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segunda-feira, 31 de março de 2014

...DO TEMPO

                                                            DO TEMPO....   
 
Há muitos anos estou aqui, quase um século, no mesmo lugar. Enquanto muitos foram e voltaram, outros foram e não voltaram e outros nem foram, eu permaneço, no mesmo lugar; Sou do tempo que as honrarias eram conquistadas debaixo da fumaça, do tempo que pra tudo se tinha tempo, enfrentei tardes quentes, mormacentas... Madrugadas frias, de geadas, ventos, chuvas de pedra, raios e até o fogo já me chamuscou. Vi pessoas, animais e árvores nascerem e morrerem. Conheci a fauna e a flora que não te alcançou. A culpa não foi minha. O Luiz Merege, foi o responsável do meu estar aqui, construiu-me. Vi as poeiras, levantadas pelos muares que passavam pela Rua das Tropas de chão batido ( Rua São Pedro).  Vi as varas de porcos tocada de a pé pelo Boa Aventura Dias, em direção ao mangueirão do Jacó Pedroso e do Carlito Menk, ao lado da estrada de ferro, próximo ao Viaduto Manoelito Martins. Vi o inicio da Medição Judicial da Fazenda de São Pedro de Itararé, pelo engenheiro Albino Klocker, perfazendo um perímetro de 120 quilômetros e 29.047 alqueires. Vi o engenheiro Albino, patriarca da família Klocker, em Itararé, ser  mentor da Colônia Austríaca na zona rural, na fazenda "Corredeiras", para cultivo do Bicho da Seda, local que carinhosamente batizaram de Bairro da Seda.Vi muitas famílias em retirada de seus lares, para protegerem-se do prenuncio de uma provável  batalha entre as facções legalistas e revolucionarias, à  temida batalha de Itararé, não acontece. Ouvi  as salvas de tiros, para receber Getúlio Vargas, na gari da  Estação Ferroviária de Itararé, na passagem ao Rio de Janeiro, para tomar posse como Presidente do Brasil. Ouvi, o combatente-médico da revolução de 32, Ademar Pereira de Barros, falar sobre as razões da revolução: "São Paulo levantou-se em armas em 9 de julho de 1932 para livrar o Brasil de um governo que se apossaria de sua direção por efeito de uma revolução… e se perpetuava indefinidamente no poder, esmagando os direitos de um povo livre.. que trazia o sempre glorioso São Paulo debaixo das botas e do chicote do senhor!"  Vi muitos jovens constitucionalistas morrerem por inexperiência de combates e táticas militares. Vi o enterro dos combatentes e após a exumação de seus corpos. Vi milhares de caminhões carregados de toras e madeiras de pinheiro araucária, para o redespacho ferroviário.    Ouvi, Os Repentista, no Teatro São Pedro, interpretarem varias peças. Vi quando o casal Olga Zueff /Paulo Romanoff, me reformaram pela primeira vez, construíram um anexo e uma viga de concreto do piso ao andar superior, para  dar-me sustentação, já que minhas paredes eram no térreo tijolos adobe e no andar superior as paredes eram de taipas; Ouvi o gemidos de sua filha Tamara, dando à luz a sua primeira neta e esposa do escrevinhador que assina esta coluna. Daí o Léo Chueri me adquiriu, não convivi com seus familiares, desde a sua aquisição me alugou.  Vi no  térreo as instalações: do Correio, Fórum, Coletoria  Federal, Cartório de Imóveis e Laboratório de Analises Clinicas.   Ouvi o discurso do Prefeito Heitor Guimarães Cortes, por ocasião da inauguração da ponte da Barreira na divisa com o Paraná.   