o Caminho das Tropas ou dos Rio Grande do Sul, através do nativismo e tradicionalismo, os gaúchos prezam e cultuam-o.                      O RESGATE SAÍDA ITARARÉ: No dia  22 de maio de 2005 às 20:00 horas, Na Igreja Matriz, Santa Missa Cantada;  celebrada pelo padre Rogério Caraffini, e cantada pelo conjunto Madrigal da Rainha, de Sorocaba.  Saudação as comitivas com o repentista, João Carlos Cardoso (Joínha), vice-prefeito de Angatuba.    Na praça Cel. Jordão,  o prefeito João Jorge Fádel, agradeceu a presença das autoridades e saudou as comitivas e o povo presente e convidou as comitivas  congratularem-se no Centro de Eventos, onde foi servido jantar para 400 pessoas; com a presença das autoridades do município e de todas as cidades do Caminho, representadas.
Dia 23 de maio: Abertura do Resgate Cultural do Caminho das Tropas. Hasteamento das Bandeiras do Brasil, do Estado de São Paulo e de Itararé, com execução dos respectivos Hinos, executados pela Banda itarareense,  José Melilo.    Saudação das autoridades aos presentes. Benção aos muares e tropeiros pelo padre Rogério.     Saíram as 9,30 h., do Centro de Eventos e alcançaram  à Rua das Tropas (atual Rua São Pedro). Foram recepcionados na Fazenda Rio Verde,  pelos os proprietários Luciana Machado Maschetto/Ciro Rezende Maschetto  e fizeram um lanche oferecido pela Prefeitura de Itararé, a todos os tropeiros. 
CHEGADA SOROCABA: Dia 30 de Maio, no Recinto Pagliatto.   Recepção pelo Prefeito Dr. Vitor Lippi.  Congratulando-se com os tropeiros e oferecendo almoço, jantar e pouso e Baile.
Dia 31 de maio -Desfile no encerramento da Semana do Tropeiro, pelas principais ruas de Sorocaba Em carro aberto,  com a participação do Prefeito Dr. Vitor Lippi, do Secretário Executivo de Turismo do Estado de São Paulo, Dr. Marcos Antônio Castelo Branco, Secretários Municipais de Sorocaba, Antônio de Fazio Neto (Tó), representando o Caminho das Tropas, e aproximadamente 2.500 tropeiros, mulateiros e cavaleiros desfilando e participando desse HISTÓRICO RESGATE CULTURAL.  calculo efetuado pela Policia Militar de Sorocaba.                No dia 22 de Março de 2006.   Recebemos um Diploma do Conselho Regional Turismo Paulista, como conselheiro da 4ª Região de Sorocaba, assinada pelo Governador Geraldo Alckmin.    A cerimonia foi realizada no Palácio Bandeirantes, na ocasião, Dr. Castelo Branco, em sua fala destacou a importância dos circuitos:  "O desenvolvimento  do turismo paulista passou a ter como base os circuitos, que estão inseridos em pólos que aglutinam grande número de atrativos com recursos turísticos disponíveis. Entre os exemplos de circuitos já implantados estão o Caminho do Mar, os Caminhos de Anchieta e o Roteiro dos Fortes.  afirmou ainda,  Castello Branco, comemorando o recém assinado convênio entre dez municípios da região de Campinas, que formaram o Circuito da Ciência e Tecnologia, maior pólo tecnológico da América Latina. E a formatação do convênio e  da implantação do Caminho Paulista das Tropa, no trecho entre Itararé e Sorocaba, envolvendo 25 municípios.   A TV TEM, de Sorocaba, deu total cobertura do Resgate, e foi a pioneira, fazendo um documentário diário do Resgate Cultural do Caminho Paulista das Tropas, veiculando em seus teles-jornais.
Em 2005, o Conselho de Prefeitos foi formado, tendo como Presidente Dr. Vitor Lippi, Prefeito de Sorocaba e como Vice-Presidente Dr. João Jorge Fadel, Prefeito de Itararé.   A Diretoria Executiva: Presidente Antônio de Fazio Neto, Vice Presidente Luiz Carlos Fernandes, 1ºSecretario Alex Eliéser Fante, 2º. Secretario Douglas Lopes Junior, 1º Tesoureiro; Setembrina Lourenço de Oliveira e 2º Tesoureiro Valdir Mariano de Oliveira. Diretor Executivo Basílio Bueno (Badu). O Conselho Fiscal, Presidente Paulo Vieira e vice-presidente João Aparecido da Silva (Ventura)
Fizemos o resgate do Caminho Paulista das Tropas, após 273 anos, da abertura oficial do Caminho dos Campos de Viamão a Minas Gerais, pelo Império de Portugal, que  contratou o Coronel Cristóvão Pereira de Abreu, que foi um protótipo de explorador, sertanista e combatente, ao lutar contra os franceses no Rio de Janeiro e depois contra as tropas espanholas, nos pampas gaúchos. Foi consagrado como o primeiro homem a cruzar, por via planaltina, o território entre o Rio Grande do Sul até Minas Gerais, levando uma tropa de 3000 cabeças de cavalgaduras e gado, inaugurando o ciclo comercial da região sulina.  Construiu 300 pontes, incluindo a do passador do Rio Itararé, documentada pela gravura de Jean Baptiste Debrat, em uma aquarela de 1827.  
Participaram do Resgate de 2005, tropeiros, cavaleiros e muladeiros de Itararé, Bom Sucesso de Itararé, Riversul, Itaberá, Itapeva, Taguarivaí, Buri, Campina do Monte Alegre, Angatuba, Itapetininga, Capão Bonito, Ribeirão Grande, São Miguel Arcanjo, Sarapui, Alambari, Capela do Alto, Laranjal Paulista, Araçoiaba da Serra, Iperó e Sorocaba,  os municípios que participaram do resgate cultural, compõem o Caminho histórico efetuado por Cristóvão Pereira de Abreu. 
O resgate do Caminho, não é somente para fazer tropeada anual, coincidindo com as festividade da Semana do Tropeiro em Sorocaba. Além de seu resgate, faz parte de um Projeto de Regionalização do Turismo/Cultural, que vem de encontro as politicas publicas dos governos Federal e Estadual.   Os projetos pontuais dificilmente são aprovados tanto no Ministérios da Cultura e do Turismo, com nas Secretarias Estaduais.   Após o resgate, os municípios que compõem o Caminho, criarão à Associação Intermunicipal Circuito Paulista das Tropas, registrado no Oficial de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos Civil de Pessoas Jurídicas - Comarca de Itararé -SP, com CNPJ nº.08.786.131/0001.    O Caminho Paulista das Tropas tem a seguinte Organização Administrativa: Conselho de Prefeitos, Diretória Executiva e Conselho Fiscal.   Os membros da Diretoria Executiva, são indicados e empossados pelo Conselho de Prefeitos após uma Assembleia Geral. O presidente do Conselho de Prefeito, indicará e delegará, total e parcialmente, competência ao Diretor Executivo.  Em 16 de Novembro de 2005, no município de Campina do Monte Alegre, foi a data da Fundação da Associação Intermunicipal Circuito Caminho Paulista das Tropas, com aprovação de seu   Estatuto, encaminhado pela Secretaria Estadual de Turismo, representada na Assembleia Geral, pela Dra. Lamara Amiranda, Diretora Técnica de Divisão da Secretária de Turismo do Estado de São Paulo, realizada na Sede Social do Clube Campina Futebol Clube.   O Registro foi efetivado no dia 26 de abril de 2007, no Oficial  de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e  Civil de Pessoas Jurídicas, Comarca de Itararé - SP;  assinada pelos Presidentes do Conselho de Prefeitos José Benedito Ferreira e  da Diretoria Executiva Antônio de Fazio Neto.  Com gestão até 31 de dezembro de 2008.
    
Antônio de Fazio



PÉREROLAS REMINISCENTES DE ITARARÉ



VOCÊ ENTENDE DE ECONOMIA?


Vou contar, um caso sucedido com cinco personagens de Itararé, envolvidos numa complicada operação financeira. São eles: Antônio Brun (Bicho Cru), Norahir Nogueira(Nora), Antônio de Souza (Toninho do Pio), Geraldo Umbrait e Mariquinha Veiga. O Bicho Cru, chegando em Itararé, montou com seu pai , uma oficina mecânica. Conheceu Eusa de Souza, com quem contraiu matrimonio, um tempo depois, Para mobiliar a casa que alugara o Bicho Cru, foi direto pra Loja de Moveis e Estofados Bandeirantes, de propriedade do Nora. Lá ele tirou cinco notas de 1000 cruzeiros e pagou o sofá que iria dar de presente para a esposa. O Nora, mandou o empregado ir correndo à fabrica de estofados, para pagar uma prestação vencida, com as mesmas cinco notas de 1000 cruzeiros ao seu gerente Geraldo; o Nora, também era dono da fabrica, mas, a contabilidade era em separada da loja, dando total e plena autonomia administrativa ao seu gerente Geraldo, por sua vez, fornecia alimentação para seus cinco funcionários, pegou as cinco notas 1000 cruzeiros e foi direto ao açougue do Toninho do Pio, onde pagou a carne que devia desde o mês anterior. Quitou sua dívida, portanto. E o Toninho do Pio, o que fez? Correu ao bordel da Mariquinha Veiga e pagou uma dívida adquirida por serviços prestados, com as mesmas notas do início do caso; à Mariquinha, não titubeou e, com as cinco notas de 1000 cruzeiros foi à loja do Nora, onde tinha comprado umas camas pras meninas, a prazo, e fez o pagamento de uma prestação vencida e quitou o restante da divida. Vocês pensam que acabou? Acabou nada. O Bicho Cru, quando levou o sofá pra casa, viu que não dava certo, era maior que a parede e tampava a metade da porta da sala. Teve, portanto, que devolver o sofá à loja do Norair Nogueira e, logicamente, pegou de volta as cinco notas de 1000 cruzeiros que lá deixara e que já passara pelas mãos de 4 outras pessoas, pagando dívidas. Conclusão: Em Itararé dívidas foram pagas e curiosamente, ninguém ganhou e nem gastou dinheiro. O crédito para os envolvidos foi restaurado e voltou neles a vontade de continuarem a investir na cidade. Aí eu pergunto: Economia é coisa pra se entender.

O discurso mais longo que se tem noticia em Itararé, foi proferido pelo Dr. João Batista Ferreira Lobo (Ni Lobo), no almoço, em comemoração do Cinquentenário de Fundação do Clube Atlético Fronteira. Após três horas de sua narrativa histórica desde o dia 21 de abril de 1921(data de fundação do clube, até a data comemorativa, 21 de abril 1971); o diretor social Ayrton Pereira, discretamente cortou sua palavra, desligando o microfone; mesmo assim o Dr. Ni Lobo prosseguiu sua oratória a viva voz, mas devido à afonia e rouquidão, não terminou seu discurso. O presidente, diretores e pessoas convidadas, ficaram decepcionadas!!!: Não se sabe se foi por desconhecerem o termino de sua oratória ou pela comida servida requentada!!!

Edgar Barbosa, candidato a vereador, comício na Praça São Pedro: "Quero apresentar, meu povo, o meu principal; Plano de Prioridades se for eleito, Acabarei com as Formigas Saúvas em nosso município. Hoje nossos agricultores, arcam com grandes prejuízos, por causa dessa "praga cortadeira", que devoram as suas lavouras. Erradicando as Saúvas, nossos agricultores iram colher de: "SACO PRA FORA".

O Vereador Eduardo Pastori (Du), votou contra o seu parecer, de um projeto do executivo, gestão do Prefeito Dr. Walter Coquemala. O líder da oposição Vereador Dr. Adolfo Bandoni Filho, não se conteve e pediu explicação ao nobre edil: O que fez Vossa Excelência para mudar de opinião repentinamente votando contra ao seu próprio parecer? -"Vereador Adolfinho, além de pertencer a bancada da situação, sou Secretário dos Serviços Gerais e o prefeito Coquemala me deu um ultimato: "Vote contra a burrice que fez ou..."; Vossa Excelência, sabe como a "coisa funciona", com o prefeito Dr. Walter!!". - Estou sabendo agora vereador Pastori, respondeu o Vereador Adolfo. Bandoni.

O Vereador Osvaldo Busnelo, em um casamento de sua afilhada, no almoço de confraternização, pede a palavra: -"Compadre e comadre, que emoção senti, ao ver aquelas meninas, "despatalando as patalas" das rosas e jogarem as "patalas" em riba dos noivos. Que momento bonito, as "patalas avoando", por riba deles!! Que felicidade, parabéns aos noivos. E tenho dito.
Antônio de Fázio 


