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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Porta Retrato

                              MAESTRO LINDOLPHO GOMES  GAYA

Foi um dos maiores arranjadores da MPB, premiado nos importantes Festivais da Record, descobrindo, burilando e produzindo Chico Buarque de Hollanda, além de ainda ter produzido Taiguara, Nelson Gonçalves e outros artistas de renome que o admiravam. 
Aos 7 anos de idade, começou a estudar piano em Itararé,
 com a professora Filomena Mellilo, filha do maestro italiano José Mellilo; 
cursou o primário no Grupo Escolar Tomé Teixeira, continuou seus estudo no Colégio Franco-Brasileiro, em São Paulo. Em 1945, casou-se com a cantora e compositora Stellinha Egg, que conhecera na Rádio Tupi.  Em 1942, iniciou a carreira artística no Rio de Janeiro, tocando piano em programas de calouros na Rádio Transmissora. Mais tarde atuou na Rádio Tupi e na Orquestra do Chiquinho, na Rádio Clube. No início dos anos 1950 formou uma orquestra, passando a apresentar-se como Gaya e sua Orquestra. Em 1951,  gravou de Zequinha de Abreu as valsas "Morrer sem ter amado" e "Último beijo". No mesmo ano,  seu baião "Pregão" foi gravado por sua mulher Stellinha Egg, e Zaccarias e sua Orquestra gravaram o baião "Minas Gerais", com arranjo seus e de Zaccarias. No mesmo ano, Em 1951, regeu a orquestra que tocou a trilha sonora do filme "Aí vem o baião", dirigido por Watson Macedo. Em 1952, gravou  mais duas valsas, "Célia", de Elias Fleury, e "Só pelo amor vale a vida", de Zequinha de Abreu. Em 1953, gravou as valsas "Por um beijo", de Catulo da Paixão Cearense e Anacleto de Medeiros, e "Pelo teu amor". No mesmo ano, gravou, tocando órgão, as toadas "Mulher rendeira", de domínio público, e "Lua bonita", do compositor paraibano Zé do Norte. Em 1955, recebeu o Prêmio de Melhor Disco do Ano pelos arranjos feitos para as músicas "O vento" e "O mar", ambas de Dorival Caymmi, com interpretações de Stellinha Egg. No mesmo ano, com a mulher Stellinha viajou para a Europa para uma temporada artística, tendo regido na Polônia, a Orquestra Filarmônica de Varsóvia. Recebeu uma medalha de ouro do governo polonês. Atuou ainda como jurado no congresso folclórico na Festa da Juventude. Na União Soviética, regeu a Grande Orquestra do Teatro Strada de Moscou. Ainda na capital soviética, tomou parte no filme "Folclore de cinco países", com direção de Alexandrov, em que aparece tocando chorinhos de sua autoria. O casal Gaia e Stellinha seguiu para a França, onde o maestro dirigiu a parte musical do filme "Bela aventura", sobre temas e motivos brasileiros, dirigido por sua mulher, Stellinha Egg. Fixou residência em Paris, onde fez arranjos para gravações de músicas brasileiras e sul-americanas, tendo organizado gravações de Ray Ventura. Ainda na capital francesa, fez arranjos para o disco "Chants folkloriques brésiliens", de temática brasileira, com interpretações de sua mulher. Retornando ao Brasil, fez arranjos e composições para uma série de discos de histórias infantis. Desta série fizeram parte entre outros, os discos "A moura torta", "O gato de botas" e "A galinha dos ovos de ouro", gravados pela RCA. Também em 1955, seu choro "Champanhota" foi gravado ao vibrafone pelo instrumentista Mesquita em disco RCA Victor. No mesmo ano, fez a direção musical para o filme "Bela aventura" uma produção de Robert Mariaux filmada em Epinai Sur Seine, em Paris. Em 1958, teve a música "Morreu meu coração", parceria com José Carlos gravada por Carlos Galhardo na RCA Victor. Ainda na de´cada de 1950, teve participação na trilha sonora dos filmes "Aviso aos navegantes", dirigido por Watson Macedo, "Tudo azul", de Moacir Fenelon, "Com o diabo no corpo", de Mário Del Rio, e "Rua sem sol", de Axex Viany. No princípio dos anos 1960, fez arranjos para o disco "Amor de gente moça", de Silvinha Telles. No mesmo período gravou com sua orquestra o disco "Dança morena", com destaque para as composições "Rosa morena", de Dorival Caymmi, e "Grau dez", de Lamartine Babo e Ary Barroso, entre outras. Em 1965, recebeu o Prêmio Euterpe pelas músicas compostas para o show "Rio de quatrocentos anos", apresentado  no grill-room do Copacabana Palace Hotel, que saíram em LP comemorativo aos 400 anos da Cidade Maravilhosa. Esse show produzido e dirigido por Carlos Machado apresentou as seguintes músicas divididas em blocos temáticos: "Bossa nova": "Garota de Ipanema", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes; "Blues Walk", de C. Brown; "Samba do avião", de Tom Jobim, e "Maxixe", de sua autoria; bloco temático "Carmen Miranda": com as músicas "O que é que a baiana tem", de Dorival Caymmi; "Taí", de Joubert de Carva lho; "Diz que tem", de Vicente Paiva e Haníbal Cruz, e "Good Bye Boy", de Assis Valente, todas com interpretação da cantora Marion; "Valsa Debret",  de

sua autoria; "Rio", de Ary Barroso; "Praça do Século XVII", com Chianca de Garcia. Em seguida veio o bloco temático "Escola de Samba" com os sambas "Tiradentes", de Estanislau Silva, Décio Carlos e Penteado; "Chica da Silva", de Anescar do Salgueiro e Noel Rosa de Oliveira; "Lá vem Portela", de Billy Blanco, e "Exaltação à Mangueira", de Enéas Brites da Silva e Aloísio Augusto da Costa. O disco se encerrou com mais quatro músicas em homenagem ao Rio de Janeiro: "Polka", de sua autoria; "Calendário", de Vicente Paiva e Chianca de Garcia; "Seresta imperial", com Chianca de Garcia, e "Cidade Maravilhosa", de André Filho. Em 1966, fez parte do júri do I FIC, na TV Rio, fazendo ainda o arranjo e regendo a maior parte das 36 selecionadas. No mesmo ano, foi o arranjador da composição "Saveiros", de Dori Caymmi e Nélson Motta, que foi classificada em primeiro lugar na fase nacional do festival, ficando em segundo lugar na fase internacional. Recebeu no mesmo período o Prêmio Galo de Ouro pelos arranjos e por sua atuação como maestro no LP "O grande festival", com músicas do I FIC. Ainda nos anos 1960, apresentou nas TVs Rio e Continental programa de música popular ao lado de Stellinha Egg. Ainda no Rio de Janeiro, dirigiu musicalmente shows das cantoras Elizeth Cardoso e Amália Rodrigues. Trabalhou durante 15 anos para as gravadoras Victor e Odeon, fazendo arranjos e orquestrações, destacando-se no trabalho com a música brasileira. Em 1974 e 1975, percorreu o Brasil ao lado de Stelinha Egg apresentando-se especialmente em auditórios de universidades fazendo divulgação da música popular brasileira. Em 1975 fez os arranjos e regeu a orquestra no show "Maria Bethânia e Chico Buarque", apresentado no Canecão no Rio de Janeiro, do qual resultou um Lp com o mesmo título. No mesmo ano, foi o diretor musical do primeiro LP lançado pelo conjunto Nosso Samba. Foi considerado um dos grandes arranjadores de sua épocaNasceu em Itararé no dia 06 de maio de 1921. filho de José Maria Gaya e da Sra. Leocádia Brobowsky.    Dudu Gaya, como era conhecido em sua terra natal, apelido carinhoso de sua família.  Seu trabalho foi interrompido , quando sofre um A.V.C., em 1985, vindou a falecer em 17 de setembro de 1987, na cidade de Curitiba.    Lindolpho Gomes Gaya, tem seu nome perpetuado, em uma avenida  de nossa querida Itararé: Avenida Maestro Dudu Gaya, localizada na Vila Tonico Adolfo;   Homenagem; ao ícone e saga do ilustre itararéense,  de uma trajetória artística repleta de genialidade musical. A propositura foi elaborada, através de uma Indicação de Projeto Legislativo do vereador Antônio de Fazio Neto, assinado e aprovado, por unanimidade  de seus nobres pares e deferido pelo então Presidente da Câmara Municipal, Vereador Hilco Rabbers, resultando na Lei nº 2.334 de 21 de agosto 1.996.