Vi a nomeação do Prefeito Eugênio Dias Tatit, pelo Governador Dr. Ademar Pereira de Barros, com a implantação do Estado Novo e  ouvi pela Rádio Clube, o discurso do Prefeito "Geninho", por ocasião da inauguração do Matadouro Municipal.    Vi a canalização  de água e esgoto pelo Prefeito Francisco Alves Negrão e vender um sitio  para adquirir uma moto-niveladora para o município, para construir ruas e estradas.  Vi e ouvi voos rasantes da Cruzeiro do Sul. Vi à famosa perua Chevrolet verde, conduzida por Orlando Nastali, levando passageiros para  embarque e desembarque em nosso Campo de Aviação.  Ouvi os leilões de lenha e animais, na Festa São Pedro "gritados" pelos leiloeiros: Felício Bandoni, Alcides Ferreira e Jorge Rosa.  Ouvi as danças de quadrilhas nas festa juninas, "marcada" pelo "Zé Medonho"( José Campolim Vasconcelos).   Ouvi os locutores da Festa de São Pedro; Ismael Vaz Cordeiro, Hélio Porto, J. Carvalho, J. Batista e Osvaldo José. Ouvi tiros das caçadas de codornas e perdizes, no criatório natural (Fazenda Correia Castro), do então, Ministro da Fazenda Luiz Pedro Correia e Castro.  Vi as torcidas da Associação Atlética Itararé e Clube Atlético Fronteira, vibrarem pelos timaços que possuíam.  Vi os jogadores do Boi Preto Futebol Clube, simularem contusões, para que  o famoso massagista  Bicho Cru, os recuperassem, oferecendo a água que passarinho não bebe, a famosa aguardente Rosário, fabricada pelo Fritz Schröder. Ouvi a banda e rojões, quando o Prefeito Ângelo Augusto Ghizzi, inaugurava o Paço Municipal.   Vi a pujanças das lavouras: de algodão, arroz, trigo e feijão.  Ouvi a banda passar e as retretas da São Pedro e Cel. Jordão, sob a matuta do Maestro José Melilo, para alegria das criançadas.   Ouvi o Maestro Gaia e o Pascoal Melilo tocarem ao  piano o Hino do Fronteira.  Ouvi pela Radio Clube, a cobertura de inaugurações das fontes das Praças São Pedro e Cel. Jordão, pelo Prefeito José Carlos Magno Neto (Tico).
Vi quando o casal Surpui (Dona Santa)/Ítalo Vincenzi, me comprou, com eles a alegria reinou, italianos alegres, juntamente com os irmãos Afonso e Luciano, formaram um bloco que participava, nos famosos bailes de  carnaval  nos salões  do Clube Atlético Fronteira.   Vi o Arquiteto Luciano Vincenzi. projetar a concha acústica da Cel. Jordão e Portal Memorial do cemitério, em homenagem aos fundadores de Itararé.        Vi o sargento Cantídio, comandante do Tiro de Guerra , fazer os atiradores rastejarem  nos paralelepípedos da rua em frente da Igreja Matriz, na saída de uma missa  dominical.   Vi a "briga das placas",  entre o Governo Nei Braga, do Paraná; "Aqui Se Trabalha" e o Governo Abreu Sodré, de São Paulo; "Aqui Trabalho Não É Novidade", por ocasião da ligação asfáltica entre os dois Estados.  Vi o "Rei" do carnaval Turíbio Fiuza. participar do carnaval de rua em Itararé. Vi a construção do E. E. Herculano Pimentel e 32 escolas rurais, Administração Vergílio Holtz. Vi a maior conquista junto ao governo do estado e a maior obra realizada no município,  a estrada vicinal ligando os  Bairros do  Cerrado e Santa Cruz dos Lopes, até a divisa de Riversul, numa extensão de 32 Km. Administração, Benedito Nehir Carneiro.   Ouvi elogios ao nosso artista mor Jorge Chueri, pelos quadros da "Via Sacra em Itararé".  