SITIO...
Finalmente aconteceu. Você acabou comprando o tal do sítio. Não importa o que os outros tenham dito, que sítio é que nem barco e que como tal, sempre dá duas felicidades. Você queria, ou melhor, sua mulher queria e você acabou comprando o dito cujo, e agora é um feliz proprietário de terras. Acres da boa terra itarareense, talvez até alguns hectares. Sítio formado ou não, console-se, dizem que terra sempre é uma boa forma de investimento, pois apesar de não render tanto quanto algumas ações, pelo menos o capital acaba se corrigindo. E, afinal de contas, a vida não é só juntar dinheiro, temos de ter nosso palmo de chão do jeito que queremos, não é mesmo? Então agora você é o feliz proprietário daquele belo terreno. E já tem até uma casa em cima! Que bom! Não, nada disso. Você vai descobrir que casa feita pelos outros nunca está dentro do padrão que exigimos a nós mesmos. Vai ver muita coisa mal feita ou, pior, coisa que nem se sabe como foi feita. Não espere demais dos encanamentos e da fiação elétrica. Geralmente é a coisa mais barata que o anterior dono encontrou na loja. E se acha que a construção foi feita para resistir à umidade, esqueça, que impermeabilizante é coisa cara, e tudo nessa obra foi economizado ao máximo. Sem falar que o gosto dos outros nunca é o que consideramos “bom gosto”, pelo menos no dizer de minha mulher. Verifique a lógica do imóvel antes. Já vi cada coisa por aí que chegou a me dar medo. E depois que comprar, vai ter de conviver por muito tempo com quartos nos fundos da cozinha, alpendres com vista para o barranco, forros despencando, arquitetura maluca e coisas do gênero. E são construções que o anterior dono tinha muito orgulho, projeto arquitetônico do próprio, e está pedindo mais pelas terras só porque já tem aquela maravilha da arquitetura pronta em cima. Sim, cada um é cada um. E você é você. Então, se puder construir a casa de campo dos seus sonhos em cima de um terreno vazio, é o mais recomendável? Em termos. Construção não rima com chateação por acaso. Prepare-se para passar um ano ou mais indo e voltando todos os finais de semana, isso se não tiver de fazer durante. E prepare-se para passar boa parte de seu tempo livre em casas de material de construção, lojas de móveis e decorações – que sua mulher vai adorar, claro – escritório de engenheiros, etc. E, principalmente, prepare o bolso. É, hoje em dia construir casa está pela hora da morte. Separe um bom tutu para fazer a mansão do começo ao fim em tempo hábil, a não ser que queira passar anos construindo. Uma coisa que sempre acontece com quem tem sítio é a tal da produção local. Não conheço um que não tenha o seu pomar, talvez o seu galinheiro e o açude. Vejamos o que acontece com cada caso. No caso do pomar, o feliz proprietário vai plantar sempre aquilo que ele quer, ou melhor, aquilo que a esposa quer. Pois se ela gosta de acerola, claro está que você terá de ir ao viveiro e trazer pelo menos uns cinco pés da dita cuja. Se é banana a fruta da preferência familiar, o mesmo. Seja lá que for, prepare um bom pedaço de terra para plantar essas coisas. Pois em se tendo uma pequena produção local, a despensa sempre fica cheia de limões, laranjas, abacates, mangas, caquis, mandiocas e tudo mais que a natureza der de graça ou foi plantado. Coisas que no futuro vão acabar gerando um considerável excesso de produção, para a felicidade das sogras, cunhados, parentes e amigos em geral. E nada melhor que fazer uma média com o pessoal dando essas coisas que iam se perder de qualquer jeito.
No caso do galinheiro, tendemos sempre a achar que criação de bicho é coisa fácil e barata. Doce e ledo engano. Além de ter de gastar um bom tutu para cercar uma área considerável e perceber que qualquer construção simples de tábuas hoje em dia sai caro, não se esqueça que bicho come. E come bem. Portanto, não ache que aquelas penosas conseguirão se virar apenas com a dose de minhocas diárias que o terreno pode fornecer. Prepare-se para comprar pelo menos milho, quiçá ração, que elas devorarão com uma rapidez de dar medo. Sacos e sacos deverão ser estocados, e você verá o caseiro dizer com frequência que acabou tudo.
Pode esticar o pensamento acima para criação de qualquer outro bicho. E, principalmente não se esqueça que qualquer sucesso na criação de seus animais é diretamente proporcional ao sucesso da criação dos animais de seu caseiro. Se mora no Brasil, acho que já descobriu o porquê. Então, vai perceber como custa caro aqueles ovos, o leitãozinho anual e o franguinho mensal, abandonando tudo depois de alguns meses para comprar na mercearia da cidade, que sai muito mais barato. Agora, o açude. Aquele açude onde o feliz proprietário poderá soltar o peixe que quiser, e sem dúvida que irá fazer isso rapidinho. Depois, vai perder quase toda a criação boiada porque soltou peixe demais, soltar de novo outra leva, perder quase tudo de novo para as lontras, soltar de novo, perder tudo novamente porque algum pilantra passou rede – e o caseiro dando a entender que nada percebeu, assobiando quando você conferia a desgraça - e aí sim, finalmente acertar. Acertar deixando o açude se virar por si só, que peixe nesta terra aparece do nada, basta dar um ambiente decente. E peixe bom é sempre aquele que você não gastou um centavo com ele. Pelo menos no dizer de sua mulher.
Agora, a parte ruim. Quem tem sitio, acaba não conseguindo fugir da maior praga da lavoura no Brasil, que é o tal do caseiro. Caseiro é o típico caso de coisa que quando é boa, já é ruim. Caseiro é aquele indivíduo que vai ligar para você nos piores momentos para avisar das piores coisas. Com sorte, ele avisa apenas das necessidades do sítio – e dele – que você deverá providenciar quando de seu retorno. Com sorte. Mas é comum ouvir da vaca que morreu, açude que estourou, rancho que incendiou, ladrão que rapinou e por assim vai. Isso, sem falar dos problemas gerados pelo próprio. Pois caseiro é bicho mais carente de cuidados que a própria criação. Se o telefone tocar em um horário impróprio e você ver no visor que o número é o do caseiro, nunca espere apenas um voto de bom fim de semana. Se prepare. Aí vem chumbo grosso. Chega ao ponto de você ficar com medo de conversar com ele, pois é o típico ser que só te fala problema e desgraça. E ai de você se nos pagamentos mensais não exigir um recibo assinadinho e não pagar todos os direitos da carteira. Quem paga mal paga duas vezes, é o que dizem todos os Juízes das Varas Trabalhistas. Às vezes, três. Mas ruim com eles, pior sem. Deixar uma propriedade abandonada é pedir para encontrar uma terra arrasada quando voltar. Sorte se foi só o botijão de gás que sumiu. Já soube de casos em que até o madeirame do telhado foi roubado. Isso se você não for passar um final de semana calmo e agradável em sua terrinha e encontrar duas famílias estranhas morando na casa que você construiu com tanto amor. E depois ouvir eles jurando de pés juntos ao Juiz que vivem ali desde há vinte anos, terrinha onde criaram os filhos e enterraram os pais. E o Juiz, com lágrimas nos olhos, concordando com cada palavra. Mas também, não é só assim. Não desista de um sonho só porque ouviu – ou leu – certas coisas. A vida não é só feita de problemas. Todos temos direito também à nossa dose de satisfação. Afinal de contas, todos nós temos em nosso subconsciente aquela vontade de retornar ao campo, um lugar que em nossas mentes tem um apelo irresistível. Quem não gostaria de passar aquela tarde gostosa depois de uma pescaria na lagoa e um franguinho ao molho, feito na panela de ferro com polenta no almoço feito em fogão a lenha, deitado na rede de casal esticada no alpendre que construiu, a vista se perdendo na distância, onde pode-se ver o morro semi escondido pelas névoas do fim do dia? E nesse momento você observará os animais pastando no vizinho pois estouraram a cerca de novo, os filhos brincando no barro onde os leitões estavam logo cedo, a esposa feliz lavando aquela montanha de pratos e sorrirá satisfeito, se sentindo o homem mais feliz do mundo. Portanto, não desista. Compre seu palmo de terra e monte o sítio de seus sonhos. E, depois, me convide para conhecer. Que melhor que ter sítio, é ter amigo que tem um. Bom, deixa eu parar por aqui. Poderia escrever um manual aos colegas, pois morei em sitio por um bom tempo. Mas não é a intenção, eu apenas estava aqui em casa neste domingo de bobeira e pensei, por que não? Então, até a próxima doideira.
Antônio de Fazio

PÉROLAS REMINISCENTES DE ITARARÉ

Joaquim Emídio dos Santos, (Joaquim Sozinho), tinha uma loja de roupas e tecidos na Rua São Pedro, no antigo casarão do Senhor Alfredo Bicudo, atual prédio da Casas Pernambucanas, no casarão além do cômodo da loja, ele alugava mais dois pontos comerciais. O Joaquim, morava, ou melhor dormia na própria loja sozinho, daí o seu apelido, mas, tinha um agravante o cômodo não possuía banheiro, obrigava-o a jogar uma pinicada de suas necessidades fisiológicas, antes de clarear o dia, no bueiro da esquina. Na verdade, ele não tinha companhia de outra pessoa, mas, convivia com um animal de estimação, melhor expressando com uma ave de estimação, era uma pessoa estranha e agarrada ao dinheiro (mão de vaca). Certa feita, comprou uma fusca zerinho da loja do Zé Bigode, mas, nunca andou no tal fusquinha, não que não soubesse guiar, pois tinha carteira de habilitação, queria conserva-lo com a quilometragem a baixo de 100 quilômetros, para anos mais tarde vende-lo como uma relíquia; guardava-o, no estacionamento da Cofesa, prédio da antiga agência Ford, sobre quatro cavaletes, todos os dias limpava e cobria com aqueles cobertores "corta febre" o seu perfil, auto completava com um grande contador de casos. Ele nos contou a sua primeira viagem para a cidade grande São Paulo, foi as compras para estocar a sua loja com as novidades do Braz, desde o tempo do antanho o Braz, era o paraíso das compras. Viajando de trem. E com a chegada do interiorano à Capital o choque de cultura é inevitável. Desde o medo de trilho de bonde dar choque e elevador despencar das alturas até o ato de colocar os últimos 50 centavos que tinha nos bolsos, num recipiente onde dizia: COLABORE COM A LIMPEZA PÚBLICA. Com muitas saudades, pode-se lembrar da violência da época. O elemento marginal mais perigoso era o “batedor de carteiras”. Aparecia também quem estivesse fazendo promoção de “bilhetes de loteria premiados” por uma verdadeira pechincha. Mas a clientela desse tipo de negócio era mais restrita. Tal façanha só era praticada por aqueles que se julgavam espertos a ponto de ficarem ricos sem fazer muita força e com baixo investimento. Pois bem, conta nosso herói que veio para a metrópole, mas não teve coragem de deixar pra trás sua ave de estimação, uma galinhazinha carijó que tinha nascido de uma chocada das mãos, do Turíbio Fiuza, seu amigo de infância, ganhou-a bem pequena não dava para distinguir se era macho ou fêmea. criou com todo carinho. Era um pouco maior que uma garnisé e menor que uma galinha comum, era conduzida em uma maleta, que era usada para o transporte de galos de briga. Foi dormir numa “Pensão familiar", repartindo o cômodo com a galinácea companheira, como em Itararé. Acontece que, certamente a pequena criatura, também tinha desejos de conhecer o desconhecido e de certa feita, aproveitando uma nesga de porta aberta, enquanto Joaquim Sozinho, foi as compras, caiu no mundo. Já na rua, que estava sendo asfaltada, deparou com aquele chão preto que lhe pareceu familiar, lavrado (arado) para um próximo plantio de arroz ou qualquer outro mantimento!!! E deve ter minhocas aos montes. Passou então a procurá-las. Nisso uma daquelas máquinas grandonas de compactar asfalto ( rolo compressor), cujo motorneiro estava distraído se aproximou da também distraída ave de cor carijó, que de certa forma se camuflava com o asfalto em questão. O choque foi inevitável, e como sempre, com prejuízo maior para o lado mais fraco. Do da galinha, é claro!!! Ficou como folha de papel preto presa ao solo. A “maquinona” foi-se embora sem olhar pra trás...Por uma coincidência chegando das compras Joaquim Sozinho, deparou com aquele quadro horroroso. Parecia tudo acabado, quando uma ponta da asinha se levantou. Depois a outra. E enfim a ave inteira se pôs em pé. Chacoalhou todas as penas fazendo uma grande nuvem preta de piche em forma de cerração. E à carijoíssima, toda contente, satisfeita, batendo asas, cantando e cocoricando...
Surpreendido, Joaquim Sozinho, expressou-se: " Arre!!! Ela só fica assim quando é galada; mas, não com tanto ênfase!!! ISSO QUE É GALO E NÃO AQUELAS PORCARIAS QUE TEM LÁ PRAS BANDAS DE ITARARÉ!! Bem, minha gente!! Não pense ou acrescente mais esse apodo, no perfil do Joaquim Sozinho, como um exímio mentiroso!!! Ele jurava de pés juntos que o caso é verídico. Se duvidas!!...

J. Batista, foi um grande comunicador na Radio Clube de Itararé.
Ele apresentava um programa de grande audiência "Boca no Trombone". Certo dia, J. Batista informou a hora e deu enfoque a uma notícia de forma dramática, estourando a audiência.
- Agora em Itararé, são onze horas e quinze minutos. Estamos iniciando o Programa, líder de audiência no sul e sudoeste de São Paulo, Boca no Trombone. E daqui a pouco, eu vou detonar uma notícia bombástica para você. Itararé, está de luto!!!
A notícia pegou o povo de surpresa, pois naquele momento ninguém tinha conhecimento de trágico algum ocorrido no município.
A cidade ficou apreensiva, com aquela pergunta no ar: o que terá acontecido de tão grave para o município ficar de luto? Lideranças políticas, médicos, comerciantes, moradores da zona urbana e rural, ficaram de ouvidos aguçados na notícia.
Era grande a ansiedade e os cinco minutos finais do programa pareciam uma eternidade... Em estilo dramático, característico de J. Batista, a notícia chega da forma mais sensacionalista possível:
- São Meio dia e cinquenta e nove minutos e chegou o momento mais esperado do programa, porque agora nós vamos falar da catástrofe ocorrida em Itararé, na manhã de hoje!
Os ouvintes aguardavam a notícia de coração na mão, já que J. Batista, anunciara um fato estarrecedor, chocante, lamentoso.
- Confira a hora certa! São 13 horas! Atenção! Conforme anunciamos no início do programa, esta notícia é de dilacerar coração. Itararé, está de luto!!!! Sabe por quê?
O José Fausto Ferreira (Zé Pensão, o Nosso Vereador, deixou o PFL!! E acabou o programa.

Dr. Walter Coquemala, foi entrevistado por um jornal local, sobre as prioridades de seu governo, em mais um ano que se iniciava. E desde aquele tempo já discutia-se o asfaltamento da Rua São Pedro, e seria obvio a pergunta se o asfalto da referida rua estavam entre as suas prioridades administrativa. Sua resposta foi objetiva: " NÃO!!! A razão é muito simples, o município, não pode bitributar dos proprietários de imóveis, por um serviço já efetivado; os recursos próprios são escassos e o município não tem condições financeira de bancar o asfaltamento da rua". Na segunda feira, no Programa Boca no Trombone, J. Batista, faz um desavio ao Prefeito Coquemala: -Dr. Walter. Sei como executar o asfaltamento da Rua São Pedro, sem ônus para prefeitura e para os proprietários!!. Em seu gabinete, o Prefeito Coquemala, escutando o programa, p...da vida, chama o seu assessor de gabinete Luisinho, e manda-o, ir até à radio, para que o J.B., nos explique esse absurdo. O Luisinho, no ar, pergunta para O J.B.: -O Dr. Walter, quer que você publicamente, explique ao povo Itararé, de como fazer o asfaltamento da Rua São Pedro, sem ônus para a prefeitura e para os proprietários? O J. Batista, responde sem pestanejar: - Se acha que eu sou trocha Dr. Walter; De entregar o ouro pro bandido!!

 J. Batista, também, era um profissional versátil, narrava partidas de futebol. Em um jogo no Estádio Verginio Holtz, entre a Associação Atlética Itararé e Bandeirantes Futebol Clube de Itaberá. Acontece um tumulto entre os jogadores, na área pequena do Bandeirantes. E o J.B., pergunta ao reporte de campo: O que houve aí Batista Filho? O Batista Filho, responde ; "Ouve o J. Batista, o maior locutor de radio no interior paulista!! E o J. Batista:" Aí, concordo com você, sobre ao meu respeito; E o arbitro, expulsou alguém no empurra e sopapos? Seu Anta de Galocha "

 J. Batista, também tentou por duas vezes, ser o representante dos munícipes na Câmara de Vereadores de Itararé, em ambas, não obteve sucesso, Nos comícios, pedia votos aos eleitores, para o candidato representante da vila ou bairro: "Votem, no candidato, morador de sua vila ou bairro, ele esta presente ao seu lado. É conhecedor das prioridades que necessitam. Tenho uma pesquisa recente que serei o mais votado!!

O Vereador Osvaldo Busnelo, em um comício no Bairro do Cerrado, promete aos agricultores de Itararé; " Farei um projeto para baixar o óleo diesel e a gasolina em Itararé".

