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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ITARARÉ ANTIGA....


Na década de 10 e inicio da de 20, do século passado.  Itararé, era muito diferente dos dias de hoje. A começar pela falta de estrutura, pois nem energia elétrica com qualidade e constância  havia na cidade. A iluminação publica não existia.  Os fornecimentos de dia  eram em dois períodos: matutino  das 7 ás 10hs. e vespertino das 14 ás 17hs., já o noturno iniciava por volta das 18:30 e encerrava  aproximadamente às 21:30hs.   A grande curiosidade, no período noturno,  quando aproximava-se o termino do fornecimento de energia elétrica, ocorria uma “piscada” na energia das  casas,  Todos sabiam que cinco minutos após aquela “piscada” a energia,  seria suspensa.       Esse     anúncio evitava que as pessoas saíssem tropeçando no escuro para localizar e acender as suas velas, lamparinas, lampiões e candeeiros. Por essa razão, ninguém dormia com ventiladores, pois não teriam  como liga-los sem energia.  As pessoas se protegiam dos mosquitos usando os tradicionais mosquiteiros de filó, chamado também de cortinado. Esses mosquiteiros aumentavam ainda mais o calor, e por isso dormiam com a janela aberta, o que era um hábito muito comum. Pode até parecer estranho, mas não havia risco nenhum, vivíam em uma pacata cidade, sem violência. Impossível se fazer o mesmo nos dias de hoje. o jeito mais comum de refrescar-se nas casas e ruas  itarareenses era usando leques ou outros materiais para abanar.  Da mesma forma, acontecia com as geladeiras, sem energia ou com um fornecimento precário e intercalado, e logicamente muitos alimentos deterioravam, solução encontrada geladeiras que funcionavam a querosene. Essas geladeiras eram da marca  Gelomatic e eram muito caras.   Poucas pessoas possuíam esse luxuoso utensílio doméstico. As maioria das pessoas bebiam água armazenada em potes de barro, a carne de porco era conservada na banha, frutas, verduras e legumes consumidos. logo após a colheita.   A principal mudança na casa foi o tamanho da despensa. “Antes, ela era enorme. Havia várias mantas de carne-de-sol e cestas cheias de ovos, latas  de carne,  conservada na banha muita coisa estragava e o estoque tinha de ser maior”.   Não tinham televisão, a telefonia era municipal, os  telefones eram conectados a uma central manual, operada por uma telefonista. O Usuário tinha que girar uma manivela para gerar a "corrente de toque" e chamar a telefonista que atendia e, através da solicitação do usuário, comutava os pontos manualmente através das "pegas". Assim um assinante era conectado ao outro, somente o rádio esporadicamente, cartas e telegramas. o Teatro São Pedro, passava filmes e  apresentações ao vivo, como o anuncio datado 21 de novembro de 1917, no Jornal "O Itararé" : Hoje - Domingo - Grandiosa Estreia do Dr. Javier, Grande Hipnotizador e Cientista.  O preço é o de costume - Às 20:OO hs. em ponto.  Na véspera do natal do mesmo ano, um outro anuncio chama atenção: " HOJE -   NO Quintal da Confeitaria Mellilo - Ás 15;00 hs. em ponto - MISS MARY - Será hipnotizada a vista do publico e sepultada viva!!  Não faltem!!  A única e ultima  espetacular experiência em Itararé".      Não havia muitos brinquedos, tinham que improvisar sempre;  fabricavam os próprios  brinquedos de madeira: carros, aviões, caminhões, trens, espingardas, piões, estilingues e outras coisas. Outras vezes, os meninos colocavam o cabo de vassouras entre as pernas e fingiam estar galopando em um cavalo.  Não havia supermercados.  O grande centro de comercio de alimentos era no Mercado Municipal (hoje Prefeitura Municipal) era o local com maior variedade de alimentos e estivas em geral, chamados também de secos e molhados. Nos bairros tinham pequenas mercearias e bares.  