DO TEMPO....
Há muitos anos estou aqui, quase um século, no mesmo lugar. Enquanto muitos foram e voltaram, outros foram e não voltaram e outros nem foram, eu permaneço, no mesmo lugar; Sou do tempo que as honrarias eram conquistadas debaixo da fumaça, do tempo que pra tudo se tinha tempo, enfrentei tardes quentes, mormacentas... Madrugadas frias, de geadas, ventos, chuvas de pedra, raios e até o fogo já me chamuscou. Vi pessoas, animais e árvores nascerem e morrerem. Conheci a fauna e a flora que não te alcançou. A culpa não foi minha. O Luiz Merege, foi o responsável do meu estar aqui, construiu-me. Vi as poeiras, levantadas pelos muares que passavam pela Rua das Tropas de chão batido ( Rua São Pedro). Vi as varas de porcos tocada de a pé pelo Boa Aventura Dias, em direção ao mangueirão do Jacó Pedroso e do Carlito Menk, ao lado da estrada de ferro, próximo ao Viaduto Manoelito Martins. Vi o inicio da Medição Judicial da Fazenda de São Pedro de Itararé, pelo engenheiro Albino Klocker, perfazendo um perímetro de 120 quilômetros e 29.047 alqueires. Vi o engenheiro Albino, patriarca da família Klocker, em Itararé, ser mentor da Colônia Austríaca na zona rural, na fazenda "Corredeiras", para cultivo do Bicho da Seda, local que carinhosamente batizaram de Bairro da Seda.Vi muitas famílias em retirada de seus lares, para protegerem-se do prenuncio de uma provável batalha entre as facções legalistas e revolucionarias, à temida batalha de Itararé, não acontece. Ouvi as salvas de tiros, para receber Getúlio Vargas, na gari da Estação Ferroviária de Itararé, na passagem ao Rio de Janeiro, para tomar posse como Presidente do Brasil. Ouvi, o combatente-médico da revolução de 32, Ademar Pereira de Barros, falar sobre as razões da revolução: "São Paulo levantou-se em armas em 9 de julho de 1932 para livrar o Brasil de um governo que se apossaria de sua direção por efeito de uma revolução… e se perpetuava indefinidamente no poder, esmagando os direitos de um povo livre.. que trazia o sempre glorioso São Paulo debaixo das botas e do chicote do senhor!" Vi muitos jovens constitucionalistas morrerem por inexperiência de combates e táticas militares. Vi o enterro dos combatentes e após a exumação de seus corpos. Vi milhares de caminhões carregados de toras e madeiras de pinheiro araucária, para o redespacho ferroviário. Ouvi, Os Repentista, no Teatro São Pedro, interpretarem varias peças. Vi quando o casal Olga Zueff /Paulo Romanoff, me reformaram pela primeira vez, construíram um anexo e uma viga de concreto do piso ao andar superior, para dar-me sustentação, já que minhas paredes eram no térreo tijolos adobe e no andar superior as paredes eram de taipas; Ouvi o gemidos de sua filha Tamara, dando à luz a sua primeira neta e esposa do escrevinhador que assina esta coluna. Daí o Léo Chueri me adquiriu, não convivi com seus familiares, desde a sua aquisição me alugou. Vi no térreo as instalações: do Correio, Fórum, Coletoria Federal, Cartório de Imóveis e Laboratório de Analises Clinicas. Ouvi o discurso do Prefeito Heitor Guimarães Cortes, por ocasião da inauguração da ponte da Barreira na divisa com o Paraná. Vi a nomeação do Prefeito Eugênio Dias Tatit, pelo