Ouvi o show do cantor Roberto Carlos, no Clube Primeirão.  Vi as construções das escolas: Eugênio, Caetano, Heitor e Ester. Administração Floriano Cortes.  Ouvi o locutor     de rodeio "Gauchito", na 1° Festa do Peão em Itararé, administração Laercio Antônio Amado, narrar esta trova: *Chegou mais uma vez, a hora de montar.  *Espora tá no pé, o bicho vai pegar.  "O touro tá pulando, levanta o poeirão.  * E dentro do peito quem machuca é a paixão.   Segura Peão !!  Vi o 1° Off Road Tour,  1ª prova cronometrada 4X4 na pista Santa Terezinha(2001), Resgate do Caminho das Tropas, no trecho Itararé/Sorocaba (2005) e Exposições do Freio de Ouro e leilões de cavalos, organizada pela Associação Brasileira Criadores do Cavalos Crioulos e realizada na Estância Carapuça, de Rubens Zogbi: Administração Dr. João Jorge Fadel, através da Coordenadoria de Turismo, gestão Antônio de Fazio Neto.     Sei que estou velho. Um dia também serei recordado somente através dos retratos.  Porém ganhei novos donos, o casal Eloisa Elena/Walter Schröder, vocês tiveram a sensibilidade de me causar uma grande alegria.  Obrigado por terem mandado restaurar este velho casarão; confesso, quando o Walter, veio fazer uma vistoria para adquirir-me, ele viu uma infestação de cupins que praticamente inutilizaram o piso e o forro de madeira do andar superior; mas. para a minha surpresa acabou comprando-me!!; daí, veio o desespero quando começaram as  primeiras marretadas na escada de acesso ao andar superior e macaquear a viga do térreo até  andar superior, pensei é o fim, vou virar entulho como a escada; o forro e o piso já sabia que seriam descartados.  Surpreendi-me novamente, quando as sapatas de concreto e o complemento da viga foram colocados e percebi, era a sustentação das lajes piso e forro de concreto.   Fiquei sabendo que muitas pessoas criticaram em restaurar-me; agora que estou renovado é só elogios pela sua sabia  decisão.  Obrigado por fazer-me  um  símbolo do tempo e  dar o exemplo de preservação  do patrimônio arquitetônico e cultural da legendaria Itararé.   Muitos prédios e casas que poderiam serem preservados, viraram entulhos e alguns terrenos permanecem vazios.  Não irei decepcionar suas filhas: Lárisa com farmácia no térreo e Leticia, no andar superior com escritório de advocacia, juntamente com seu genro Henrique.  Sou do tempo...Inevitável que o hoje, amanhã, seja ontem. Da mesma forma impossível pensar que o ontem, amanhã, deixe de ser ontem, hoje. É a contagem inexorável do tempo, apressado, às vezes, fugaz, outras tantas. O relógio do tempo é diferente dos nossos relógios apenas na velocidade, ou na falta de, com que corre: rápida ou lentamente, ao sabor do bom ou do ruim. Bom seria se pudesse atrasar ou adiantar seu andamento. Mas seus ponteiros são impassíveis e não nos permitem definir seu movimento, apressando-os, retardando-os. Ou, quem sabe, fazendo-os parar, por algum tempo, quando o hoje bom já é quase um ontem. Na algibeira da vida, o relógio do tempo apenas marca nossos tempos. Renasci, para um novo tempo.
AS fotos de agora ficarão mais bonitas porque até o ano em que nasci a família Schröder, preservou  na minha testa: 1915.







quinta-feira, 20 de março de 2014

REGIONALIZAÇÃO DO TURISMO CULTURAL...


REONALIZAÇÃO DO TURISMO/CULTURAL...
Tendo em vista quanto a cultura influi na vida das pessoas, cidades históricas ao lado das manifestações de fé do seu povo, são destinos turístico com o maior fluxo de pessoas.         Itararé é uma dessas cidades com potencial religioso e cultural,  só que não  usufrui para  a sua sustentabilidade.   A Barreira,   desde o tempos dos tropeiros que demonstravam fé e louvor ao  entorno da imagem de uma santa, projetada pela luminosidade solar, através de uma fenda nos paredões na Gruta da Santa., nesse trecho suas águas são subterre-as.   Os tropeiros desciam até a mina da gruta para beber sua água límpida, leve e fresca e começaram  a observar a imagem de uma santa em seus paredões e com as dificuldades que os tropeiros tinham para  tanger a tropa a outra margem  do rio Itararé(lado paulista), com seus paredões altos e uma cava profunda, sua passagem era perigosa e tenebrosa, os tropeiros  rezavam pedindo proteção e após a passagem agradeciam    as graças recebidas da santa  onde  bebiam  água da gruta.   Os  comportamentos de religiosidades dos tropeiros que ficou o dito: "Quem bebe água  Santa da  Barreira Sempre Volta".   Peregrinações e romarias foram acontecendo aos longos dos anos.   No dia 19 de fevereiro de 1939, foi entronizada a imagem de Nossa Senhora de Lourdes, na entrada da gruta. 