A primeira máquina doméstica foi a de costura. A idéia de que um aparato mecânico podia realizar uma tarefa tão “manual” e enfadonha dava a ela um caráter quase milagroso.  A mais famosa máquina de costura foi patenteada pelo alemão Isaac Singer, em 1857 (tanto que seu sobrenome virou sinônimo do instrumento por muitos anos).  E voltando ao precário fornecimento de energia elétrica, em Itararé, a Alfaiataria ELEGÂNCIA   de Flôr Florêncio, localizada na rua 15 de Novembro ( ruas não tinham numerações),  Possuía um modelo, movido por um motor a gás, era  barulhento e até perigoso. Ainda assim, era preferível ao trabalho de coser à mão, pelo Flôr. vejamos um anuncio publicado no Jornal "O Itararé", no ano de 1917: "Ternos com colete e paletós de 80$000 a 140$00, temos a famosa casimira "Aurora", "Linho 120" e outras variedades estrangeiras";  Isso tudo num tempo que comprar roupas prontas era coisa para os ricos.   Banho: No inicio do século 19, acreditava-se na Europa (imaginem  Itararé), em que banhos facilitariam a entrada de germes, já a água quente, na maioria das vezes esquentadas no fogão a lenha, onde utilizavam bacias ou tinas, facilitariam a entrada de germes, já que a água quente dilatava os poros.  os médicos da época começaram a recomendar que as pessoas que se lavassem  com maior frequência.   Mesmo assim, as recomendações no cotidianos restringiam-se a algumas parte do corpo, como as mãos e o rosto.  O sabão, tanto para higiene pessoal como para lavar roupas era os famosos "sabão de cinza", eram feitos de gordura animal e cinza da lenha que utilizavam no fogão.  O mais comum é que mulheres fossem até o chafariz, no bairro Velho, ou no córrego do  Prata, para lavarem as roupas (habito  comum em nossa zona rural, até os dias atuais). Se lavar roupas já dava trabalho, imagine deixá-las tão esticadas quanto mandava a moda, a  maioria dos ferros tinha uma cavidade onde se colocavam brasas quentes. Outros, nem isso, e era preciso esquentá-los direto no fogo, repetindo a operação sempre que esfriava. Para deixar a roupa mais lisa, usava-se farinha de mandioca e água para fazer uma espécie de grude fino que ficou conhecido como goma (daí a expressão “engomar a roupa”). Depois de seca, a peça era mergulhada em uma bacia que continha água e um pouco da goma e colocada ao sol novamente. Algumas mulheres também espalhavam cera de vela no ferro para o mesmo deslizar e não  deixasse rugas nas roupas.   Sanitários, eram latrinas de fossa convencional, as famosas "casinhas", que em determinado tempo tinha-se que colocar cal virgem para desinfetar, os dejetos humanos e quando enxiam tinham que ser soterrada, muita gente virava-se como podia;   Crianças por exemplo, iam até a porta de casa e faziam xixi na rua,  tranquilamente.  Para acender o fogão para o café da manhã era um "Deus nos acuda", a chaminé tinha que ser limpo periodicamente por causa dos picumãs que se acumulavam-se na chaminé, se não houvesse essa rotina os cômodos das casa enchiam de fumaça, onde se exalava um cheiro bem desagradável, principalmente quando se impregnava- se nas roupas de vestimentas ou nas de mesa, cama e banho.  Nada de acidentes de carro, visto que havia poucos veículos na cidade. Apenas algumas, bicicletas, carroças, charretes e Fordinho Bigode   Este último era tão luxuoso que era o carro pra quem tinha posse    Nossos avós  ouviam as noticias, transmitidas pela Rádio e liam o Jornal Estadão e Jornal O Itararé. A meninada andavam descalços, tomavam banho de chuva, mergulhavam nos  rios do Prata e Caiçara.  O povo bebiam água da torneira ou de mina, comíam de tudo... Não se falava em colesterol, diabete, os triglicerídeos, stress e nem haviam inventado o termo bullying.. Não havia nada virtual. Vivíam uma relação mais próxima com os amigos, pessoas conversavam pessoalmente, no bancos da  Praça da Matriz, contavam casos, se abraçavam e se respeitavam.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

