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segunda-feira, 26 de maio de 2014

COM ESPRTEZA NÃO TEM POBREZA...



 
Olha eu aqui outra vez, sou Heron Cavalgante, conhecido pras bandas do Itararé, como Pedrinho Gaúcho,  contei um caso excepcional, pro Tó, quando rifei uma mula. Você, com certeza, esta  matutando com os seus botões que de excepcional terá um caso de rifar uma  mula? Eu, justifico, leia o relato , e como ficaram satisfeitos, os gregos e os troianos, como diz o velho deitado ou melhor ditado.  Tenho certeza que o escrevinhador ira por na pauta de publicação com a  minha devida  anuência.   Inté mais ver.
Pois então, vamos ao caso da Rifa da Mula:              Eurico Lolíco, era  picador de tropas para vários tropeiros de Itararé,  que compravam e depois  revendiam (picavam), na Região Oeste de São Paulo.   Desta feita, tangeu uma tropilha para    Julinho de Almeida, separou dez mulas de um tropa recém chegada do Rio Grande do Sul e entregou pra Orico, pica-la, nas fazendas de café pra bandas de Taquarituba, Piraju...      Nos tempos do fio de bigode, vendia-se a tropilha e, somente na volta pra Itararé que efetuava-se o pagamento.    No trecho até Piraju, Orico, só conseguiu picar  uma mula em Itaporanga, pro Julietão, avô do Sandrão, da SABESP.
Chegando em Piraju, ofertou  tropilha, pro Paulininho Colaço, que picou de bica corrida, para pagar com 90 dias de prazo.     De volta expôs a dificuldade de picar a tropa e as condições da venda ao Julinho de Almeida, que de pronto concordou.           O lucro  que obteve de picar a tropa, iria receber, na data do pagamento da venda, as despesas da casa e da tropeada que durou 65 dias, não foram poucas.                                                  Com compromissos pendentes, vendeu uma mula para o Pedrinho Gaúcho, por CR$ 5.000,00(cinco mil cruzeiros), que concordou em receber a mula no dia seguinte. Entretanto, no dia seguinte ele chegou e Orico, de pronto disse:
- Pedrinhu, o cê me discurpa mais a mula morreu.
- Morreu, Orico?
- Morreu.
- Então  Tchê!!  devolva-me o dinheiro.
- Ih. . . Paguei uns compromissos.
- Tudo?
- Tudinnhu
- Então me traz a mula.
- Morta?
- É, ela não morreu?
Morreu. Mais qui cê vai fazê com uma mula morta?
- Vou rifar?
- Rifá?
- É, !
- A mula morta? Quem vai querê?
- É só não falar que ela morreu.
- Intão tá intão.
Um mês depois os dois se encontram e o Orico que vendeu a mula pergunta:
- Ô Pedrinhu Gaúchu,  i a mula morta?
-Rifei.  Vendi, 500 bilhetes-CR$20,00  cada- faturei, 4.980,00 cruzeiros. 
- Eita! I ninguém recramô?
- Só o gaudério que ganhou.
- I o qui o cê feiz?
- Contei que a mula morreu e devolvi os CR$ 20,00 que ele pagou do bilhete.
Antônio Fázio

Tropeada Itararé a Sorocaba - 9 de Maio a 18 de Maio 2014





 Contei meus anos e descobri que terei menos da metade  do tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço..
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: ‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa!... Sem muitas jabuticabas na bacia, quero tropear ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão-somente tropear ao lado do que é justo.  Tropear  perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar de nossas raízes absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.
O essencial faz a vida valer a pena.   Por isso, contamos com os Muladeiros e Cavaleiros que cultuam suas raízes.   Temos que ter uma visão horizontal de todos  e não verticalizar benefícios, olhando pro próprio umbigo.   Confesso, esta foi um tropeada que participei, ao lado de verdadeiros tropeiros que até a data de hoje são persistentes e não querem ser simplesmente coadjuvantes, pessoas que participaram, sem interesses próprios e sim para perpetuar o tropeirismo.   Agradeço a Deus, por participar dos momentos inesquecíveis e inarráveis que vivenciei com as pessoas desde a saída de Itararé, até o final do desfile em Sorocaba.  Agradeço a todos sem exceção e vamos continuar tropeando. 
Abraços a todos
Att. Antônio de Fazio Neto (Tó)