O prefeito Benedito Nehir Carneiro, pessoa humanitária, sempre ajudando as pessoas, possuírem uma vida feliz e condigna. Em uma visita do então Deputado Federal Israel Dias Novaes,(o deputado em seus discursos em plena Ditadura Militar, tratava o Presidente Geisel, de "Caipora"). Nehir, no Gabinete da Prefeitura, pede ao deputado, agendar uma operação para correção em uma das pernas do Vereador Osvaldo Busnelo. De imediato o Deputado Israel, disse que agendaria, seu irmão Dr.Paulo Novaes, era médico e clinicava no Hospital do Servidor. em São Paulo. O Busnelo, presente agradece: "Obrigado Prefeito Nehir, Deputado Israel. Não posso aceitar. Como é que vou me reeleger???"

O vereador Oráci Pacheco Martins, elaborou um projeto legislativo. Denominação a Rua do Café, para Júlio de Mesquita Filho, então presidente do Grupo do Jornal O Estado de São Paulo (Estadão), recém falecido. Os adversários políticos comentavam, nas famosas rodinhas de jogar a conversa fora; O que, Júlio de Mesquita, fez por Itararé, para merecer tal honraria? E na Tribuna da Câmara veio a resposta do nobre Edil Oraci: "A miúde, meus adversários, ficam bisbilhotando o que fez Júlio de Mesquita Filho, por Itararé? E respondendo; Pergunto: O que São Pedro, Frei Caneca, John Kennedy, Rui Barbosa e Prudente de Morais, todos com denominações das nossas principais ruas: FIZERAM POR ITARARÉ???.

Amado Antunes de Oliveira, candidato a vereador em um comício na Vila Osorio, é anunciado pelo locutor da campanha para usar da palavra: -Com vocês. o candidato, por todos, Amado Antunes de Oliveira, (Slogan de sua campanha). Segurando o microfone com uma das mãos o candidato Amado, começa a procurar o seu discurso, nos bolsos do paletó. procura daqui, procura dali e nada de encontrar o seu "improviso". Já nervoso, vira para os candidatos e as pessoas que estavam em cima do caminhão (palanque), que se postavam atrás do orador. E dize essa "perola", com o microfone ligado: Qual o Filho da ..., que roubou o meu DIRCURSO!!

AMOR A MODA ANTIGA...                                                                                                                 A madrugada preguiçosa de um domingo de primavera despertou com o clarim de um galo, cujo dormitório ficava no condomínio dos galhos secos de uma velha laranjeira, bem no oitão da cozinha do rancho de meus avós maternos Maria Schmidt de Lima(Cotinha), e meu avô João Hermínio de Lima(Jango) Ele nunca perdera para o cantor emplumado, mas naquela madrugada, pela primeira vez foi surpreendido, talvez por motivo do bailinho regado a licores, na festa das bodas de ouro de um compadre. Isso o fez ir para a cama pouco antes da hora de levantar, Abriu os olhos de vagarinho, ainda pesados de sono e uma bruta dor de cabeça. Virou para o lado onde minha avó, pesadamente e com um pouco de remorso, cutucou-a com cuidado. Ela sobressaltada falou meio assustada:
- O que foi Jango?
- Não se assusta muié, vai fazê um chá de carqueja com guaco que minha cuca vai istorá de tanta dor e zuêra...
- Quem te mandou exagerar na dose? Vai você na cozinha, eu vou é virar pro canto e dormir de novo. Seu prevalecido...
E lá vai o Vô Jango, arrastando o chinelo e resmungando: - Bem dizem por aí que as muié não são mais as mesma de antigamente. Barbaridade, aonde os home vão pará desse jeito? Ai minha cabeça!
Lá da cama, a vó Cotinha retrucou:
- Eu sei onde os homens vão parar. Vão parar num canto de galpão, cobertos de picumã, com o bigode amarelo do paiero, com tosse e cada vez mais ranzinza. - Vai te afumentá sua véia caduca. Por acaso tu também não tem tuas manha? Eu sei bem. Não é de hoje que te conheço, aguentando tuas denguice, menospausas e "inchacuêcas". Até já perdi a conta de quantas noite tive que levantá pra te fazê chá de marcela. Sem contá quando te atacava o “figo” e eu tinha que ficá sigurando o pinico enquanto tu botava o dedo na guela pra mode vumitá. Agora que tocou pra mim você tá com nhem nhem nhem.
- Me deixa dormir e vai tirar leite da Laranja (vaca cega de nascença, criada na mamadeira com muito carinho pelos meus avós), que não aguento mais esse terneiro berrando, desabafou.
Vô , foi até a cozinha e começou a procurar as coisas e a praguejar:
- Onde será que essa muié iscondeu os fofre? Como vou acendê o fogo sem achá eles? – Ah, táqui, caído atráis do fogão! Eta muié distraída a Cotinha...
E agora, onde estaria a bendita carqueja com o guaco? Procurou nas gavetas do armário, na prateleirinha acima do fogão, por aqui, ali, acolá e nada! Como a maioria dos homens, ele nunca achava nada, mesmo estando no mesmo lugar onde sempre esteve...
- Aonde a Cotinha, botou a carqueja e o guaco secos de fazê chá? Será que ela não podia adivinhá que eu ia bebê uns trago a mais? Bota burrice, nisso! Vou te que chamá a danada! Mas quem manda ela iscondê os trecos de mim? E começou a berrar o nome da vó, a sapatear e fungar num acesso de brabeza.
Vó Cotinha, acordou sobressaltada pela segunda vez naquela manhã e também deu um berro: - O que foi agora homem? Morreu alguém? Ta pegando fogo na casa? Meu Deus! Levantou rápido e não achando o chinelo ajeito, saiu de pés descalços, meio trambalhando e tropeçando nas portas:
 Mas o que foi criatura? Que bicho te mordeu? Quer me matar de susto?
- Eu é que te pergunto: - Onde tá a carqueja e o guaco, pra fazê chá que você iscondeu de mim? Decerto é pra me castigá porque você imaginou que eu ia bebê uns gole a mais... Sua bruaca, vingativa, sua...sua...
- Pode parar seu bruto, bebarrão, caduco...Você olhou dentro daquele pote de barro verde, encima da prateleirinha, acima do fogão, onde a carqueja e o guaco pra chá, fica guardados desde o nosso casamento?... - Ai! Minha cabeça vai istorá os miólo, resmungou o vô Jango. Vó Cotinha deu um chega pra lá com a anca do vô Jango, que ainda estava um pouco sob o efeito do licor. Pegou a carqueja e o guaco e quase esfregou no bigode dele. Foi para o lado do bacieiro com um caneco de água, despejou na bacia, lavou o rosto, molhou o cabelo, gargarejou um pouco de água e iniciou a retocar o penteado que havia sido feito no capricho para as bodas dos compadres. Emburrado, ele foi para o galpão, dizendo que o chá na cambona ficava mais forte e fazia efeito mais ligeiro.
- Vai pra lá com isso, disse ela, o efeito eu sei bem do que é. Você parece que tem bucho de corvo e guela de socó. Agora tá aí, querendo mimo. Toma logo a carquejadaguacada e não esquece que ainda tem que tirar leite, você sabe que não tomo café preto.
Depois de toda essa cena, Vô Jango, foi pro galpão e ainda resmungando, finalmente acendeu o fogo de chão e conseguiu fazer o chá milagroso. Sentou num cepo e tomando os goles, começou a falar com seus botões:
-pensando bem, a Cotinha é uma boa muié! É trabaiadera, inconômica e quando ta carminha até me chama de mimoso...nois criemos 11 filhos; João, Roque, José, Ciro, Celso, Dalila, Maria Aparecida, Adalgisa, Suzana, Lourdes, Eunice e Aparecida, uma sobrinha que adotamos. nunca faltou nada, todos tem sua casinha. suas terras pra planta, os solteiros moram lá em casa, na cidade, que companheira é a Cotinha, nunca ergueu a mão pra bater em nossos filhos, todos eles nos respeita, pedem benção de mãos juntas, a Cotinha, faz as comidas com amor, do jeito que todos gostam, costureira de mão cheia, todos andamos com roupas novas e reformadas por ela, as flores e a horta ela que cuida, das galinhas ela que trata, a vaquinha Laranja nem falar: lava, escova e os rastolho de milho é só pra ela, Acho que vou vortá pra cozinha e fazê as paiz com ela, sinão vai me tocá fazê bóia e tudo mais. Bem que eu quiria deitá e tirá um bom sono mais tarde pra matá de veiz a ressaca. E...ao chegar de volta à casa, já na porta começou colocar o seu plano em prática - Véinha, vortou pra cama? Sabe que a porca ta mais gorda? Vai dá um bom assado quando todos os fios vierem aqui no sitio passar o domingo de Pascoa – Agora vô tirá um leitinho, espumado do abojo da Laranja, bem morninho pra minha paixão de olhos azuis da cor do céu, tomá o cafezinho com leite bem gostoso. Ta bom, véinha? Vó Cotinha ouviu tudinho lá do quarto, enquanto o “toc, toc” das botinas do vô Jango, denunciava seu deslocamento para a mangueira. Mais ou menos vinte minutos, voltou com o leite e ao se aproximar da cozinha, sentiu o cheiro gostoso do café que estava sendo passado. A mesa já estava arrumada e enquanto o leite fervia, Vô Jango, lavou as mãos na mesma água da bacia que a vó Cotinha havia usado, passou no cabelo, depois as enxugou na perna da calça de brim, com a reprovação dela, o que não retrucou, apenas fez um carinho. Sentaram-se à mesa, onde trocaram olhares como nos velhos temposCotinha. 
Antônio Fazio.

TÔNINHO VURTO E O ENTERRO Toninho Vurto, mecânico, baixinho, magrinho e moreninho um personagem folclórico de Itararé. Não perdia velórios e acompanhava a todos os enterros. Era um bebum, dos bom, era mesmo da pá virada. Teimoso e impertinente, tirava a paciência de qualquer um. A morte súbita do vereador Ruberval Ribeiro, em pleno mandato legislativo, pôs, em comoção toda a população itarareense. O velório na Câmara Municipal, estava repleto. E desde de cedo, Vurto, matava as bichas, com uma purinha, espremida com limão no bar Bahia, já baleado da asa e de meia guampa. O local não era, recomendável para o Toninho Vurto, mas perder o velório de uma autoridade!! Nem pensar. Hora antes do enterro, o Vurto, adentrou-se no plenário Eugênia Veiga, na Câmara Municipal, onde o corpo estava sendo velado. Acomodou-se em umas das poltronas e começou a enrolar um paiêro. Espalhou fumo pra todo lado. Uma senhora , sentada em uma poltrona na fila detrás , começou a espirrar sem parar, devido o cheiro forte da macaio que exalava. Daí, percebeu que não tinha fósforo, pergunta daqui e dali; - quem tem fogo. E todos responderam negativamente. Não se deu por arrogado, foi junto ao pé do defunto no caixão, ao lado da cunhada do Ruberval, sob o olhar choroso de algumas carpideiras. A cunhada do Ruberval, sapecou-lhe um beliscão no braço. O peste esfregou o local e rapidamente mudou de posição. Foi ter perto de umas das velas na cabeceira do caixão. Olhava para os lados e com o canto da boca tentava acender o paiêro na vela. Era cinza e fiapos de palha acessa em cima do falecido. Foi a vez de um primo do vereador chamar sua atenção e obriga-lo a sentar-se novamente. O irmão do Ruberval já não sabia se consolava sua mãe, já bem velhinha ou dava uma tunda no Vurto, ali mesmo. Foi demovido de seu intento de surrar o tranqueira, pela chegada do padre Teotônio. para encomendar o corpo. Instalou-se o ofício fúnebre. As rezas eram interrompidas de quando em quando, por um "fica quieto", dito entredentes. A coisa já passava da conta. O padre parou o ofício e perguntou se tinha alguém que retirasse a pessoa que estava perturbando. O primo do Ruberval, aproximou da inconsequente presença do Vurto e arrastou-o pelo braço, para fora do velório. Foi um berreiro só, xingando as pessoas e mandando o defunto para aquele lugar!!, ouvido mesmo a grande distância onde encontrava o Vurto, que era contido pelo primo do vereador. Nisso já o féretro deixava a Câmara em direção ao cemitério. Nessas alturas do ocorrido. O endiabrado Toninho Vurto, ao ver o cortejo, desvencilhou -se e correu em direção ao caixão. "Abre essa porcaria", gritava o impertinente, esmurrando o caixão. "Abre essa merda, se não eu derrubo o vereador com caixão e tudo no chão, e aí eu quero ver!". As pessoas estavam pasmas, algumas se benziam. A viúva. inconformada e nervosa quase desmaia. O padre Teotônio, segurou o inoportuno pelo braço, horrorizado pelo seu comportamento.
O Vurto se batia, e continuava bradando que se abrissem o caixão do vereador . Instalou-se uma balbúrdia incontrolável, cada qual tentando acalmá-lo a seu jeito. Finalmente o peste foi contido, agarrado pelo forte abraço do coveiro. Sentindo o único em condições de controlar a situação, o padre Teotônio, aproximou-se do Toninho Vurto que tremia e soluçava. Com paciência e buscando acalmá-lo, tentou saber porque que ele queria que o caixão fosse aberto. Soluçando, ainda e com uma voz aparentando uma suplica o Vurto explicou-se:-" É que eu quero de volta meu paiêro que enviei no bolsinho do paletó do vereador".
Antônio de Fázio.

DOIDOS...
Dizer que há alguns anos as cidades eram mais amigáveis pode parecer nostalgia boba. E deve ser. Mas a verdade é que as cidades eram mais amigáveis. Vejamos o caso dos doidos. Toda cidade tinha seu grupo, maior ou menor de doidos. Ora, dirá um leitor mais impaciente, hoje as cidades estão cheias de doidos! Onde este cronista (doido?) está querendo chegar?! É também verdade que o número de doidos aumentou, mas estou falando de outra coisa, caro leitor. Lembro que as cidades tinham seus doidos de estimação, digamos assim. Eram doidos que viviam pelas ruas, dormiam onde fosse possível, viviam de favores, quase sempre morriam ainda jovens, não eram dados a banhos e se vestiam com trapos velhos que organizavam, em alguns casos, com muito engenho. Eram doidos que participavam da vida urbana como qualquer destas criaturas que costumamos chamar de normais e se transformaram em pessoas populares e folclóricas. Vejamos alguns casos em Itararé. Havia o Calil. Era um homem alto, bonito, de olhos claros, que ainda lembrava o porte atlético que tivera em outras épocas. Falava um português límpido e refinado, de frases em ordem direta, não raro salpicado com palavras eruditas, que nos levavam a crer verdadeira a história que corria a seu respeito. Fora um homem estudioso, talvez professor ou juiz, e chegara a ser um dos sujeitos mais ricos de... bom, aí começavam as divergências. Seria do Rio de Janeiro, segundo alguns; de Belo Horizonte, segundo outros. Havia mesmo a teoria do Waldomiro Dias Domingues (Miro Vaca), garantia que o Calil, contou que o seu nome era outro, qual, nunca disse, fazia segredo e ele era o homem mais ilustre do Rio Janeiro e seus pais eram turcos. Bom, nunca se confirmou nenhuma das afirmações do "Miro Vaca" O fato é que Calil, teria origem abastada, o que surpreendia a todos que o encontravam jogado num canto de calçada, agarrado a garrafa de cachaça ou tomando "banho", no tanque da borracharia do Posto Lima. Bêbado, cantando canções de dor-de-corno e sempre profetizava: "A paixão transforma, muitas vezes, o mais hábil dos homens num doido e torna muitas vezes mais hábeis os mais tolos, quando profetizamos estamos formatando nosso inconsciente ou o nosso deus interno.
Eis o que nos leva à segunda parte de sua história: segundo era consenso, inclusive para Miro Vaca, fora enganado pela mulher, uma morena belíssima e pela qual tinha verdadeira adoração. Um dia, voltava ele, juiz ou professor (não sabemos), para sua bela casa quando deu com a sua mulher e o jardineiro engalfinhados no sofá da sala de visitas. Calil pirou. Mudou de cidade, arranjou-se em Itararé, passou a viver como Deus permitia. Era dócil, amigo, brincava com as crianças da Osorio e da São Pedro, contava histórias. Mas era doido. De hora para outra, parava o olhar no espaço, dizia adeus como quem se vai para sempre, agarrava-se e ia trocar seus trocados por cachaça. Horas depois, estava pelas ruas cantando uma canção de Lupicínio Rodrigues. Ou seja, poderia ser gaúcho. Todos cuidavam do Calil, todos amavam o Calil. era o cantor de várias serestas em Itararé. Havia senhoras que suspiravam quando ele passava, lamentando não tê-lo conhecido alguns anos antes. Que belo homem teria sido, sonhavam. E, como acontecia com os doidos dessa época remota, um dia ele sumiu. Só isso. Evaporou. Era assim. Havia, o Jesus Medeiros Campos ("Jesus Casado").
Era troncudo. ingênuo, tinha um linguajar todo seu, divertia a todos Carregava de vez em quando, uma mala cheia de roupas, uma bolsa a tira colo cheia de quinquilharias, trazia sempre com ele um "molho" de chaves pendurado à cinta, usava um chapéu de caubói , para se proteger uma estrela de xerife na lapela de seu paletó, uma gravata que "avuava'' pendurada no pescoço, pelo seu andar espalhafatoso; sempre atropelava um transeunte. Todos o conheciam, lhe davam comida, roupas e suportavam seu francês: " Carne seca de mascar hai hai. Bijur Donzeli. Arrevu". Mas tinha uma mania: não podia ser chamado de "casado". Vinha pela rua, olhos atento e se algum guri assim o chamasse, corria atrás e lá vinha pedra ou o que aparecia a sua frente, para afugenta-los. Para Jesus: "eles judiam d'eu". Uns diziam que era um devoto fervoroso Cristo Nosso Senhor, por ostentar o seu nome, o Jesus de Itararé, não poderia casar, como o de Nazaré; outros diziam: que ele sonhava em casar com uma das moças bonitas da cidade e se alguém perguntasse que iria casar com aquela moça morena de olhos verdes, ele imediatamente esticava o seu braço e de mão espalmada batia com um leve toque como estar acariciando o seu interlocutor e dizia: "Obis" e soltava uma descontraída gargalhada. Jesus, ia sempre almoçar na Churrascaria Bambu, comer uma carninha assada com arroz feijão e farinha de milho, sempre pedia para minha mãe: "Dona Cida, quero que a senhora faça uma prato de comida; "iguar o da mãe, nois morava no Lenheiro do Piogente (Piagenti), em Ribeirão Vermelho do Sul (Riversul), foi lá que nasci no dia 16 de agosto de 1933"; (de fato Jesus nasceu no local que mencionou, seus pais; Eugênia Marques de Medeiros e Pedro de Almeida Campos, registraram-no com natural de Apiaí SP): em um desses almoço falou: "Dona Cida não dê comida pro Gumercindo ele é rico e tentou me matar, junto com o Rivair", o Gumercindo Ferreira dos Santos e o Rivail Silvano Bessa, fizeram uma "pegadinha" com o Jesus, apontando um revolver de brinquedo, em sua direção e ao mesmo tempo estouraram uma bombinha; segundo o saudoso Rivail, o Jesus, chegou a desmaiar pensando que o tiro fosse verdadeiro. Certa feita, na Cofesa loja 9, estava o Jesus, conversando com varias moças, que trabalhavam nos caixas do supermercado e se intromete na conversa o Bastião Ruivo, de mãos postadas diz: "Sua benção meu pai", Enraivecido o Jesus começou a correr atrás do Ruivo entre as gondolas, derrubando mercadorias formando uma "zorra" e pondo em pânico vários fregueses, o então gerente José Roberto Ferraz (Tigrinho), teve o maior trabalho, para por a casa em ordem. Jesus, veio a falecer no dia 02/12/1995, com 62anos, foi sepultado em Itararé.
Enfim, eram doidos amenos. De alguma forma, criavam cidades mais humanas. Quase faziam parte das famílias de então que, dispondo de tais doidos, folclóricos e populares os consideravam normais. Bom. O capítulo das pessoas doidas, populares e folclóricas: É longo. Logo, logo: Narraremos mais casos desses personagens que marcaram época , na nossa legendaria Itararé!!!
Antônio de Fazio

ESCARRADEIRA
Escarrar e cuspir são coisas muito porcas e estão completamente fora de moda, (com exceção dos degustadores de vinho). Mas, teve uma época que o povo escarrava muito e pra todo lado. Os antigos referiam-se a alguém que sabia se comportar em sociedade dizendo que aquela pessoa sabia “cuspir na escarradeira”; afinal, era costume de mastigar tabaco nas reuniões sociais e nas casas mais requintadas, fumar um charuto ou mesmo uma cigarro de palha era comum ter ao lado dos sofás e poltronas pequenas peças de porcelana com um estratégico furo para coletar os dejetos desse hábito questionável; a escarradeira, ainda é possível de ser encontrada em museus e alguns antiquários. Os que tinham trato social sabiam da existência de tal objeto e o usavam para desfazer-se do tabaco mastigado ou do catarro provocado pela nicotina, quando fumavam; os que não conheciam os costumes em sociedade, acabavam cuspindo no chão, ou errando a mira na escarradeira. A cidade de Pequim, capital da China, realizou uma pesquisa de opinião com dez mil moradores para estabelecer quais os cinco hábitos mais desagradáveis de seus cidadãos. O objetivo era estabelecer uma lista de prioridades de costumes e combate-los no intuito de melhorar a vida das pessoas e preparar Pequim para o grande evento internacional que estava a surgir em seu horizonte próximo: os Jogos Olímpicos de 2008; O ato de escarrar e cuspir nas ruas, estavam entre as cinco prioridades de descarte da pesquisa O hábito de escarrar em publico seria coibido com a aplicação de multas de 50 yuanes, o equivalente a US$ 6,50, quantia não desprezível em um país que tem renda per capita anual de US$ 2.000. É oportuno salientar que o habito de escarrar em publico do povo chinês e tão quando andar de bicicleta. Os escarros públicos de Pequim , foram abolidos.
Até o grande poeta Augusto dos Anjos chegou a versificar, mais ou menos assim: “Apedreja essa mão vil, que te afaga, e escarra nessa boca que te beija”. Ou então, cuspindo do alto da ponte Buarque de Macedo, lá de Recife: “Cuspir de um abismo, noutro abismo. Lançando aos céus o fumo de um cigarro.  Há mais filosofia nesse escarro, que mem toda moral do Cristianismo”.
Quando um vinho é degustado, é preciso utilizar vários de nossos sentidos, a visão, para observar a cor, o olfato, para vermos os aromas e paladar, para perceber o gosto, ácido, doce, amargo, etc. O ideal em uma degustação é quando o vinho é colocado na boca fazer um "bochecho", deixar o vinho passar por todas as regiões da boca e da língua, já que é nela que há as papilas gustativas em toda a superfície (salgado nas laterais, doce na ponta, e ácido nas bordas superiores e amargo na parte posterior), Após todo esse ritual você obterá o mesmo prazer sensorial, assim engolir ou   cuspir o vinho não faz diferença.
No Brasil (atual), nas famosas adegas o ato de cuspir o vinho é natural; as " escarradeiras" são baldes.que ficam lá para todos cuspirem...e o pior vemos os vinhos cuspidos pelos outros no balde...e o medo de respingar uma gotinha enquanto cuspimos???
Besteira achar que é deselegante, se tem uma escarradeira lá...é para ser usada, mas se você vai jantar e pede uma garrafa de vinho...aí é outra coisa...nessa situação seria necessário ir ao banheiro cuspir o vinho e isso aconteceria por dois motivos: o vinho é ruim ou está estragado!!! Em Itararé, o casal Tacinha Merege de Almeida e Julinho de Almeida , eram gente
importante; Tacinha, era esposa de uns dos maiores tropeiros de Itararé e fazendeiro, tinham a sua escarradeira, era um artigo de luxo e necessário.
Aconteceu que um dia o casal abriu a sala de visitas para receber um querido compadre, fazendeiro e tropeiro: Bem Jardim, lá das bandas de Itaberá. Como o compadre era fumante, Dona Tacinha se apressou em colocar uma escarradeira do lado de sua cadeira. Porem o compadre pá, mandou uma cusparada no chão do lado contrário. Então, Dona Tacinha, muito discretamente, mudou a peça de lado. Mas, conversa vai conversa vem, o compadre não se mancou e pá de novo do lado errado. Ela trocou mais umas duas vezes de lado a posição da escarradeira, até que o Bem Jardim, falou:
-Olha comadre Tacinha, a senhora para de mexer com essa tigelinha, se não eu sou capaz de acertar uma “guspida” nela.
Antônio de Fazio

JANELAS
Uma janela muito famosa é a do Príncipe dos Poetas Olavo Bilac, que cantou:
“Ora (direis) ouvir estrelas”! Certo
Perdeste o senso. E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto.
E abro a janela, pálido de espanto.”...
Outra janela também muito poética é a do fadista português, que da janela, todos os dias, via passar a Rosinha dos limões: catita, com o seu vestido de chita, faceira e namoradeira. No fado ele diz que ficou tão fascinado que: “qualquer dia por graça, ia comprar limões à praça, para depois casar com ela.”   Na nossa música popular, tem uma letra do Tom Cleber para música de forró, na qual Gilberto Gil fez o maior sucesso cantando e esperando na janela, ai, ai. E, tem aquela coitada da Carolina do Chico Buarque, pobre e alienada, que ficou na janela e não viu a vida passar.
O samba "Abre a Janela" defende a regalia masculina de "cair na orgia", com direito ao perdão da mulher, passado o carnaval. E o amante folião anuncia e justifica o seu projeto de liberação ao pé da janela da namorada, como se fizesse uma serenata: "Abre a janela formosa mulher / e vem dizer adeus a quem te adora / apesar de te amar / como sempre amei / na hora da orgia eu vou embora". Em seguida, sugere uma solução conciliatória ofertando-lhe em penhor o coração e prometendo voltar para a sua companhia, assim que a orgia terminar...
Ótimo na letra e na melodia, "Abre a Janela" foi o primeiro grande sucesso de Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti, na interpretação de Orlando Silva.
A janela que ficou famosa foi a de uma donzela que, como as outras, seu pai também era uma fera. Então não podendo namorar de dia, à noite amarrava um barbante comprido no dedão do pé e jogava pela janela do quarto, Em plena madrugada, seu amado puxava aquele barbante maravilhoso e então era acolhido, no aposento proibido e na quenturinha dos cobertores.
Afinal, por falar em janela, as que não podem ser esquecidas são as de Itararé. A primeira Janela, começa com o romantismo de uma serenata e termina... Em uma casa assobradada, na rua São Pedro. O cantor e seresteiro, Calil, no coral e ritmo; Boneco, Nelson Corvo e Miro Vaca, no violão sete cordas, o Teléco e ostentando um buquê de rosas, Antônio Brum , o Bicho Cru, apaixonado e os seresteiros à cantar: -meu coração /não sei porque/ bate feliz/ quando te...São interrompidos com um grito do pai da amada, Alfredo de Souza, na janela do sobrado: - Vão cantar no inferno, sua cambada de vadio e ao mesmo instante, joga a uma penicada cheia de xixi, dando aquele banho e acabando com a seresta. Na esquina em frente ao sobrado, ficava o Posto Lima, aonde trabalhava o frentista noturno Firmino, que observou, toda o desfecho da "serenata", curioso e perplexo com atitude do Alfredo de Souza.
O Bicho Cru, queria demostrar toda sua paixão a sua musa Euza, fazendo novamente uma serenata. Convidou a todos que participaram da serenata, melhor expressando, do banho de xixi. Com exceção do Osvaldo de Souza (Boneco), irmão de sua amada, os demais recusaram. O Boneco, então arquitetou uma plano para que , seu futuro cunhado e amigo, concretizasse o seu ensejo: -"Bicho Cru, o Seu Chico, seu pai, possui uma sonata, eu coloco a sonata na sacada do sobrado e a serenata será tranquila, só não poderá ser de musica cantada e sim de um solo de violão, senão o velho acorda, já viu o que vai dar. Trato feito, trato cumprido, o Boneco, ligou a sonata, a musica Abismo de Rosa, interpretada pelo violonista Dilermando Reis. O Bicho Cru, postado em frente a janela de sua amada, ostentando um buquê de rosas, a expectativa é enorme , finalmente a janela se abriu... Surpresa... o Alfredo de Sousa, novamente com penico na mão pergunta: -Bicho Cru, não estão fazendo serenata? A resposta cura e grossa; -Não. O som vem dali do Bar do Adalberto. Não deu outra, banho de xixi. Procurando abrigar-se no Posto Lima, lá estava o Firmino que afirmou: - Você não devia ter o apelido de Bicho Cru e sim de Bicho Burro. A sonata estava colocada no lado oposto do Bar do Adalberto. Seu Anta!!!.
Duas janelas famosas, onde se debruçavam de dia e de noite, duas solteironas, cada uma na sua respectiva janela, elas ficavam em uma casa no centro de Itararé, onde bisbilhotando todos os passantes, as “meninas” dominavam e espalhavam todas as fofocas locais. E foi daí, que as vítimas das fofocas mais pesadas se vingaram, batizando as duas : Peidolina e Mijardélia. Respeitosa e definitivamente.
Uma janela, cheia de amor e de carinho, era a de Dona Maria de Lourdes Ferreira Pinto, esposa do farmacêutico, escritor, poeta e professor Pedro Ribeiro Pinto, Dizia: -"Adoro ficar debruçada na minha janela, é a minha televisão, nela aprecio o movimento, comprimento e converso com as pessoas, fico sabendo das notícias e acontecimentos locais". A lanchonete Topitó, era de minha propriedade e sempre trocávamos um tiquinho de prosa. Ela curtia, o aglomerado de jovens nas calçadas da rua São Pedro, defronte a sua casa e da lanchonete. Passou-me uma poesia, que com certeza era lavra do poeta Pedro Ribeiro Pinto; MINHA MÃE: *Pra descrever minha mãe* Nenhuma palavra rimam *Porque das obras de Deus *E que Ele mais estima *Mesmo com sua grandeza *Eu tenho quase certeza *Que ela é sua obra prima.   Sua filha Mariolanda Ferreira Pinto, teve a feliz ideia de encomendar uma replica da casa, com sua mãe na janela, para o artesão Aristides, como era o habito de sua querida e inesquecível mãe; seu filho Luiz Antônio Ferreira Pinto Ribeiro, preservou-a e expos a replica na farmácia , até quando ficou administrando-a , presenteou ao Carlos Alberto Ribeiro (Kaká), para o acervo de seu futuro museu, atualmente está exposta na Chácara do Kaká, na rua Djalma Dutra; n. 660.
Em tempo: A "serenata" . Relatou-me, Antônio Guilherme de Souza, para os mais chegados "Bilo", filho do Alfredo de Sousa, e cunhado do saudoso Antônio Brum (Bicho Cru). As janelas das "meninas", não dá para ser divulgada é "segredo de estado": Senão: Como diziam os cachaceiros inconvenientes e arruaceiros, nos Plantões Policiais de antigamente em Itararé: "Ui-Ui-Ui.. DITO LIMA".
Antônio de Fázio.