SÍTIO ??? NEM PENSSAR !!!


Um outro caso narrado por Bento Rodrigues de Almeida, o popular   Bentinho Gaúcho, desta feita é quando seu pai Domingos Rodrigues de Almeida, veio morar pras bandas de Itararé, vindo com toda a família de Cruz Alta  -RS. Sua primeira aquisição foi comprar um sítio, as margens do rio Itararé, rio acima, do Rincão do Corisco.  Na foto Seo Domingos, montado no Burro Tubiano.   Após "bater cabeça", com as atividades do "Sítio Esperança", Seo Domingos, tomou um prejuízo fora da conta.     Vamos abrir aspas para o Bentinho: "Foi uma lição de vida que  até hoje perdura.  Compre sítio quem quiser; papai, ficou farto, e jurou nunca mais comprar um!!...  Cansado de tropeadas e de caçadas, e desejando repousar, comprou um bonito sítio, com muito arvoredo frutífero, boas águas, casa cômoda. Uma pechincha!  Pra não estar debalde, resolveu fazer uma plantação de abóboras, para vender as pevides, que, informaram, é remédio infalível para a solitária. Cada abóbora produz mais de cento e cinquenta pevides; e bastam três destas para expelir uma solitária; cada uma destas a cinco mil-réis, eram duzentos e cinquenta mil-réis que o papai apuraria, só em solitárias, afora a massa das abóboras... de que  minha santa mãezinha Maria de Jesus Cordeiro, faria doce e as minhas irmãs venderiam em Sengés e Itararé, o que sobrava da massa, a porcada se deliciariam e engordariam. Era ou não era bom negócio?.. Ora bem. Comprou, não me lembro bem, se três ou cinco sacos de sementes, da melhor; virou as terras, encanteirou-as e semeou as suas solitárias, digo, as suas abóboras, numa lua nova, para grelarem com força. Pois, passado um mês... a lavoura era pura barba-de-bode!... Dura, empenachada, parecia uma plantação de vassouras de piaçava, verdes!....Brigou, e forte, com o vendedor das sementes Gabriel Merege, que desculpou-se dizendo ter havido troca de volumes: a semente de barba-de-bode era para um armazeneiro, que vendia-a , e caro , como tempêro estrangeiro, de luxo; que o homem tinha-se dado ao diabo, quando pelo engano tinha recebido as pevides de abóbora, mas que afinal agradou-se e havia já pedido segunda remessa, para jorrar e misturar ao café, para dar-lhe mais gosto de café.  Não achei graça nenhuma à esfarrapada explicação; o que era certo é que o papai estava com  lavoura perdida, inçada daquela praga.  Ensinaram então que para destruir barba-de-bode, para nunca mais nascer, único remédio era... a preá. Começou pois a comprar preás a torto e a direito; mandou peões a todos os rumos,escreveu a amigos e conhecidos, encomendando preás. Foi então unia chuva dos tais bichinhos, recebia-os em sacos, em gongás, em caixões, e até tocados por diante, como tropa. Contava, pagava e soliava, logo, na lavoura. Realmente:uma maravilha! Ao cabo de duas semanas não havia mais um fio de barba-de-bode. E ele, satisfeitíssimo! Mas logo em seguida, as preás, acossadas pela fome, deram na roça do milho e do feijão; foram as hortaliças, aos alegretes do jardim; treparam às laranjeiras, tudo devoraram - menos marmelos. Uma devastação! Refletiu  um momento; e para extinguir as preás, resolveu meter... gatos. Nova trabalheira; vieram gatos de todos os tamanhos e sexos e idades, gatos mimosos, roubados, e gatos ladrões, escorraçados, rabões, pelados, peludos, desorelhados, queimados, gordos e sarnentos. Foi um jorro, uma inundação de gatos, sobre o "Sitio Esperança".  