O QUE É TROPEIRISMO

Nós, eu de Itararé, vocês que moram nos municípios que fazem parte do  Caminho das Tropas temos o direito de nos orgulharmos; de sermos espectadores privilegiados da saga dos tropeiros, que passaram pelas nossas ruas, pelos nossos quintais, pelas nossas estradas, levando a mensagem de prosperidade de um Brasil que ainda engatinhava. é isso mesmo, o tropeiro é um dos principais personagens no pódio dos heróis da história do Brasil. Mas todo o direito corresponde a um dever.         E nós temos a obrigação de manter o brilho e a tradição dessa figura fantástica, cultuando a sua história e passando a nossos filhos, para que o tropeiro não seja jamais esquecido, como orgulho do nosso passado e como lição de vida, de bravura e de coragem para as gerações novas, que estão vindo.      Até ousaria dizer que as autoridades deste longo caminho das tropas deveriam incluir na grade curricular de suas escolas a HISTÓRIA  DO TROPEIRISMO, como aliais já fazem parte dos planos de alguns municípios. Mas enquanto a história das tropas não chega oficialmente, as escolas. Vamos conhecer aqui no Blog de Tropeiros um pouco do tropeirismo: Começamos, com uma pergunta básica:

O QUE É TROPEIRISMO
Para responder  a esta pergunta é importante que recuemos ao Brasil do início de 1.700, quando as cargas terrestres eram transportadas nas costa dos índios e dos negros escravos, auxiliados pelos poucos cavalos. que eram criados no sudoeste, no oeste e no nordeste brasileiros. Para se ter uma idéia desta carência, vale a pena registrar que nem o Exército do Brasil, enquanto colônia e reino, dispunha de cavalo para as suas ações. A maioria dos soldados seguia a pé, por falta de montaria. E nessa época, final do século XVII, que ocorre a grande corrida do ouro e das pedras preciosas, nas Minas Gerais.        Muda o Brasil.                      
Milhares de brasileiros e portugueses se deslocam para as minas, tentando fortuna.    A lavra do ouro nas montanhas mineiras assumiu tal dimensão, que o braço escravo já não dava conta e os cavalos não tinham força para trabalhar no terreno acidentado. A super população passou gerar problemas de abastecimento, muita gente para pouca comida. Ninguém queria ganhar míseros tostões, plantando feijão, mandioca e milho, enquanto a cata de ouro era extremamente lucrativa. No sul do Brasil estava a solução para o problema das minas gerais: manadas de burros e mulas, animais fortes e vigorosos qualificados para o transporte de carga, mesmo em regiões acidentadas e de difícil  acesso. Esses animais já haviam dado resultado, trabalhando nas minas de prata do Peru e da Bolívia.       E agora que essas minas estavam em decadência, as manadas de muares cresceram mais ainda, nas campinas do Uruguai, Argentina e Rio Grande do Sul.          Havia muares sobrando.
Quem primeiro vislumbrou esse quadro foi o paulista Bartolomeu Paes de Abreu, bandeirante e grande criador de gado nos campos de Curitiba, que em carta dirigida ao rei, em 1720, pedia regalias para abrir um caminho entre o Sul e São Paulo, para o escoamento das tropas de burros e cavalos para atender as necessidades de outras regiões do país. Dizia ele:"Toda esta campanha do Rio Grande para adiante produz gados vacuns e cavalgaduras em grande quantidade, sem mais utilidade para a real coroa de Vossa Majestade, senão a fabricação de couros nesta mesma colônia". Em seguida, defende a  necessidade de enviar animais para São Paulo, mas lembra que para tanto era urgente que se abrisse o "caminho pelo interior do sertão do Rio Grande do Sul a São Paulo".      A ideia foi boa, mas quem a colocou em pratica, efetivamente, foi Francisco de Souza Faria que, em 1728, sob ordens oficiais, partiu com sua expedição, dos campos de Viamão, subiu a Serra Geral, alcançou a Vacaria dos Pinhais, atravessou o alto Iguaçu, chegando até as proximidades da Vila de Curitiba.       Dessa expedição nasceu a estrada de Viamão a São Paulo, pois o trecho de Curitiba a São Paulo já existia.     Aberto o primeiro caminho, ele vai ser consolidado pelo português Cristóvão Pereira de Abreu, rico comerciante da Colônia do Sacramento, que leva a primeira tropa, do Rio Grande do Sul até Minas Gerais.     A sua viagem levou 13 meses entre 1731 e 1732, com 160 peões, conduzindo 3.000 de mulas, burros e cavalos, adquiridos na Colônia do Sacramento.