TRIBUTO A RAÇA NEGRA
No feriado da Consciência Negra, em Itararé, percorri um trecho de linda beleza cênica, do Vale do Itararé, primeiramente fui até a nascente do rio Capivari, afluente da margem esquerda do rio Itararé, o local é chamado de "Poço do Encanto", (tal qual, um dos pontos turístico, de maior destino no Estado de São Paulo, mais especificamente na cidade de Brotas, com o nome de "Areia que canta"); ambas nascentes são muito grandes, no envolto ao afloramento das aguas predomina a areia sílica e quando as pessoas à esfregam entre as mãos, ela emite um som; "canta". Dali, desci a serra do Capivari, passando pela "Cidade de Pedras", mesma formação em arenito, proporcionando várias formações, efetuadas por milhares de anos pelo ventos e chuvas , (tal qual, a um famoso destino turístico do Estado do Paraná, Vila Velha, no município de Ponta Grossa). Essa estrada leva-nos ao Bairro da Palmeirinha de Baixo, Quando termina a descida da serra Capivari, existe uma trilha que vai até ao Vale do Corisco, no encontro das aguas do Capivari com o rio Itararé, dali, uma caminhada de 2 quilômetros, pelo leito do Capivari, pratica-se; ( uma das modalidade do Turismo Aventura: "Agua Trekking"), que termina ao pé da Cachoeira do Corisco,com a mesma semelhança da Cachoeira do Caracol, (tal qual, um dos maiores destino turístico do Rio Grande do Sul, no município de Canelas).   Apreciando a bela paisagem do Vale do Corisco minha mente entrou em sintonia com o barulho da Cachoeira , propiciando assim uma, Visão Fantástica: Vi a epopéia de uma raça sofrida de pele cor de âmbar; neste dia que se comemora os 318 anos da morte de Zumbi, (20 de novembro de 1695), o líder do mais emblemático quilombo do pais, Quilombo dos Palmares.
Mas para entender a extensão do que vi, você deve se desnudar de todo possível preconceito racial.
Em devaneio, minha imaginação adentrou a séculos atrás, e seguindo o percurso das águas do lendário Rio Itararé, até a da Bacia do Prata, no encontro com o Oceano Atlântico. Ultrapassei a linha do horizonte, trazendo-me uma visão de horrores que jamais esquecerei; cenas dantescas presenciei. Com infectos navios negreiros deparei, que como infernos ambulantes singravam o mar a caminho do desconhecido e em seus porões restolhos humanos gemiam. Algemas rangiam em um cantar lúgubre. Juntos com aqueles infelizes cativos, sonhos morriam e cenas inesquecíveis eu vi: homens e mulheres entrando nas trevas do inferno. De Benin, Serra Leoa e Costa do Marfim, enfim, vinham esses repugnantes negreiros trazendo mortos-vivos; tudo em prol da ganância de então para a conquista do decantado e imaginário "Eldorado", chamado Brasil.
Os gemidos dos moribundos vinham juntar a locução das diferentes línguas dos Mandingas, Felupos, Cabindas, Gêjes, Fulas, Congos, Bundas, Bantos, Libolos, Caçanjes e tantas outras tribos, desconhecidas umas das outras, rosnavam como feras furibundas e dilaceravam-se mutuamente nas mínimas disputas; quando o navio negreiro sofria qualquer assédio de naus piratas, os tripulantes que se preparavam para a defesa do navio negreiro, normalmente recebiam ordens do comandante que era sempre um bárbaro que sumariamente mandava atirar ao mar os negros agonizantes, para aliviar a carga para tornar o barco mais maleável, era quando os marinheiros desciam aos porões imundos e os moribundos eram atirados ao mar, e quando isto não acontecia, as epidemias lavravam os porões e só havia um remédio: o mar! Um odor de desgraça era expelido por aquelas embarcações da morte. Meus poros, emergindo do terror, arrepiado de horror. Meu consciente, retorna a linda queda de 102 metros de altura, da Cachoeira do Corisco. Aí, minha alma encheu-se de alegria por saber que tudo não passava de uma visão e, principalmente, saber que a humanidade deu um grande passo na sua evolução, abolindo a escravidão. Então sensibilizado, deixo esta mensagem:


Como homem consciente exalto a todos a respeitar os sentimentos dos irmãos de pele negra pelo passado imposto, que aniquilou em muito a sua cultura. Assim agindo, poderá toda a nação brasileira, que é formada entre outros pelos homens de África, mostrar que caminha para um futuro esplêndido e de perfeita congregação racial, dando ao mundo lição de fraternidade.
Art. 5º Da Constituição Federal do Brasil: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,...".
Portanto, só me resta prestar esta homenagem, comemorando o Dia da Consciência Negra. E desejar à você da RAÇA NEGRA um futuro de paz, harmonia e prosperidade, para todo o sempre.
Antônio de Fazio

ZÉ NINGUEM...
Como todos sabemos e podem relembrar Monteiro Lobato imortalizou na literatura nacional a figura do homem do campo, mais exatamente do caipira típico do Estado de São Paulo, na figura do Jeca Tatu, personagem de seus livros infantis que se caracterizava por seus não muitos dotes intelectuais, mas grande paciência, bondade, ingenuidade e ares de felicidade. Hoje em dia esta imagem do homem do interior praticamente não existe mais. Por quê? Porque o desenvolvimento da sociedade e de sua tecnologia com o avanço das telecomunicações não permitem que a grande maioria das pessoas fique alheia as novas tendências sociais e mesmo materiais da sociedade como um todo. Praticamente em todas as casas desse Brasil a fora existe uma televisão, "contando as coisas modernas", o que traz a possibilidade de todos saberem o que se passa. Por sua vez, essa informação deixa o homem do campo fascinado pela cidade, pois vê milhares de automóveis e pessoas trabalhando nas indústrias e comércio, o que lhes dá a sensação de que também podem participar do ” burburinho das cidades ” e receber vantagens, e isso faz com que tenha uma ilusão de vida melhor e de sucesso; sendo este último uma nova vontade provocada pela tecnologia. Porém, a realidade que encontra é outra e totalmente adversa o que faz com que passe a formar a grande massa de desempregados e consequentemente parte daqueles que vivem da mais pura miserabilidade, tornando-se um “Zé Ninguém”. Essa " provocação social " aliada a má administração pública e de planejamento de desenvolvimento que vem ocorrendo nos últimos 50 anos, que tem provocado pouca atenção aos investimentos na agricultura, vem propiciando um ” êxodo ” de trabalhadores do campo para as cidades. As cidades tem se tornado um polo atrativo aos homens do campo que não encontram mais incentivos econômicos para permanecerem nele, e na maioria das vezes passam a ficar abandonados a sua sorte em vista deste mau direcionamento desenvolvimentista. Com isso as pequenas cidades passaram a grandes cidades e estas a grandes metrópoles com seus milhares de problemas como nas áreas : da saúde, de transporte, de educação, de segurança etc. Esse crescimento descontrolado das cidades tem gerado o aumento da pobreza, pois os administradores não tem condições econômicas e de tempo para acolher condignamente todo este contingente de pessoas, abrangendo todas as cidades, não importando o seu tamanho. Portanto, a pobreza que vemos ao redor das grandes cidades tem como uma de suas principais causas justamente a vinda de milhares ou milhões de pessoas desalojadas voluntária ou involuntariamente dos campos, pelos motivos descritos, e dessa forma cada vez mais a vemos formando um cinturão a volta das cidades, agravando cada vez mais a situação de todos. Vamos visitar um sitio em Itararé, falando no legitimo Itararês, na hora do café da tarde, no dias atuais, alguns Jeca Tatu ainda resiste em morar na zona rural, apesar de tudo, não mudou em nada, o que lhe falta é oportunidade e incentivo. Se não vejamos: Café de Coador de pano é assim com alegria e amor : 1 chaleira di água 1/2 rapadura raspada. Põe nu fugão di lenha i garra na prosa, i a água fervendo, i a prosa garrada. Ai, arguém grita: a água du café ferveu! Aí, cumeça a correria, cadê u buli, u escorredô tá nu cantu du fugão, u cuadô tá secanu nu girau, lá fora, i u pó, tem pó? Aí, tá, 3 cuié di pó pra 1 chaleira di água i meia rapadura...essi moca num vai prestá! I a prosa continua, u café passano... u primeiru é pros mais véiu, é pretu i doci, us espertu chega u copinhu ismartadu debaixu du fiu qui cai do cuadô i num dá outra, queima a língua , bem feitu! Quem já sapecou a língua, não esqueci di assopra u café. I a prosa continua, i dá-lhi mais água nu cuadô, essi moca num vai prestá...i u biscoitu fritu sainu juntou - Tá quenti, mininu, vai queimá us beiçu! U segundu buli sai quasi bão, tamém, cum biscoitu fritu desci quarqué coisa. U terceiru buli é pros mininu, café ralu i docinhu qui até dói atrás das orelha, é di gruda a língua nu céu da boca, mais eles nunca provou du primeiru buli... só quandu ficá véiou elis vão sabe u gostu du café. Aí, sobrou café nu buli, fica lá nu cantu du fugão, quandu chega visita, pergunta, aceita um cafezinhu? Conseiu di amigu, num aceita não! café na roça chama café de 4F, é frio, fracu, fedaputa di ruim i com furmiga n fundu. Só aceitei cum leiti i com duas mãos ocupada: Com biscoitu fritu!! Com queijinhu di coalhu!! Viradinhu di feijão com turesmu e ovu fritu!! Pão di casa da vó, geleia di amora e di goiaba. Dai garantu qui é muitu bão... Tudinho nois produzimu aqui. É com uma vida simples, ingênua , feliz e com fartura, que o homem da roça viveu e viverá. Fiz esse preâmbulo do café de coador, para darmos uma mostra do seu dia-dia na roça. O sustento da família, produção e comercialização, são oriundos dos esforços de todos. O nosso desenvolvimento econômico esta no setor agrícola, começamos a dar um pequeno incentivo na esfera municipal, com a realização da "Feira da Lua". Todos, contentes, como disse o João Alberto Batagin: "temos que valorizar os nossos produtos e ter opção de venda, produzir e comercializar nós sabemos, em vez de vender o milho , vendo a pamonha". Corretíssimo na sua visão comercial, temos que verticalizar os nossos produtos. É a nossa saída econômica; desenvolver nossa agricultura. Senão dermos valor à nossa tradição agrícola , não iremos a lugar nenhum. Não iremos sensibilizar, deputados, senadores, secretários e ministros, para nos ajudarem em outros setores da economia. Compete ao Poder Publico; criatividade e planejamento, para que tenhamos uma oferta de emprego condigna a nossa gente. Parabenizamos a atual administração de Itararé, pela iniciativa e as perspectivas de incentivos aos vários seguimentos na área agrícola, para que possamos desenvolve-la. Assim, podemos concluir que se não houver continuidade de medidas concretas e objetivas do governo e da sociedade no sentido de incentivar a fixação do homem que ainda resta no campo, com a adoção de planos pontuais e regionais de desenvolvimento econômico social equilibrando a economia e as condições sociais das áreas agrícolas com as das cidades, cada vez mais se tornará difícil o cumprimento do art.6º da Constituição Federal que garante os direitos sociais ali elencados, bem como cada vez mais teremos um Jeca Tatu, transformado em um: ZÉ NINGUEM!
Antônio de Fazio                                                             


CHAPÉU PRETO
Francisco Mariano da Silva (Chico Mariano), era criador de porcos no Sertão de Cima. uma região na zona rural do município paranaense de Jaguariaíva. Nos tempos que amarravam, linguiça em cachorro, que isto faz muito tempo. Mas, põõõõeee tempo nisso.
Chico Mariano, trazia a sua porcada para Jaguariaíva, tocando-a “ de a pé” pela estrada velha, chegava pelas bandas do Ribeirão Capivari e atravessava a cidade para embarcar a bicharada no vagão de carga da” Maria fumaça” da EFSPRG. também, era conhecida como a ferrovia do "CONTESTADO",( O engenheiro João Teixeira Soares, projetou em 1.887, o traçado de uma estrada de ferro entre Itararé e Santa Maria (RS), com 1403 km de extensão para ligar então as províncias de São Paulo, com as do sul do Brasil pelo interior, que permitiria a conexão, por ferrovia, do Rio de Janeiro à Argentina e ao Uruguai).
Voltando ao caso: A porcada do Seu Chico sempre se destinava à cidade de Itararé, onde era o ponto final da ferrovia e onde existia um grande abatedouro para, mais do que a carne, industrializavá-se a banha, no Frigorifico de Banha Caiçara, de propriedade do Antônio Pelissari. A banha era gênero de primeira necessidade e indispensável na cozinha daquela época.
Uma vez embarcada a porcada no vagão de carga, seu Chico também embarcou no vagão de passageiros e logo foi puxando conversa com o seu companheiro de banco.
Conversa vai, conversa vem, Seu Chico se deu conta que tinha dado uma puta sorte, pois seu companheiro de viagem e de banco, além de ser de Itararé, ainda era comprador de porcos.
A coisa então ficou muito fácil, juntou a fome com a vontade de comer e Seu Chico não carecia seguir viagem. ficaria em Sengés, na casa de sua irmã Hermínia, para visitar a mãe Dona Emerenciana, que estava recuperando de uma operação, efetuada pelo . Dr. Jonas de Arruda Novaes, na Santa Casa de Itararé.
Acertaram-se: o homem desembarcava os porcos em Itararé pesava os bichos, via quantas arrobas tinha dado, qual era o valor que estavam pagando pela arroba naquele dia, fazia as contas e mandava a grana pro Seu Chico, pelo Banco Mercantil de São Paulo, Agência de Itararé.
De volta à Jaguariaíva nosso herói contava o acontecido para seus amigos, quando o mais chato e curioso deles perguntou:
-Como é o nome desse comprador de porcos?
Na maior calma, Seu Chico respondeu:
-Pois eu não sei, eu só sei que ele é baixinho e usava um chapéu preto.
Passados uns dez dias Seu Chico recebeu uma cartinha do Banco de Jaguariaíva o dinheiro da porcada estava lá, à sua disposição.
No dia seguinte seu Chico, foi receber o dinheiro da venda dos porcos e curioso em saber o nome do tal comprador dos porcos, perguntou pro caixa: Qual é o nome da pessoa que efetuou o pagamento? De pronto, o caixa respondeu: -JOSÉ DE LIMA.
BONS TEMPOS !!!!........