Contava, pagava e soltava-os, logo, às preás. Efetivamente, um assombro. Em menos duma semana não havia mais uma preá, para remédio. Liquidadas. E ele, esfregando as mãos. Mas,nem tudo lembra!,  os bichanos, já sem pitança, miavam que era um desespero... e quando menos o papai sonhava... Olha a gatalhada no galinheiro, não ficou viva uma só ave, desde os pintos até os galos de rinha!  Uma calamidade! Nem por isso deu parte de fraco; pensou, e para acabar com os gatos, resolveu soltar-lhes... cachorros!  E vá! Na estrada!   A peonada andava numa contradança, trazendo cachorros e logo voltando a buscar mais; pelas estradas só se via passarem andantes conduzindo matilhas, e trelas de até vinte cachorros. Apareceram perdigueiros, veadeiros, paqueiros, onceiros, rateiros, tatuzeiros; e galgos, d'água, terras-novas, crespinhos; e grandes e pequenos, brigadores, ranhentos. Eram centos de cachorros! Contava, pagava e soltava-os logo, aos gatos!    Um sucesso indiscutivelmente. Em poucos dias não se acharia nem mais um único gato, um só que fosse, para salvar um condenado da forca! E o papai, assobiando, satisfeito. Mas, é que andou precipitado... - a cachorrada sem mais gatos... gania de jeito, que só a chumbo!  E como  não tivesse mais gatos. - os cães, uma bela noite, atiraram-se às ovelhas, e com tal gana, que nem as maçarocas ficaram! Um cataclismo!   Aí, meio que desanimou; mas depois de coçar forte a cabeça, durante uns minutos largos, papai resolveu acabar com os cachorros, resolveu contratar gringos, tocadores de realejo!... Custou um pouco a organizar o batalhão: mas a notícia de que a paga era boa correu, e começaram a aparecer gringos, vindos até de onde o diabo perdeu as botas!... Cachorro tem um terror doido pelo realejo; é tocar-se um desses moinhos de música e o cão, mesmo preso na corrente, uiva, chora, apavora-se..., e não há nada que o detenha na fuga; nem água fervendo, nem tição de fogo, nem comida, nem pau... só outro realejo, que o faça mudar de rumo! Quando boteou a gringalhada a manobrar os realejos, toda ao mesmo tempo, marchas,  polcas, funerais, o miserere, o caranguejo, a Esteia confidente, o bitu, valsas, o solo Inglês... o maxixe quando tudo isso estrondeou nos ares... Oh! Deus do céu!... Senhor S. Pedro!... Meu anjo da Guarda!... cachorro houve, que tão desnorteado de horror ficou, que até sobre os próprios gringos atirou-se... atirou-se..., e caiu, estrebuchando, espumando, rilhando os dentes, como danado! ... O cachorrio pegou numa uivaçada tão espantosa que chegou a abafar o barulho dos realejos: mas logo desatou a disparar... a disparar... a disparar... e foram-se, campo fora, para o lados da Fazenda Morungava, como assombrados! Inegavelmente: soberbo!  E o papai, chegou a fazer uns passos de gavota, rejubilando; sim, senhor! Mas, teve um baque no coração.. - os gringos, sem mais cachorros para espantar, pediam comida.  O papai, que não contava com a rapidez do negócio, havia-os contratado por três dias, calculando que com três dias de realejo não haveria cachorro, nem morto!, capaz de resistir...   E errou feio, porque os próprios buldogues não chegaram a agüentar nem uma hora... E eles a pedirem comida!   