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sexta-feira, 24 de maio de 2019

TITO PRETO E O GUARDA


Quem nunca ouviu falar do   Tito Preto. Lá de Itararé, deveras não sabe nada  de  mim,  Pois  até  hoje não me  apareceu  um  cara  que   toda  a população da terrinha tinha com uma pessoa  amiga e prestativa - E ele infelizmente partiu fora do combinado, que é como costumo dizer.  Falo sobre  este personagem real que marcou a vidas de muitas pessoas, por isso vou contar umas das suas.  O Tito, "trabalhava",   para o Deputado Walter  Santana  Menck, que tinha em sua   fazenda  Barro     Preto, um caminhãozinho   ano  1928, Chevrolet, com era apelidado de "cabeça de cavalo", o dito cujo  calhambeque, não tinha de  mais  estragado.   Sem pará-choque  dianteiro e  traseiro, sem  portas,  carroceria  podre,  toda torta,  lataria  enferrujada que não  dava nem  para ver a   cor do bicho.  Enfim, era aquele  desproposito de  viatura.   Mas, como o motor estava retificado, e esses motorzinho vão longe até não sei quando, para que o deputado queria?  Era  para levar palanques para consertar cercas, rolo de arame  farpado;       Sal para os coxos da   invernada, levar latões de leite  até a porteira  da estrada, e isso ele aguentava bem.  Num sábado  era dia de folga do Tito, sempre ia  de  jardineira do Chiquinho,que  era guiada pelo Amantino, rumo a Itararé, estrada velha de terra que ligava Itapeva Itaberá... Resolveu, ir com o "cabeça de cavalo". Pois bem, ao pegar a descida até o   Rio Verde, com operários do  D.E.R.  cascalhando a estrada, eis que aparece, para a surpresa do  Tito. Um enorme guarda rodoviário, fazendo o sinal para ele, o  Tito encostar.    O Tito foi com  o canham-beque, pela direita da estrada e lá embaixo,  após de rodar uns 100 metros,  foi que  parou com  tudo.   Não  se     ouviu nem o ronco do motor, que era    aquela coisa de  definição, de tanto se misturar com o barulho de lata velha e carroceria toda  destrambelhada.  O dialogo que se seguiu entre ele e guarda, depois de o mesmo ter   andado muito pra chegar até o lugar, foi assim: GUARDA-Boa tarde eram 6 horas da tarde  tarde, que é hora de pescaria. TITO-  Boa tarde sim sinhô.  GUARDA  - A carta?  TITO - Que carta, seu  guarda? GUARDA-A carta de motorista. Que carta poderia ser?  TITO -Ahn..essa não tenho não. Num deu tempo d'eu  cunprá  a carta ainda.  GUARDA-  Documento do carro? TITO - Que documento?   GUARDA - documento do carro. Documento que prova que o  carro é seu.     TITO- (ofendido)  Pelo amor  de  Deus!   O carro  não é meu! !! É do  deputado Walter Menck, dono da maior   fazenda por essas bandas,  trabalho prele e, pode perguntar lá em Itararé, todo mundo me cunhece. GUARDA (já meio impaciente) -Mas o senhor tem  que ter esse documento, meu amigo. Quer dizer que não tem?   TITO -  Não sinhô.   Esse   documento, também num  tenho não.  Mas assim que eu pudé eu compro  também..GUARDA - (Indo a frente do caminhãozinho) - Acenda os faróis. TITO -O sinhô vá  descurpá. O  faró da  esquerda ta queimado E o da direita sem luz.   Guarda -   O senhor não tem nem  para-choque!  è o que estou vendo. TITO -Não sinhô. Onde eu trabaio não precisa num tem-choque cum nada. É na fazenda puxando as coisas de precissão, e a buzina o senhor tem?    TITO - Não sinhô. Não tenho  também não. Num vô  menti pro sinhô.   O senhor acha qui vô gastá  o  meu  dinheiro   com supérfu? Nem  que apresente nota o   patrão não mi pagá! GUARDA   (já meio irritado com tudo -    Breque o senhor tenha?  TITO - Se eu tivesse breque tinha parado lá atrás,  o senhor pediu.      Guarda  (já puto). Não tem breque também, não é? Pois bem, o senhor não tem  carta, não tem documento, não tem  farol, e  buzina, não  tem breque. Olha meu amigo, se eu for multar, nem vendendo  esse caminhão vai dar pra  pagar tanta multa.  Onde o senhor vai indo agora?  Tito (calmo).   Tó indo pesca uns peixinho no  Rio Verde , que fica logo ali ó.   GUARDA  (puto,  mas muito compreensivo)  -  vamos fazer uma coisa. Faz de conta que   eu não vi o senhor. Pode ir embora com esse "veículo"     Se assim posso chama-lo!   TITO  (do seu  jeito  gaiato,   calmamente) - Então, seo  guarda, me faz um favô. Da uma empurradinha no bicho que tô sem bateria também ... Contava o  Tito Preto, que o guarda, numa boa, empurrou  sozinho o tal "Cabeça-de- cavalo". Chevrolet. 
Antonio Fazio.