 A Barreira, possui um potencial enorme para o desenvolvimento do turismo religioso.    O Bispo Diocesano Dom José Moreira de Melo, no ano de 2008, visitou a Gruta da Santa, e constatou a devoção a Santa da Barreira por pessoas que buscam no local algo de espiritual. como os tropeiros, que tinham  religiosidade mais sentimental e sensitiva do que instruída,  afirmou o Padre Luiz Castanho de Almeida, em seu livro "Vida e Morte do Tropeiro".    Como todos nos sabemos o religioso é a mais fiel  das modalidade turísticas.  Após  a Imagem de Nossa Senhora de Lourdes, ser restaurada e entronizada  à gruta, segurança com a presença da Guarda Municipal fazendo rondas em horários aleatórios, capinar, manter limpa as escadarias, sanitários funcionando e higienizados, o fluxo de turista e romeiros  tem aumentado
gradativamente.   O coordenador de turismo Edilson  José de Morais, esta trabalhando e correspondendo, dentro das limitações financeiras do município, mas nos  informa que a Prefeita Cristina, está buscando recursos, através de projetos  para que a Barreira se torne um destino turístico para toda a região. 
O turismo/cultural , é uma outra modalidade turística inexplorada na Barreira, através do tropeirismo.  Passagem das tropas: Jean Baptiste Debret, efetuou o maior marketing, documentando através  de uma aquarela de 1827, a passagem de uma tropeada, na ponte do passador do rio Itararé,  construída por Cristóvão Pereira de Abreu, em 1731,     Foi construído pelo Império de Portugal, varias cancelas ao longo do Caminho das Tropas para cobrança de   impostos, na Barreira tinha uma delas, nos moldes de um pedágio que hoje se praticam nas rodovias do Brasil, cobrando por animais que passavam oriundos do sul do pais.  Somente os itens que citamos, daria para construirmos um Museu Interativo, teatralizando com encenação,  a passagem de uma tropa com mulas xucras, com  tropeiros com indumentárias da época, os índios Guaianazes, os picadores paulista de tropas, os turistas se interagindo, principalmente, na área gastronômica,  essa teatralização poderá ter uma agenda  e se cobrar ingresso, para o pagamento dos atores e coadjuvantes e da comida típica tropeira.     No caso da Barreira, não será um destino pontual, por estar localizada na divisa de estados e poderá ter uma  integração com Sengés que faz parte da Rota dos Tropeiros, terminologia paranaense do Caminho das Tropas.  
Os planos da Associação Intermunicipal Circuito Paulista  Caminho das Tropas,  na geração de empregos e  viabilização de renda aos municípios, regionalizando o turismo/cultural, coincidindo com   as politicas  públicas dos Ministérios de Cultura e Turismo e com as Secretarias do Estado.      Aumentar o fluxo turístico, não é problema único dos municípios que compõem o Caminho. Nas reuniões do Conselho Estadual de Turismo, é um dos temas mais abordados; os municípios  sofrem com o baixo fluxo perene de turistas. Para que  tenhamos  um melhor entendimento,  quero salientar que Itararé, sendo a introdutora da nossa micro região turística, com todos os atrativos, do Vale do Itararé, não consegue segurar por mais de três dias o turista na cidade e região,  Isso significa que devemos pensar no Caminho como um todo, criar um roteiro que contemple todas as cidades, aumentando desse modo a oferta de modalidades turística para os visitantes.   O Caminho das Tropas, esta incluído no calendário turístico do Estado de São Paulo.  Com personalidade jurídica há 8 anos, e  promove a Tropeada Itararé/Sorocaba.     Os municípios que o compõem poderão apresentar projetos, convênios, através da Associação Intermunicipal, além de um calendário cultural e festivo definido e que fosse disponibilizado na internet através do site das Secretarias de Turismo dos municípios e do estado. Isso é o que pensamos em relação ao Caminho.  E a Associação,  buscará  este entendimento. Nos períodos festivos e,  em feriados prolongados  faltam leitos, os nossos visitantes buscam e não acham. Mas, em outras datas os leitos ficam ociosos.   