SABEDORIA DOS TROPEIROS
* Minha conta é corrente, o dinheiro entra e sai correndo. * Mulher ciumenta, investiga mais que a polícia. * Cidade pequena, é tudo pequeno, menos a língua do povo.* Tropeiro não come mel, mastiga a abelha.*Dinheiro não traz felicidade? Então dá o seu pra mim e seja feliz !! *Tô com saúde, e você leu "saudade" deve estar carente !! *Se tempo é dinheiro, já gastei uma fortuna. *Quem já sapecou a língua. não esquece de assoprar o café. *Não é a politica que faz o candidato virar corrupto é o seu voto que faz o corrupto virar político. *Quem semeia vento, colhe tempestade.*A palavra dinheiro vem do latim...tropreicisanus.*Respeito a opinião de todos, quem concorda comigo? * Quem faz meu coração acelerar, é o dinheiro na conta. *Quem se acredita na mudança das pessoa é o carreteiro. *Até mula velha, nega os estribos.*Se nada deu certo finja que deu. Só pra deixar quem te odeia, com inveja. *"Toc, Toc -Quem é? -"O amor da tua vida" -Mentira, dinheiro não fala.*Se tem uma coisa que me dá água na boca, é o copo.*É melhor pensar pra falar, do que falar sem pensar. * Quem trabalha muito, erra muito. Quem trabalha pouco, era pouco. Quem não trabalha não erra. Quem não erra é promovido.*Ainda não inventaram um sabão, que lave a inveja da alma.

DEFINIÇÃO DO AVÔ
Redação de uma neta de 8 anos:
"Um avô é um homem que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. O avôs não tem nada para fazer, a não ser estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam nas flores bonitas, nem nas lagartas. Nunca dizem: Some daqui!. Vai dormi! Agora não. Vai pro quarto pensar! Normalmente são gordos, mas mesmo assim conseguem abotoar os nossos sapatos. Sabem sempre o que a gente quer. Só eles sabem como ninguém a comida que a gente quer comer. Os avôs não precisam ir ao cabeleireiro, pois são carecas ou estão sempre com os cabelos arrumadinhos. Quando nos contam histórias nunca pulam e não se importam de contar a mesma historias varias vezes. Os avôs são as únicas pessoas grandes que tem tempo pra nós. Não são tão fracos como dizem, apesar morrer mais vezes do que nós. Toda as pessoas devem fazer o possível para ter um avô, ainda mais se não tiverem televisão e celular".
Antônio Fazio


BENZEDURAS
A primeira entrevista com o Bentinho Gaúcho, foi gravada em em áudio, no ano de 2001, onde temos, vários casos por ele narrado. No ano de 2.005, gravamos uma entrevista em vídeo, com o Bentinho e sua esposa Fernandina Gabriel da Silva Almeida, tendo como operador de filmagem David Gil (Jacaré) , que compunha a equipe da assessoria de impressa da Prefeitura de Itararé, na primeira Gestão -do Prefeito Dr. João Jorge Fadel.
Gravando: Seu Bentinho pode se apresentar:
- Meu nome, Bento Rodrigues de Almeida. Papai, Domingos Rodrigues de Almeida. Mamãe, Maria Joana Cordeiro. Gaúcho nato de Cruz Alta - .Rs.
Perguntei: -Bentinho, essa informação não está correta, no seu atestado de nascimento, consta naturalidade Itararé? -Pera aí. Tó. Vou explicar!! Papai, era peão de tropa, nasceu e casou em Cruz Alta RS., mamãe, acompanhava meu pai nas tropeadas. Me pai trabalhava para o tropeiro Deoclécio José Duarte, numa tropeada pra Itararé, mamãe, sentiu fortes dores, a bolsa rompeu e mamãe me pariu numa estância, nos campos de Santa Catarina, na certidão de nascimento não tem a localidade, na realidade eu nasci em 10 de junho de 1.905, mas papai me registrou como nascido em Itararé em 1.913, eu tinha 8 anos !! -Bentinho, você explicou que é um barriga verde-nato e não um gaúcho-nato? - "Pera ai´. Não terminei... Papai, me gerou em Cruz Alta(RS), por um acaso nasci em Santa Catarina. Meu inicio de vida foi no Rio Grande do Sul" Bem, essa foi a explicação de sua naturalidade!!!
_O Bentinho, contou-me que na lida de tropeiro, ele é um faz de tudo: e peão de tropa, domador, laçador, ferrador, capador e até charqueador!!! Bentinho, você é benzedor de animais?
-"Esse poder, Deus não me deu. Mas, conheci um benzedor famoso de nossa região. Seu Chico Adão, ele dizia que morava, em riba da divisa de três municípios: Itararé, Itapeva e Itaberá.
Na serraria do Seu João Português, em Itaberá, ficava nas barrancas do rio Lavrinhas.
O maquinário era tocado por roda d'água e existia muitas cobras, os moradores antigos conta, que um funcionário quando limpava as serragens, foi picado por uma jararaca e veio a falecer. O seu João Português, chamou o Chico Adão, pra retirar os peçonhentos dos arredores da serraria. Eu ví, com esses zóios, que a terra há de comê. O Chico Adão, começou a rezá, bem baixinho, com um terço na mão direita e um saco de estopa na mão esquerda. Daí, ele deu um grito bem alto e começou assobia assim; fiu. fiu. fiu.... Começou a chegá cobra, de tudo tipo: cascavel, urutu cruzeiro, cobra d'água, jararaca. Ele, pegava as cobras com as mão que estava com o terço e enfiava no saco, chamou o seu João para trazer a carroça pra levar e soltar na nascente do rio Lavrinhas, e que elas não iam fazer mal a ninguém. O que se tem noticia que nunca apareceu cobra na serraria.
O Chico Adão, fazia benzeduras pra matar: bicheira, carrapatos, mosca do chifre, berne .... ".
A fazenda Correa Castro, em Itararé, era de propriedade do Ministro da Fazenda, Luís Pedro Correa e Castro, no governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra. O ministro, preservava seus campos. para criatório natural de perdizes e codornas, para caça e não permitia, roçar e nem capinar seus campos, devido a isso era um paraíso, das bicheiras, carrapatos, bernes, etc.....
E foi, justamente nessa fazenda que o Bentinho presenciou uma benzedura do Chico Adão, no cachorro , perdigueiro de nome "Príncipe", além de ser o melhor caçador era um excelente reprodutor, pai da maioria de seus cães de caça. E o Bentinho nos narra: - "Fui Procurado, pelo gerente da fazenda, se não estou enganado seu nome era Osvaldo Jardim, para mostrar o caminho, até a casa do Seu Chico Adão, que ficava perto da estação Engenheiro Maia. Fomos de jipe, que corcoveava mais que burro na doma. De volta, à fazenda, o Príncipe, estava no canil, deitado, não conseguia nem andar, as bicheiras estavam em dois lugares na paleta e no lombo do cachorro..
Fernandina, por favor, traga a benzedura para eu ler. Seu Chico, deu de presente pra minha mulher e até hoje, ela guarda a reza" A Fernandina trouxe, a reza escrita em um pedaço de cartolina, deu a reza pro Bentinho, que procura aqui, procura ali e nada de achar seus óculos. Pedi para que a Fernandina pra ler a reza e ela me respondeu - Leia você, eu não sei ler, E assim o fiz:
"Caifas, São Tomais,
Ferrabrás. sassafrais!!
Tirais as bicheiras do animalzinho
E, joga lá pra trais,
Pras profundeza das água do Itararééé....
Onde galo num canta
E, a galinha num vem botá
Cuim! Cuim! Coisa ruim!
Luz! Luz! Lucifer!
São! São! Sombração!
Tirai o poder Dessa três pessoas
Que não são Da Santíssima Trindade
Diminué! Diminué Diminuè"
Mizeré! Mizereé Mizeré!
Chuí! Chuí, Chuìééé
Pra Caí! Caí! Morrèéé.
Perguntei: -Bentinho o cachorro sarou? -"Quinze dias mais ou menos, voltei na fazenda Correia Castro, O Ministro Correia e Castro voltava de uma caçada, com aproximadamente 50 aves abatidas. Na frente, o "Príncipe", saltitava e latia, em plena saúde. A benzedura do Chico Adão, era forte e não dava xabu".
Antônio de Fázio


A MARVADA PINGA....
Toninho Vurtu, mecânico, miudinho, todo tímido, personagem popular e folclórica de Itararé Depois de tomar um pingão logo cedo no bar do Haro, pra parar com a tremedeira, embarca no ônibus de Itararé para Barão de Antonina. Seu colega de poltrona é um fortão de 1, 90 m de altura, com cara de poucos amigos. Logo no inicio da viagem, ajeitou-se na poltrona e adormeceu no maior ronco. O Vurto todo enjoado com as curvas e a poeira da estrada.
A certa altura Toninho Vurto não aguentando mais, e ao tentar abrir a janela do ônibus acabou vomitando tudo bem no peito do fortão.
Vurtu no maior desespero e o homem ainda roncando.
Chegando em Ribeirão Vermelho do Sul (Riversul), em frente ao bar do Sula, o fortão acorda e passa a mão no peito todo melecado e gosmento. Olha indignado e confuso para o Vurto, que imediatamente bate a mão no seu ombro e pergunta:
-Cê tá mior? Vamô, tomá uma limpa goela!!!
Antônio de Fázio

ZIRCÂO PAÍA E OS BUGIOS
Zircão Paia, queimava campo, contava cada mentira e o pior acreditava piamente, jurava de mãos juntas que era verdade. Quem o conheceu sabe de seu casos cabeludos, contados em pescarias e botecos de Itararé. E vamos ao caso dos bugios, que o Zircão contava:
" - No nordeste do país, houve uma seca espantosa, que durou um par de anos e alarmou o governo e o povo todo, a farinha de mandioca encareceu, porque quanta se fabricava toda ia para aqueles infelizes flagelados. Nessa época morava no Paraná, e aí tive notícia da seca e a necessidade de mantimentos para os socorros. Meu tio, Zulair, tinha uma fazenda, no bairo Nhapindazal que possuía uma floresta de pinheiros, tive uma ideia de fabricar farinha de pinhão, expus o projeto para o tio Zulair. Não deu outra!! Montamos um engenho e começamos fabricar farinha. Pinhões, havia as centenas de carretas....: o que dava trabalho...,era descascá-los. Ora...mas também havia às centenas de bugio. Preparei muitas pessoas e fizemos algumas batidas, apanhando uma caterva de bugios, que são uns macacões ruivos, fortes e muitos práticos de comerem pinhões. Estão querendo perceber? Colhíamos os pinhões e o entregávamos aos bugios, amarrados em volta do terreiro, machos a um lado e fêmeas a outro, para evitar rusgas...-: por imitação do que nós fazíamos os bichos aprenderam a pelar os pinhões, atirando as casca para um monte e as amêndoas limpas para dentro de cestos. É verdade que eles comiam muito, mas o pinhão sobrava - Nós tínhamos mais de duzentos macacos - bugio e bugias - mestres de pelar pinhão. Preparávamos por dia, dez arrobas, mais ou menos, de farinha de pinhão que era logo ensacada e mandada, com a fatura para o Ministério da Agricultura. E ser agraciado pelo, Governo, com um comenda de honra aos méritos, por saciar a fome dos irmãos nordestinos. Nesse meio tempo apareceu o gafanhoto, uma praga monstruosa, que derrotou tudo quanto era pinhão que que havia em Irati, não se encontrava um para remédio. Vimos na obrigação a licenciar os bugios e soltemos, dando conselhos e recomendando juizo. Foi um grande dia para aqueles bichos. Estamos convencido que se durasse mais tempo o serviço, muitos deles, os mais inteligentes, acabariam, não digo, falando, porém, mastigando alguma coisinha que se entendesse. Por exemplo: havia um que com alguns exercícios já dizia-Zir! Zir! - O que parece-me que seria Zirco, que era o nome que mais ouvia na roda do dia. Pouco antes de retirar-me daqueles lugares, andava eu aborrecido por não encontrar caça alguma que me satisfizesse. Embrenhado num cerrado, encostei-me numa árvore, a espera do que aparecesse. Nisto ouvi ali por perto um: - hã, hã, hã! - muito compasso e monótono: Hã! hã! hã! lembrei-me da cantoria das babas, embalando crianças. Por instinto de caçador, apurei o ouvido e percebi donde vinha o som, olhei e por entre as ramadas um vulto amarelo/vermelho, levei a espingarda e ia disparar. Quando senti que puxavam-me pela aba do casaco. Voltei-me e qual o meu espanto, dando de cara com um bugio, que dizia: - Zir! Zir! Abaixei a arma, ele sempre puxando-me pela aba do casaco, foi-me levando em direção ao vulto que eu descobrira, mais perto vi então, que era uma macaca, sentada, com um macaquinha ao colo, dando-lhe de mamar! O lugar onde ela estava era uma espécie de rancho, mal feito, é verdade, mas mostrando já alguma civilização, havia um porongo d'água pendurado num galho, e uma forquilha, espetado um ninho de sabiá cheio de pitanga, parecendo uma fruteira. O bugio pôs uma mão no ombro da bugia, e após, sobre a cabeça do macaquinho com a outra bateu no peito, como a dizer: - Minha mulher! Meu filho! Oh! senti a poesia daquela felicidade!.. Tirei do bolso o meu lenço e dei de presente a bugia, dizendo: -Toma! Faz as fraldas par o pequeno! O ladrãozinho parece que entendeu, e engraçando com a corrente do meu relógio pôs-se a brincar com ela e eu, para divertir, ainda encostei o "cebolão" ao seu ouvido, para ele apreciar o tique-taque da máquina. O casal saltou de contente, berrou: - zir! zir! - umas quantas vezes e quando me despedi, veiou a acompanhar-me até a beira do mato. Mudei para Itararé. Nuca mais os vi. Antes que esqueça da minha farinha e das faturas...também, nunca mais tive notícias. E da comenda, muito menos".
Antônio de Fázio


