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terça-feira, 16 de setembro de 2014


O Dr. Jorge, foi um personagem  e um grande médico e cidadão  de Itararé, local aonde residiu e clinicou até seu falecimento. Era um ser humano muito prestativo para  as pessoas pobres, inteligente, avido, de um raciocino rápido.   Mas, não tinha muita paciência, este lado de seu perfil que vamos focar.  Não tenho certeza se os casos  são verdadeiros. . Alguns casos são verídicos, e outros são apenas uma  alusão, que as pessoas faziam de  sua maneira de ser, mas independente de serem verídicas ou não, coletamos alguns casos ao longo dos anos:   ***Uma paciente em uma consulta com Dr. Jorge: - O que trás você aqui minha filha? -Doutor. Não consigo dormir a noite!!  De pronto. O doutor responde: - Durma de dia minha filha!!!  **"Um outro paciente pergunta: Doutor: aperto no meu estomago e sinto uma dor horrível?? Não aperte - Responde."  *** "Dr. Jorge, ainda bem moço estava tirando goteiras, defeitos das telhas de sua casa e comercio da família, (atual Edifício Pioneiro) um curioso passou e perguntou: Tá tirando as goteiras doutor? Ele responde: Tô não, tô é fazendo - e ai saiu   quebrando varias   telhas." *** "Uma certa vez dando uma surra em um dos seus filhos, quando ainda pequeno o menino gritava: Tá bom pai, tá bom pai, pelo amor de deus, tá bom!!!!! O doutor. responde: Tá bom? Que legal! Pois quando tiver ruim diga que eu paro."  ***"No  comércio da família , vendiam vários produtos dependendo da ocasião. Uma vez tinha uma saca de arroz e um romeiro perguntou: Como tá o arroz?...Ele respondeu: Tá cru!!!!!!"  ***"Um outro parou pra comprar uns ovos que tinha exposto. Pegava cada ovo e balançava perto do ouvido, um a um, quando lá ia pelos 6, 7 ovos, Dr.  Jorge  disse: Pare, pare, pare, que chocalho tem é no mercado de  instrumentos musicais. *** "Dr. Jorge  entrando No armazém do  João Feijão. Pergunta: - Tem veneno pra rato?  - Tem! Vai levar? - Pergunta o Dito Cocada . - Não, vou trazer os ratos pra comer aqui!!! - responde o Dr. Jorge"  **" Doutor, consegue num domingo levar de carro a família ao Recreio do Rio Verde. Na saída de Itararé uma moça acena, ele para e pergunta: - Em que posso te ajudar?  A moça responde: -O carro vai até o Recreio do Rio Verde!!     E o Dr. Jorge:  - Se você conseguir um biquíni que dê nele".  *** "O Dr, Jorge, estava em casa e resolveu tomar um café: - Mulher! Traz um café!  - É pra trazer na xícara ou na caneca esmaltada? - Não! Joga no chão e traz com o rodo!" *** "O Dr. Jorge, vinha chegando em sua casa com 1 litro de leite, quando uma pessoa perguntou: - Doutor,  vai tomar um leitinho?   Não, é pra lavar a calçada - Ele pegou, e jogou o leite na calçada."  ***  O doutor,  estava cortando uns limões, quando passa sua mulher e pergunta: -Esse limão é pra fazer suco?  -Não, é pra eu usar de colírio!" ***  "O Doutor, estava chupando limão, quando cai um pouco no olho, quando seu filho pergunta: -Ardeu, pai?   -Não, mas vai arder é agora – Disse espremendo limão nos olhos."   *** "O doutor  estava  levando  pro armazém  uma caixa de ovos. Daí perguntaram a ele: - Comprando ovos, pra revender.?   O doutor, responde:  - Não jogando uns três ovos no chão: - É traque!!!"   ***"O doutor,  estava passeando na calçada com o cachorrinho. E lhe perguntam: - Passeando com o cachorrinho ???  Respondeu - Não. É meu passarinho - pegando o pobre poodle pela coleira e fazendo ele voar  *** "O funcionário do banco veio avisar: - Doutor, a promissória venceu.  - Meu filho, pra mim podia ter perdido ou empatado. Não torço por nenhuma promissória." *** "O filho do doutor. jogava futebol no juvenil do Fronteira, e um dia Dr. Jorge foi assistir a um jogo de seu filho no estádio Hugo Kennedy, e o sujeito sentado ao lado pergunta: - Doutor, qual dos jogadores ali é o seu filho. O Dr. aponta e diz: - É aquele ali... - Aquele qual? - Aquele ali!!!! - Não tô vendo... Então Dr. Jorge "P" da vida pega uma pedra, joga em cima de seu filho e diz:  É aquele ali que começou a chorar!!!"  ***" O doutor  no elevador (no subsolo-garagem). Alguém pergunta: Sobe? Dr. Jorge: - Não, esse elevador anda de lado." *** "Fumando um cigarro.  A pergunta: Ora, ora! Mas você gosta de fumar?  - Não, apagando o cigarro na língua diz, gosto de me queimar."   ***"O Dr. Jorge, quando jovem, se apresentou à marinha para a entrevista: Você sabe nadar? Pergunta o oficial. - Não senhor.  -Mas se não sabe nadar, como é que quer servir à marinha?  -Quer dizer que se eu fosse pra aeronáutica, tinha que saber voar!!"  *** "Dr. Jorge vai saindo da farmácia, do Pedro Pinto,  quando alguém pergunta: Ta doente, doutor? - Quer dizer que seu fosse saindo do cemitério eu estava morto!!!" ***  "Um amigo querendo comprar um relógio antigo do Dr. Jorge. pergunta: - Doutor, com esse relógio da  pra tomar banho? - Eu prefiro um sabonete – Responde"  *** "Dr. Jorge  foi pegar um ônibus. . .quando o motorista pede sua carteira de identidade...vendo sua carteira de identidade, o motorista diz... - Essa carteira não é sua!  O doutor, responde:  - E esse ônibus é seu? ? *** "Um conhecido pergunta: - E ai doutor, como anda? Dr. Jorge responde sem olhar pra pessoa: -Com as pernas não aprendi a voar ainda." *** A Pescaria:  O doutor, ao sai de casa com a vara de pescar e um cestinho em direção ao seu carro quando seu vizinho passa e fala: - Indo pescar doutor? E o Dr. Jorge responde: - Não to indo jogar porrinha (quebrando em palitinhos a vara de pescar). ** Uma trovinha de autoria do  Conrrado :  Sobre o leite na calçada:  "Certa manhã ele foi **Pegar sua vasilhada **Mas quando voltando vinha **Deu de cara com uma vizinha ** Que lhe fez pergunta errada ** Ao passar por ele disse ** “Hum, leitinho pra tomar?” ** E ele foi logo queimando ** O pavio sem azeitar ** Pegou a lata e virou ** Todo o leite derramou “É pra calçada lavar!” *** " -Doutor, tenho tendências suicidas. O que faço? - Em primeiro lugar, pague a consulta".  **"Doutor, como eu faço para emagrecer? - Basta a senhora mover a cabeça da esquerda para direita e da direita para esquerda. - Quantas vezes, doutor?- Todas as vezes que lhe oferecerem comida".**"- Doutor, o que eu tenho? - Não sei, mas em caso de dúvida vamos descobrir na necropsia"** "A senhora chega na Santa Casa e pergunta: - Doutor, sou a esposa do Zé, que sofreu um acidente; como ele está? - Bem, da cintura para baixo ele não teve nem um arranhão.- Puxa, que alegria. E da cintura para cima? - Não sei, ainda não trouxeram essa parte".***"- Doutor, quando eu era solteira tive que abortar 6 vezes. Agora que casei, não consigo engravidar. - É muito comum. Seu caso é que você não reproduz em cativeiro".                                        ***Dr. Jorge não concordando com um posicionamento de um vereador de Itararé, que criticou o  atendimento clinico e a falta de medicamentos na  área da saúde, principalmente na Zona Rural.    Expressou: "- Tudo sai de sua  boca pra fora: verdades, semiverdades, promessa, dissimulação, mentira, cinismo, engano, hipocrisia. Dos dentes pra fora, tudo é coisa do animal social e do seu repente.  É de sua natureza excretar o cérebro pela língua que não se dobra. A sua garganta é o canal, digamos, da mancha de sua mente. É por ali que o mundo de suas ideias sai como se fosse reto

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

ASSOMBRAÇÃO DA CURVA FRIA...

