Caminho bonito é o que leva de Jaguariaíva até Itararé Estrada de terra; Bonita e com o chão vermelho que chega a refletir nos olhos. No trecho do Cânion Jaguaricatu, as margens do rio do mesmo nome, no Caminho das Tropas de cada lado, arvores com mais de 10 metros de altura e que na copa se encontram e abraçam como casais em lua de mel. Durante todo o dia quando se caminha por essas terras ouve-se silencio e calmaria, só quebrado pelos cantos dos passarinhos. E esses são muitos: Canário da Terra, Coleirinha, Sabiá, Tico-tico, Merro, Curió, Patativas, Bem-te-vi.. Trilhas das Sete Cachoeiras, Cânion do Rio Jaguaricatu, Cachoeira do Lajeado, Porto Velho, Cachoeira da Erva Doce, que forma-se uma piscina natural com água batendo nas canelas e onde em dias de calor se toma um banho e uma massagem natural na cachoeira. Subindo a serra da Erva Doce, a beira do Caminho, a Cruz de Ferro, no tumulo do tropeiro Antônio Jozé Correia, sepultado em 06 de janeiro 1852. Porem toda essa beleza é encoberta pela noite, quando não se vê nem a luz da lua e a cantoria de passarinho é cortada pelo pio agourento de coruja, o miar, o urrar das suçuarana e pelo ranger das arvores, que quando sopra o vento parece que vão cair na cabeça da gente. Diva Aventura Dias, nos narrou um caso que aconteceu com o seu pai Boa Aventura Dias, nesse trecho que os tropeiros tinham medo de assombrações: " Certa feita meu pai, fazia uma tropeada de porcos, picada no Sertão de Cima, município de Jaguariaíva, para o Jacó Pedroso, até Itararé. O Pouso da Erva Doce, , parada obrigatória dos tropeiros, além da agua de fácil acesso, pastagem abundante para as tropas de muares e bovinos e arvores com boas sombras principalmente para as tropeadas de porcos. Meu pai, teve que ir do pouso da Eva Doce, até Sengés, durante a noite, modo de comprar uns remédios para seu companheiro, Luciano Rosa, que estava meio perrengado. O pior era tempo de quaresma numa sexta-feira e por toda parte se ouvia caso de assombração. Principalmente neste trecho do Caminho das Tropas, devido a sepultura do tropeiro da cruz de ferro Acompanhado pelo medo e por sua varinha de pau mulato, meu pai, Boa Ventura, partiu a passos largos, com sua mulinha Fióca. De repente ouve ao longe o trotar de cavalo e um assovio cortando o silencio. Logo se lembrou da história que mais tinha medo; que seu avô contava da Mula Sem Cabeça: A gente ouve três trotar. O primeiro a bicha está bem longe, o segundo ela já estava por perto e o terceiro é melhor nem escutar, Meu pai, apertou um pouco o passo da Fióca e seguiu em frente. Certo tempo depois ele ouve o segundo trotar. Arrepiado de medo ele lembra que seu avô dizia que para fugir de Mula Sem Cabeça era preciso esconder as unhas, fechar a boca modo de esconder os dentes e fechar os olhos. Por esse tempo ele estava passando pelas proximidades da Ponte do Porto Velho, resolveu esconder de baixo na cabeceira da ponte, amarrando Fióca, num mourão de uma porteira velha . Assim o fez. Foi para debaixo da ponte colocou a mão nos bolsos, fechou a boca e os olhos. De repente o pai, sente que tem companhia. Sem coragem para abrir os olhos e tremendo de medo sente outra pessoa encostando-se nele com tremedeira e igual falta de coragem. Foi quando se ouviu o terceiro trotar e um assovio assombroso. E essa trotar foi logo acima da ponte. Mas passou e foi em direção a Barreira. Deu até pra sentir o clarão do fogo que saia das venta da bichona. Aliviado meu pai, tira as mãos do bolso, abre a boca e os olhos. Quando dá por si quem é que ta do seu lado? O Lobisomem!!!!! Tadinho do pai Ventura!! Ele enche os pulmões de ar e exclama: -Você também tem medo de Mula Sem Cabeça né rapaz...". O lobisomem é um dos mais populares monstros fictícios do mundo. Suas origens se encontram na mitologia grega, porém sua história se desenvolveu na Europa. A lenda do lobisomem é muito conhecida no folclore brasileiro, sendo que algumas pessoas, especialmente aquelas mais velhas e que moram nas regiões rurais e no tempo das tropas, de fato creem na existência do monstro. A figura do lobisomem é de um monstro que mistura formas humanas e de lobo. Segunda a lenda, quando uma mulher tem 7 filhas e, depois, um homem, esse último filho será um Lobisomem. Quando nasce, a criança é pálida, magra e possui as orelhas um pouco compridas. As formas de lobisomem aparecem a partir dos 13 anos de idade. Na primeira noite de terça ou sexta-feira após seu 13º aniversário, o garoto sai à noite e no silêncio da noite se transforma pela primeira vez em lobisomem e uiva para a Lua, semelhante a um lobo. Após a primeira transformação, o homem se transforma em lobisomem e passa a visitar 7 partes da região, 7 pátios de igreja, 7 vilas e 7 encruzilhadas. Por onde ele passa, açoita os cachorros e desliga todas as luzes que vê, além de uivar de forma aterrorizante. Quando está quase amanhecendo, o lobisomem volta a ser homem. Segundo o folclore, para findar a situação de lobisomem é necessário que alguém bata bem forte em sua cabeça. Algumas versões da história dizem que os monstros têm preferência por bebês não batizados, fazendo com que as famílias batizem suas crianças o mais rápido possível. Voltando o caso que a Diva Dias, nos narrou do encontro, por acaso com o lobisomem escondendo-se pelo medo da Mula Sem Cabeça. "Por sorte do papai: O dia começou amanhecer e ele viu a transformação para um homem que nunca tinha visto e tão pouco não sabia aonde se encontrava".
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