 

 



 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

AS PATACOADAS DO PEDRINHO GAÚCHO

 

 AMIZADE FIEL:

Todo dia o Heron Cavalcante, conhecido na nossa Itararé, como  Pedrinho Caúcho ia no bar do Ari Bolinha, lá na Osorio e falava ao Ari, dono do estabelecimento: - Tchê me vê 2 doses de cachaça em copos separados. E o Ari, prontamente atendia seu pedido sem indagar. No dia seguinte a história se repetia: - Tchê me vê 2 doses de pura em copos separados. E lá se ia os martelinhos de cachaça em goles ligeiros. Até que um dia o Ari,, já encabulado com o fato, perguntou: - Mas, que mal lhe pergunte que não é da minha conta, mas por que você pede sempre dois copos ao invés de tomar tudo num só?  E o gaudério do Pedrinho  responde: - Tchê sabe o que que é? É que eu sempre vinha aqui com meu amigo Oswaldo Branco Martins,  tomar uma pura, mascar uns salames e brindar nossa amizade de longa data, mas agora ele está muito mal na Santa Casa e em homenagem à ele, eu venho aqui no bar cumprir nosso ritual e lembrar dos casos que passamos juntos. O Ari Bolinha,  achou muito bonita a história e neste dia nem cobrou a conta. Passou-se uma semana e lá estava o Pedrinho  Gaúcho, adentrando a porta do bar. Chegou próximo ao balcão e disse: - Tchê me vê uma dose da pura. O Ari,  já meio abalado e sem jeito perguntou: - Desculpa eu perguntar, mas ... seu amigo Oswaldo  faleceu? E o gaúcho: - Não não não... eu é que parei de beber!
CASO DO VELÓRIO DO AMIGO:
Heron Cavalcante, o Pedrinho Gaúcho, um gauchinho dos mais grosso, morador  lá pras bandas da Fazenda Morungava, vai ao velório de um grande amigo e companheiro de muitas carreiras Oswaldo Branco Martins,  e como gostava duma prosa, resolveu fazer bonito e dizer umas palavras de despedida pediu o consentimento para à viúva Dona  Carolina Pereira de Almeida,  conhecida como Paraguaia, que queria proferir uma palavritas de despedida.  Mas, Paraguaia,  fez uma resalva :  -Pedrinho, se apressse que o Diácono Lucas já esta no morgue para a reza de despedida do corpo.   Quando o Pedrinho Gaúcho, começou a sua fala, ao falecido;   Neste momento sua dentadura cai sobre o caixão e pra não deixar por menos ele diz: - Meu grande amigo Oswaldo, vai em paz tchê e leva o meu último sorriso!!!
 CASO  DA RATOEIRA:
O ex-vereador João Galvão Pinheiro (João Feijão),  era um destes comerciantes tradicionais, dono do estabelecimento Caça e Pesca em   Itararé, seguiu o caminho do pai Bernardo Pinheiro, de ter  mercadorias bem variadas . Certa feita chegou o Pedrinho Gaúcho e já foi falando:- Ao atendente  Dito Cocada: Tem ratoeira?  - Tenho sim senhor..- Então me vê uma rápido que eu tenho que pegar o ÔNIBUS!!!   Aí o Dito Cocada , que já estava se dirigindo à prateleira, da meia volta e fala: - Bem, deste tamanho assim nós não temos.
O CASO DAS NAFTALINAS:
Mais grosso que o cepo do Açougue do Toninho do Pio, o famoso Pedrinho Gaúcho, morador provisório,  lá pras banda da Fazenda Morungava, chegou na Farmácia Santana no tempo do João Tatit e perguntou ao nosso amigo Joaquim Salgadinho:   - Tchê... ta aparecendo umas baratas la em casa, que tu tem aí pra mata barata? - Pois olha  eu tenho naftalina, diz o Joaquim.
- Nafata.... o que tchê?   - Naftalina! São estas bolinhas aqui ó, leva este saquinho com 10 que você vai resolver o teu problema amigo.  Ta bem!  Quatro  horas depois o Pedrinho  volta a Farmácia:  - Tchê me ve mais uns 5 saquinhos da nafata..!  E o Joaquim:  - Mais cinco??? Vai usar pra que ?? Aquele saquinho que lhe vendi antes já da pra matar as baratas da casa toda!  E o Pedrinho  Gaúcho retruca: - Mas aqui pra nós... tu deve ser muito bom de mira com o estilingue tchê!!!!
CAUSO DO "XECÁPI":
O Heron Cavalcanti, vulgo Pedrinho Gaúcho,  vestiu uma camiseta de física e foi ao médico fazer um 'xecápi'. Diz o doutor: - Seu Heron. o senhor está em muito boa forma para 40 anos.- Mas quem disse que tenho 40 tchê? Fiz 57 no dia 20 de setembro!  Dr:  - Puxa! E quantos anos tinha seu pai quando morreu? P.Gaúcho: - E eu disse que meu pai morreu, tchê? Dr: - Oh, desculpe! Quantos anos tem seu pai? P. Gaúcho: - O véio tem 79 e toma óleo de capincho com cerveja preta. Dr: - 79? Que bom! E quantos anos tinha seu avô quando morreu? P. Gaúcho:  - E eu disse que ele morreu? Dr:- Sinto muito.  E quantos anos ele tem? P. Gaúcho - 101 anos, e anda de bicicleta até hoje. Dr: - Fico feliz em saber. E seu bisavô? Morreu de quê?  P. Gaúcho: - E eu disse que ele tinha morrido? Ele está com 124 e vai casar na semana que vem. Dr: - Agora já é demais! O senhor esta de gozação, por que um homem de 124 anos iria querer casar? P.Gaúcho: - Eu disse que ele queria se casar? Na verdade ele nem queria mas foi obrigado já que embuchou a moça.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