segunda-feira, 6 de maio de 2019

CINQUENTENÁRIO DE ITARARÉ

O Jornal "O Itararé", em 28  de agosto de 1943, editou a revista "Cinquentenário de Itararé_1893-1943.
O novo município que nascia em terras paulista, recuado cerca de 2 km. das divisas da antiga 'QUINTA COMARCA DE SÃO PULO", depois "PROVÍNCIA" e atual Estado do Paraná. Itararé, era passagem obrigatória de tropas e pouso de tropeiros, que do longínquo Viamão e regiões sulinas demandavam a feira anual de animais  que  se realizavam em Sorocaba.  Conta o historiador e genealogista Aloísio de almeida em seu livro ("VIDA E MORTE DO TROPEIRO"), que  o próprio  major João de Almeida Queiroz, foi tropeiro e plantador de cidades.  E foi ele, juntamente com seu amigo  Cônego Sizenando,  na época vigário de  Itapeva da Faxina, o fundador da Freguesia de São Pedro de Itararé, depois vila do mesmo nome.  Foram eles e alguns homens de prol que construíram a primeira Capela do Curato.  A passagem das tropas pela "Barreira" do Itararé- onde o major João de Almeida Queiroz, bem mais tarde, em 1878 viria exercer o cargo de Coletor;  Era difícil e perigosa.   Pequena ponte de madeira, sem guarda, foi construída   sobre a furna de 20 metros de profundidade, ao fundo da qual corria o  rio Itararé, entre lindos campos de uma e outra margem, dentro de uma pequena mata ciliar, corre encachoeirado, bravio, e oculta-se meia légua entre pedras.  Para cruzá-lo, as bestas eram forçadas a descer; Uma a una, cabresteadas por seus condutores, por grandes degraus de pedras achatadas e de altura variável constituindo verdadeira escadaria.  No contexto desta revista vem publicada uma aquarela pintada por J. B. Debret, que por ela passou em 1827.  Também por aí passou o naturalista francês Saint  Hilaire, por volta 1820.
O Cônego Sizenando da Cruz Dias, sabia que fundava uma cidade; Ele mesmo; Assinala o historiador, descreveu no "Livro do  Tombo", a cavalgada histórica de pessoas notáveis do bairro á frente do qual ele, que era filho do tropeiro Francisco de Paula Dias e nascera em Itapetininga, ia procurando o mais belo entre os belos lugares da Fazenda São Pedro.  Por fim todos concordaram  em que o lugar melhor a coluna de cuja vertente, lá em baixo, já se aproveitavam os povoadores, numa lombada com suaves encosta para os dois lados.  Fizeram os primeiros arruamentos.  O padre segurou a estaca batida pelo tenente Queiroz, marcando o lugar da capela.  Foi isto em 1880.  Fundava-se uma nova cidade em lugar que desde 1720; Em documentos oficial, já era conhecido por esse nome.  Limite dado pelo ouvidor Pires Pardinho, entre as vilas de Curitiba e Sorocaba.  Somente a nova capela teve por padroeira Nossa Senhora da Conceição, embora o lugar continuasse a se conhecido por São Pedro do Itararé.
Na época da revolução Federalista os caudilhos Gumercindo e Aparecido Saraiva, estavam integrados nas forças rebeldes e um fato interessante ocorreu, digno de registro.  Em 20 de novembro de 1893, partira de  Tatuí, então ponto terminal da via-férrea em construção , o coronel Gomes Carneiro, num trole que Avelino de Campos conduziu  até Itararé, em 48 horas, uma quase loucura, como se pode ver no mapa 30 léguas 15 por dia, em maus caminhos.  O grande mártir da Republica, pernoitou na casa do tropeiro e na madrugada seguinte, partiu para imensidão dos Campos Gerais,em lombo de mulas, guiado pelo também tropeiro , Joaquim Dias Tatit .  Quase só!! O heroi da Lapa deixara em Itararé, o coronel Pires Ferreira, que mais tarde foi marechal e Diretor da Escola Militar.
Assim nasceu e cresceu a Vila São Pedro de Itararé...
Antonio Fazio.