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terça-feira, 22 de outubro de 2013

"A BATALHA QUE NÃO HOUVE: GRAÇAS A DEUS"


 


A RENDIÇÃO DE ITARARÉ
-Há 83 anos, mais precisamente , no dia 25 de outubro de 1930 -
Em síntese: O movimento político-militar que determinou o fim da Primeira República (1889-1930) originou-se da união entre os políticos e tenentes que foram derrotados nas eleições de 1930 e decidiram pôr fim ao sistema oligárquico através das armas.

Após dois meses de articulações políticas nas principais capitais do país e de preparativos militares, o movimento eclodiu simultaneamente no Rio Grande do Sul e Minas Gerais, na tarde do dia 3 de outubro. Em menos de um mês a revolução já era vitoriosa em quase todo o país, restando apenas São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pará ainda sob controle do governo federal. Finalmente, um grupo de militares exigiu a renúncia do presidente Washington Luís e pouco depois entregou o poder a Getúlio Vargas.
Foi a vitória do candidato governista, o itapetininguense,  Júlio Prestes, que  nas eleições de março de 1930, derrotando a candidatura de Getúlio Vargas,  apoiado pela Aliança Liberal, deu início a uma nova rearticulação de forças de oposição que culminou na Revolução de 1930. Os revolucionários de 30 tinham como objetivo comum impedir a posse de Júlio Prestes e derrubar o governo de Washington Luís.
Dentre os jovens políticos que se uniram em torno do levante, destacavam-se Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha, Flores da Cunha, Lindolfo Collor, João Batista Luzardo, João Neves da Fontoura, Virgílio de Melo Franco, Maurício Cardoso e Francisco Campos. Dos tenentes que haviam participado do movimento tenentista, os nomes de maior destaque eram Juarez Távora, João Alberto e Miguel Costa.
Por sua vez, o ex-líder da Coluna Prestes, Luís Carlos Prestes, optou por um caminho mais radical. Crítico da união dos jovens políticos com a dissidência oligárquica, Prestes decidiu não participar da revolução e lançou seu próprio Manifesto Revolucionário. Declarava-se socialista e sustentava que a mera  troca de homens no poder não atenderia às reais necessidades da população brasileira.
Intermináveis negociações preliminares retardaram as ações militares dos conspiradores contra o governo de Washington Luís. Finalmente, em 26 de julho, o inesperado assassinato de João Pessoa, presidente da Paraíba e candidato derrotado à vice-presidência na chapa da Aliança Liberal, estimulou as adesões e acelerou os preparativos para a deflagração da revolução. Alçado à condição de mártir da revolução, João Pessoa foi enterrado no Rio de Janeiro e seus funerais provocaram grande comoção popular, levando setores do Exército antes reticentes a apoiar a causa revolucionária.
Enfim, a 3 de outubro, sob a liderança civil de Getúlio Vargas e sob a chefia militar do tenente-coronel Góes Monteiro, começaram as diversas ações militares. Simultaneamente deu-se início à revolução no Rio Grande do Sul, à revolução em Minas Gerais e à revolução no Nordeste, os três pilares do movimento.
Com a ocupação de capitais estratégicas como Porto Alegre e Belo Horizonte e de diversas cidades do Nordeste, e com o deslocamento das forças revolucionárias do Rio Grande em direção a São Paulo, o presidente Washington Luís recebeu um ultimato de um grupo de oficiais-generais, liderados por Augusto Tasso Fragoso.     O grupo exigiu a renúncia do presidente. Diante de sua negativa, os militares determinaram sua prisão e o cerco do palácio Guanabara, no dia 24 de outubro. A seguir, formou-se a Junta Provisória de governo, composta pelos generais Tasso Fragoso, João de Deus Mena Barreto e o almirante Isaías de Noronha.
Em virtude do maior peso político que os rio-grandenses detinham no movimento e sob pressão das forças revolucionárias, a Junta finalmente decidiu transmitir o poder a Getúlio Vargas.
Na passagem de trem, por Itararé, a caminho da capital do Brasil, Rio de Janeiro e volteado pelos seus comandantes.   Proferiu a seguinte frase: "Com a vontade e as Graças de Deus.    Piso em torrão Paulista".