E a chegarem mais gringos, que pelas estradas tinham tido notícias do anúncio; outros que eram ainda mandados expressamente pelos amigos e conhecidos e comissionados! E cada desgraçado que chegava, como saudação, tocava uma peça de realejo; e quando foi de noite, todos eles, de combinação eram trinta e três, resolveram fazer uma surpresa, e todos a um tempo, como um furacão que desaba, manobraram uma serenata sem fôlego, que durou da uma às três horas da madrugada. Começou a deitar sangue pelo nariz, pelos ouvidos, pelas gengivas, e papai desmaiou.   Ao clarear do dia recobrou os sentidos; chamou o capataz, a peonada, uns hóspedes que tinha, e amarrou-os de revólveres, de davinas, de pistolas, de bacamartes; meteu em quadrado os gringos, com os realejos; todos nós, armas engatilhadas, facas reluzindo, prontos a matar, tocamo-los porteira fora, aos gritos imperiosos de -silêncio! silêncio! silêncio!  Papai passou então um dia delicioso; sesteou regaladamente!  Mas, sempre aparece cada uma!  Logo começaram a aparecer no sitio, advogados, escrivães, meirinhos, autoridades. Ora dá-se! Um homem quieto no seu, sem se preocupar da vida alheia e a vida alheia atrapalhando a sua! ...Eram os vizinhos, queixosos, que processavam, pediam indenizações, reclamavam contra prejuízos de que o papai era causante! Estes, porque as preás que conseguiram escapar-se haviam-se-lhes entocado nas plantações; aqueles, porque, gatos danados, dos seus, tinham-lhes mordido as criações; outros, porque os cachorros corridos comiam-lhes os rebanhos.., e até um violento protesto do cônsul, acusando-o de tentativa de morte sobre os gringos!... E eram citações, requerimentos, autos, contrafes, termos, inquirições.., um inferno!  Chamou advogados para defesa, estes pegaram-se a discutir com os contrários: então é que a complicação complicou-se mesmo!  Os peões -se medrosos e o capataz foram saindo, por causa das dúvidas...Ficou sozinho, no Sitio Esperança  solitário.  Então adoeceu. Veio um doutor para salvar-lhe   Mostrou-lhe a língua, tateou o pulso, rufou-llhe na barriga e... chamou um colega. Depois os dois chamaram um terceiro, os três, um outro; os quatro, um quinto...   Desde a nuca até a sola dos pés, corpo era um mapa geográfico de manchas e vergões; estava todo sanado e empolado de ventosas, inflamado dos sinapismos, lambuzado dos ungüentos, queimado dos vesicatórios, encorrilhado das embrocações, cruzado das pinceladas... Na casca consentiu tudo: no miolo, nada. Engolir, isso sim, isso é que nem à mão de Deus-Padre nenhum deles foi homem para obrigar!  Certo dia, por dois médicos foi considerado ainda vivo, e por três dado por morto.    Venceu o um da maioria: passaram atestado de óbito e foram-se... e veio o defunteiro tomar as medidas do caixão... Que cena, esta, da tomada das medidas ... que cena!.. Papai dormiu... até acordar; depois levantou, fez um churrasquinho, chupou dois mates e pitou um cigarro de fumo crioulo. Sol alto montou a mula, para ir embora, de vez. Tinha vencido sete pragas: bastava de combate.  Mas, ao sair a cancela do terreiro, viu o que nunca imaginou mais ver! ...
Viu a barba-de-bode renascendo na lavoura, algumas preás roendo ervas, três gatos em cima do telhado; dois cachorros coçando as pulgas; um gringo de realejo à sombra de um moirão, um meirinho que chegava a trote..., e um doutor que apeava-se da carriola!...Amigo!  O papai, cerrou as  pernas a mula Tubiana e só parou... quando vendeu o "Sitio da Desesperanças" .  Pagas as contas, sobraram-lhe três patacas, em cobre: comprou as espoletas, pólvora e balas, e ganhou, outra vez, no sertão!  Tenha sitio quem quiser: eu, Bentinho.    Nem atado! Depois que o meu pai passo".





