Eu falo a língua que amo, banhada de tempo, trabalho e honra. A língua que; os escravos, os tropeiros, os caipiras e os nossos ancestrais, hoje guardiães do céu, trouxeram como semente de vida. E foi um grande sacrifício mantê-la por centenas de anos. Mas aqui me dizem que ninguém entende, que estamos arranhando os muros e que devemos mudar a pronúncia do itararês. Que [se diz] 'eu me chamo' e não 'eu mi chamu', porque o nosso dialeto linguístico não existe. Mas eu devo, por acaso, sacrificar o nosso dialeto itararês, itapevês... e de toda nossa região, por uns vernáculos alienígenas sem piedade? Algum, que a mídia nos impõem, com palavras em inglês, que na maioria nem sabemos o significado e nem pronuncia-la corretamente. Esses conselhos nem são esperança e são vazios de dignidade, é jogar no lixo nossas raízes. Não é o falar diário de nossa gente (generalizando); Mas, temos que respeitar a persistências dos que a falam-na e todos nós, sermos persistentes em preserva-la. Ao longo do Caminho das Tropas, trecho paulista temos, dois quilombolas: O de Jaó e o do Cafundó, que falam o dialeto de toda a nossa região. No morro Vermelho, município de Itararé, temos famílias descendentes de africanos, que falam o itararés. Na entrevista da Diva Aventura, com o professor de Cultura Popular Hélio Moreira, falaram o afro com o itararês. O professor, transcreveu o relato da Chuva de Peixe, que aconteceu em Itararé, no mais puro itararês: "U pôvu creu; Foi Sum Pedru qui milagrô, todus comerum pexi qui veiu du céu "avuandu". O dialeto gauchês, até o dias de hoje, tem uma influência marcante em toda a nossa região. Alguns exemplos do dialeto gauchês falado no itararês: abagualadu: o cara. Deitar u cabelu: Ir embora. Indiada: vários homens. Lábia: bom papo. Nó nas tripas: cólicas estomacais. Sinaleiru: semáforo. Quebra mola: lombada. Piá: menino. Relhu: chicote. O dialeto Mineirês falado no itararês: Cetabão: Você esta bem. Dentifrissu; pasta de dente. Dodistongu: dor de estomago. Kidicarni: Kilo de carne. Indileiti: litro de leite. Moia a guela: tomar um gole de pinga. Vidiperfumi: vidro de perfume. O caipira com o itararés: atarracadu: pequeno. Até na orêia: repleto. Bardeá: carregar. Carniça: pessoa chata. Deu; de mim, meu. Enbuchar: engravidar. Encher linguiça: enrolar. Fiu di uma égua: diz da pessoa que não comporta bem. Migagi: Fazer imitação. Parelha; Par de mula. Qui,qui isso: o que é isso. Ridicu: negar, não compartilhar. Sapeá: intrometer. Sum Paulu: São Paulo. Urucubaca: azar. O itararés, mescla vários dialetos, com predominância do caipira paulista, não podemos esquecer que Itararé, pertenceu ao Caminho das Tropas, foi um polo de compra e venda de muares e suínos, entreposto de madeira, são alguns exemplos da diversidade regionais de pessoas que traziam seus hábitos e a maneira de falar. Às vezes, para os desavisados, é necessária uma tradução como nos seguintes exemplos “chuvinha de moiá bobo” que significa um chuvisco que não engana ninguém e não atrapalha a lida; “tempo morrinhento”, que não se sabe se vai ventar ou chover muito; “matungo véio e seco”, cavalo velho e magro; “voizinha de garnizé”, ironia, humor e interpretação daquele que tem voz fina; “bassoura”, em vez de vassoura; “chamuscá”, sapecar com fogo. Quando a pessoa é ligeira e quer fazer alguma coisa rapidamente, sai o “de vereda”. No Juá e na Mulada um cara esperto pode ser chamado de “macota”. Para pegar alguma coisa se diz “garrei”. Pode surgir o “garrei nojo”, ou seja, não gostar de tal coisa ou tal atitude. “Vorteada” pode ser entendida como uma volta, um passeio. E tudo é relativo: “vareia”. As imagens criadas são, na verdade, episódios e fatos que faziam parte de um enredo histórico onde as minúcias dos costumes e dos falares foram preservadas como “estouro de boiada, sabe incanziná” (incomodar). Ou aquela expressão mais conhecida “cara de um, fucinho de outro” quando o filho era muito parecido com o pai. A lista é grande... Carrero, pirigo, varejei, gaio, desgranida, amuntá, arçá a perna, boliá a perna, forcejei, estrupício, supetão e varar o rio. Enfim, muitas pessoas falam assim em pleno século XXI e rodeados de escolas e universidades... Vai daí, que surgem outros elementos que enriquecem o folclore do campo a fora: “véve sempre tropiando”, “queima coivara com chuva”, “borrachão de boi franquero”, “escuro que nem breu”, “grelei os óio”, “não dá braço a trocê”, “prás mode ingambelá”, “um trote desmanchado”, “inté a vorta”, “não carecia”, “certa laia de gente”, “atarentado de sede”, “tem cosca na língua”, “bate tréla até injuá”, “o burro não si iscóie p’elas oreia”, “furmiga quando qué se perdê, cria asa”, “só fisgava o rabo dos óio nela”, “aquele é um dois de pau”, “foi como chovê no moiado”, “tatú não insquece a toca véia” e o célebre “tá no mato sem cachorro”. Portanto, está na hora de organizarmos, um dicionário do Paulistês do Caminho das Tropas, fica ai a sugestão a todas as Secretarias de Educação e Cultura, dos municípios, que integram Caminho Paulista das Tropas, catalisarem os seus falares. A DIRETÓRIA EXECUTIVA E O CONSELHO FISCAL, da Associação Intermunicipal Circuito Paulista das Tropas, foram empossados no dia 09 de janeioro, para o quatriênio 2015/2018: DIRETÓRIA EXECUTIVA - Presidente Antônio de Fazio Neto (Itararé) - Vice Presidente João Aparecido da Silva- (Sorocaba). Primeiro Secretário Carlos Eduardo Gomes Martins -(Sorocaba). Segundo Secretário Acácio Miranda da Silva - (Porongaba) -:Primeiro Tesoureiro Paulo Roberto Almeida Leite - (Tatuí) - Segundo Tesoureiro: Rogério Marins Alves. (Sorocaba)
CONSELHO FISCAL: Presidente : Sergio Renato Monteiro (Sorocaba). Vice - Presidente: Edson Antônio Nogueira (Iperó) - Secretário: Luiz Carlos de Morais (Sorocaba)
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