Era o início do fenômeno chamado TROPEIRISMO, que se constituía no deslocamento das tropas de muares xucros do Rio Grande do Sul para Sorocaba, no Estado de São Paulo.
A partir de Sorocaba abria-se um leque de caminhos buscando os lugares mais distantes; as zonas mineradoras dos sertões, o porto do ouro, no Rio de Janeiro, o Centro Oeste e o Nordeste, onde quer que estivessem os consumidores dos animais cargueiros.
Com o correr do tempo - o tropeirismo durou 200 anos - outros caminhos foram abertos, atendendo a conveniência das regiões criadoras.       Depois do caminho de  Viamão a Sorocaba, que foi o primeiro, surgiram dois outros; o da Nova Vacaria, que procedia da região  de Cruz Alta e o Caminho de Palmas, todos eles desembocando em Ponta Grossa e daí para frente com roteiro único até Sorocaba.     Levar esses animais para São Paulo, uma caminhada de cerca de 2.000 quilômetros entre matas e campos desertos, montados em lombo de burro por meses a fio, era uma tarefa para gigantes, para gente valente, assim eram, na verdade, os tropeiros.
Até aqui falamos somente das tropas xucras ou soltas, que eram formadas no Rio Grande do Sul e conduzida até Sorocaba onde realizava a grande Feira de Muares, que vendia os animais para todo o Brasil. Eram dezenas e tropas que deixavam os campos gaúchos todos os anos, cada uma com 700, 800 e até mil cabeças, chegando a concentrar até 30 ou 40 mil animais nas feiras de Sorocaba. A tropa xucra, o burro ou a mula era a mercadoria vendida para formar a tropa cargueira.       Então vem a segunda pergunta:
O QUE ERA A TROPA CARGUEIRA
Sorocaba recebia compradores de todo o país.      Eram fazendeiros de toda espécie, que necessitavam dos animais para suas atividades agricultas, eram comerciantes urbanos, que usavam as mulas para entrega de suas mercadorias ou mesmo os serviços públicos, como de coleta de lixo ou construção de estradas. Compravam a mulada ainda xucra e após domá-la, punham-na para trabalhar. O burro era pau pra toda obra, era montaria, rodava engenho e arava a terra.   Mas sua missão mais importante era o transporte de carga para toda a riqueza que se produzia no Brasil, acomodada em balaios, cestos, bruacas e jacás, levava produtos do campo e trazia os artefatos das da cidade.       Enquanto a tropa xucra limitavam as suas rotas, aos poucos caminhos entre o Rio Grande do Sul e Sorocaba, a tropa cargueira cruzava todos os caminhos e estradas do Brasil. Onde existisse uma carga a ser transportada de sítio a sítio, de fazenda a fazenda, de estância a estância, de cidade a cidade, do litoral para o interior, lá estava presente o burro cargueiro. O prof. Mário Gardelin, baseado em documentos oficiais, conta que em 1899, existiam em Caxias do Sul. 2.321 propriedades agricultas 139 proprietários de tropas, que ocupavam 979 mulas, responsáveis pelo transporte da produção local. Assinala ainda, como curiosidade que os pequenos tropeiros, que tinham menos que seis mulas cargueiras, eram isentos de imposto.
Saint Hilaire, o cientista francês que visitou o Brasil por volta 1818, conta em seu relato que o capitão-mor de Jundiaí comprava todos os anos um milhar de burros e até mais para a formação das tropas cargueiras que levavam provisões para Goiás e Mato Grosso.   Em Santos, principal cidade portuária de São Paulo, observou que quase todos os dias chegavam centenas de burros carregados de produtos do interior e partiam, cada dia, outros tantos, levando para São Paulo mercadorias da Europa e de outras parte do globo.
POR  QUE  O  BURRO?