quinta-feira, 16 de outubro de 2014

AOS AVÓS...

 

Aumento na expectativa de vida, melhor saúde e mudanças culturais, criaram uma surpreendente relação de companheirismo entre idosos e seus netos  Conta a história que, no século I a.C., Ana e seu marido, Joaquim, viviam em Nazaré e não tinham filhos, mas sempre rezavam pedindo que o Senhor lhes enviasse uma criança Apesar da idade avançada do casal, um anjo do Senhor apareceu e comunicou que Ana estava grávida, e eles tiveram a graça de ter uma menina abençoada a quem batizaram de Maria, cresceu conhecendo e amando a Deus e foi por Ele a escolhida para ser mãe de seu filho Jesus Cristo.   Devido à sua história, Santa Ana é considerada a padroeira das mulheres grávidas e dos que desejam ter filhos. Ana morreu quando Maria tinha apenas três anos. São Joaquim e Santa Ana são os padroeiros dos avôs e avós;  no Brasil e em Portugal , comemora-se em 26 de julho, o Dia dos Avós, tendo sido esta data escolhida em razão da comemoração do dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo. Nos dias de hoje a  relação entre avós e netos pode trazer uma enorme carga de afeto, pois a convivência mais próxima dessas gerações, além da crescente longevidade adquirida pelos idosos nos últimos anos, tem proporcionado uma maior interação entre eles no âmbito familiar.  Estas transformações nas relações familiares causam mudanças estruturais na sociedade, considerando a importância da família como organização de referência na construção de uma identidade social.   Assim, é importante analisarmos as circunstâncias e os efeitos dessa nova organização familiar que compreende uma relação mais próxima e mais afetiva entre avós e netos.  Para nós os avós esta experiência não tem a mesma responsabilidade da que foi exigida na relação com seus filhos, tendo em vista que aqueles não tem mais a função de educar, mas apenas de transmitir seus conhecimentos e história de vida aos netos, o que possibilita uma relação mais aberta e despreocupada.  Dessa forma, os netos muitas vezes sentem-se mais próximos dos avós do que dos próprios pais, estabelecendo uma integração muito benéfica para ambos, pois esta troca de conhecimentos ajuda, tanto os avós, a lidarem com o universo presente, como os netos, a entenderem o passado e o histórico familiar.
Nessa perspectiva, é muito comum hoje em dia que os netos apresentem aos avós os avanços tecnológicos (computador, telefone celular, etc), bem como que os avós utilizem toda a sua vivência para aconselhar os netos nos problemas existenciais que afligem os mais jovens. Diante de tanta aproximação, muitas vezes os avós satisfazem todas as vontades dos netos, não sabendo impor limites, fato que pode prejudicar o desenvolvimento educacional das crianças e adolescentes. Daí a importância de os avós utilizarem a sua experiência de vida e o bom senso para estabelecer limites ao comportamento dos netos. Isto não quer dizer que os avós devem agir como pais dos netos, até porque essa função é única dos pais, mas devem exigir respeito e orientar os jovens.   Atualmente, as pessoas assumem o papel de avós, em média, entre os 50 e os 60 anos, o que permite uma vida em comum com os netos por até 3 décadas, sendo que na última década os netos já são adultos. Do mesmo modo, esta maior longevidade dos avós possibilita que os netos possam conhecer todos os 4 avós, o que há algum tempo atrás era raro. O prolongamento da vida também torna possível cada vez mais a relação com bisavós. No entanto, muitos avós estão  fadados a serem avós por curto tempo; só enquanto tiverem “netinhos”. Logo, logo, o tempo passa célere e eles crescem tão rapidamente que não terão tempo de acompanhá-los. Passam simplesmente a receber esporádicas notícias do desempenho de cada um na luta pela independência total de suas vidas. Universidades, empregos, promoções, casamentos, família constituída, transferências para lugares distantes e inalcançáveis. Já idosos, ficam na expectativa de uma eventual visita, um telefonema,  um abraço apertado, um beijo carinhoso... uma lembrança de que ainda estam por aqui.  Não obstante, temos certeza de que, se necessário for, poderão contar com a ajuda deles numa ocasião aflitiva. Daqui de longe, continuam orando por eles, pedindo a Deus para que sempre recebam notícias alvissareiras sobre os filhos de seus filhos. A Organização Mundial de Saúde (OMS), mostra que até 2025 a população de idosos  no Brasil, crescerá 16 vezes contra 05 vezes da população atual, total o que nos dará a colocação de 6° país com a maior população idosa.  Muitas pessoas dizem que os avós são pais duas vezes.   Mas  o papel essencial dos avós dentro da família, resumindo podemos citar: o exemplo de vida, o valor da sabedoria, a experiência adquirida transmitida aos filhos e netos, o convívio harmonioso com as pessoas, entre vários outros motivos.
Mais importante do que qualquer teoria ou dados estatísticos, tornar-se avós é uma experiência que foge às nossas possibilidades de definição, pois não temos em nosso vocabulário uma palavra que possa exprimir com exatidão esse momento da vida. O que realmente podemos fazer é compartilhar com o nosso próximo a alegria de poder vivenciar essa oportunidade.  E nós queremos dividir e trocar com vocês essa alegria de sermos um novo tipo de avós, mais participantes, mais ativos e, ao mesmo tempo, homenagear aqueles que fizeram e fazem, como nós,  muito bem o papel de nossos avós tão queridos.  Aproveite  para reverenciar e dizer o quanto você ama os seus avós e enviar vibrações de carinho para aqueles que já se encontram no plano espiritual.
Os avós, nunca deixarão que as tristezas do ontem, as preocupações do amanhã, estraguem a felicidade do hoje.