A outra queixa é quanto a mão de obra. Precisamos buscar soluções com cursos que serão oferecidos para os funcionários de vários  segmentos, melhorando assim, o atendimento e também  trazer uma  conscientização aos moradores dos municípios  do Caminho, principalmente o Turismo/Rural.  Viabilizar a criação dos Conselhos de Cultura e  o de  Turismo, nos municípios  que ainda não formaram ou não   utilizam as normas estabelecidas nos níveis federal e estadual, estendendo a todos os municípios do Caminho das Tropas.  Logo após definidos e empossados os conselhos, vem a parte mais importante que é o plano de turismo/cultural, onde devemos ter todo o cuidado para não cometermos erros. Será um trabalho de médio e longo prazo, mas que busque atender as demandas tanto da cultura e do turismo, tornando possível a consolidação do Caminho que tem um  grande potencial  como um destino turístico e não apenas um ponto de visitação.  Precisamos  elaborar um  projeto revolucionário de geração de empregos, ocupação e renda, evitando o êxodo rural que incham as periferias das cidades.  Elaborar um  plano as secretarias e órgãos que integram a administrações municipais, interagirem-se, já que engloba vários setores de uma administração    Através de cursos de qualificação de monitores que farão o receptivo.  Precisamos elaborar um Máster Plano, envolvendo  as cidades do Caminho, e criar micro regiões entre as cidades próximas para que o desenvolvimento  turístico, flua harmonicamente, diferenciando as modalidades em vários segmentos.
Outro aspecto que deveremos salientar  a importância para todos os municípios um Seminário Itinerário Cultural do Tropeirismo, visando  desenvolver o Turismo Rural, seus desdobramentos e verticalização da produção, agregando as atividades já efetuadas nas propriedades.    Elaborar um calendário  anual para os municípios  de tropeadas e romarias que não coincidam uma com a outra. 
A instalação do Conselho de Cultura e de Turismo em todos os municípios do Caminho, terá papel consultivo nas construções das políticas públicas tanto para a cultura quanto para o turismo, segundo o que determina a Lei Federal e voltada para a regionalização com a participação tanto da sociedade civil organizada como das representações dos órgãos oficiais.   A grande dificuldade no
 desenvolvimento do turismo sustentável é o fato de o empresariado local não ter entendido que Caminho das Tropas, tem um potencial muito grande turística e cultural, poderemos desenvolver a maioria das modalidades  e por isso é diferenciado, exigindo um tratamento mais profissional em todos os seus aspectos, no setor de hospedagem, da gastronomia, e em todas as áreas de prestação de serviço. Penso que esta é a maior dificuldade para o desenvolvimento.  A indústria do turismo  é a mais barata e mais rentável a médio e longo prazo. Podemos ter como exemplo a região de Brotas, onde a população e o empresariado local abraçaram o projeto turístico,  como vetor de crescimento da economia local.
 Com a criação da 16ª. Região Administrativa do Estado, em Itapeva e a 4ª. Região Administrativa em Sorocaba, teremos um poder reivindicatório, muito maior que outros Circuitos do Estado de São Paulo.   O que nos falta realmente são projetos conjuntos, dos  municípios que compõem o Caminho das Tropas e não projetos pontuais, que não obtém  apoio do poder publico e por conseguinte,  não estimula os empresários investirem em nossa Região.                     É oportuno salientar que o Turismo/Cultural, não tem divisas e que o Caminho das Tropas Viamão/Sorocaba, comtempla os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.   Fiquei muito otimista, com o posicionamento da Secretária de Cultura de Sorocaba Prof. Jaqueline Gomes da Silva, que comunga com a Reonalização através do Caminho das Tropas.
O CAMINHO É UMA DADIVA DE DEUS!!! 
A REGIONALIZAÇÃO TURISTÍCA  E CULTURAL, ATRAVES DO CAMINHO DAS TROPAS, FOI  INTEGRADO NO SÉCULO  XVIII,  TEMOS QUE TER A DETERMINAÇÃO DOS TROPEIROS PARA REINTEGRA-LO PARA  SÉCULO  XXI.

