Na minha imaginação. Um carro de boi descia lentamente a rua cascalhada em direção a Estação Ferroviária, levando uma pesada carga de algodão. , para a beneficiar na algodoeira do Gabriel Jorge Merege., que ficava bem próxima da estação. O carreiro Alan Kardec Ferreira, ia à frente da boiada de seis bois zebus mouro-rosa. A longa vara de guatambu, quase três metros, descansava solene no ombro da camisa xadrez azul e branco, com a ponta voltada para o céu. De vez em quando ele olhava para trás e brandia o ferrão fazendo a argola tilintar para mostrar à junta de guia a direção a seguir, embora a boiada já conhecesse de cor e salteado aquele trajeto, trazendo cargas de feijão, milho, lenha em outras ocasiões do ano, para serem transportada pela E.F. Sorocabana. Alan Kardec, carreiro de meia idade, homem alto, rude, pele queimada debaixo de um chapéu de junco amarelado, porém bem conservado – era o chapéu de vir à praça. O da lida diária lá no bairro de Santa Cruz dos Lopes, era de palha e estava bastante puído – seguia meio cabisbaixo parecendo enfadado. Não seguia sozinho. Atrás do carro que cantava triste uma melodia indefinida, seguia seu filho que devia ter uns 12 anos. O garoto com as bochechas rosadas do sol da manha, se vestia parecido com o pai; Bota cano alto de couro cru, calça brim , de pouco uso, camisa xadrez azul -branco. O chapéu era de palha branca com uma listra azul e estava preso à cabeça por uma tira de couro que passava por baixo do queixo. Parecia estar usando pela segunda ou terceira vez. Muito vivaz, corria de um lado a outro do carro dando ordens – desnecessárias – à parruda junta de coice. (Quero fazer um adendo verídico, nessa imaginária narração: Alan Kardec Ferreira, foi uns dos maiores carreiros de Itararé, construiu com demais carreiros e carroceiros a estrada que liga Santa Cruz dos Lopes/Matão/Santa Barbara/Lajeado, a foice e enxadão, construiu várias pontes. O Prefeito Floriano Cortes, fez uma justa homenagem. perpetuando-o com nome dado a estrada municipal citada. Após esse adendo, continuo com as memorias, com personagens que embora no anonimato muito fizeram por Itararé).
Pouco abaixo da esquina o carro que descia carregado cruzou com outro que subia. Era puxado por uma boiada de quatro juntas, todos bois jovens, de cerca de quatro anos, exceto a junta de coice, mais herada. A boiada, também moira, predominantemente branca, puxava um carro parcialmente vazio com sacos de milho, para o Carlito Mench, tropeiro, comprador de muares e suínos, por isso cantava menos, predominando o som grotesco e sem ritmo das duas rodas de ferro no cascalho rústico da velha rua, o carreiro era o senhor Boa Aventura Dias, Naquele momento passaram também dois cavaleiros lado a lado em direção ao Corredor da Cruz (atual rua Santa Cruz), rumo ao Paraná. O da direita montava um imenso cavalo baio, crina dourada bem aparada, era um comprador de suínos do Frigorifico Matarazzo, enquanto o da esquerda, o senhor José de Lima, um dos maiores compradores de suínos de nossa terrinha. Cavalgava uma garbosa mula preta marchadeira com orelhas tão grandes que mais pareciam um coelho, era a mula Cigana , famosa pelo causo narrado pelo José Maria do Ponto. O baio levava no arreio um pelego pardo, combinando o tom de cor com a da pelagem, enquanto a mula preta tinha o peso mais leve do muladeiro atenuado por um pelego vermelho e uma sela preta com cabeçalho de prata o peitoril com argolas de alpaca . Não levavam nada além da guaiaca., mas, ambos carregavam uma mala de garupa, nas ancas dos animais.
Bem vestidos e cobertos por chapelões de feltro, pareciam que iam à negocio para compra de porcos, na região de São Domingos. Carros de bois, cavalos, cavaleiros, mulas burros, tropeiros, porcos e uma bagageira que surgia na curva da rua São Pedro, com a rua Cel. Frutuoso (a do Grupo Escolar de Itararé e do mercado) não eram novidades para ninguém, estavam acostumado com este trafego no Caminho das tropas ( R. São Pedro). Mas fazia um meses que eu mudara e morasse a uns deis quarteirões dali, fazia bom tempo que não vinha deste lado da cidade. Por isso fiquei alguns minutos observando o transito… para matar a saudade., muitas vezes poeirenta, às vezes barrenta e às vezes pedregulhenta rua São Pedro era rota imprescindível de carreiros, cavaleiros e tropeiros que vinham de Santa Cruz, Pedra Branca Cerrado entre outros bairros de Itararé, trazendo algodão, arroz, milho, feijão, polvilho, frangos, ovos, rapadura, farinha de monjolo e outros produtos agrícolas do norte do município para abastecer o mercado o comercio em geral e as casas, pois muitos sitiantes paravam suas carroças em um quarteirão e vendiam a domicilio para as donas de casa que faziam suas compras. Quantas boiadas e tropas passaram oriundas do sul do Brasil. Para atravessar a rua das tropas ( São Pedro), os pedestre tinham que desviarem dos estrumes, que aliais, muitos moradores faziam a coleta para adubar sua horta e jardim. Esta era a pacata e lendária Itararé.
