Durante milhares de anos o homem não conheceu outro meio de transporte e locomoção senão o das próprias pernas. Levando vida nômade deslocava-se constantemente de um lugar para outro em busca de alimentos; seus poucos pertences - armas e ferramentas - eram conduzidos sobre os ombros ou atados às costas. Até que um dia descobriu a tração animal. Aos poucos, aprendeu a capturar e domar animais fortes, utilizando-os para seu transportar e de seus objetos. Durante séculos a evolução dos meios de locomoção foi lenta. Até fins do século XIX quase todas as viagens se faziam sobre o dorso de animais. Homens e mulheres viajavam a cavalo ou de mulas. Estávamos na época de ouro da sela. Por volta dos finais do século XIX, 1890 aproximadamente, Itararé era um dos povoados paulista que se encontrava na rota do caminho das tropas que seguiam do Rio Grande do Sul para o estado de São Paulo. Os caminhos que davam acesso a Itararé eram de picadas e carreiros e atingiam as primeiras casas do povoado no alto da atual Rua Santa Cruz. Esta rua era conhecida, então, como Corredor da Cruz, pois ali estava localizado um cruzeiro fincado pelos próprios tropeiros; as bodegas e casas comerciais nas quais moradores que se fixavam, vendiam suas mercadorias e, também, compravam outras de sua necessidade, era na Rua das Tropas (atual Rua São Pedro). Todavia, para o homem forte e jovem tal maneira de viajar podia ser extremamente agradável, já para as mulheres, velhos e crianças, a sela se tornava perigosa e incômoda. Da montaria, foi que evoluímos para rudimentares veículos ainda tracionados pelos mesmos animais que, até então, nos serviam de meio de transporte; Cavalos, burros e até bois. Acredita-se que no Pouso de Itararé, este foi o único meio de locomoção pessoal e de cargas, durante muitos anos. Ao final do século XIX, com a chegada dos trilhos, da então Estrada de Ferro São Paulo Rio Grande, é que os nossos antepassados puderam experimentar outro tipo de meio de transporte, mais rápido e eficiente e menos penoso ao se atingir grandes distâncias. Gabriel Merege, em 1910, escrevia de São Paulo a seu irmão e compadre Luís Merege, que era fazendeiro e dono da farmacia informando-lhe de que estava em dúvida sobre como transportar para Itararé, toda a sua “tralha” pessoal assim como as mercadorias do seu estabelecimento comercial, se de carroção ou pelos trilhos da recém construída Estrada de Ferro. Como não poderia deixar de ser, acabou escolhendo a segunda opção. E tudo veio de trem. Era o advento da grande competição entre os tropeiros, suas tropas e carroções e o “"cavalo de ferro”", denominação muito utilizada para denominar as composições férreas, naquele promissor final do século XIX. Por mais 20 ou 30 anos, esta disputa entre a tração animal e o vapor ainda perdurou. Hora predominava o transporte por estradas e caminhos e, em outras, sobre trilhos. Itararé não demorou muito a se adaptar a modernidade e o trem passou a ser, então, a mola propulsora de seu progresso. Pela estrada de ferro, rumo a todas as regiões do país, se escoavam as riquezas do município. Inicialmente os porcos, depois o grande ciclo das madeiras e, por fim, nossos produtos da lavoura, com ênfase ao algodão, milho, trigo. feijão. Foram, milhares e milhares de vagões, de nossos produtos que, anualmente, supriram os mercados de todos os estados brasileiros. Somente no ano na década de 50, foram embarcados em Itararé, aproximadamente, 5.500 vagões de madeiras serradas, de pinho e imbuia. A disputa por vagões de carga era acirrada entre os produtores. