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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

SANTA MISSÃO...

Na década de 1950,  em pleno  ciclo da madeira em Itararé e região, apareceram padres   pregando o evangelho,  tentando, dado ao grande números de incrédulos que trabalhavam no corte de madeiras e serrarias instaladas nas zonas rurais dos municípios de nossa região; Originários de vários estados brasileiros.   Proporcionavam  muitas brigas com posseiros mortes, crimes quase que hediondo..  Então, a igreja, resolveu mandar os padres, para esses lugares , onde o povo, desconhecia totalmente os mandamentos da lei de Deus. Os padres percorriam as regiões fazendo suas pregações e com isto,    ficavam até 3 ou mais meses pregando, sem voltarem a sede das  igrejas     de  vários municípios de nossa região  no Estado de São Paulo, como vários municípios da região Leste, do Estado do Paraná. Ambas regiões, em muitos locais não possuíam estradas de rodagem, o padre e um sacristão, percorriam as paróquias, quase sempre em cavalos e animais de carga, levando os seus apetrechos e mantimentos para o sustento dos mesmos, durante as pregações. Eles pediam a algum fazendeiro ou nas serrarias  do lugar uma ajuda, como, mantimentos, um empregado para ajudá-los nas viagens, enfim um ajudante que ficasse permanentemente junto deles, o gerente da Fazenda Morungava, Elídio Leal,  cedeu um empregado, conhecido pelo nome de  “Chico Duardo”, negro do “zoi” limpo, como diziam seus colegas la da fazenda.    Arranjou dois cavalos e  uma mula de serviço, cangalha e dois balaios para transporte das coisas dos religiosos, panelas para fazer comida e tudo mais necessário aos dois crentes.   Assim, partiram com destino ao um lugar chamado Santo Antônio,  pequeno arraial na redondeza, onde tinha uma serraria e acontecia a maioria dos entreveros de pistolagem. Passado uns 15 dias, "Chico Duardo", voltou mais magro, barbudo e muito chateado com o tratamento que recebeu do padre, durante o tempo que o ajudou la pras banda do Santo Antônio.  Perguntado os motivos de sua desistência ele contou no seu modo simplório de falar, o que havia acontecido nos dias que viajou juntos aos clérigos.   Primeiro, explicou, que dormia sempre mal, em tulhas muito frias, camas muito ruins, sem nenhuma cobertas para o frio, comida muito fraca e só o padre e o sacristão eram bem tratados, comendo do bom e do melhor. Finalmente, contou, que quando foram pregar lá na igrejinha da Palmeirinha do Alto, lugar muito conhecido na região, eles tiveram que ficar no lugar uns 4 dias e noites, comendo e dormindo dentro da igreja, pois era muito difícil deslocar daquele alto a noite e voltar no dia seguinte visitando e continuar pregando para o povo.   Finalmente contou, que o padre e o sacristão  comiam muito, os mantimentos foram acabando e na ultima noite só ficou um pedaço de charque para ser feito, e uma medida de arroz,      pois o resto da comida havia acabado. Como era tropeiro antigo, sabia muito bem cozinhar, resolveu fazer um arroz tropeiro.   Como não havia almoçado direito, dessalgou o charque e quando, o estava fritando, com a fome que estava, ele quase não conseguiu terminar de fazer sem comer um pedaço. Más o padre, que estavam bem nutrido, falou pra ele, que como era a ultima noite de pregação no lugar, eles iriam guardar o arroz tropeiro,   para o almoço do dia seguinte, e quem tivesse durante a noite, o sonho mais bonito, comeria o charque  sozinho. Na sua humildade aceitou, mas ficou pensando como iria ter sonho bonito com aquela fome que estava sentindo. Tomou uma pinga e deitou. Não conseguiu dormir, levantou foi na panela e comeu o arroz tropeiro  todo.   De manhã o padre e o sacristão o chamaram e  pediram: Esquente o rango  e vamos ver quem teve o sonho mais bonito essa noite que passou. O padre disse que sonhou que estava subindo pro céu e ficou do lado direito de Deus abençoando a todos na terra, o sacristão puxa saco, também disse que tivera o mesmo sonho, só que ficara do lado esquerdo de Deus, ajudando o padre a abençoar. Então o "Chico Duardo", falou  pra eles: Olha eu não consegui dormir, vi o padre subindo pro céu, o sacristão foi atrás, então eu vi que vocês não iam voltar mais aqui na terra, fui la na panela, e comi o arroz tropeiro sozinho.   Diante da bronca do padre, eu vim embora e pronto. È claro,que o nosso “Chico Duardo”, que era muito esperto, inventou esse fim para o caso com o padre, para se justificar para o saudoso Elídio Leal, sua volta repentina de sua Santa  Missão.


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