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Denominada Curva Fria, esse lugar é cortado pela estrada que liga Jaguariaíva a Itararé. Esta estrada é o mesmo caminho das Tropas que as mulas xucras eram tangidas de Viamão `Sorocaba no século XVIII. Há muito tempo, ali havia uma pequena mata de grandes árvores reunidas em poucos hectares. Os antigos afirmavam o porque da denominação de Curva Fria: O motivo é que o lugar é assombrado e muitos que por ali passaram em noite de lua cheia sentiram calafrios. Muitos moradores desta região do rio Jaguaricatu, especificamente o "Porto Velho"e nos arredores do Bairro Erva Doce, cresceram ouvindo histórias de assombração acontecidas naquele local. Muitos comentavam sobre uma luz vermelha que vinha do céu, à noite. Ouve também sobre a mulada fantasma. Outros falam de uma árvore que se originou quando enterraram perto dali o Tropeiro Antônio Jozé Correia em 6 de janeiro de 1852. A Cruz de Ferro quando foi entronizada em seu tumulo, uma árvore, foi cortada e seus galhos jogado a beira do Caminho e um galho verde brotou se transformando na árvore mais alta daquele lugar. Conta-se que a árvore assombrada se dobra por terra, ajoelhando-se toda sexta feira de lua cheia. Outros contam que a noiva do tropeiro Antônio Jozé Correia, depois que soube da morte de seu noivo suicidou-se, e veio ao encontro do seu amor. Movido pela curiosidade comecei a entrevistar antigos moradores e soube de fatos interessantes. Aqui, a narrativa do senhor João (*), de 80 anos que preferiu não se identificar, este caso nos contou em 2000. Ele nos narrou: - "Indesde qui ieu era piqueno ieu escutava o povo contá esses causo de sombração. Lá perto di casa memo, tinha uma moitinha de bambu qui balangava as fôia memo sem ventá. Ieu via isso, mais nunca fui minino acismado não. Tanto qui crisci sem incomodá munto cum esses caso de arma penada. Certa veiz, ieu já divia tê uns vinte ano, morava no Bairro Erva Doce. Nessa época ieu arrumei uma namoradinha que morava mei longe. Todo fim de semana ieu ia na casa dela e pá mode chegá lá tinha que passá na estrada da Curva Fria. Meus irmão tudo ficava mi acismano, dizeno qui ieu ia vê arma dotro mundo, lubisome, mulada assombrada... Ahh se um cabocro invocado cum uma moça bunita ia alembrá de tê medo de sombração! Ieu ria inda falava preles assim: -Si ieu vê arma penada ieu tiro as pena dela, passo uma rastêra, inda jogo na puêra da istrada! Ieu passei muntas vêiz andano di noite naquela estrada. Até a minina qu’eu namorava ficava cum medo de ieu ir simbora suzinhu. Num dia que tava armano uma chuvona braba inté o pai dela disse: -Ô João, invém chuva. Iispera a chuva passá ô intão posa aqui e dexa pá imbora amanhã cedo. -Não sinhô, meu sogro. Num tenho medo de nada, não! A minina inda tentô fazê ieu ficá, mas ieu aproveitei pa rastá uma malinha e mostrá minha corage. -Ô minha frô, num picisa tê coidado comigo! Tem perigo de nada, não! Num tenho medo de chuva e nem de sombração. Dei um abraço na moça, dispidi do povo da casa, inda tomei um goli de cachaça qui o pai dela mim deu, dispois cacei o rumo de casa... eu andava dipressa, a distança até minha casa era de umas duas légua. Os curisco riscava o céu crariando a estrada. Os truvão quais me dexava surdo. Foi nessa hora quando um dos raio crariô o caminho qui ieu reparei qui tinha mais gente pru perto... Ieu tava duma banda da estrada e na outra banda avistei arguém. Ieu nunca tinha visto pessoa feito aquela nessas redondeza. Tava mei longe, mais deu pa vê qui se tratava de uma muiê. Ela usava um vestido branco quais rastano no chão, mais quando mudava os passo dava pá vê umas canela fininha e uns pé discarço. Carregava um punhado de imbornar chei de coisa nos ombro, ês paricia tá munto pesado. Ieu andava de cá e ela de lá da estrada, nóis nem si oiava. Os dois andava depressa modi num pegá chuva. Acabei ficano mei sem graça, ieu num tava carregano nadica e era uma vergonha um home dexá aquela veiinha carregá tanto peso nos ombro. Travessei a estrada e pedi pá ajuda ela a levá arguma coisa. A muié nem tirô os zoios do chão, mais rancô um dos imbornar dos ombro, me entregô e continuô a andá dipressa. Minha Nossinhora! Ieu nunca tinha carregado imbornar tão pesado! O peso daquilo qui ela levava nos ombro quais qui me discaderô! Custei a levantá o peso do chão. Agora iue tinha qui guentá. Quem mandô ieu oferecê pa mode carregá, né memo? Cuntinuemo a andá... Ieu e a véia isquisita de rôpa branca. Cada um dum lado da istrada. Ieu tava froxu! Num guentava mais aquele saco de traia nas costa. Pu resto ieu já tava é rastano aquilo chão afora. Cê besta de traia mais pesado sô! Paricia um saco de chumbo! Pió era qui a muié tinha munto mais peso nos ombro e num diminuía o passo. Ieu de cá e ela de lá... Im poco tempo nóis feiz a curva fria e já entremo na istradinha qui descia e passava a Cruz di Ferru. Vô fala uma procês: O qui sucedeu ali, ieu nunca mais qui sisquici na vida. Di repente, bem no meio da istrada a véia parô... Sem mi oiá, ela acenô cum uma das mão chamano ieu pa mais perto. Ieu, inocenti de tudo, achei qui ela às vêiz quiria prosiá mais ieu. De repente ela estendeu o braço pa mode pegá o imbornar dela qui ieu tava carregano. Ieu besta inda priguntei pa aonde qui ela ia, mode quê ali pru perto num tinha casa. Num sei se os ripio de frio era da chuva que caía em riba di mim, ou se me deu um farta de coragi de chegá mais perto daquela criatura. Ieu parado no mei da estrada e ela me acenano pra ieu chegá mais perto. Numa hora o clarão dum relampo bateu bem im riba de nóis. Aí, nesse prazu ieu pude vê a cara dela - si é que podia chamá aquela ossaiada de cara. Ieu vi foi uma cavêra! Juro qui foi! Ieu numtava tonto não! E o braço qui ela istendeu pá mode pegá as traia era só osso tamém. As mão, os dedo! A criatura intêra era um esqueleto vestido de branco! Peguei cum todo quanté santo qui ieu cunhicia. Ieu num era bem chegado numa reza, mais na hora do aperto a gente reza até sem sabê. Ieu rezano e tremeno, inté mijano pas perna abaxo, vi aquela muié de osso tacá as traias dela nas costa, subiu no barranco e sumiu mata dentro pro lado da Cruz de Ferro. Contei a qui si pasô, comigo pro defumadô, bezendô, curado e conhecedô das arma penada, Chico Adão: Eli mi contô: As traias qui a muié trazia nos imbornar era do tropeiro falecido da Cruz de Ferro. Nunca mais fui home de passa sozinhu ali, nem di noite e nem di dia. Nunca mais abusei nem fiz graça cum arma penada, luz vermêia. Isso acunticeu de verdade, ieu vi cum esses zoios qui a terra há de cumê.
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