Na década de 10 e inicio da de 20, do século passado. Itararé, era muito diferente dos dias de hoje. A começar pela falta de estrutura, pois nem energia elétrica com qualidade e constância havia na cidade. A iluminação publica não existia. Os fornecimentos de dia eram em dois períodos: matutino das 7 ás 10hs. e vespertino das 14 ás 17hs., já o noturno iniciava por volta das 18:30 e encerrava aproximadamente às 21:30hs. A grande curiosidade, no período noturno, quando aproximava-se o termino do fornecimento de energia elétrica, ocorria uma “piscada” na energia das casas, Todos sabiam que cinco minutos após aquela “piscada” a energia, seria suspensa. Esse anúncio evitava que as pessoas saíssem tropeçando no escuro para localizar e acender as suas velas, lamparinas, lampiões e candeeiros. Por essa razão, ninguém dormia com ventiladores, pois não teriam como liga-los sem energia. As pessoas se protegiam dos mosquitos usando os tradicionais mosquiteiros de filó, chamado também de cortinado. Esses mosquiteiros aumentavam ainda mais o calor, e por isso dormiam com a janela aberta, o que era um hábito muito comum. Pode até parecer estranho, mas não havia risco nenhum, vivíam em uma pacata cidade, sem violência. Impossível se fazer o mesmo nos dias de hoje. o jeito mais comum de refrescar-se nas casas e ruas itarareenses era usando leques ou outros materiais para abanar. Da mesma forma, acontecia com as geladeiras, sem energia ou com um fornecimento precário e intercalado, e logicamente muitos alimentos deterioravam, solução encontrada geladeiras que funcionavam a querosene. Essas geladeiras eram da marca Gelomatic e eram muito caras. Poucas pessoas possuíam esse luxuoso utensílio doméstico. As maioria das pessoas bebiam água armazenada em potes de barro, a carne de porco era conservada na banha, frutas, verduras e legumes consumidos. logo após a colheita. A principal mudança na casa foi o tamanho da despensa. “Antes, ela era enorme. Havia várias mantas de carne-de-sol e cestas cheias de ovos, latas de carne, conservada na banha muita coisa estragava e o estoque tinha de ser maior”. Não tinham televisão, a telefonia era municipal, os telefones eram conectados a uma central manual, operada por uma telefonista. O Usuário tinha que girar uma manivela para gerar a "corrente de toque" e chamar a telefonista que atendia e, através da solicitação do usuário, comutava os pontos manualmente através das "pegas". Assim um assinante era conectado ao outro, somente o rádio esporadicamente, cartas e telegramas. o Teatro São Pedro, passava filmes e apresentações ao vivo, como o anuncio datado 21 de novembro de 1917, no Jornal "O Itararé" : Hoje - Domingo - Grandiosa Estreia do Dr. Javier, Grande Hipnotizador e Cientista. O preço é o de costume - Às 20:OO hs. em ponto. Na véspera do natal do mesmo ano, um outro anuncio chama atenção: " HOJE - NO Quintal da Confeitaria Mellilo - Ás 15;00 hs. em ponto - MISS MARY - Será hipnotizada a vista do publico e sepultada viva!! Não faltem!! A única e ultima espetacular experiência em Itararé". Não havia muitos brinquedos, tinham que improvisar sempre; fabricavam os próprios brinquedos de madeira: carros, aviões, caminhões, trens, espingardas, piões, estilingues e outras coisas. Outras vezes, os meninos colocavam o cabo de vassouras entre as pernas e fingiam estar galopando em um cavalo. Não havia supermercados. O grande centro de comercio de alimentos era no Mercado Municipal (hoje Prefeitura Municipal) era o local com maior variedade de alimentos e estivas em geral, chamados também de secos e molhados. Nos bairros tinham pequenas mercearias e bares. A primeira máquina doméstica foi a de costura. A idéia de que um aparato mecânico podia realizar uma tarefa tão “manual” e enfadonha dava a ela