Burro no masculino, mula no feminino, este era o animal mais resistente para as tropas cargueiras,.    Mais forte e mais resistente que o cavalo, tanto para carregar  cargas pesadas, como para vencer grandes distância e trabalhar com a mesma eficiência nos terrenos ingremes e montanhosos,    Enquanto um burro carregava um terço de seu peso, num percurso de até 28 quilômetros por dia, um cavalo não suporta nem a metade.   Acomodada em dois cestos ou balaios, um de cada lado, um burro chega a transportar de 120 a 150 quilos.        Estas qualidades explicam porque o burro é preferido para o transporte de carga.          E explica também porque custava três vezes mais caro que um cavalo.          O único equídeo da tropa era a égua madrinha, que seguia à frente, com seu cincerro, indicando o caminho que a tropa deveria seguir.        E sabem porque a tropa de mulas e burros segue, fielmente, a égua-madrinha?        A égua é a mãe da tropa , mãe de todos os burros e mulas, tem o carinho e o afeto e o respeito de todos eles.
O burro ou mula é um animal híbrido, ou seja, o resultado do cruzamento de duas espécies diferentes, o jumento, que é asinino e a égua, que é equídeo.   Por essa razão é um animal infértil, ou seja, não pode ter filhos.
 A  VIAGEM  CARGUEIROS
Um lote de tropa cargueira era constituído, de 8 a 12 animais, cada um carregando 150 quilos de mercadoria.   Percorriam, em média,20 a 22 quilômetros por dia, com uma parada para pouso a cada 10 quilômetros.   Nos percursos mais longos, de 200, 300 ou mais quilômetros, o desempenho da tropa era menor, devido o desgaste que essas distância causavam aos animais e aos tropeiros .   \nas viagens mais longas, para que houvesse compensação econômica. as tropas eram formadas de 4 ou 8 lotes de cargueiros, cada lote com 10 cabeças.   Isto quer dizer que uma grande tropa cargueira poderia ter até 80 animais, transportando um total de 12.000 quilos de mercadorias.   A tropa paulista era  composta de três a quatro lotes, sendo 12 animais de cada lote.   A comitiva era formada por um madrinheiro, que fazia também as funções de cozinheiro. um peão para cada lote, um arrieiro (um tipo de faz-tudo, que cuidava da saúde dos animais e da manutenção das tralhas), o capataz e o tropeiro patrão.   Quando a tropa tinha cozinheiro e madrinheiro, este último era sempre um menino de mais 12 anos.   O madrinheiro ia à frente tocando a égua madrinha com o seu cincerro e em seguida, também equipada de cincerros, vinha a besta dianteira.   Depois em fila indiana, as mulas cargueiras e fechando o lote, a mula culatreira, que além da carga, levava também as tralhas da cozinha.   A viagem começava com o nascer do sol.      No primeiro dia pouco marchava, apenas o suficiente para acertar a carga e demais detalhes da jornada.          Daí para frente a tropeada ganhava ritmo normal.         A tropa percorria de 6 a 8 quilômetros na fresca da manhã e parava ao meio dia, próximo a uma aguada, os peões descarregavam os animais, almoçavam, sesteavam e retomavam a marcha duas horas depois, seguindo até as cinco horas da tarde, quando se dava a parada para o pouso.   Nos primeiros anos. os pousos eram ao relento, debaixo de uma árvore, com os tropeiros protegidos por ponches, cobertores ou pelo ligal, que podia ser usado como cama ou coberta.   Ligal era uma manta grande de couro cru, utilizada para cobrir a carga das mulas, protegendo-a do sol, da chuva e da poeira.     Mais tarde, com o aumento das tropas cargueiras, o governo começou a instalar pousos para tropeiros, constituídos de ranchos abertos e cobertos de sapé, que ofereciam alguma proteção aos peões e a carga.             Ao redor desses pousos surgiram centenas de cidades brasileiras.
Isso foi o tropeirismo, que chegou a ser, no seu auge, a segunda economia do país, perdendo apenas para a cana-de-açúcar, ele apresenta algumas variações no decorrer do tempo e algumas diferenças de região para região.   A partir de um certo momento, por exemplo, nos meados século XIX, apenas algumas tropas eram levadas, diretamente para São Paulo.
A maioria era conduzidas em qualquer período do ano, até os Campos Gerais, hoje Estado do Paraná, onde era invernada, seguindo depois para Sorocaba, na épocas das feiras, geralmente nos meses de abril e maio.       Existiam, então grupos de tropeiros, geralmente gaúchos e castelhanos, que entregavam tropas na região de invernadas, enquanto outro grupo era encarregado de levar as tropas até Sorocaba, São Paulo e  Rio de Janeiro.
Alguns autores mais recentes passaram a identificar terceira tipo de tropa:

A TROPA PICADA. 
 Na verdade eram tropilhas, de 30 a 50 animais no máximo.   Durante as viagens, eram comercializadas, para atender as regiões que se situavam ao longo do caminho.   Em Itararé, por exemplo, na divisa do Paraná com São Paulo, concentravam-se muitos tropeiros paulista, comprando pequenas tropas para venderem em outas regiões de São Paulo, especialmente na região cafeeira.    "Picar mula para o oeste", era a expressão usada.
Finalmente, é fundamental deixar claro que os tropeirismo não se limitou à condução de muares.   O comércio de burros e mulas foi o mais importante, mas ocorria, no mesmo tempo, a condução de boiadas e manadas de cavalos que eram criados nos Campos Gerais de Curitiba.
O Registro de animais de Sorocaba, onde os tropeiros recolhiam os impostos das tropas, acusa, em 1.822, ano da Independência, a passagem de 20.761 muares, 2.208 cavalos e éguas e 7.503 bovinos.   O comércio de muares foi fundamental, como meio de transporte, para economia brasileira, pelo menos 150 anos, até a década de 60 do século XIX, quando o aparecimento da ferrovia começou a reduzir a sua utilidade.   Mas foi o advento das estradas de rodagem e dos caminhões nas primeiras décadas do século XX, que aposentou, de vez, os tropeiros e as mulas, que tiveram. papel preponderante no desenvolvimento do Brasil.
Concluindo vou repetir as palavras da historiadora Maria Tereza Schorer Petrone, que assim avalia a importância do tropeirismo: "A Indústria das Tropas desempenhou um papel de grande relevância na economia brasileira, desde a abertura do caminhos do Sul. Transforma-se em elo de integração do sul país na economia colonial brasileira,contribuindo, inclusive, para assegurar sua posse definitiva ao domínio português.