CAÇANDO TATU...

Mais um caso do Bentinho Gaúcho.
Já em rapaz eu ouvira falar numa raça de tatus-rosqueira, porém, punha minhas dúvidas nessas histórias. Passaram-se os anos caminhei muito, muito, aconteceu-me muito, mas de. tatu-rosqueira, nada!
 
Pois dessa feita, no Rincão do Corisco, vi; do outro lado do rio Itararé. com estes, que a terra há de comer, vi… e se me fosse contado não acreditaria.  Periga a verdade, mas lá vai, e, demais, estavam presentes o capitão Waldemar Correia, concunhado do Presidente Getúlio Vargas, nomeado  gerente da Fazenda Morungava, após o confisco da União, no inicio do Estado Novo, já falecido, o licenciado Pedrinho Gaúcho, que perdi de vista, além dos peões, sem falar nos cachorros, por sinal bons tatuzeiros. É sabido que as jararacas andam sempre em casal e que se alguém mata uma pode também matar a outra, no mesmo lugar, porque a viúva vem pelo rastro da companheira; se se carrega a primeira, por exemplo, para perto de casa, é contar que a outra aí vem dar; quer dizer, o bicho acompanha o seu defunto, ou seja pelo faro, ou pela dor da saudade, com os olhos da alma…Sabe-se também – isso eu vi, vezes e vezes! – que o lagarto conduzido pela cauda, semimorto ou semivivo (há diferença entre estes estados de saúde), quando menos se espera, quebra o rabo e escapa-se. A perdiz, finge de morta: fecha os olhos, afrouxa o pescoço, reina as asas e… zuct! de repente apruma-se e desfere o voo. O zorrilho…Esta pequena divagação, que pode parecer maçante, é necessária e vem apenas provar que todo animal tem um instinto muito particular para certas aflições em que se encontra. Era por uma bonita noite de luar. Estávamos mateando e pitando; conversa vai, conversa vem, quando o capitão Waldemar,  lembrou que podia divertir-nos proporcionando-nos uma caçadita aos tatus.  E tatu-rosqueira, então, que é praga! …concluiu o capitão.   A este dito, saltei.  Pois há? … Inquiri.  -Xi! assim!…E o capitão  juntou em molho os dedos das duas mãos, e assobiou comprido. Aprestamo-nos e saímos rumo do rincão. De chegada soltamos os cachorros, e daí a um quase-nada já lhes ouvíamos o ganiçado. Começamos a bater as toca.  Aquilo foi rápido. Havia mesmo muito tatu! Cachorro farejava, cavava na entrada da toca, e nós já rente, de enxada, dá-lhe que dá-lhe! Eu é que tive a sorte de descobrir o primeiro tatu; o primeiro tatu, não, o primeiro rabo de tatu. E no que o descobri, agarrei-o. Tironeei, tironeei, e nada, o bicho não vinha; já ia meter o dedo… sabem, bem?… quando o licenciado Silvinha gritou-me: -Não faça isso, Bentinho… destorça a rosca do rabo!…-Quê?  -Sim, e para a esquerda, a modo de parafuso inglês.   Sem ter consciência do que fazia, às mãos ambas dei umas quantas voltas para a esquerda, e qual não foi o meu espanto quando senti que efetivamente aquilo cedia, afrouxava, desatarraxava-se! …     E fiquei com o rabo na mão… sem o tatu.  