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segunda-feira, 28 de abril de 2014

TROPEADA CAMINHO PAULISTA_ITARARÉ/SOROCABA

VEM AÍ A 9ª TROPEDA DO CAMINHO PAULISTA DAS TROPAS
 
Aproximadamente 150 cavaleiros e Muladeiros começarão, no dia 9 e maio (sexta -feira), a 9ª Tropeada do Caminho Paulista das Tropas.
Saída, na sede da   Associação Tropeira de Itararé, (Recinto Carlos Menck) e,   participarão do Desfile da Abertura da 48ª Semana do Tropeiro de Sorocaba, no dia 18 de Maio (domingo).   De acordo com a organização do evento, aproximadamente 800 pessoas são esperadas até o fim do trajeto.  O colunista  do Jornal Folha do Vale, Antônio de Fazio Neto (Tó), uns dos organizadores do evento, afirmou que  os principais objetivos das tropeadas, são: O Resgate  e a Regionalização do Turismo/Cultural.    "Após, Cristóvão Pereira de Abreu, desbravar o  Caminho dos campos de Viamão  a  Sorocaba, fazendo a integração de pousos tropeiros.    Temos que ter o denodo e a determinação dos tropeiros que desbravaram o Caminho no século XVIII, para  que possamos reintegra-lo no século XXI, aos municípios que os  compõem, que são oriundos dos pousos  de tropeiros;  em outras palavras, nada mais é do que,  a Regionalização Turísticas e Culturais, que vem de encontro com as politicas publicas em nível Federal e Estadual, nesses dois segmentos".   Confira, o Caminho Histórico que será o trajeto da  9ª TROPEADA DE ITARARÉ/SOROCABA DE  09  A 18 DE  MAIO DE 2014. 


QUINTA (08) - ITARARÉ - RECEPÇÃO AOS TROPEIROS - ASSOCIAÇÂO TROPEIRA DE ITRARÉ - JANTAR - POUSO.

SEXTA (09) -    SAÍDA ITARARÉ.
22 Km. 
LANCHE RIO VERDE 
15 KM
ITABERÁ - JANTAR  E POUSO. COPAVA III.  

18 KM

SABADO 10 -   ITAPEVA LANCHE-FAZENDA MASQUETO
18 KM
JANTA  E POUSO  PISTA DE LAÇO "SECO"
35  KM
  
DOMINGO 11 - TAQUARIVAÍ  - ALMOÇO - JANTA - POUSO

20 KM
    
SEGUDA 12      PASSAGEM  BURI -  LANCHE
 22 KM
 POUSO - FAZENDA ARARUNA- JANTA - POUSO
10 Km

 TERÇA  13      RETIRO  LANCHE

  23 KM
 ITAPETININGA VIRACOPOS - JANTA E POUSO
15 km 

QUARTA 14  LANCHE - PORTO
20 km 
JANTA E POUSO - RECINTO ACACIO DE  MORAIS TERRA - ITAPETININGA
15 km

QUINTA 15      ALAMBARI ALMOÇO
22 km 
CAPELA DO ALTO JANTA E POUSO
 18 km                     

SEXTA 16   I    IPERÓ - ALMOÇO BACAITAVA
12 km
JANTA E POUSO - FLORESTA  NACIONAL  IPANEMA 

11 km

 SABADO 17  ARAÇOIABA DA SERRA - LANCHE- ARAÇOIABINHA  
  19  km

 SOROCABA JANTAR - POUSO

 DOMINGO 18 - DESFILE ESTOURO DA 48 ª SEMANA DO TROPEIRO  - ALMOÇO
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domingo, 20 de abril de 2014

RESGATANDO NOSSAS RAIZES...