Governador Dr. Ademar Pereira de Barros, com a implantação do Estado Novo e ouvi pela Rádio Clube, o discurso do Prefeito "Geninho", por ocasião da inauguração do Matadouro Municipal. Vi a canalização de água e esgoto pelo Prefeito Francisco Alves Negrão e vender um sitio para adquirir uma moto-niveladora para o município, para construir ruas e estradas. Vi e ouvi voos rasantes da Cruzeiro do Sul. Vi à famosa perua Chevrolet verde, conduzida por Orlando Nastali, levando passageiros para embarque e desembarque em nosso Campo de Aviação. Ouvi os leilões de lenha e animais, na Festa São Pedro "gritados" pelos leiloeiros: Felício Bandoni, Alcides Ferreira e Jorge Rosa. Ouvi as danças de quadrilhas nas festa juninas, "marcada" pelo "Zé Medonho"( José Campolim Vasconcelos). Ouvi os locutores da Festa de São Pedro; Ismael Vaz Cordeiro, Hélio Porto, J. Carvalho, J. Batista e Osvaldo José. Ouvi tiros das caçadas de codornas e perdizes, no criatório natural (Fazenda Correia Castro), do então, Ministro da Fazenda Luiz Pedro Correia e Castro. Vi as torcidas da Associação Atlética Itararé e Clube Atlético Fronteira, vibrarem pelos timaços que possuíam. Vi os jogadores do Boi Preto Futebol Clube, simularem contusões, para que o famoso massagista Bicho Cru, os recuperassem, oferecendo a água que passarinho não bebe, a famosa aguardente Rosário, fabricada pelo Fritz Schröder. Ouvi a banda e rojões, quando o Prefeito Ângelo Augusto Ghizzi, inaugurava o Paço Municipal. Vi a pujanças das lavouras: de algodão, arroz, trigo e feijão. Ouvi a banda passar e as retretas da São Pedro e Cel. Jordão, sob a matuta do Maestro José Melilo, para alegria das criançadas. Ouvi o Maestro Gaia e o Pascoal Melilo tocarem ao piano o Hino do Fronteira. Ouvi pela Radio Clube, a cobertura de inaugurações das fontes das Praças São Pedro e Cel. Jordão, pelo Prefeito José Carlos Magno Neto (Tico).
Vi quando o casal Surpui (Dona Santa)/Ítalo Vincenzi, me comprou, com eles a alegria reinou, italianos alegres, juntamente com os irmãos Afonso e Luciano, formaram um bloco que participava, nos famosos bailes de carnaval nos salões do Clube Atlético Fronteira. Vi o Arquiteto Luciano Vincenzi. projetar a concha acústica da Cel. Jordão e Portal Memorial do cemitério, em homenagem aos fundadores de Itararé. Vi o sargento Cantídio, comandante do Tiro de Guerra , fazer os atiradores rastejarem nos paralelepípedos da rua em frente da Igreja Matriz, na saída de uma missa dominical. Vi a "briga das placas", entre o Governo Nei Braga, do Paraná; "Aqui Se Trabalha" e o Governo Abreu Sodré, de São Paulo; "Aqui Trabalho Não É Novidade", por ocasião da ligação asfáltica entre os dois Estados. Vi o "Rei" do carnaval Turíbio Fiuza. participar do carnaval de rua em Itararé. Vi a construção do E. E. Herculano Pimentel e 32 escolas rurais, Administração Vergílio Holtz. Vi a maior conquista junto ao governo do estado e a maior obra realizada no município, a estrada vicinal ligando os Bairros do Cerrado e Santa Cruz dos Lopes, até a divisa de Riversul, numa extensão de 32 Km. Administração, Benedito Nehir Carneiro. Ouvi elogios ao nosso artista mor Jorge Chueri, pelos quadros da "Via Sacra em Itararé".