Pelos outros lados os companheiros andavam na mesma faina. Algo desapontado, indaguei do licenciado:        E agora?…Passe a outro. Guarde esse rabo aí no saco; daqui a pouco você verá o resto!  Aquilo era curioso, passei a outra cova, a mesma manobra: outro rabo, no saco; outra e outra, e assim porção delas. A certa altura o tenente-coronel deu ordem de parar, pois não poderíamos transportar toda a caçada; o saco estava cheio a mais de meio. Eu estava desconfiado e furioso, mas disfarçando, achava esquisito vir ao mato caçar tatus e só levar-lhes as caudas… Mas o coronel Felizardo fez um sinal e logo nos arrolhamos em volta do saco; fez-se silêncio e daí a pouco começou a tatuzada a sair das tocas – desrabados todos – e vieram se chegando para o saco, focinhavam nele e ficavam quietos, como viúva velha chorando na cova de marido novo… Ai então é que era pegar e sangrar tatu! …     Foi uma senhora matança! Fizemos umas quantas enfiadas e voltamos para casa vergando ao peso da caçada. Eu, por mim, confesso, estava atônito! Em caminho é que o capitão Waldemar,  me foi contando a cousa pelo miúdo.    - Bentinho, você conhece o tatu Peludo ou de Rabo Mole, o Bola, o Guaçu, o  Canastra e outros; mas parece que este, nunca viu… -De ouvido, sim!   -Ora! ouvir falar é uma cousa, ver é outra… Este tatu tem o rabo como uma rosca, por isso se chama rosqueira; caçá-lo é facílimo: descoberta a toca, basta poder agarrá-lo pela cauda e em vez de puxar destorcê-la e depois levá-la para um pouco distante naturalmente o rosqueira sente falta do peso do rabo e pelo faro vai em busca, acha-o e começa logo a cavar no chão um buraco estreito e fundo, entra então com o focinho a dar voltas e mais voltas à cauda solta, e tanto trabalha que fá-la cair de ponta para baixo no buraco que preparou: então, chega-lhe terra e vaia-o enchendo, de forma que a cauda pode ficar fincada corno uma estaca, e quando ele sente que está firme, senta-se lhe em cima e…   -E… parece incrível!  - E começa a andar à roda, à roda, sempre para a direita, até atarraxar-se de novo ao rabo.  No que está pronto vai-se embora!  No dia seguinte fui ao mato, sozinho, para verificar o caso. Descobri logo umas sete covas, portanto sete tatus; destorci sete rabos, pu-los no chão trepei a uma árvore topada e esperei vieram os tatus: vieram os tatus, fizeram os tais buracos, fincaram as caudas, sentaram-se em cima delas e começaram a rodar, a rodar, a rodar. Dentro em pouco um primeiro cessou o movimento e atirou-se para a frente, na sua posição natural, de quatro patas; e logo outro, enfim todos os sete, perfeitamente bons, enrabados, completos.  Sem querer fiz um movimento, e os bichos fugiram rápidos como setas. Era a pino do meio-dia. Para comer é que não são bons: têm a carne dura.  Tanto é verdade que o bicho está em extinção, pela facilidade de caça-lo.  Após ouvi-lo atentamente, perguntei: Este caso é verifico ou de sua imaginação?  - Como já disse a verdade periga, os companheiros da caçada estão todos mortos.