 Denominada Curva Fria, esse lugar é cortado pela estrada que liga  Jaguariaíva a Itararé.  Esta estrada é o mesmo caminho das Tropas que as mulas xucras eram tangidas de Viamão `Sorocaba no século XVIII.   Há muito tempo, ali havia uma pequena mata de grandes árvores reunidas em poucos hectares. Os antigos afirmavam o porque da denominação de Curva Fria: O motivo é que o lugar é assombrado e muitos que por ali passaram em noite de lua cheia sentiram calafrios.   Muitos moradores desta região do rio Jaguaricatu, especificamente o "Porto Velho"e nos arredores do Bairro Erva Doce, cresceram ouvindo histórias de assombração acontecidas naquele local.   Muitos comentavam sobre uma luz vermelha que vinha do céu, à noite.   Ouve também sobre a mulada fantasma. Outros falam de uma árvore que se originou quando enterraram perto dali o Tropeiro Antônio Jozé Correia em 6 de janeiro de 1852. A Cruz de Ferro quando foi entronizada em seu tumulo, uma árvore, foi cortada e seus galhos jogado a beira do Caminho e um  galho verde brotou se transformando na árvore mais alta daquele lugar.  Conta-se que a árvore assombrada se dobra por terra, ajoelhando-se toda sexta feira de lua cheia.  Outros contam que a noiva do tropeiro Antônio  Jozé Correia,  depois que soube da  morte de seu noivo suicidou-se,  e veio ao encontro do seu amor.    Movido pela curiosidade comecei a entrevistar antigos moradores e soube de fatos interessantes. Aqui, a narrativa do senhor João (*), de 80 anos que preferiu não se identificar, este caso nos  contou em 2000.   Ele nos narrou:   - "Indesde qui ieu era piqueno ieu escutava o povo contá esses causo de sombração. Lá perto di casa memo, tinha uma moitinha de bambu qui balangava as fôia memo sem ventá. Ieu via isso, mais nunca fui minino acismado não. Tanto qui crisci sem incomodá munto cum esses caso de arma penada.   Certa veiz, ieu já divia tê uns vinte ano, morava no Bairro  Erva Doce. Nessa época ieu arrumei uma namoradinha que morava mei longe. Todo fim  de semana ieu ia na casa dela e pá mode chegá lá tinha que passá na estrada da Curva Fria. Meus irmão tudo ficava mi acismano, dizeno qui ieu ia vê arma dotro mundo, lubisome, mulada  assombrada... Ahh se um cabocro invocado cum uma moça bunita ia alembrá de tê medo de sombração! Ieu ria inda falava preles assim:  -Si ieu vê arma penada ieu tiro as pena dela, passo uma rastêra, inda jogo na puêra da istrada! Ieu passei muntas vêiz andano di noite naquela estrada. Até a minina qu’eu namorava ficava cum medo de ieu ir simbora suzinhu. Num dia que tava armano uma chuvona braba inté o pai dela disse:   -Ô João, invém chuva. Iispera a chuva passá ô intão posa aqui e dexa pá imbora amanhã cedo.  -Não sinhô, meu sogro. Num tenho medo de nada, não!  A minina inda tentô fazê ieu ficá, mas ieu aproveitei pa rastá uma malinha e mostrá minha corage.  -Ô minha frô, num picisa tê coidado comigo! Tem perigo de nada, não!  Num tenho medo de chuva e nem de sombração.   