Em Itararé, a denominação de 24 de Outubro,   numa de suas principais ruas,   não é em comemoração a vitória das Força Revolucionária,   e sim,   uma homenagem as muitas vidas que seriam eliminadas em Batalha:  GRAÇAS  A  DEUS, NÃO HOUVE!!!
 Como se deu a viagem de Getúlio Vargas rumo ao poder? Como o líder revolucionário viveu a expectativa do grande combate em Itararé? Como estava Itararé quando Getúlio passou ? Quem foi o gaúcho que se prontificou para negociar a rendição de Itararé? Como foi o seu encontro com o inimigo?  E quem foi seu aliado politico em Itararé? Nada mais apropriado do que ler mais uma passagem de 1930:
O novo dono do poder segue sua rota. Levanta de madrugada para ser saudado pelo povo em delírio.
A Batalha de Itararé não acontece.
O deputado gaúcho Glicério Alves, contara em reportagem da revista "O Cruzeiro":     "Estavam assestadas contra Itararé mais de 30 bocas de artilharia". Mais de oito mil homens deveriam atacar a cidade onde o coronel Paes de Andrade comandava as forças legalistas. Vinte e uma bombas serão jogadas por aviões sobre  as tropas legalista.    Depois da deposição de Washington Luís. Glicério Alves oferece-se para ir a Itararé propor aos legalistas que se rendam.
Irá com dois acompanhantes, um dos quais será um prisioneiro que aderira à revolução:          "Pela madrugada de 25 partimos os três, a cavalo. Na saída, o oficial da Força Pública declara-me que estava convencido de que seríamos metralhados... Como ele devia conhecer bem a sua gente, confesso que aquela declaração causou-me um certo ''frio''... A cavalgada foi lúgubre e solene: entre as duas vanguardas não se encontrava viva alma e tinha-se a impressão de que os sons do clarim profanavam aquele enorme silêncio, que ''saía'' das casas abandonadas, da estrada deserta e da floresta que marginava o caminho, a qual acreditávamos povoada de avantesmas... Caminhávamos silenciosos, ao passo lento dos animais, pois a estrada era quase intransitável, por motivo das últimas chuvas. A todo momento, parecia-nos que ia partir uma descarga dos morros que ficavam à margem direita do caminho. Pensamentos sombrios nos assaltavam e a própria natureza era feia e triste, ou talvez assim a achássemos porque ela se revestia da cor do ''cristal com que a mirávamos''.
E assim fomos até as proximidades do rio Itararé, percorrendo uma estrada desconhecida para os três". Nada demais acontecerá. Interceptados, são levados à presença de Paes de Andrade, que, intimado a render-se, recusa, mas aceita partir com Alves para parlamentar com os chefes revolucionários. Itararé cairá com um suspiro.
Getúlio Vargas anota: "À tarde, em território paulista, chegando a Itararé - terreno acidentado onde as forças reacionárias se entrincheiraram para conter o avanço das tropas do sul, comandadas por Miguel Costa, sendo, porém, constantemente batidas e postas em fuga. Na cidade de Itararé, grande aglomeração de tropas e de trens que nos festejam, com escassa população civil".
Não se faz uma revolução sem vaidades. Getúlio reflete: "Neves passa-me um telegrama impertinente, insistindo por sua renúncia à vice-presidência do estado. Coisa difícil de solucionar, casos pessoais.
Em 1932 inicia a Revolução Constitucionalista, organizada pelo estado de São Paulo, que exige entre outros pontos, a constitucionalização do novo regime.   O movimento é derrotado, mas força a convocação da Assembleia Constituinte em 1933.   Em 1934 seria promulgada a nova Constituição.  Chega ao fim a politica café com leite e tem inicio o Estado Novo, novembro de 1937.   As eleições só voltaram ao país ao fim do Estado Novo em 1945.
Na Foto abaixo , Belizário Pinto, ao lado esquerdo de Getúlio Vargas,  e com a mão direita levantada, comanda uma: " Saudação ao novo Presidente do Brasil", na gare da Estação Ferroviária de Itararé . Para os legalista ele foi um traidor. Para os revolucionários um grande aliado politico, posteriormente  foi condecorado com o titulo de "Coronel", pelos seus serviços em prol  das causas revolucionárias.            O coronelismo foi um sistema de poder político que vicejou na época em todo o Brasil.
 

Antônio de Fazio