Sabe quando você se debruça sobre a janela da sala, e ficando olhando a rua? Os carros passando, as pessoas caminhando em sentidos contrários, às vezes esbarrando aos ombros das outras. Existem aqueles que estão apressados, outros já não mais precisam correr. Alguns meninos carregam consigo a algazarra que pretendem levar à escola e desorientar o já desorientado professor. Não importa muito como é sua rua, provavelmente é diferente da minha e até mesmo do seu vizinho. Mas, aposto que um dia (ou alguns deles), quando se debruçava e fixava o olhar para o nada, lá longe, e começar a imaginar como seria este pedacinho de território antes da cidade se formar em prédios, casas, ruas, asfalto, poste, placas… Imaginar a época dos tropeiros e como eram suas rotinas de viagens. Ah, naquela época, viagem era para pessoas no mínimo muito dispostas. Encarar um caminho desconhecido, sujeito a encontrar algum animal peçonhento, onça ou até mesmo  personagens das fabulosas estórias da mula sem cabeça, lobisomem, corpo seco, saci etc...   Armar acampamento no meio da chuva, economizando os últimos feixes de claridade que conseguem transpor a densa nuvem cinzenta e as  folhas do cerrado com suas arvores retorcidas. Enquanto alguns fincam as estacas e amarram em árvores as cordas das tendas, outros tropeiros tratam de recolher o que acham de galho menos molhados para acender o fogo na trempe com a chaleira com  água para o café e começar  a esquentar o feijão e a carne de lata, acompanhada de paçoca para o rango, outro se abrigando com a capa de lã para a ronda da tropa para enfrentar uma noite de chuva,  no primeiro pouso da Fazenda São Pedro do Itararé, o primeiro pouso do torrão paulista entre os rios Caiçara e do Prata, o Pouso da Rondinha, hoje a nossa lendária e querida Itararé.  Assim que depois daquela trabalheira e a barriga satisfeita, um certo violeiro apanha de seu saco de estopa pendurado na cangalha da mula  abrigada no ranchinho coberto de sapé , a violinha que dará o tom da alegria e anunciará o fim da noite. Momentos de cantoria e diversão sentados ao pé do fogo. Uns contam mentiras, outros só fantasiam, existem àqueles que adaptam suas estórias para facilitar o entendimento dos companheiros. Mas tudo isso, com a melhor das intenções, narrar só aquilo que viram ou viveram e aqueles que narram o inexplicável, é aí que começam as crendices.   Antes de por a tropa para tanger rumo as Feiras de Sorocaba, os tropeiros, vão até o Corredor da Cruz, rezar ao pé da Santa Cruz, (atual Capela de Santa Cruz),  pedir  a Nossa Senhora Aparecida, protetora dos tropeiros, que os abençoe, para mais um dia de trabalho de  uma vida  simples, rude e nobre, o tropeiro não se atinha, de sua importância desbravadora, para o desenvolvimento do Brasil Meridional.  Do imaginário  exposto podemos concluir que os tropeiros e as tropas desempenharam no Brasil , um papel dos mais relevantes, quer como realizadores do progresso econômico, quer como incentivadores da unidade nacional.    
Conquistada a terra, com os núcleos de ocupação perdidos na vastidão, foi o    Tropeiro e a tropa de muares que, varando sertões e ravinas, rasgando matas, cruzando serras, vadeando rios, que assegurou  e manteve, a circulação de produtos, de bens e de ideias.
Itararé, por ser o primeiro pouso do Estado de São Paulo;  tropeiros paulista começaram a vir comprar lotes de muares  e picar (vender) na região sudeste de São Paulo.     Sorocaba, por sua posição estratégica, tornou-se o centro natural de encontro dos tropeiros e nada mais justo que a cidade, conhecida em todo o Brasil, coubesse a gratificante incumbência de reverenciar e enaltecer este herói anônimo: Em 1963, a Lei Municipal Nº 1151, de 14/10/63, autoria do vereador Hélio Teixeira Callado, tornava oficial a comemoração criando A Semana do Tropeiro,  fixando a época de realização na segunda quinzena de maio, atendendo à orientação do historiador Aluísio de Almeida, de que esta seria a época mais provável da realização das feiras de muares.
Se em meados do século XVIII, quando teve início este significativo ciclo histórico, coube aos sorocabanos o privilégio de servir de entreposto de mercadoria altamente desejada e de local de encontro não só de brasileiros de todas as regiões como de estrangeiros.   E coincidentemente nos meados do século XXI, coube à Itararé, o resgate do Caminho das Tropas, como o 1º pouso paulista dos tropeiros e  compartilhando como os demais municípios, até o seu final: As feiras de Sorocaba.
Cabe-nos agora, a responsabilidade de divulgar junto às novas gerações a grandiosidade de sua obra, a pujança de sua figura intimorata, para que todos juntos possamos reverenciar o Tropeiro, o lídimo representante de nossa gente, o homem.
Imagem  acima : 1º. Pouso Tropeiro do Estado de São Paulo de Tropas de Mulas Xucras, tangidas dos campos de Viamão às Feiras de Sorocaba.  Aquarela- Acampamento  noturno de Itararé -Pouso da Rondinha -Fazenda São Pedro  do Itararé- Jean Baptiste Debret- 1827.(Publicada em 1839- no livro: VOYAGE POTORESQUE AU BRÉSIL).

 



A VIDA É ASSIM...