Dei um abraço na moça, dispidi do povo da casa, inda tomei um goli de cachaça qui o pai dela mim deu, dispois cacei o rumo de casa... eu andava dipressa, a distança até minha casa era de umas duas  légua. Os curisco riscava o céu crariando a estrada. Os truvão quais me dexava surdo. Foi nessa hora quando um dos raio crariô o caminho qui ieu reparei qui tinha mais gente pru perto... Ieu tava duma banda da estrada e na outra banda avistei arguém. Ieu nunca tinha visto pessoa feito aquela nessas redondeza. Tava mei longe, mais deu pa vê qui se tratava de uma muiê. Ela usava um vestido branco quais rastano no chão, mais quando mudava os passo dava pá vê umas canela fininha e uns pé discarço. Carregava um punhado de imbornar chei de coisa nos ombro, ês paricia tá munto pesado. Ieu andava de cá e ela de lá da estrada, nóis nem si oiava. Os dois andava depressa modi num pegá chuva. Acabei ficano mei sem graça, ieu num tava carregano nadica e era uma vergonha um home dexá aquela veiinha carregá tanto peso nos ombro. Travessei a estrada e pedi pá ajuda ela a levá arguma coisa. A muié nem tirô os zoios do chão, mais rancô um dos imbornar dos ombro, me entregô e continuô a andá dipressa.  Minha Nossinhora! Ieu nunca tinha carregado imbornar tão pesado! O peso daquilo qui ela levava nos ombro quais qui me discaderô! Custei a levantá o peso do chão. Agora iue tinha qui guentá. Quem mandô ieu oferecê pa mode carregá, né memo?  Cuntinuemo a andá... Ieu e a véia isquisita de rôpa branca. Cada um dum lado da istrada. Ieu tava froxu!   Num guentava mais aquele saco de traia  nas costa. Pu resto ieu já tava é rastano aquilo chão afora. Cê besta de traia mais pesado sô! Paricia um saco de chumbo! Pió era qui a muié tinha munto mais peso nos ombro e num diminuía o passo. Ieu de cá e ela de lá... Im poco tempo nóis feiz a curva fria e já entremo na istradinha qui descia e passava a Cruz di Ferru. Vô fala uma procês: O qui sucedeu ali, ieu nunca mais qui sisquici na vida. Di repente, bem no meio da istrada a véia parô... Sem mi oiá, ela acenô cum uma das mão chamano ieu pa mais perto. Ieu, inocenti de tudo, achei qui ela às vêiz quiria prosiá mais ieu.  De repente ela estendeu o braço pa mode pegá o imbornar dela qui ieu tava carregano. Ieu besta inda priguntei pa aonde qui ela ia, mode quê ali pru perto num tinha casa. Num sei se os ripio de frio era da chuva que caía em riba di mim, ou se me deu um farta de coragi de chegá mais perto daquela criatura. Ieu parado no mei da estrada e ela me acenano pra ieu chegá mais perto.  Numa hora o clarão dum relampo bateu bem im riba de nóis. Aí, nesse prazu ieu pude vê a cara dela - si é que podia chamá aquela ossaiada de cara. Ieu vi foi uma cavêra! Juro qui foi! Ieu numtava tonto não! E o braço qui ela istendeu pá mode pegá as traia  era só osso tamém. As mão, os dedo! A criatura intêra era um esqueleto vestido de branco! Peguei cum todo quanté santo qui ieu cunhicia. Ieu num era bem chegado numa reza, mais na hora do aperto a gente reza até sem sabê. Ieu rezano e tremeno, inté mijano pas perna abaxo, vi aquela muié de osso tacá as traias dela nas costa, subiu no barranco e sumiu mata dentro pro lado da Cruz de Ferro.  Contei a qui si pasô, comigo pro  defumadô,   bezendô, curado  e conhecedô das arma penada, Chico Adão: Eli mi contô: As traias qui a muié trazia nos imbornar era do tropeiro falecido da Cruz de Ferro.    Nunca mais fui home de passa sozinhu ali, nem di noite e nem di dia. Nunca mais abusei nem fiz graça cum arma penada, luz vermêia. Isso acunticeu de verdade, ieu vi cum esses zoios qui a terra há de cumê. 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A HISTÓRIA QUE TENTAMOS ESQUECER...

