Pesquisar este blog

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA ITARRÉ


 
                                                     
Descendo a rua Newton Prado, logo avista-se o prédio da antiga Estação Ferroviária de Itararé, e a estrada de ferro que cortava o lado sul da  cidade.  Em 1979, entretanto, os trens de passageiros para Itararé foram suspensos pela Fepasa. Poucos anos antes, a Fepasa havia inaugurado o ramal de Pinhalzinho, que saía de Itapeva com direção à divisa do Paraná encurtando a distância que as composições teriam de percorrer para chegar ao Sul. Isto esvaziou o trecho Itapeva-Itararé do ramal, até que, em 1993, o tráfego acabou, com a supressão do trecho Itararé-Jaguariaíva, da RFFSA. A Estação Ferroviária de Itararé,  que era uma das maiores e mais importantes estações da Sorocabana ficou isolada, bem como todas as estações que se situavam além de Itapeva e sem cargas para justificar seu uso. Há poucos anos, quando os trilhos da RFFSA no Paraná, até Jaguariaíva, foram retirados, a Fepasa acabou por permitir a retirada dos seus trilhos da área central de Itararé.  A estação foi abandonada.  Tive o dessabor, de ver seus dormentes carcomidos e desgastados   pelo tempo que  apresentavam sulcos, buracos e  descansavam sobre si os pesados trilhos da ferrovia, mais mesmo assim teimavam em resistir.  Um pouco a frente era a famosa e imponente Estação Ferroviária, desejando boas vindas aos que desembargavam e desejando boa viagem a quem partiam.  Pensando em resgatar, o frenético movimento, da Estação de Itararé, coletei vários depoimentos de ex-ferroviários ou de seus familiares.  Um dia, na década de 1950:   
Deslizando sobre a estrada de ferro aproximava uma locomotiva diminuindo a marcha para estacionar em seu pátio.   O resfolegar da máquina denotava bravura seguida da insistência da caldeira tentando colocar força, mas sendo retida pelos freios acionados pelo maquinista José Vieira de Barros, que de seu ponto de operação começa puxar a corrente fazendo o "cavalo de ferro", apitar e soltar mais fumaça.   A plataforma como era de se esperar recebia os mais diversos transeuntes que se misturavam com os passageiros.   Ao fundo, tentando desvencilhar do aglomerado de pessoas avistava o caixeiro-viajante, o saudoso Dito "Singer", como era conhecido em nossa cidade , com sua inseparável mala de madeira revestida  de um material meio amarelado, desviando de um ou de outro;  Próximo dele uma senhora bonita, desfilando de forma elegante, conduzia pendurado  no antebraço uma sombrinha fechada e bem pertinho a mão de seu amado marido, o saudoso Ari Mariano, funcionário da agência Willians, cujo o proprietário o sr. Oswaldo Silva, já acomodado em um dos bancos, no vagão de primeira classe, fazia o ritual para acender seu inseparável charuto.  Andando a passos largos, o Pedro Bueno, agente ferroviário com sua farda e quepe na cabeça diferenciando dos demais, no mesmo instante que começava soprar o apito, indicando para aqueles que aguardavam que estava na hora de embarcar.   A sua frente cruzou o Antônio Brum (Bicho Cru), com terno  de linho 120 branco, na cabeça um chapéu de coco, sapato branco e não usava meias em umas das mão entre os dedos uma cigarrilha e com a outra deslizava para o bolsinho da calça, onde puxou um relógio pendurado em uma corrente para conferir a hora.   O vai e vem de pessoas subindo e descendo do trem, caminhando pela estação, parecia não acabar, alguns paravam para saborear uns salgadinhos, e beber um famoso refrigerante de Itararé,  a famosa  sodinha Vilela, no bar da Estação de propriedade do Francisco Vicente da Silva (Chico Preto).  Saí, contemplando aquele cenário que demostrou fartura, quando um pouco adiante me deparei com outra composição ferroviária um trem cargueiro estacionado em frente do depósito  de mercadorias.   Do mesmo modo da estação, o movimento a sua volta com muitas pessoas.   