Antônio de Fazio Neto

domingo, 9 de março de 2014

"Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay"

                                                                                                   Turíbio Fiuza, era uma pessoa popular e folclórica de Itararé. Rei do Carnaval de Itararé.  O  Zunir Pereira de Andrade, em parcerias com Roberto Gomes de Camargo (Kai'água ) e Jorge Chueri, compuseram   uma marchinha de carnaval:  "Procurando  o
Turíbio". Em alusão à  uma "disputa", saudável, entre o Clube Atlético Fronteira e o Primeirão, para tê-lo em seus salões nas quatros noites de carnaval.  A marchinha em um dos estrofes   dizia  assim: *Turíbio é  um cara bacana * Turíbio é um cara legal. *Queremos você hó...Turíbio * Aqui no nosso carnaval.     Além de ser o folião mor dos carnavais itarareense, era boêmio, tocava violão,  a sua interpretação na musica "Abismo de Rosas", não perdia nada para a de Dilermando Reis; um exímio pasteleiro, isso mesmo, seus pasteis até a data de hoje são lembrados, por muita gente da terrinha.   Seu hobby,  jogo de baralho e briga de galos.   Outro lado do perfil do Turíbio: supersticioso e azarado, seu azar era de origem maligna, é  nesse lado místico e folclórico que iremo focar.
Mesmo o mais cético dos seres já deve ter incorrido em pequenos deslizes, tais como: bater na madeira três vezes para evitar que algo que é dito e que tem conotação negativa, ocorra de fato; cortar bolo de aniversário de baixo para cima para dar sorte; evitar passar por baixo de escadas... Enfim, uma série de atitudes realizadas mesmo sem pensar, originadas a partir do famoso “inconsciente coletivo” -, ou mesmo de forma consciente pois, afinal de contas, se bem não fizer, mal também não faz. E, na dúvida, é melhor “não mexer” com forças que nem a ciência explica. Já dizia a máxima: “Eu não creio em bruxas, mas que elas existem, existem”.    Convivi por muitos anos com o Turíbio no Clube Atlético Fronteiras, eu, concessionário do bar e o Turíbio, cacifeiro dos jogos de baralho.  Sempre abordava suas superstições e azares. Anotei muitas delas, nessa época que passamos noites no atendimento dos jogadores que frequentavam as salas de jogos.
Gato pretoGato preto:  Certa feita em um final de semana, o Turíbio, chega nervoso e cabisbaixo  para mais um dia de trabalho, e ele nos conta que logo cedo deu de cara com um gato preto, alguma coisa vai  me acontecer!!!    Para formar um carteado de pife-pafe, geralmente o cacifeiro participa do inicio do jogo a espera de mais parceiros e não deu outra, logo na primeira cartada o nosso herói começa a perder. E como a maioria dos jogadores de baralho, quando se esta perdendo não para, sempre esperando a cartada seguinte para recuperar as jogadas perdidas e com ela dinheiro, que aliais é a parte mais dolorida de um ser humano, o bolso.    A cada "cartada perdida" esbravejava: Foi esse maldito gato preto, enviado pelo o demônio que me esta dando tanto azar, e algumas palavras impublicáveis. O único jogador que perdeu foi o Turíbio, os outros quatros  parceiros foram os ganhadores ou melhor dizendo, sortudos.     A ideia de que encontrar gatos pretos, pelo caminho, dá azar veio da idade média. Acreditava-se que os felinos, devido aos seus hábitos noturnos, tinham relação com o demônio. E se fossem pretos (cor associada à trevas), pior ainda. Acreditava-se que eles se transformavam em bruxas. Num tempo em que imperava o medo das forças malignas e os direitos dos animais era algo impensável, muitos pobres bichanos eram massacrados sem dó. Até o próprio Papa Inocêncio VIII (1432-1492) chegou a incluir os gatos na lista de perseguidos pela Inquisição. É possível que essa “fixação” que a Inquisição teve pelos gatos tenha relação com o fato dos gatos serem símbolos importantes na crença pagã, e que por essa razão deviam ser combatidos. Os egípcios, por exemplo, consideravam o gatos como divindades. Na sala de jogos de baralho Turíbio,
perdendo blasfemava até de Jesus Cristo.  No dia seguinte ficava horas  de joelho na Igreja Matriz, rezando e pedindo perdão, pelo seus atos, motivados pelos os azares que acompanhavam-os.