 

Telespectadores e internautas  do mundo inteiro, ficaram horrorizados, quando o jornalista americano James Foley;  Morto decapitado, pelo Estado Islâmico, grupo sunita fundamentalista, que atua na Síria e no Iraque.  As imagens do jornalista sendo degolado foram divulgadas no dia 19 de agosto do corrente ano.  Fiquei imaginando, as decapitações coletivas, se fossem  assistidas, pelos  internautas, e telespectadores neste mundão de Deus.    Uma delas acontecida:  Em 23 de novembro de 1893, entre Maragatos e Chimangos (Pica-paus), no Rio Grande do Sul,  nas margens do Rio Negro (atualmente território do município de Hulha Negra); Recém  emancipada do município de Bagé (1992) .   Voltemos ao tempo: Em Bagé, naquele fatídico dia  23 de novembro 1893.   Fumaças ainda predominam no ar e brotam dos corpos, ainda ouve-se gemidos. É final de tarde e os Maragatos, com seus lenços vermelhos, acabaram de vencer a importante Batalha do Rio Negro.  Entre mortos e  feridos. TREZENTOS Chimangos ou Pica-paus, estão amarrados e imobilizados. Sobreviventes derrotados da batalha, eles agora são prisioneiros de guerra, amontoados em um cercado (mangueira de pedra) para o gado que o povo chamaria mais tarde de “O Potreiro das Almas”. Durante aquela tarde, até os últimos raios de sol, um a um, daqueles 300 homens serão degolados. Trezentos corpos, alguns, inteiramente sem cabeça irão ser abandonados no charco fétido entre o estrume do gado.   O povo da região afirma categoricamente que o lugar é amaldiçoado e em certas noites sem lua ainda se ouve o barulho da carne sendo estraçalhada e de gritos de pavor. Ninguém, até hoje, fica muito tempo próximo ao Potreiro das Almas.  Pouco mais de quatro meses depois, outra, a Batalha do Boi Preto, em 5 de abril de 1894; DUZENTOS E CINCIENTA prisioneiros Maragatos,  são degolados em represália ao massacre do Rio Negro. Muitos foram, ainda, torturados antes da execução. O Chimango Xerengue, rivalizava com o Maragato Adão Latorre em número  de degolas que praticavam.   Desde então a degola e seu ritual macabro tornaram-se rotina e a contabilidade dos degolados, um elemento da guerra.  Pelo menos 10 mil pessoas morreram na Revolução Federalista, além de um incontável número de feridos. Alguns milhares foram degolados após serem feitos prisioneiros.  Com o tempo surge a triste figura do degolador, militar que carregava consigo a adaga de ceifar vidas.  Do ponto de vista militar e logístico a decola decorria da incapacidade das forças em combate de fazer prisioneiros, mantê-los encarcerados e alimentá-los, pois, ambas lutavam em situações de grande penúria.  Procurava-se, pelo mesmo motivo, poupar munição em pregando um meio rápido de execução.  Os degoladores não usavam  carapuça,  sempre  marchavam no meio da coluna para se defender dos franco atiradores. Era odiado pelos inimigos e temido e abandonado até pelos companheiros que diziam ser, os degoladores, um ser das sombras. Homens do campo, rudes, acostumados a carnear animais, os degoladores se tornaram símbolos dessa guerra e suas histórias repetidas nas conversas de fogo de chão nos galpões de campanha no Rio Grande do Sul.   Na degola convencional à moda gaúcha, a vítima, ajoelhada, tinha as pernas e mãos amarradas, a cabeça estendida para trás e o degolador com a destreza adquirida nas lides do campo, executava com dois profundos cortes na jugular provocando dois esguichos de muita pressão. O sangue saltava por alguns metros. Quando a raiva preponderava o talho era profundo fazendo a cabeça manter-se sobre os ombros apenas por um fio de pele.  