Os carregadores , chapas ou estivadores, alguns com camisa, outros sem, empunham sobre a cabeça uma rodilha de pano e couro, uma espécie de suporte  usado para ajudar a apoiar e aliviar os pesos dos fardos de algodão ou sacarias que carregavam,   num frenesi constantes, entre eles, o Zé Beleza e o Biguá, ao lado dois  vagões estacionados carregado, um de sacarias com arroz cateto, o outo carregado de barris de vinhos "Vanguarda", oriundos da serra gaúchas, prontos para a descarga, no caminhão De Soto,  dirigido pelo Dito Caetano, foi 1°. caminhão da frota, do empresário Gumercindo Ferreira Santos, estabelecido na São Pedro-2.222. Do outro lado, várias carroças aguardavam o descarregamento de vários tipos de mercadorias para o comercio de Itararé, e também carregadas de mercadorias para despachar para vários municípios, lá estava o Francisco Assis Stlader (Acir), com sua carroça, para mais um dia de trabalho. O Boa Aventura Dias, com seu carro de boi, transportava fardos de algodão da Algodoeira do Gabriel Jorge Merege, localizada bem próxima da estação.   O que chamou atenção, foi um carregamento da Banha Caiçara, produzida pelo empresário Antônio Pelissari, para despachar para São Paulo e para vários municípios, levando o nome de Itararé, por esse Brasil afora.    Além das carroças, caminhões oriundos da nossa zona rural com vários tipos de produtos agrícolas: feijão, milho e  trigo; A lenha, era transportadas pelos caminhões da frota da ferrovia, e um dos motoristas era o Clidão Preto;   Laercio Silva, no seu caminhão "Diamante Azul", Nelson de Almeida (Tenente), Celso Teixeira (Guacé), entre outros. Os taxistas, tinham um ponto rotativo na estação, dentre eles : José Silva (Zezé), Mário Libanio, João Lara dos Santos (Tambiú), Wanderlei Ferreira Paes (Xaxá ) ,  Benedito Galvão dos Santos (Pixilico)... Os motoristas para matarem o tempo, formavam rodas de conversa e piadas regadas de risos e gargalhadas.   O movimento da estação, continuava sua sina, agora com despedidas das mais diversas, beijos leves, abraços e as recomendações para quem embarcava.   O universo de conversas, choros e acenos era cortado e atrapalhado pelo silvar do apito do Agente Ferroviário, indicando que a locomotiva estava próxima de partir.  O Zé Vieira, novamente iniciava na  maquina de ferro, o resfolegar  feroz, como a dizer  todos que queria ganhar estrada.   Na estação, pude ver sua plataforma começando a esvaziar, os bancos quase desocupados.  O "Dito Louco", finalizando a limpeza da gare e no átrio, onde ficavam as salas das bilheterias telegrafo, a escadaria  de acesso e alguns funcionários concluindo suas tarefas.   Após sua desativação, alguns anos depois,  passando em frente ao prédio que era o armazém e residência  do sr. Antônio Pelissari, vi um  paredão, pintado a cal, na grande lateral, não trazia mais gravada em letras enormes o nome daquela que era a maior de nossa região: Algodoeira Gabriel Jorge Merege Ltda.  No interior do prédio, entulhos e um amontoado de ferragens enferrujadas e ao centro destacava-se a maquina de beneficiar algodão..   Novamente voltei a olhar para a estação e o que vi foram portas e janelas fechadas, algumas carcomidas e deterioradas.   A sua volta nenhum  cargueiro de pessoas ou de mercadorias.  A sua estruturas, com enormes vigas, abrigavam um grande criatório de  pombos.  Na plataforma nenhum pé de pessoa, nenhum trem, apenas o vazio, apenas o nada.  Permaneci parado contrastando o cenário passado com o atual.  E subitamente voltei o olhar para os Dormentes e Trilhos, protagonistas e testemunhas mudas de uma grande história do passado de Itararé; Maior entreposto de madeiras do Brasil.  Maior fornecedor de suínos do Estado de São Paulo.  Destaque na plantação de trigo e a Capital do feijão.  Tudo isso aconteceu na "Sentinela da Fronteira", que num passado não muito distante proporcionou cenas de uma economia quase imbatível.
Frase de itarareense - "Sistema ferroviário: Orgulho mundial;  Vergonha brasileira":  José Vieira de Barros.