ARMAZÉM DO BERNARDO PINHEIRO
Hoje em dia quase tudo é descartável. A gente compra um objeto e está jogando no lixo daqui a pouco, por se dar conta de sua inutilidade ou porque está irremediavelmente danificado.
Nos chamados bons tempos, pouca coisa se estragava e nada era descartado. E, aqui em Itararé, existia uma casa comercial que tinha de tudo para substituir o que estivesse faltando, ou necessitando reparos, fossem objetos, ferramentas ou coisas que tais. Assim, o Armazém do Bernardo Pinheiro, atendia: casas, oficinas ou outra qualquer dependência. Com o falecimento de seu fundador, seu filho, ex-vereador, João Galvão Pinheiro (João Feijão), com a esposa, Maria do Carmo Arruda Pinheiro, assumem o comando do armazém, porém com o nome de, Casa Caça e Pesca. E quem não se lembra do caixeiro, Benedito Veloso(Dito Cocada).
Volto a dizer, continuou tendo no seu estoque qualquer acessório, apetrecho, traquitanas e penduricalhos ....etc. principalmente o etc. Com o falecimento prematuro de sua progenitora e de seu pai, suas filhas: Maria Alice Galvão Pinheiro, Mara Galvão Ribeiro com o marido Carlos Alberto Ribeiro (Kaká) mantem a Casa Caça e Pesca. E ainda estão construindo, no antigo depósito do armazém, um museu, com uma coleção heterogênicas e assistemáticas. incluindo peças do ciclo dos tropeiros. Peças que o Kaká, ao longo dos anos vem coletando. Em anexo, restaurante, com mezanino, para melhor aproveitamento do espaço disponível, construído em madeira. No térreo as paredes de alvenaria com revestimento , também em madeiras, com mobiliário de moveis rústicos e piso de tijolos adobe, de aproximadamente 50 anos, feitos na antiga olaria do Gabriel Merege. O cardápio será de comida típica mineira, servida no fogão à lenha Aguardem para breve sua inauguração. O caso que estou narrando é verídico e ocorreu no bairro, atualmente, Distrito de Santa Cruz dos Lopes, querida terra, do ex-vereador, Nager Gusmão e residência do casal Jeanete Almeida Silva-José Maria Silva, o contador mor de casos de Itararé. Curtem a natureza na chácara Pajulu, aos fundos e banhada , nada mais, nada menos, pelo rio Itararé, onde praticam a pesca esportiva, entre os mais chegados e familiares. E retornando ao Armazém do Bernardo Pinheiro: Conta um amigo meu que é lá de Santa Cruz dos Lopes: De certa feita o sino da igreja parou de bater por falta de badalo. Na verdade esse meu amigo não sabe o que aconteceu com essa inusitada, porém indispensável peça. Só ficou sabendo ele que o padre da paróquia ficou puto dentro da batina, chamou o sacristão e pediu enérgica providência, pois segundo o padre o sino em um lugar pequeno é importantíssimo para a população, não fosse isso, a razão de ser da torre da igreja é o sino e o sino sem badalo é uma coisa oca, pesada e inútil.
Então o sacristão, foi falar com o seu Chico Prateano, quarteirão policial e então líder político do prefeito, Francisco Alves Negrão. Sem dar solução ao sumiço do badalo, o quarteirão, Chico Prateano, homem educadíssimo veio Itararé, apelar para o Armazém do Bernardo Pinheiro, onde travou o seguinte diálogo com o dono :
-Seu Bernardo, o senhor me desculpe, não vá se ofender se o que eu vou lhe pedir parecer uma gozação, com essa estória que na sua casa tem de tudo. Mas como a titulo de brincadeira, dizem por aí que o senhor vende até máquina de desentortar banana, eu tomei coragem para lhe perguntar: será que, por acaso, o senhor tem jogado em um cantinho do seu estoque, pode estar velho, enferrujado e de segunda-mão, um badalo de sino?
A resposta do seu Bernardo Pinheiro, veio curta e grossa:
-Seu Chico, temos em nosso estoque badalo pequeno, médio e grande. Qual o senhor quer?
Antônio de Fázio

"REVORVE" DE TROPEIRO
Seu delegado vim trazer meu "revorvinho"
Que eu ganhei do meu padrinho quando me tornei rapaz
E a trinta anos mora na minha cintura
Escorando a lida dura de tropeiro e capataz
Esse "revorve" nessas volta do destino
Já salvou muito teatino de apanhar sem merecer
Botou respeito sem precisar falar grosso
Com ele muito alvoroço não deixei acontecer

Mas deu no rádio que ninguém pode andar armado
E no rumo do povoado vim tirando a conclusão
Que fiquei louco ou não entendi a notícia
Pois pensei que a polícia desarmava era ladrão
O mundo velho que tá virado
Seu delegado preste atenção
Vê se devolve o "revorve" do tropeiro
Vai desarmar desordeiro
E deixa em paz o cidadão

Seu delegado, se um ladrão bater na porta
Devo fugir pela outra me responde, sim senhor
E se um safado me desrespeitar uma filha
Quem vai defender a família de um homem trabalhador
É muito fácil desarmar quem é direito
Quem tem nome, tem respeito
Documento e profissão
Muito mais fácil que desarmar vagabundo
Desses que andam pelo mundo fazendo mal-criação

Pra bagunceiro o país tá encomendado
O povo tá desdomado e quem manda faz que não vê
Nosso governo quem tem que prender não prende
Não vigia, não defende, nem deixa se defender
Antônio de Fázio

FALANDO EM ITARARÊS
É o seguinte: Canso de dizer que nosso blog é voltado para resgatarmos nossas origens, pessoas folclóricas e populares da terra, coisa e tal. O nosso público alvo, são os amantes da cultura itarareense. Tenho e tive, a colaboração de muitas pessoas. Para que , reflitam de um pensamento chinês :
"Aquele que vive só do passado. Rouba o presente; Mas aquele que desconhece o passado está roubando o futuro; O presente e o futuro são feitos; : Das raízes que o passado deixou".
Eu vos pergunto: O que a foto aí de cima tem a ver com Itararé? Nada! Mas ela é muito representativa dessa gente trabalhadora, de tradições milenares, que vem lá do outro lado do mundo. Por isto eu pensei assim: vamos colocar um caso bem real e que compense a imagem não ser de Itararé. Então aí vai, com a devida tradução do "itararês" para o português.
O TEXTO SOBRE O JAPOONES
EM ITARARÊS:
U retratu, aí di riba,vem di nhapa, pra us incréus , da tarefa e do carreirão escolar.
U povo di luz baixa , dá amostra du panu, di comu sair das patas da égua, com u pé nu estribu.
Rebrotaram di um tição mortu, dispois de bichadus, di lombu i espíritu, por bastantão foqueti di vara covardeis.  Hoji são laranjas di amostra , para u restu du povaréu.
I aqui pelu Estadu di Sum Paulu, ainda nus descim u pau, por plantar nossus já foi.
. Mas lá na morada dondi acendi a chama.
Elis tem esta barda, há mais di dois mir anus i ninguim fica di beiçu torcidu..
Ladu avessu , elis si metim à jacus-rabudus, pelus seus qui abotoaram u paletó.
Qui esta chapa, nus faça fundir os miólus.
Matutu com meus botõis, qui agora o bilheti ficou nus conformis.

EM PORTUGUÊS : A foto aí de cima, vem de presente para os descrentes do trabalho e do estudo.
O povo de olhos amendoados, demonstra de como sair das dificuldades, com o firmado serviço.
Rebrotaram de um togo apagado, após ficarem feridos, de corpo e alma pelas bombas atômicas.
Hoje são exemplos para o resto do mundo.
E aqui pelo Estado de S. Paulo, ainda nos criticam por cultivar nossas tradições. Mas lá na terra
do Sol Nascente, eles tem este costume, há mais de dois mil anos e ninguém fica contrariado, ao
contrário, eles se orgulham. pelos seus ancestrais que morreram.
Que esta imagem nos faça pensar.
Penso comigo mesmo que agora o texto ficou de acordo !!
PROSEANDU
O Juvencião, itarareense velho autêntico e sincero, na volta de um baile do Clube 13 de Maio, já com o sol rachando de quente, vem proseando com a dama, que arrumou. Então ela pergunta:
- Qui idadi ocê mi dá?
-Bão... pelas sua crina (cabelo). vinti prima, pelu seu oiá, dezinovi, pru coru (pele), dezoitu, i pela sua rabeca ( corpo), quastorsi prima (anos)!!
- Hummm, mas como ocê é bajulentu!!!!
- Larga dissu. -Sô sinceru -Ocê espéri... -Qui vou soma!!.

DI VOLTA DU BAR DU TÉPA
São 3 horas da manhã, a mulher, na espera do marido, com rolo de macarão. em punho. Sorrateiramente o marido, abre o portão, tira os sapatos e pé-por-pé, abre a porta e é surpreendido, com o grito da espôsa: - Gambá di novu... Qui castigu...
Castigu é chegar im casa...Icc...
-É enxergar duas di ocê.

ACOSTUMADU
Dois eleitores conversando antes de irem votar.:
-Comu ocê sentiria si nossa Itararé,
fossi comandada por uma muiér?
- Mi sentiria comu estivessi im casa.

PROSEANDU
-Cumpadrei di quanta muiér, pricisa,
pra bagunsá u Brasir?
-Dil-ma, só. Cumpadri.

O VIAGRA CAIPIRA  Ou "Nó De Cachorro"
Certa vez pescando no rio São Lourenço, no Mato Grosso, em Fátima do São Lourenço, estávamos no Rancho do Norahir Nogueira. José Cipriano Campos, era pirangueiro, caçador e atendia o rancho, um mineiro bom de prosa, contador de casos e acontecidos.
Estavamos descarregando as traias de pesca da caminhão bau, da fabrica de estofados Bandeirantes do Norair O Zé Cipriano,foi cevar em alguns poços, rio acima e atracou seu barco em frente ao rancho e trazia consigo um feixe de raízes que apresentavam uns nós nos seus segmentos, disse que se tratava do nó de cachorro, cujo efeito de uma garrafada é fazer ficar duro o que teima em ficar mole, que levantava qualquer coisa, principalmente aquela coisa que não está querendo mais nada com nada, e que essa estimulante raiz dava alegria e prazer aos homens envelhecidos e cansados.
Com aquele feixe de raízes nas mãos perguntei , para o Rivail Silvano Bessa se ele estava precisando: - Que isso Só! Eu to é muito bom no batente, num preciso desta garrafada para melhorar o meu desempenho, to precisando até é de um calmante... Voltei para o Zé Quinzote, e este foi logo se justificando dando sonoras gargalhadas:- Você tem dúvidas do meu desempenho? To tinindo de bom, e não tem essa de nó de cachorro pra cima do velho, porque o velhinho aqui é garanhão, é garanhão... É garanhão, E o nosso cozinheiro, Neno Culturato, vai nessa? - To fora, sou iqual fogão de lenha quando esquenta; haja panela!!
E assim sucessivamente ofereci o nó de cachorro pro Norair, pro Joninha, pro Josafá (comerciante da 25 de março em São Paulo), pro José Sanches, pro Saulo Mineiro (caçador de paca), pro Manasses Alcheleigar (Mana) e todos dando largas risadas dispensaram aquele afrodisíaco caípira, rebatiam em velhas ladainhas e sempre enaltecendo os seus desempenhos na cama.
Lembrei, do amigo Jonas (Papanata), que me relatou, no famoso banco da Praça São Pedro; Ah...Se esse banco falasse......), que estava um tanto derrubado por uma doença degenerativa e precisando mesmo de uma ajuda, passou por vários médicos e nada, era um desânimo sem fim. Fui até a cidade de Rodonópolis e comprei um garrafão de vinho branco, recomendado, e já no rancho macetei aquelas raízes e aqueles nós, seguindo cegamente as instruções do Zé Cipriano.
Fui introduzindo no garrafão as raízes com os nós devidamente macetados e o vinho foi se turvando, adquirindo uma coloração avermelhada, e teria que ser deixado em repouso pelo prazo de pelo ao menos três dias.   Na pescaria os dias passam rápidos e ligeiros cono serelepe, e somente lá pelo quarto ou quinto dia, foi que me lembrei da garrafada e avidamente fui tomar uma dose, para exprimentar o seu sabor, daquele revigorante de largas famas, mas para minha surpresa e decepção o garrafão de vinho estava vazio, completamente vazio, estava seco, nem uma só gotinha sobrou do vinho, tomaram às escondidas o elixir do Papanata.  Com o garrafão vazio nas mãos indaguei os meus companheiros querendo saber qual deles havia bebido toda a minha garrafada, e todos juravam de pés juntos que não tinham sequer visto a tal garrafada, que não precisavam de muletas, mas não olhavam nos meus olhos, cabeças abaixadas, com um sorriso maroto discordavam da acusação:
- Cambada, eu sei que foram vocês que tomaram a garrafada, e tomara que o efeito em vocês seja ao contrário, mas bem ao contrário, praguejei!
Relatando ao Zé Cipriano do acontecido, ele deu largas gargalhadas, e falava por falar:
- Uai, quem disse que os garanhões não estavam precisando de uma garrafada de nó de cachorro?
A nossa traia já arrumada nas caminhâo, íamos partir, foi quando aquele bom mineiro me presenteou com um novo feixe de raízes do nó de cachorro, e ele sorrindo me recomendou que só fizesse a garrafada quando estivesse em casa para evitar os gambás beberrões e os falsos garanhões.
A viagem de volta é sempre longa, mais de mil quilômetros longe de casa, avançamos por estradas sem fim, chegando finalmente em casa, cada um tomou o seu rumo, e no outro dia me lembrei do nó de cachorro, e saí a procurá-lo, procura daqui, procura dali e nada, olhei nas caixas de pescarias e nada, alguém havia surripiado o feixe de raízes, na certa ciente dos seus efeitos revigorantes. Eu fiquei sem saber que gosto tinha a garrafada do afamado nó de cachorro.
Contei o acontecido pro Papanata, que ficou chateado e sem saber se realmente era tão afrodisíaco como diziam os ribeirinhos e o Zé Cipriano. Não fiquei sabendo até a data de hoje, qual o efeito do elexir afrodisíaco: NOS ENIGMÁTICOS GARANHÕES!!!
Antônio de Fázio