                                                                                                                              
Ferradura: Turíbio, tinha duas ferraduras, penduradas em cima da porta da  cocheira dos galos de briga, colocadas pelo seu filho Honorato, uma voltada para cima e outra voltada para baixo. O Turíbio não gostou que uma das ferraduras fosse colocada para baixo. É oportuno salientar, que foram fixas  aleatoriamente. Na cultura popular a posição da ferradura pode variar sendo pendurada para cima ou para baixo. A ferradura apontando para cima funciona como um copo para pegar boa sorte e ficar presente na casa das pessoas ou animais  que ali habitam. Já a ferradura pregada para baixo a intenção é que toda a má sorte seja derramada, escoe pelo chão e suma da vida dos moradores.
Após uma "reunião de briga de galos", na rinha de Taquarituba, Turíbio, levou um único galo (o melhor de sua cocheira), emparelhou com um galo famoso, da cidade de Avaré, de propriedade do Firmino Gabriel.  As apostas eram dobradas no galo de Avaré.  Apesar de mal lida (condições físicas), o galo do Turíbio matou  seu adversário em 5 minutos de briga.  Os galistas presentes, ofereceram ofertas irrecusáveis pelo galo.  Turíbio, recusou a todas.   De volta para Itararé, naquele tempo a estrada não era asfaltada e imaginem a buraqueira e a trepidação do carro.  Nas  companhias  de Lies Merege, Ozico Paiva, Clodoaldo e Luiz Santeiro e  como  motorista o Pingo Mazorca, que também era galista.  Pararam na Reta Grande, para tirar " água do joelho", depararam com o porta malas do carro aberto e quando deram "por conta", cadê o galo do Turíbio, tinha caído ao longo da estrada.   Resolveram voltar até a rinha e nada de encontrar o galo que o Turíbio  rejeitou um bom dinheiro.
Em Ponta Grossa, também em uma reunião de brigas de galos , lá estava o Turíbio, eufórico pelo desempenho de seu galo, contra o galo de um dos maiores galista do Paraná Ademar Uliana; as aposta dobravam a favor do galo do Turíbio.   Queriam compra-lo com o galo brigando acontecesse qualquer imprevisto o galo já teria sido comprado e por um bom dinheiro.   Turíbio recusou. A briga estava praticamente ganha seu galo tinha extrasaliado seu oponente, cego das duas vistas, asa quebrada; o juiz da briga vendo as condições do galo, perguntou aos apostadores que opunham-se  de encerrar a briga,  sobre a recusa de alguns apostadores  o juiz deu sequência ao confronto.   Naquela época a iluminação publica de Ponta Grossa era movida a motores a óleo diesel, localizados em vários lugares da cidade: em determinado tempo, a iluminação era interrompida para troca de motor  e a  iluminação foi interrompida na hora em que os galos brigavam.   Quando as luz voltou a rinha, para surpresa de todos, o galo do Turíbio tinha levado um golpe mortal de seu oponente.
De volta, para sua casa a primeira providência que tomou foi arrancar a ferradura que estava voltada para baixo e disse: Foi esta ferradura do diabo, colocada do lado errado que me deu azar!!!    Em uma pescaria no  rio Itararé (Poço da Cruz). somente  o  seu companheiro Nhô Flor,que estava enchendo o "borná" de bagres, era um atrás do outro , o Turíbio nem uma fisgada, já praguejando de não fisgar um bagre sequer, repentinamente um a puxada que a linha correu contra a correnteza, ( na Barreira,  os pescadores não usam vara para pescar  e sim "linha de mão), o Turíbio começa a enrolar a linha, para trazer o peixe até em cima do paredão e para confirma que o azar o acompanha tinha fisgado uma ratazana; quando jogou a linhada, a isca caiu em um lapa de pedra na margem oposta do rio.   
E pra finalizar,  frases sempre ditas pelo Turíbio: "Se eu comprar um circo, o anão cresce"  " Se eu jogar uma moeda para o alto  e pedir cara ou coroa, ela cai em pé". 

Antônio de Fazio Neto