 




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Do baú do Jornal "O Itararé"

         
                                                                      
BANCOS PARA JARDIM...
A exemplo de que se faz em todas as localidades adiantadas, alguns cavalheiros progressistas da nossa terra, tomaram a iniciativa de subscreverem-se quotizando-se para aquisição de bancos necessários para o jardim da praça Coronel Jordão, em via de ser concluída.   Assim pois, a Câmara de Vereadores, despendendo pequena parcela, terá conseguido em breve a instalação de mais este melhoramento, n’aquele logradouro público.   Já subscreveram doando um banco:  Coronel Adolpho Pimentel, Major Leôncio Pimentel, Cel. Frutuoso Pimentel Junior , Antônio de Queiroz, Fêres Chueri, Simão Chueri,   Joaquim Dias Tatit, Francisco Nogueira, Glicério de Almeida Pimentel, Felipe Chueri, João Rossi, Mauricio Pedroso, Maestro José Melillo, Padre Caetano Jovino, Professor Tomé Teixeira , Hercules Peppo Trabalhi, Irmãos Chueri Ltda., a redação do Jornal “O Itararé”.   A Câmara Municipal, com 7 bancos. Itararé, 5 de janeiro 1913.

ÁGUA
Paga-se, sem multa, na tesouraria da Câmara Municipal, até o dia 31 de dezembro 1913, a taxa de agua, e os que, até aquela data, não satisfazerem os respectivos pagamentos, terão as suas habitações desprovidas do precioso liquido, porque serão cortadas as ligações.
FISCAL - HERCULES PEPPO TRABALHI. 

DENÚNCIA...
"O PARAISO DAS SEPENTES"...
Bela terra é o município de Itararé;   Bom clima, sem rival no Estado, boas águas, bom povo, topografia incomparável, tudo encontra o que aqui visitam, principalmente suas belezas naturais.   E tudo fala a imaginação.   Decididamente o Itararé, é um pedaço do paraíso.. Do paraíso?  Sim, mas toda a medalha tem o seu reverso;  Aquelas várzeas, que   ali  aos nossos olhares, abrigam multidões de ratos e coelhos, tem em seu seio as mais terríveis variedades de ofídios, que se possa imaginar...Jararacas, caninanas, cascavéis, urutus, cotiaras...  Quer saber o porque desta infestação de toda essa série infinita de cobras venenosas e que  falam-nos os hepertologista: "As cobras  se aninham,
nas várzeas que margeiam o rio do Prata, porque são atraídas pelos coelhos e ratos, seus  petiscos prediletos, bem sabem á digestão ofídica".   Dali do "quartel general"; Irradiam, emaranhando  pelo matagal espeço das várzeas.    Será que é  consequência da alta do preço da foice?;  Ou é inercia do executivo?   Pode-se sem  exagero afirmar, que em cada quintal residencial de Itararé, abriga-se uma cobra venenosa, ameaçando constantemente os pacienciosos e pacíficos moradores de nossa cidade.  FATOS:  Um dias deste o Cel. Nenê Sobrinho, ao mandar capinar o quintal de sua casa, encontrou duas enormes cotiaras , que foram mortas a tiros;  No quintal do Professor Tomé Teixeira, foi morta uma jararaca do rabo branco;  Bem a frente da casa do sr. Alberto Fiuza, foi morta há dias uma coral-verdadeira, quando saiba, em baixo do assoalho;  Na casa do sr. José Theodoro de Faria, jiboia com mais de um metro de comprimento, foi morta a golpes de facão;  Na casa do sr. Juqueta, foi morta uma urutu a tiros, debaixo de uma cama; na casa onde estavam instaladas as oficinas do "O Itararé", foram mortas a paulada duas cobras  cascavel.   E assim por diante...   O PERIGO?  As várzeas paludosas  cheias de ratos e coelhos. O REMÉDIO: Esse só pode dar a prefeitura, que anunciou (fita?), o saneamento da várzea da Estação e a plantação de eucaliptos a margem do rio da Plata, que em breve será canalizado.   TEM A PALAVRA O PREFEITO!!   Itararé, 09 de março de 1913 - JUCA TIGRE.

Frase de itarareense: "Cargo de livre nomeação foi uma forma que inventaram de impor à Administração Pública a presença de pessoas que não tiveram capacidade para passar em concurso público, nem a competência para ganhar uma eleição, para vereador.  Não terei, assessores de palanque e sim os que forem qualificados para os cargos específicos". Prefeito - Dr. Clayton Sguário - Por ocasião de sua posse em 02 de fevereiro 1969.

Em tempo: Aguardem a resposta do Prefeito Municipal, ao colunista do Jornal "O Itararé", "Juca Tigre".

terça-feira, 3 de novembro de 2015

A melhor idade...- O porque do apelido:"Bota Seca"- Resposta a cavagaldura...