BENTINHO GAÚCHO E O TUBIANO CABOTINO
De quando em quando, topo com sujeitos que conta façanhas, tiram sarro de tropeiro e a todo instante falando - no meu cavalo... -porque o meu cavalo... - e o meu cavalo... e vai-se a ver e trata-se de um matungo qualquer, pisado ou manco.   Cavalo, o que se diz - cavalo -, de chapéu na mão, foi o meu tubiano "Cabotino"!   Isso, sim, era de se lavar com um bochecho d'água; de cômodo, era uma rede! de patas, um raio! de rédea, como uma balança! E manso como um cordeiro, de boa boca como um frade, faceiro como ganso novo, e armado, de barba ao peito, como um conde de baralho!
. Foi domado pelo Pedrinho Gaúcho, e não preciso dizer mais nada.
Morreu de garrotilho, até hoje ainda me treme a raiz da alma quando lembro o garbo do meu tubiano.
Uma vez, andava eu, de volta de uma tropeada, para as bandas de Itaporanga. Calor de rachar. Lá pelas tantas, desviei-me da cruzada sobre uma restinga, disposto a dar descanse ao tubiano e ao mesmo tempo tirar uma sesteada, até abrandar a quentura.
Apeei à sombra de uma paineira; dei água e mandei, o Cabotino, para um capim bem verde..
Em seguida estendi os arreios e deitei sobre os pelegos, de carnal pra cima; puxei o chapéu para os olhos e encruzei os braços sobre a boca do estômago, tendo antes posto de jeito o facão e a pistola, por um - se acaso... Nem as folhas buliam, nem um passarinho cantava, apenas um que outro trilirim de gafanhoto vermelho saltando nas macegas. Nem quero-quero fazia ronda!...
Assim tirei uma cochilada e iria a mais se...
Amigo! ouvi um trovão forte, de tremer o chão! Era um temporal de verão, desses que não dão tempo nem de se apagar o paíero!
Foi o quanto saltei das caronas e trouxe o tubiano, enfrenei - num vá! - sentei-lhe as garras - num vu! - e montei de pulo... A trovoada roncava, logo ali no outro lado da canhada.
Via cair a chuva, em manga, em linha, e via muito bem porque o sol dava de refilão pela esquerda. E todo aquele barbaridade d'água que desabava corria sobre mim, no pé- de-vento.
Levantei as rédeas, firmei nos estribos e trepei a coxilha... e no que achei campo em frente, rumei para a fazenda do falecido Julio Gastardelo, conhecido como Julietão, que branqueava lá longe, obra de três quartos de légua, cortando à direita.Nisto senti um - tchá! tchê! tchá! - atrás de mim; olhei, de relance apenas, porque nem tempo para mais, tive; era o temporal, a bomba d'água que se despenhava, quase nos garrões do tubiano! Foi o quanto amaguei o corpo e toquei, de meia rédea.
Cupins, macegas e carquejas, sangas, lagoas, barrais - o diabo! - não vi mais nada! Se rodasse, nem o sebo da coalheira se aproveitava!...
Mas o tubiano "Cabotino" era firme e bonzão, sem mais nada!
Eu corria, é verdade, porém a manga d'água também corria... A polvadeira que eu levantava a chuvarada engolia logo.
Eu sentia a frescura, percebia que estava na garupa, na anca do tubiano, nos garrões dele! Um que outro pingo de chuva mais ponteiro batia-me às vezes na aba do chapéu...
Era uma corrida esquisita. Um duelo, em que um valente fugia para ficar vencedor!
Vencer, aqui, era chegar enxuto.
E assim viemos, eu e a tormenta, na mesma disparada: a que te pego! a que te largo! a que te pego! a que te largo! - Já perto das casa, vi a gente do Julietão, na varanda da casa...
Isso foi rápido, pois logo todos entraram, a fechar portas e janelas, quando viram que eu vinha feito sobre o galpão.Quando ia mesmo a entrar, saiu a cachorrada, furiosa,, em latidos e investidas: suspendi a rédea com pena de matar algum debaixo das patas do Cabotino..
Olhem que isto foi como um pensamento; mas foi o tempinho bastante para o demônio da chuva molhar a anca do cavalo!
Fiquei furioso! Se não tenho a pieguice de poupar um daqueles ladrões daqueles cachorros, a chuva não me tocava, nem na cola do tubiano: chegaria enxuto!
Assim é que entendo cavalo bom.   O filho do Julietão, Ângelo Rene Gastardeli, ficou doido pelo "Cabotino"; dava-me dois mil cruzeiros, um apero completo, de prataria lavrada, por fim, de quebra, por cima de tudo, ainda me tenteou com um rodeio tambeiro.
Um horror de propostas. Mas eu não quis.   Durante muitos anos aí esteve ele vivo e são, que podia contar este caso, tal qual eu. Hoje não sei que fim levou essa gente, e mesmo se eu quisesse ir agora a essa fazenda, talvez não soubesse mais o caminho, por causa da divisão dos campos, caminhos novos, cercas e corredores que despistam muito um tropeiro.. Mas o caso passou, isso, passou!! mal... apenas a chuva tocou a anca do tubiano... e isso mesmo por causa dos cachorros da família do Julietão!!!!


                                                                                                                                                                                                 BENTINHO GAÚCHO, O CABOTINO E O BOITATÁ
Na entrevista que fizemos com o Bentinho, picador de tropas, na região Oeste de São Paulo. Nos narra que foi levar um tropilha de seis burros e quinze mulas, para o fazendeiro de café , na cidade
de Piraju, Paulininho Colaço. Tropilha comprada do Carlito Menk. "-Saimo bem cedo da fazenda Rio Verdinho, cruzamo a Coxilha da Veada Manca, quando começamo, entra no Capão dos Enterros, um burro se extraviou da tropa. Campei daqui e dali, apiei do Cabotino, subi num pé de cabeça-de-negro e finarmente, eu vi o danado, na beira do Açúde Véio, muntei no matunco, armei a laçada e convidei o Cabotino, cavalo bom de lida e, atarraquemos macega afora, pra arcansá, o bendito burro, pra não dize outra coisa. Quando deu tiro pro laço, pinjei, não deu outra, cincha !! De volta pra tropa, atendida pela minha muié, Fernandina, tropeira, cozinheira e ponteira da tropa A jornada era dura, nos tinha que apertá os passos pra almoçá em Sta. Barbara e posá na fazenda Sto. Antonio , pertico de Ribeirão Vermeio do Sur. Almoçamo, nem sestiamo, a Fernandina, tava com receio nóis ia chegá tardão da noite no poso. Anoiteceu e nois firme com a tropa, a muié, com o holofote na ponta. O que era pió, ameaçano chuva, noite escura. Nois tava terminando o subidão pra chega no poso. De repente, um fogo amarelo que descambava pro azur aparece serpentiano em forma de cobra. Meu pai Domingos , peão de tropa, me contou que o Boitatá é atraído pelo ferro na noite escura.
O tropeiro, aí tem que faze o fogo arrebenta e apaga, tem que se livrá da espora, da faca, do freio do cavalo, da garrucha. que deve ser amarrados na argola do laço e arrastado doze braça atraís até cansa e estoura, só assim deixa a gente em paz. O laço tem que se puxado por um macho se for égua não tem efeito. Fiz bem do jeitinho como o pai me ensinou. Carguei o tala no Tubiano, cavalo bom de lida e não tem medo de nada não, o nome dele é Cabotino, fomo na culatra do Boitatá e até que arrebentou e apagou. O Boitatá é um fogo sozinho nunca volta no mesmo lugá onde apareceu, não queima macega seca, não esquenta água, rola, gira, arrebenta e se apaga. Quanto dei por conta, estava do lado da mangueira da fazenda Sto. Antônio. E a Fernandina, oiei pra trais, vinha ela de pé dois, com o holofote na mão e encabrestando a égua Leviana. A Fernandina disse:- A Leviana, corcoviu , por dimais ela tava acompanhando o estoro da tropa quando sartei de ciina, nem o holofote quebrou.
O Bentinho perguntou: - E o Boitatá! critura, não te machucou? - Não, Bentinho nem um arranhão, o teu pai me ensinou por eu se muié e tá montndo uma égua, uma benzedura O fogo, veio, pra riba de mim, serpentiando, garrei a rezá. Si sabi, qui o meu corpo fechô!!! A reza e assim:
"É meia noite

                                                                                      A tropa se alongou
E o Boitatá na encruzilada berrou
Virgem D e u s
Nossa Senhora
Clareie o dia
Pra esse bicho
Ir embora"
Que reza porreta de boa Fernandina, mas ocê esqueceu de dá um conceio pras muié:
-Se ocê, encontra essa cobra de luz serpenteando, pare de respira. feche os zóio (se não ela vai te pega) e a deixe passa. Daí, seguimo tropeando, entregamo a tropa, na fazenda do Paulininho, a duas légua pra frente de Piraju, e vortamo pro caminho que viemo, decemo, pra banda das Furnas, no mesmo lugá, que o Boitatá apareceu, nóis não ficamo cum medo! O pai contó que o Boitatá não aparece no lugar por duas veis".
Antônio de Fázio

MEDECINA TROPEIRA
                                                                Febre, costuma-se colocar os lábios na testa do paciente. O calor dirá se a pessoa está com temperatura alterada.
Dor de garganta, comum nas oscilações climáticas, introduz-se na garganta uma colher de sopa pelo cabo. O estado das amígdalas fornecerá o diagnóstico.
Dor de dentes violenta, faz-se o paciente gargarejar um chá com folhas de malva.
Dor de cabeça é aliviada, colocando-se nas fontes (fronte ou testa) rodelas de batata crua.
Desmaio, a vítima deve aspirar vinagre, ou, o caldo de limão rosa..
Engasgue é aliviado de imediato com umas batidinhas nas costas do engasgado, acompanhadas da competente oração.
Se uma espinha de peixe tranca na garganta, faz-se o sinistrado engolir farinha de mandioca ou paçoca.   Contra cortes que produzem hemorragias, costuma-se colocar no local pó de café.
Os “galos” produzidos por batidas são aliviados colocando-se, sobre o local, a face fria de facão ou de faca.  O veneno produzido por ferrão de certos peixes como, o mandi e pintado, é tratado com urina logo após o acidente.   As picadas de insetos, com uma pasta de fumo mascado sobre o ferimento.   O bicho-de-pé (tunga penetrens), exige sua extirpação, retirando-se o saquinho contendo os ovos. aplica-se sobre o ferimento querosene ou creolina.   O cobreiro (cobrelo) só pode ser tratado por meio de benzedura.   As frieiras são tratadas com vinagre, querosene, creolina ou açúcar.
Uma diarréia não resiste a um tratamento a base de chá com folhas de pitangueira, goiabeira e casca de romã.  Prisão de ventre, óleo de rícino (purgante).   Para curar embriagues, nada melhor do que um café tropeiro, sem açúcar,com cinzas do tição.   Cólicas, pano úmidecido de água quente,sobre o local dolorido.   Anciã de vomito, irrita-se a campainha (úvula) com uma pena de galinha.   O excesso de gases é combatido com bicarbonato de sódio.
O Fumo
O pitar, cachimbar, fumar, principalmente cigarro de palha e mascar o fumo, era habito dos tropeiros. Quando o cigarro era muito forte, chamava de estoura peito, que também significava má qualidade. Para pedir um cigarro, diziam: "dá um pito", para acendê-lo: "me dá uma fumaça" ou "me dá um fogo". Fumo ruim era chamado "macaio". Mascavam, também, o fumo para curar dor de dente A preparação de um cigarro de palha tropeiro obedecia um verdadeiro ritual que vai de picar o fumo em rolo, até o preparo da palha. Deve-se notar, que até poucos anos não havia uma restrição tão forte como agora em relação ao cigarro e seus malefícios.
Quanto à poesia popular, eis algumas quadras:
Moça que fuma cigarro
dá uma fumaça pra eu.
Tenho fumo, tenho páia,
meu canivete perdeu.

Me empresta o teu aceso
pra acender meu apagado,
quando o meu prender o fogo
lhe direi muito obrigado.

Dizem que o pito alivia
as mágoas do coração
eu pito, pito e re-pito,
e as mágoas nunca se vão,

Terapêutica tropeira do Fumo
Umbigo~:   • Para curar umbigo, amassa-se o fumo e põe-se no local.   • Seca folha de fumo na chapa do fogão, depois reduz o pó, mistura com azeite de mamona e faz o curativo.   • Quando o umbigo está "zangado" cura-se com azeite, pó de fumo e alecrim.   • Torra-se a folha de fumo e o broto de laranjeira, mistura-se com banha e põe-se no umbigo da criança.   • Uma colher de sopa de óleo, umo e dente de alho, deixa fritar e depois passa, ainda morno.   • Mistura pó de fumo com picumã e põe-se no local.
Dor de barriga:   • Pega-se a folha do fumo, unta-a com azeite, esquenta-se na chapa do fogão e põe-se sobre a barriga da criança.   • O primeiro banho da mulher depois de ter nenê, deve ser na água onde se colocou um pouco de pinga, fumo e folha de algodão.
Frieiras:   • fumo com pinga ou álcool canforado.
Picadas de inseto:   • Fumo com pinga
Machucados:   Fumo com urina.

A BARDA DO CABOTINO
O meu cavalinho, o Cabotino, era um ótimo animal, de cômodo e rédea: marrequeiro fino e até farejador de perdizes, pelo hábito aprendido com a minha cachorra Princesa, que foi uma maravilha. Mas o Cabotino tinha uma barda; a não ser comigo, não havia quem o obrigasse a passar o rio Itararé, em balsa. Para cavalo era até uma burrice, isso; pois os próprios cavalos confessam,pelo comportamento , que é muito mais agradável atravessar o rio na balsa, do que nadando: cansa menos e não é tão frio...    O Cabotino, porém, era refratário a tais comodidades.   Fosse um peão ou qualquer outra pessoa fazê-lo entrar na balsa: gastaria horas, zangar-se-ia, cairia n'água e nada arranjava: o cavalo firmava-se, recuava, pulava, empacava-se, mas não entrava; a cacete, então era pior: empinava-se, couceava, mordia, mas não ia... Certa vez que, da barranca do Itararé, na Passagem do Índio, a 1 légua de Barão de Antonina, eu assistia a uma dessas cenas, e tendo muita pressa e pouca paciência para fazê-lo passar a nado e encilhar do outro lado, em Santana do Itararé.
Enquanto o balseiro, João Vergílio, já cansado de firmar a embarcação, praguejava. Pediu ajuda para os irmãos, Eugênio e Vitor Romanoff, que tinham acabado de chegar, eram excelentes nadadores, atravessavam a nado a Passagem do Índio, só que não tinham pratica da lida tropeira, trabalhavam com seu pai, Paulo Romanoff, na serraria que ficava bem perto das barrancas do Itararé.
Com o Cabotino, nas condições que se encontrava.   Eugênio já de mau humor, dava sofrenaços e tirões, e Vitor, já estava rouco de tanto gritar com o cavalo, e embarreado e encharcado; enquanto essa luta durava, a mim fervia-me o sangue, e batia o queixo, enraivado, como que sacudido por febre de sezões...  Não me contive.   Desci da barranca, tomei o cavalo, apertei muito bem os arreios montei e pedi que os Romanoff se afastassem, e para o João balseiro, encostar bem a balsa à beira do rio, apenas a segurasse com a mão, no barranco.   Isto feito, afastei-me como umas sete braças, firmei as rédeas e cravei as esporas na barriga do Cabotino teimoso: ele gemeu com a dor, mosqueou, e saltou pra frente, como unia mola!   Daquele arranco vim a beira, e sempre tocado de espora e rebenque, de pulo, o meu tubiano atirou-se dentro da balsa, comigo em cima, olé!
O impulso para diante foi tão forte, que a balsa, como uma flecha, deslizou sobre a água e foi, certinha, abicar na outra margem do Itararé !...!...
E conforme lá cheguei, tomei a cravar as esporas no Cabutino, e ele, desesperado, arrancou, e, de pulo, atirou-se da balsa para terra.   O impulso para trás foi tão forte, que a balsa desandou sobre a água, e foi certinha, como uma flecha, abicar na margem donde havia saído...
Fora esse, exatamente, o cálculo que eu havia feito. Dai por diante nunca mais inquietei-me. De picar tropa nas bandas de Carlopolis e Santo Antônio da Pratina, para passar, em balsa, no rio Itararé? Ora! Espora... pulo.., balsa pra lá! espora... pulo.., balsa pra cá!
Antônio de Fazio
























                            

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