Na moda dos Maragatos, denominada de “Gravata Colorada” a faca cortava fundo a carne de orelha a orelha num talho em forma de meia lua. Depois, a língua era puxada para baixo ultrapassava o corte, ficando exposta ao lado de fora da garganta.   A Revolução Federalista, sem dúvidas, deixou traumas que ainda hoje o Rio Grande tenta esquecerAdão Latorre, o decapitador, sobreviveu a Revolução Federalista e nos anos seguintes viveria de forma tranqüila e pacata nas terras de seus pais; Em 1923 ao estourar a segunda revolução Federalista (Revolução Assisista) novamente pegaria em armas, ao lado dos maragatos de Assis Brasil.
Segundo consta, o maior degolador do Rio Grande, então com 80 anos, foi fuzilado numa emboscada armada pelo Major Antero Pedroso, irmão de Manoel Pedroso. Logo depois, seu corpo foi decapitado.  Foi enterrado sem qualquer cerimônia no cemitério de Santa Tecla, no município de Capão do Leão RS,  onde se encontra até hoje, juntamente com seu irmão, o major João Latorre.    Adão Latorre, o maior degolador do Brasil, produto do ódio e dos horrores de uma guerra que banhou o estado riograndense  de sangue.  
Essas vidas, porém, normalmente ocupam apenas uma nota de rodapé da história. São anos raramente discutidos, anos de dificuldades e sofrimento não contados, de fome, medo e horrores sempre presentes. São anos que, compreensivelmente, muitos tentaram esquecer, apagar inteiramente da memória desta carnificina na "Revolução da Degola": Acontecida em Território Tupiniquim. 

A sentença que não adotamos...  

SENTENÇA JUDICIAL EM 1833 - VILA DE SÃO SEPÉ - RIO PARDO, RS.
O adjunto de promotor público, representando contra o réu Manoel Duda, porque no dia 11 do mês na Província de São Sepé, quando a mulher do Chico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado por um individuo que estava de em uma moita de mato, saiu dela de supetão e fez proposta a dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a luz, e como ela se recuzasse, o dito sujeito abrafolou-se  dela, deitou-a no chão, deixando as encomendas dela de fora e ao Deus dará.
Ele não conseguiu matrimonio porque ela gritou e veio em amparo dela Nocreto Correia Pires e Juvenal Alves Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leis que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso faz prova.   CONSIDERO:  QUE o debochado Manoel Duda, agrediu a mulher de Chico Bento, para conxambrar com ela e fazer chumbregâncias, coisas que só marido dela competia conxambrar, porque casados pelo regime da Santa Igreja Católica Romana;  QUE o dito Manoel Duda é um suplicante debochado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer conxambranas com a Quitéria e Tininha, moças donzellas;
QUE Manoel Duda é um perverso perigoso e que não tiver uma cousa que atenue a perigança dele, amanhã  está metendo medo até em homens.
CONDENO:    O desviado do bons costume Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura que deverá ser feita a MACETE.   EXECUÇÃO: desta peça deverá ser feita na cadeia desta Villa. Nomeio carrasco o carcereiro.  Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.Manoel Fernandes dos Santos
Juiz de Direito da Vila de São Sepé
Rio Pardo, 15 de Outubro de 1833.  (
Fonte: Instituto Histórico do Rio Grande do Sul)