um caráter quase milagroso. A mais famosa máquina de costura foi patenteada pelo alemão Isaac Singer, em 1857 (tanto que seu sobrenome virou sinônimo do instrumento por muitos anos). E voltando ao precário fornecimento de energia elétrica, em Itararé, a Alfaiataria ELEGÂNCIA de Flôr Florêncio, localizada na rua 15 de Novembro ( ruas não tinham numerações), Possuía um modelo, movido por um motor a gás, era barulhento e até perigoso. Ainda assim, era preferível ao trabalho de coser à mão, pelo Flôr. vejamos um anuncio publicado no Jornal "O Itararé", no ano de 1917: "Ternos com colete e paletós de 80$000 a 140$00, temos a famosa casimira "Aurora", "Linho 120" e outras variedades estrangeiras"; Isso tudo num tempo que comprar roupas prontas era coisa para os ricos. Banho: No inicio do século 19, acreditava-se na Europa (imaginem Itararé), em que banhos facilitariam a entrada de germes, já a água quente, na maioria das vezes esquentadas no fogão a lenha, onde utilizavam bacias ou tinas, facilitariam a entrada de germes, já que a água quente dilatava os poros. os médicos da época começaram a recomendar que as pessoas que se lavassem com maior frequência. Mesmo assim, as recomendações no cotidianos restringiam-se a algumas parte do corpo, como as mãos e o rosto. O sabão, tanto para higiene pessoal como para lavar roupas era os famosos "sabão de cinza", eram feitos de gordura animal e cinza da lenha que utilizavam no fogão. O mais comum é que mulheres fossem até o chafariz, no bairro Velho, ou no córrego do Prata, para lavarem as roupas (habito comum em nossa zona rural, até os dias atuais). Se lavar roupas já dava trabalho, imagine deixá-las tão esticadas quanto mandava a moda, a maioria dos ferros tinha uma cavidade onde se colocavam brasas quentes. Outros, nem isso, e era preciso esquentá-los direto no fogo, repetindo a operação sempre que esfriava. Para deixar a roupa mais lisa, usava-se farinha de mandioca e água para fazer uma espécie de grude fino que ficou conhecido como goma (daí a expressão “engomar a roupa”). Depois de seca, a peça era mergulhada em uma bacia que continha água e um pouco da goma e colocada ao sol novamente. Algumas mulheres também espalhavam cera de vela no ferro para o mesmo deslizar e não deixasse rugas nas roupas. Sanitários, eram latrinas de fossa convencional, as famosas "casinhas", que em determinado tempo tinha-se que colocar cal virgem para desinfetar, os dejetos humanos e quando enxiam tinham que ser soterrada, muita gente virava-se como podia; Crianças por exemplo, iam até a porta de casa e faziam xixi na rua, tranquilamente. Para acender o fogão para o café da manhã era um "Deus nos acuda", a chaminé tinha que ser limpo periodicamente por causa dos picumãs que se acumulavam-se na chaminé, se não houvesse essa rotina os cômodos das casa enchiam de fumaça, onde se exalava um cheiro bem desagradável, principalmente quando se impregnava- se nas roupas de vestimentas ou nas de mesa, cama e banho. Nada de acidentes de carro, visto que havia poucos veículos na cidade. Apenas algumas, bicicletas, carroças, charretes e Fordinho Bigode Este último era tão luxuoso que era o carro pra quem tinha posse Nossos avós ouviam as noticias, transmitidas pela Rádio e liam o Jornal Estadão e Jornal O Itararé. A meninada andavam descalços, tomavam banho de chuva, mergulhavam nos rios do Prata e Caiçara. O povo bebiam água da torneira ou de mina, comíam de tudo... Não se falava em colesterol, diabete, os triglicerídeos, stress e nem haviam inventado o termo bullying.. Não havia nada virtual. Vivíam uma relação mais próxima com os amigos, pessoas conversavam pessoalmente, no bancos da Praça da Matriz, contavam casos, se abraçavam e se respeitavam.
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