Eu posso mudar. Eu posso viver da minha imaginação ao invés da minha memória, que tem um potencial ilimitado ao invés da minha limitada imaginação.
Frase de itarareense: "Se nos pensamos, existimos. Se nos percamos , resistimos. Se nos encontramos, persistimos. Se nos alegramos investimos. Se aborreçamos desistimos. Somos isso e nada disso. Bendito! Maldito! Sombra e viço,/ Nosso próprio feitiço". - Dr. Ní Lobo.
Pouco abaixo da esquina o carro que descia carregado cruzou com outro que subia. Era puxado por uma boiada de quatro juntas, todos bois jovens, de cerca de quatro anos, exceto a junta de coice, mais herada. A boiada, também moira, predominantemente branca, puxava um carro parcialmente vazio com sacos de milho, para o Carlito Mench, tropeiro, comprador de muares e suínos, por isso cantava menos, predominando o som grotesco e sem ritmo das duas rodas de ferro no cascalho rústico da velha rua, o carreiro era o senhor Boa Aventura Dias, Naquele momento passaram também dois cavaleiros lado a lado em direção ao Corredor da Cruz (atual rua Santa Cruz), rumo ao Paraná. O da direita montava um imenso cavalo baio, crina dourada bem aparada, era um comprador de suínos do Frigorifico Matarazzo, enquanto o da esquerda, o senhor José de Lima, um dos maiores compradores de suínos de nossa terrinha. Cavalgava uma garbosa mula preta marchadeira com orelhas tão grandes que mais pareciam um coelho, era a mula Cigana , famosa pelo causo narrado pelo José Maria do Ponto. O baio levava no arreio um pelego pardo, combinando o tom de cor com a da pelagem, enquanto a mula preta tinha o peso mais leve do muladeiro atenuado por um pelego vermelho e uma sela preta com cabeçalho de prata o peitoril com argolas de alpaca . Não levavam nada além da guaiaca., mas, ambos carregavam uma mala de garupa, nas ancas dos animais.
Bem vestidos e cobertos por chapelões de feltro, pareciam que iam à negocio para compra de porcos, na região de São Domingos. Carros de bois, cavalos, cavaleiros, mulas burros, tropeiros, porcos e uma bagageira que surgia na curva da rua São Pedro, com a rua Cel. Frutuoso (a do Grupo Escolar de Itararé e do mercado) não eram novidades para ninguém, estavam acostumado com este trafego no Caminho das tropas ( R. São Pedro). Mas fazia um meses que eu mudara e morasse a uns deis quarteirões dali, fazia bom tempo que não vinha deste lado da cidade. Por isso fiquei alguns minutos observando o transito… para matar a saudade., muitas vezes poeirenta, às vezes barrenta e às vezes pedregulhenta rua São Pedro era rota imprescindível de carreiros, cavaleiros e tropeiros que vinham de Santa Cruz, Pedra Branca Cerrado entre outros bairros de Itararé, trazendo algodão, arroz, milho, feijão, polvilho, frangos, ovos, rapadura, farinha de monjolo e outros produtos agrícolas do norte do município para abastecer o mercado o comercio em geral e as casas, pois muitos sitiantes paravam suas carroças em um quarteirão e vendiam a domicilio para as donas de casa que faziam suas compras. Quantas boiadas e tropas passaram oriundas do sul do Brasil. Para atravessar a rua das tropas ( São Pedro), os pedestre tinham que desviarem dos estrumes, que aliais, muitos moradores faziam a coleta para adubar sua horta e jardim. Esta era a pacata e lendária Itararé.
Eu posso mudar. Eu posso viver da minha imaginação ao invés da minha memória, que tem um potencial ilimitado ao invés da minha limitada imaginação.
Frase de itarareense: "Se nos pensamos, existimos. Se nos percamos , resistimos. Se nos encontramos, persistimos. Se nos alegramos investimos. Se aborreçamos desistimos. Somos isso e nada disso. Bendito! Maldito! Sombra e viço,/ Nosso próprio feitiço". - Dr. Ní Lobo.
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