 A FINAL, QUEM É E O QUE É O TROPEIRO?
Tropeiro, peão, dono de tropa, capataz   Na tropa cargueiro chamavam também de condutor de tropa.   No Rio Grande do Sul é tropeiro quem conduz mula, bois, porcos e até perus.  Todos são tropeiros.   No Mato Grosso também.   Em São Paulo quem conduz boiada é boiadeiro.       No Nordeste, a tropa cargueira  é chamada de comboio e o seu condutor é o comboieiro.
Não importa o nome que tenha, importa a relevância de seu trabalho na construção do Brasil desde os tempos coloniais até a república, passando pelo o reino e pelo império.   Deram destino às riquezas produzidas e alargadas pelos bandoeiros.   Era, enfim, como dizem os historiadores "o mensageiro da civilização".  Hoje, os caminhões rasgam as estradas brasileira de norte a sul, levando a carga dos burros, enquanto o tropeiro repousa no amor que lhe devotamos, no reconhecimento das atuais gerações que vive o conforto do país moderno, que eles edificaram com muita bravura e valentia.

                           TROPA SOLTA OU XUCRA 




                                                               TROPA CARGUEIRA 


       












quinta-feira, 22 de maio de 2014

A  MELHOR IDADE???


Antônio batizado;  Por Tonico, pela mãe; Pela tia Maricota, Toninho; Mais conhecido por Tó,  consagrado pelos netos;
Mariana, Julia e Igor.
Fiz aniversário há dias. Mariana veio com a mãe e mal chegou entregou-me o presente. Sorriso e olhar de expectativa enquanto eu o desembrulhava: era uma camisa polo.
- Gostou, vô?
- Gostei, é muito linda – disse, mesmo que não fosse diria que sim, mas era de fato.
Depois da chaleirice de sempre e de palrar um bocado, perguntou:
Vô, vai ter bolo?
- Não sei, só se a vó Beth, encomendou em segredo, pra fazer surpresa.
Disse por dizer, sabia que não tinha bolo, nem docinhos, nem croquetes; o que havia era um almoço melhorado com dois pratos, lasanha e bife á milanesa, refrigerante e uma garrafa de vinho, que me dera o meu cunhado Paulo. E uma sobremesa caprichada diet.
Convidados também não havia, além da menina, seus pais Tatiana e Roberto, a irmãzinha Julia e dos tios Fernando/Vanessa  e do priminho  Igor, o netinho caçula.
Nesta altura eu já não ligo para aniversário, se é que algum dia liguei. Nem há por quê: a coluna dói, o joanete incomoda, a vista não dispensa óculos, o topete desapareceu há muito e o vigor diminui a conta-gotas, mas implacável; os anos pesam cada vez mais, os sonhos ficaram longe... Comemorar o quê? Aniversário agora é mero evento contábil - somar um ano aos muitos já passados. Em suma: é diminuir o tempo de validade!
Prefiro gastar dinheiro em coisas mais úteis ou interessantes.
Mas como afinal o bolo não apareceu, Mariana,  declarou-me, debruçada em meus joelhos, com o indicador apontado em minha cara e ar de censura e decepção:
- Vô, eu não venho mais no teu aniversário, porque não tem bolo nem docinhos. Nem parabéns, nem festa. E não vou mais te dar presente! Nunca mais!
Conheceu, mané? Aniversário tem de ter bolo e apagar de velinhas, parabéns e presentes; tem de ter brigadeiro, cajuzinho e olho de sogra, balas, salgadinhos e refrigerantes.
Aniversário é festa, senão para o aniversariante, para os outros.
Pensarei nisso para os anos  vindouros,  sob pena de não ganhar presentes da netinha Mariana.    Não é fácil ser velho nos dias de hoje. A medicina moderna e a alimentação saudável aumentaram a expectativa de vida do ser humano, isso fez com que nós pudessemos viver mais e… melhor. Melhor!?
Não sei bem ao certo, mas deduzo que nos tempos atuais os velhos são outros. Diferentes, digamos assim.  Pois conforme a idade vem chegando, ou melhor, avançando e a velhice chegando, temos que ir aceitando aquilo que ela nos impõe.  Para as ruga e as peles, haja consulta no dermatologista, antigamente a babosa dava um jeito.   A caminhada, não existia, pois antigamente, no seu dia-dia, não existia elevador; (somente escada, portão eletrônico, (só o de tranca), controle remoto (só o botão de liga e desliga). Não precisava-se de academia, só os seus esforços do cotidiano era uma malhação.   Em outros tempos, nada fazia mal, não havia restrição em consumir ovos fritos, carne de porco, doce de abobora, de cidra, de laranja, melado, rapadura (até com amendoim), arroz com frango, franguinho ao molho feito na própria banha do penoso. Tudo isso era rebatido com um chá de "carqueja" ou "marcela".  Nos comércios das feiras-livres , aqueles pastéis (com quase meio quilo cada um), bem temperados, recheados com ovo e guisado e de lambuja uma pimentinha, fritos na banha de porco, que ao mordermos, escorria pelo canto da boca. Sem contar que ao meio dia, uma costela gorda, de gado ou de ovelha, descia redonda após deixar um pouco da graxa no queixo ou no bigode, tudo era irrigado por um vinho colonial, após alguns goles de canha pura, um aperitivo para abrir o apetite.   Não podia faltar o cafezinho e para alguns até um  cigarrinho de paia.   Daí então que hoje somos outros velhos, diferentes. Diferentes? Pois é, não comemos comidas com banha de porco (só com óleo de milho ou de canola) ovos fritos, raramente, arroz (integral) com frango somente sem a pele da ave, doces sem adição de açúcar, não vamos nas barracas  para desbuchar um pastel de feira,  caldo de cana,  nem pensar,  vinho, somente 1/2 taça e escolhemos o da uva que melhor combata o colesterol.  Aqui na cidade passamos por bares, lanchonetes padarias, restaurantes, cachorrões, churrasquinhos, etc. Se chegamos em um destes estabelecimentos , devemos observar que carne gorda não faz bem, que cerveja e refrigerantes causam "pressão alta",  o café provoca insônia,   que as frituras entope as veias e assim vai.  Somos velhos recheados de remédios e com vontade de comer e beber aquilo que gostamos.   Somos velhos diferentes, ou melhor, idosos na melhor idade, háhahaha!, faz me rir o que "andamos", comendo.  e ainda dizem que essa é a  melhor idade.   Para o meu aniversário, os de casa,  fizeram uma exceção com a lasanha e o bife a milanesa;  Também pudera, uma vez por ano!!!   
 
 Antônio de Fazio Neto