Ouvi o show do cantor Roberto Carlos, no Clube Primeirão. Vi as construções das escolas: Eugênio, Caetano, Heitor e Ester. Administração Floriano Cortes. Ouvi o locutor de rodeio "Gauchito", na 1° Festa do Peão em Itararé, administração Laercio Antônio Amado, narrar esta trova: *Chegou mais uma vez, a hora de montar. *Espora tá no pé, o bicho vai pegar. "O touro tá pulando, levanta o poeirão. * E dentro do peito quem machuca é a paixão. Segura Peão !! Vi o 1° Off Road Tour, 1ª prova cronometrada 4X4 na pista Santa Terezinha(2001), Resgate do Caminho das Tropas, no trecho Itararé/Sorocaba (2005) e Exposições do Freio de Ouro e leilões de cavalos, organizada pela Associação Brasileira Criadores do Cavalos Crioulos e realizada na Estância Carapuça, de Rubens Zogbi: Administração Dr. João Jorge Fadel, através da Coordenadoria de Turismo, gestão Antônio de Fazio Neto. Sei que estou velho. Um dia também serei recordado somente através dos retratos. Porém ganhei novos donos, o casal Eloisa Elena/Walter Schröder, vocês tiveram a sensibilidade de me causar uma grande alegria. Obrigado por terem mandado restaurar este velho casarão; confesso, quando o Walter, veio fazer uma vistoria para adquirir-me, ele viu uma infestação de cupins que praticamente inutilizaram o piso e o forro de madeira do andar superior; mas. para a minha surpresa acabou comprando-me!!; daí, veio o desespero quando começaram as primeiras marretadas na escada de acesso ao andar superior e macaquear a viga do térreo até andar superior, pensei é o fim, vou virar entulho como a escada; o forro e o piso já sabia que seriam descartados. Surpreendi-me novamente, quando as sapatas de concreto e o complemento da viga foram colocados e percebi, era a sustentação das lajes piso e forro de concreto. Fiquei sabendo que muitas pessoas criticaram em restaurar-me; agora que estou renovado é só elogios pela sua sabia decisão. Obrigado por fazer-me um símbolo do tempo e dar o exemplo de preservação do patrimônio arquitetônico e cultural da legendaria Itararé. Muitos prédios e casas que poderiam serem preservados, viraram entulhos e alguns terrenos permanecem vazios. Não irei decepcionar suas filhas: Lárisa com farmácia no térreo e Leticia, no andar superior com escritório de advocacia, juntamente com seu genro Henrique. Sou do tempo...Inevitável que o hoje, amanhã, seja ontem. Da mesma forma impossível pensar que o ontem, amanhã, deixe de ser ontem, hoje. É a contagem inexorável do tempo, apressado, às vezes, fugaz, outras tantas. O relógio do tempo é diferente dos nossos relógios apenas na velocidade, ou na falta de, com que corre: rápida ou lentamente, ao sabor do bom ou do ruim. Bom seria se pudesse atrasar ou adiantar seu andamento. Mas seus ponteiros são impassíveis e não nos permitem definir seu movimento, apressando-os, retardando-os. Ou, quem sabe, fazendo-os parar, por algum tempo, quando o hoje bom já é quase um ontem. Na algibeira da vida, o relógio do tempo apenas marca nossos tempos. Renasci, para um novo tempo.
Vi quando o casal Surpui (Dona Santa)/Ítalo Vincenzi, me comprou, com eles a alegria reinou, italianos alegres, juntamente com os irmãos Afonso e Luciano, formaram um bloco que participava, nos famosos bailes de carnaval nos salões do Clube Atlético Fronteira. Vi o Arquiteto Luciano Vincenzi. projetar a concha acústica da Cel. Jordão e Portal Memorial do cemitério, em homenagem aos fundadores de Itararé. Vi o sargento Cantídio, comandante do Tiro de Guerra , fazer os atiradores rastejarem nos paralelepípedos da rua em frente da Igreja Matriz, na saída de uma missa dominical. Vi a "briga das placas", entre o Governo Nei Braga, do Paraná; "Aqui Se Trabalha" e o Governo Abreu Sodré, de São Paulo; "Aqui Trabalho Não É Novidade", por ocasião da ligação asfáltica entre os dois Estados. Vi o "Rei" do carnaval Turíbio Fiuza. participar do carnaval de rua em Itararé. Vi a construção do E. E. Herculano Pimentel e 32 escolas rurais, Administração Vergílio Holtz. Vi a maior conquista junto ao governo do estado e a maior obra realizada no município, a estrada vicinal ligando os Bairros do Cerrado e Santa Cruz dos Lopes, até a divisa de Riversul, numa extensão de 32 Km. Administração, Benedito Nehir Carneiro. Ouvi elogios ao nosso artista mor Jorge Chueri, pelos quadros da "Via Sacra em Itararé".