 A VIDA É ASSIM....
 Me chamo Heron Cavalcante, conhecido por Pedrinho Gaúcho, nasci em Pato Branco e sou peão da Fazenda Morungava, lá pras bandas de Sengés. entre os rios Funil e Pelame, era a minha querência. Meu patrão é Moises Lupion, homem exigente no trato com o gado e com as suas lavouras , invernadas  que se debruçam sobre as coxilhas e sobre as várzeas que margeiam arroios. Uma imensidão de terras.
Também sou jóquei de cavalos de carreira em raia reta, minha estatura é mediana,  peso 53 quilos, musculoso não pelos exercícios repetidos, mas pelos movimentos rígidos do machado, do arado e da rudeza de tantas outras lides campeiras. O trabalho não me permite ter os cabelos sempre alinhados, nem a barba sempre bem-aparada. Por gosto, deixei crescer um bigode espesso do qual tenho muito orgulho e que cofio quando um pensamento ruim me bate na telha ou quando sou apertado por uma decisão  encardida. Meu nariz aquilino, dizem, insinua voo incerto e aventureiro. No mais, minhas virtudes são delatadas pelo cumprimento da palavra empenhada, pelo dom da liderança despretensiosa, pelo trato afável ou mais áspero quando a ocasião assim determina.
Ainda adolescente, tive uma desgraça em minha vida , em um entrevero, matei um soldado e um sargento em Clevelândia-PR,.   Era matar ou morrer!!! Fui levado de casa pelo meu pai, na fazenda Morungava, com anuência do Governador Moises Lupion   para conviver com a família de  um grande homem: Antônio Cleto (Tonico), que se compadeceu de meu estado. Convivi , com a família Cleto, por onze anos, para viver no anonimato comecei a usar o pseudônimo de Pedrinho Gaúcho.                       Dona Eermelina Ramos, conhecida por Elvira,
minha segunda mãe, uma curiosidade: D. Elvira, quando foi providenciar seus documentos para seu casamento é que ficou sabendo de seu verdadeiro nome, Ermelina.   Do Seu Tonico, nem falar. Seus filhos:  Silas, Getúlio, José, Cenira, Adélia, Lair e Carmem Lucia, considerava-os como meus irmãos      De lá só saí, quando , prescreveu o crime que cometi.
Pouco me pechei com minha, família depois que comecei a trabalhar na Fazenda Morungava. Aqui o meu espírito cigano se aquietou quando recebi a tarefa espinhosa de ser peão da fazenda do Governador Moises Lupion, convivendo com  mais de uma dúzia de peões, homens de caráter e que ganham o pão com o suor do rosto.
Certa feita, em uma de minhas andanças de peão, acompanhado do Silas , atei a tordilha em um moirão-mestre no fundos da  querência das mulheres da vida; casa da Mariquinha Veiga, em Itararé, era um prédio bonito, onde funcionava um posto de gasolina.   Sob a penumbra, meu coração galopou de vereda em uma morenona de olhos muito graúdos, cabelos escorridos até a cintura, coxas lustrosas e fartas. Mas o Silas, meu grande amigo, companheiro de estância e ligeiro que só ele, considerado como meu irmão, com disse,  num só pealo cingiu a cintura da china, tocando-se para um local em que gozasse privacidade. Sem um fiapo de hesitação, mirei então a pontaria numa alemoa de olhos muito azuis e provocadores, seios abundantes e sotaque carregado nos erres, comecei arrastar assas.
 Enlaçados, nos enfurnamos ansiosos em um cômodo mobiliado por apenas uma cama rústica e um toucador de espelho salpicado pela ferrugem, eu já estava à meia guampa.    E então passamos a noite nas pelejas prazerosas da carne, entre sussurros e cochichos.    Que noitada!! 
Antes do amanhecer, eu e o Silas nos aprumamos satisfeitos e altivos em nossos pingos que nos esperavam ainda encilhados, à soga. Não dispensamos às chinocas as mesuras da despedida, a tirada de nossos chapéus de abas largas, que os colocamos sobre o peito como sinal de pleno agrado, enquanto elas nos abanavam até ganharmos a entrada de acesso a Barreira, um guapeca nos prosseguia   latindo.
Conversa vai, conversa vem durante o trotear macio dos animais no longo caminho de volta à Fazenda Morungava. E foi no relato daquela grande noitada, nas narrações incontidas e minuciosas, nas gargalhadas estrondosas, nas costuras das coincidências… que eu, Pedrinho Gaúcho, (barbaridade tchê), tive conhecimento de que Silas  (meu grande companheiro), passou toda aquela noite com Consuelo, minha prima, filha caçula do tio Ernesto Cavalcanti, fazia uma boa quantidade de anos que não à via, quando sai de casa, era apenas uma menina-moça.
– Credo, homem de Deus, que destino hein?! – disse eu a Silas apertando, constrangido, mas ponha constrangimento nisso, a aba do meu chapéu de barbicacho, enquanto ele baixava os olhos, meneando a cabeça, entre incrédulo e por demais embaraçado! Arre;
Quero passar a vocês, alguns ditos tropeiros que usei nesta narrativa:
meia guampa: Meio embriagado, meio ébrio.  * Arrastar as asas: Paquerar.  *Guapeca : Cão sem raça definida; vadio,  desobediente.  *Soga: corda. *Cofio: alisar o bigode.  *Pechei: ajuda financeira. *Barbicacho: É a tira de couro, que prendia o chapéu ao queixo ou ao nariz dos antigos gaúchos. 
Um até breve do Heron ,ou melhor do Pedrinho Gaúcho, pois o escrevinhador, que assina esta pequena apresentação, tem muitos casos pra narrar, sobre minha pessoa!!!