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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

ACIDENTE OFÍDICO

                                                                                                                                                                Em várias cidades existe ou existiu pessoas que tem um costume de falar difícil, muitas delas tornaram-se  folclóricas por seu  português, que não usamos  em nosso dia a dia.   Existiu uma pessoa que merece ser lembrado pelo seu palavreado incomum. Trata-se do Calil, simplesmente, como todos os moradores de Itararé , conhecia-o.   Nos  bons tempos das serestas, lá estava ele, interpretando os grandes sucessos, para  alegria e satisfação pelos momentos inesquecíveis para os eternos namorados.  De um bom papo (quando estava sóbrio). Como seresteiro ( bom cantor), tornou-se,  uma pessoa popular. mas uns de seu perfil,  era falar difícil.   Quando praticava a seresta, o Calil, não cantava em capela, tinha vários companheiros que participavam de seu grupo musical.   Um belo dia, Calil tomou um chá de sumiço e seus companheiros seresteiros: Antônio Brum (Bicho Cru), Waldomiro Dias Domingues (Miro Vaca), Osvaldo de Souza  (Boneco), Nelson Antônio (Nerso Corvo), Arilton Vircéllho  Colturato (Burro Branco), e o grande violonista Teléco (violão sete cordas);   Perceberam sua falta. E como noticia ruim corre rápido, a turma logo souberam que o Calil, estava hospitalizado na Santa Casa de Itararé e resolveram fazer uma visitinha ao ilustre deitado com a perna direita esticada, dependurada e bastante inchada e logo o Miro Vaca, tomou a frente e lhe perguntou:"- Calil, a turma tá espantada com o teu sumiço, o que aconteceu ?" Se fosse um simples mortal, como todo mundo, responderia, na bucha, que aquilo tinha sido uma mordida de cobra e fim de papo. Mas como é o tal, na hora de falar, respondeu prontamente: “Meus diletos, fui vitimado por um acidente ofídico, isso foi um réptil maligno, do reino animália, reptiliana a Virpiridae,   Crotalus  durissus, vulgarmente conhecida de cobra cascavel, que com suas mandíbulas pontiagudas e presas inoculadoras de gotículas venenosas, num golpe preciso inoculou, no meu sensível, Tendão Calcâneo, popularmente conhecido como:  Calcanhar de Aquiles, este veneno, que por sua vez, automaticamente penetrou em minha corrente sanguínea percorrendo veias e artérias a uma velocidade media de oito quilômetros por hora, aproximando-se do coração e me deixando numa situação de saúde um tanto periclitante e ao mesmo tempo circuncisflautica. Mas, O grande médico, Dr. Jonas de Arruda Novaes, em tempo hábil, aplicou-me o soro antiofídico, por via intravenosa, pondo-me a salvo".
Vejamos alguns exemplos do  perfil elouquente,do falar difícil do Calil :                                             "NÃO PROCRASTRINE O QUE FOR DE FEITURA HODIERNA" (Não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje).

 "A BUCÉFALO DE OFERENDA NÃO SE PERQUIRE A CONFORMAÇÃO ODÔNTICA 
(A cavalo dado não se olha os dentes).

PROSOPOPÉIA FLÁCIDA PARA ACALENTAR BOVINOS" (Conversa mole para boi dormir).

CREDITAR O PRIMATA (Pagar o mico)
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INFLAR O VOLUME DA BOLSA ESCROTAL (Encher o saco)

IMPULSIONAR A EXTREMIDADE DO MEMBRO INFERIOR CONTRA A REGIÃO GLÚTEA DE ALGUÉM (Dar um pé na bunda)

DERRUBAR COM A EXTREMIDADE DO MEMBRO INFERIOR, O SUSTENTÁCULO DE UMA DAS UNIDADES DE ACAMPAMENTO  (Chutar o pau da barraca)

DEGLUTIR O BATRÁQUIO (Engolir o sapo)

COLOCAR O PROLONGAMENTO CAUDAL EM MEIO AOS MEMBROS INFERIORES ( Meter o rabo no meio das pernas)

DERRUBAR COM INTENÇÕES MORTAIS (Cair matando)

EXIMIR A QUALQUER TIPO DE SORTE (Azarar)

APLICAR A CONTRAVENÇÃO DO Dr JOÃO, DEFICIENTE FÍSICO DE UM DOS MEMBROS
SUPERIORES (Dar uma de João sem braço)".