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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

CHUVA DE PEIXE EM ITARARÉ

 
“A data certa, sinhô-môçu, num sei precisa, não!  Foi antis du anu. Num é? Careci priscizão. Mais um menus num  sei? Com precisa cum prescizão não. Meu avô cuntava pru meu pai. Meu pai cuntava pra nóis tudu.   Tudu mundu sabia: Us Veius us moçu, as crianças...  Muitas veiz eli, meu pai, cuntô. "U Dia qui Chuveu Pexi nu Itararé".  Foi pexi di muntão.  Muita genti du povu cuneu pexi du bom, qui pulava diassim vivu, vivinhu.  Foi aqui bem pertinhu.   Na Cruz, qui us troperus afincou.  Foi nu luga dondi caiu nais pexi;   Veiu tudu du céu.  Tudu pulandu.  Vivu.   Vivinhu.   Veiu tudu du céu avuandu i caiu.  Tudu di antigamenti cuntava a chuva di pexi comu foi.  Sem tira e nem pô.       U pôvu creu:  Foi Sum Pedru qui milagrô, todus comerum pexi qui veiu tudu du céu: "AVUANDU".
   
Depoimento de Diva Dias, pesquisa de campo, maio de 2007. efetuada   pelo autor, Prof. Helio.   Versão afro-brasileira, "in-memoriam" a seu pai,"negro  forro",Boa Aventura Dias. 
A Chuva de Peixe, que aconteceu em Itararé, entre os anos da década de sessenta ou setenta do século XVIX, Segundo, o professor Hélio, faz parte da Cultura Popular Paulista. O relato de Diva Dias: - Meu pai, Boa Ventura Dias, contava :
-"O céu de Itararé, escureceu de repente, com trovoada e relâmpago e uma tempestade  muito forte, derrubou arvores, destelhou muitas casas, o córrego Prata , transbordou e invadiu várias casas , perto de suas margens.     De repente começou a cair sapos, cobras e peixes, alguns mortos , mais a maioria estavam vivos: lambari, traíra. bagre, mandi, etc.     O povo,, cataram, os peixes e comeram naturalmente.   Caiu, mais peixes,  perto da Cruz, no pátio da  Capelinha da Santa Cruz..   O povo falava que foi um milagre de São Pedro".
E o prof. Hélio, continua:" A cultura, popular é um campo fértil e generoso de riqueza e diversidade. No mundo contemporâneo, já existe consenso quanto a esta legitimidade. No entanto, as escolas não contemplam em seus currículos o ensinamento da transmissão oral de tradições. Esta lacuna gera um autodesconhecimento de seu próprio lugar histórico e dificulta na comunidade escolar a identificação do local onde vive. No intento de buscar esse reconhecimento na preservação das tradições orais de fundo tropeiro ( exemplo de Itararé), tendo nesses saberes a principal matriz de seus objetivos". Não nos esqueçamos Itararé, nasceu de um pouso tropeiro:


Acampamento  Noturno de  Itararé - Jean Batistes Debret 1827.  (publicada em 1838,  no livro Voyage potoresque et historéque au Brésil).  Tem uma explicação logica, para a Chuva de Peixes, em Itararé.  Provavelmente um redemoinho muito forte, vez uma varredura nas águas dos Rios Caiçara, Três Barras ou de algum açude, bem próximos ao conjunto de casas da época, atual (Bairro Velho) e ficavam  próximas aos rios citados;  um   fator importante é citar que  os ventos predominantes em Itararé, são oriundos do quadrante leste e enquadra no direcionamento, da incidência na queda dos peixes.                   No dia 22 de setembro de 2013 em  Taquarituba, um tornado causou um prejuízo de grande monta, destruindo casas residências e prédios comercias, derrubando arvores ,  veículos e destroços encontrados a quilômetros de distancia e com duas vitimas fatais. Semana passada, fortes ventos em Itararé; uma árvore  de grande  porte foi arrancada com raiz, na Rua São Pedro, esquina com a Rua  Djalma Dutra e  várias casas foram destelhadas.    Recentemente, nas proximidades do  Bairro da Palmeirinha de Baixo, município de Sengés, centenas de arvores de Pinus  foram arrancadas por um vendaval .  Esses exemplos atuais, nos mostram  que fenômenos climáticos são frequentes em nossa região.
Uma curiosidade: Segundo o prof. Hélio, o fato que  o surpreendeu em Itararé, e de  possuir dois padroeiros; Nossa Sra. da Conceição e São Pedro: "Conheço muitos municípios do Brasil, com uma religião católica tradicionalista, com dois patronos, Itararé: é o único".    Nossa Senhora da Conceição é a padroeira oficial da Paróquia, o padroeiríssimo  de São Pedro é de origem popular, além do nome anterior de Itararé, chamar-se Fazenda São Pedro, a chuva de peixe, também pode ter influenciado para o patronato de São Pedro, já que o povo da época, só tinha uma explicação foi um "Milagre, do pescador Pedro". 
Hélio Moreira da Silva.   Jornalista.  Professor de Antropologia Cultural. Membro da UNESCO- Comissão Internacional de Assunto para Paz Mundial.  Professor de Cultura Popular/Folclore da Associação Brasileira de Folclore.  Diretor da ABF- Associação Brasileira de Folclore.  Diretor do Museu Rossine Tavares de Lima /Brasil.  Diretor da Associação Paulista de Folclore.  Membro da Comissão Mineira de Folclore.  Membro do Instituto Nacional do Folclore, Rio de Janeiro. Formado pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.  Formado no curso de Extensão de Estudo Afro-Asiático na Universidade em Comunicação na ECA da Universidade de São Paulo-USP.  Ex- Conselheiro Estadual de Cultura da Secretaria de Estado de Cultura do Estado de São Paulo.   Membro American  Folldore Society, USA.  Membro da   Societé   d'Éthnologie Française, da Societé Internacionale d'ethnologie et Folldore-SIEF e da International Society for Folk Narrative Reseach - ISFNR.  Ex-Conselheiro da Secretária de Turismo do Estado de São Paulo.  Diretor Consultivo e Conselheiro da AMITUR- (Associação dos Municípios de Interesse Cultural  e Turístico de São Paulo), Residência : Rua João Andrade, 234, Pirituba, São Paulo -SP.  Antônio de Fazio
 

 


 

 

 

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