A melhor idade...
Não sei bem ao certo, mas deduzo que nos tempos atuais os velhos são outros. Diferentes, digamos assim. Pois conforme a idade vem chegando, ou melhor, avançando e a velhice chegando, temos que ir aceitando aquilo que ela nos impõe.  Para as ruga e as peles, haja consulta no dermatologista, antigamente a babosa dava um jeito.   A caminhada, não existia, pois antigamente, no seu dia-dia, não existia elevador; (somente escada, portão eletrônico, (só o de tranca), controle remoto (só o botão de liga e desliga). Não precisava-se de academia, só os seus esforços do cotidiano era uma malhação.  Em outros tempos, nada fazia mal, não havia restrição em consumir ovos fritos, carne de porco, doce de abobra, de cidra, de laranja, melado, rapadura (até com amendoim), arroz com frango, franguinho ao molho feito na própria banha do penoso. Tudo isso era rebatido com um chá de "carqueja" ou "marcela".   Nos comércios das feiras-livres , aqueles pastéis (com quase meio quilo cada um), bem temperados, recheados com ovo e guisado e de lambuja uma pimentinha, fritos na banha de porco, que ao mordermos, escorria pelo canto da boca. Sem contar que ao meio dia, uma costela gorda, de gado ou de carneiro, descia redonda após deixar um pouco da graxa no queixo ou no bigode, tudo era irrigado por um vinho colonial, após alguns goles de canha pura, um aperitivo para abrir o apetite.   Não podia faltar o cafezinho e para alguns até um  cigarrinho de palha.   Daí então que hoje somos outros velhos, diferentes. Diferentes? Pois é, não comemos comidas com banha de porco (só com ´0leo de milho ou de canola) ovos fritos, raramente, arroz (integral) com frango somente sem a pele da ave, doces sem adição de açúcar, não vamos nas barracas  para desbuchar um pastel de feira,  garapa de cana,  nem pensar,  vinho, somente 1/2 taça e escolhemos o da uva que melhor combata o colesterol.   Aqui na cidade passamos por bares, lanchonetes padarias, restaurantes, cachorrões, churrasquinhos, etc. Se chegamos em um destes estabelecimentos , devemos observar que carne gorda não faz bem, que cerveja e refrigerantes causam "pressão alta",  o café provoca insônia,   que as frituras entope as veias e assim vai.  Somos velhos recheados de remédios e com vontade de comer e beber aquilo que gostamos.  Somos velhos diferentes, ou melhor,  idosos na melhor idade, háhahaha!, faz me rir o que , estamos comendo.  e ainda dizem que essa é a  melhor idade.

 

O porque do apelido: "Bota Seca".
Quando conheci o Nenê  Bota Seca, sua única ocupação era de pescador e caçador. Não fazia outra coisa que não fosse isso. Ele se reunia com mais 3 amigos, sempre nas sextas-feiras e lá iam eles pro sertão lá pras bandas de  Santa Cruz dos Lopes, onde tinha um rancho em um trecho das Corredeiras Paulista, no rio Itararé;   Construído por ele, onde passava 2 dias caçando e pescando.  Numa dessas pescarias, fui junto, convidado pelo Nenê,  Dessa vez, especificamente também foi  um homem alto e gordo que tinha recém chegado da cidade de Pouso Alegre, Minas Gerais.   Veio com  a esposa para conhecer Itararé, e adquirir uma casa residencial e também uma chácara ou rancho de pescaria para o seu lazer, já que era aposentado e seu hobby era pescar, seu nome era Francisco Aleixo Medeiros.    Saímos da cidade de Itararé, às 5 horas da matina. Lá prás 6 horas mais ou menos, o Nenê , que dirigia o seu jipinho Willis 51, parou na descida da Usina Maringá e logo atrás seu Francisco, também parou sua perua.  O nenê falou: – Eh pessoar, vou dar uma mijada e vorto já;  Estava acabando de mijar, quando ele disse:– Como é bom mijar no que é da gente!  Foi aí que o Francisco, que estava a fim de comprar o Rancho, perguntou: –  Essas terras também são de vosmecê? – Não Seo Francisco , mas as botas são.  Foi devido a esse seu habito  que foi carinhosamente apelidado pelo Eli Gorki, de "Nenê Bota Seca",  Suas botas nunca foram engraxadas  e   para deixa-las macias sempre mijava sobre elas... 


RESPOSTA A CAVALGADURA... 
Dr. Rubens Lobo Ribeiro, era um vereador de Itararé, muito culto e, grande tribuno, dono de admirada rapidez de raciocínio.     Certa sessão ordinária, discursava na Tribuna da Câmara, tentando ignorar os pedidos de aparte do  vereador Alraci  Pacheco Martins, da situação, que gritava: V. Excelência, foge ao debate!  É incoerente!  Dá no cravo, outra na ferradura!       - Ledo engano, responde Dr. Rubens,  V. Excelência,   que é o culpado!  Pois que se mexe tanto? Assim não posso  ferrar-te... O plenário desabou em demorada gargalhada.
 
Frase de itarareense: "Chega de falar que já ganhamos, ninguém é dono do seu  amanhã": Francisco Alves Negrão, Comício da  campanha de 1968, como candidato a vice-prefeito de Clayton Sguário.