Ouvi o show do cantor Roberto Carlos, no Clube Primeirão. Vi as construções das escolas: Eugênio, Caetano, Heitor e Ester. Administração Floriano Cortes. Ouvi o locutor de rodeio "Gauchito", na 1° Festa do Peão em Itararé, administração Laercio Antônio Amado, narrar esta trova: *Chegou mais uma vez, a hora de montar. *Espora tá no pé, o bicho vai pegar. "O touro tá pulando, levanta o poeirão. * E dentro do peito quem machuca é a paixão. Segura Peão !! Vi o 1° Off Road Tour, 1ª prova cronometrada 4X4 na pista Santa Terezinha(2001), Resgate do Caminho das Tropas, no trecho Itararé/Sorocaba (2005) e Exposições do Freio de Ouro e leilões de cavalos, organizada pela Associação Brasileira Criadores do Cavalos Crioulos e realizada na Estância Carapuça, de Rubens Zogbi: Administração Dr. João Jorge Fadel, através da Coordenadoria de Turismo, gestão Antônio de Fazio Neto. Sei que estou velho. Um dia também serei recordado somente através dos retratos. Porém ganhei novos donos, o casal Eloisa Elena/Walter Schröder, vocês tiveram a sensibilidade de me causar uma grande alegria. Obrigado por terem mandado restaurar este velho casarão; confesso, quando o Walter, veio fazer uma vistoria para adquirir-me, ele viu uma infestação de cupins que praticamente inutilizaram o piso e o forro de madeira do andar superior; mas. para a minha surpresa acabou comprando-me!!; daí, veio o desespero quando começaram as primeiras marretadas na escada de acesso ao andar superior e macaquear a viga do térreo até andar superior, pensei é o fim, vou virar entulho como a escada; o forro e o piso já sabia que seriam descartados. Surpreendi-me novamente, quando as sapatas de concreto e o complemento da viga foram colocados e percebi, era a sustentação das lajes piso e forro de concreto. Fiquei sabendo que muitas pessoas criticaram em restaurar-me; agora que estou renovado é só elogios pela sua sabia decisão. Obrigado por fazer-me um símbolo do tempo e dar o exemplo de preservação do patrimônio arquitetônico e cultural da legendaria Itararé. Muitos prédios e casas que poderiam serem preservados, viraram entulhos e alguns terrenos permanecem vazios. Não irei decepcionar suas filhas: Lárisa com farmácia no térreo e Leticia, no andar superior com escritório de advocacia, juntamente com seu genro Henrique. Sou do tempo...Inevitável que o hoje, amanhã, seja ontem. Da mesma forma impossível pensar que o ontem, amanhã, deixe de ser ontem, hoje. É a contagem inexorável do tempo, apressado, às vezes, fugaz, outras tantas. O relógio do tempo é diferente dos nossos relógios apenas na velocidade, ou na falta de, com que corre: rápida ou lentamente, ao sabor do bom ou do ruim. Bom seria se pudesse atrasar ou adiantar seu andamento. Mas seus ponteiros são impassíveis e não nos permitem definir seu movimento, apressando-os, retardando-os. Ou, quem sabe, fazendo-os parar, por algum tempo, quando o hoje bom já é quase um ontem. Na algibeira da vida, o relógio do tempo apenas marca nossos tempos. Renasci, para um novo tempo.
AS fotos de agora ficarão mais bonitas porque até o ano em que nasci a família Schröder, preservou na minha testa: 1915.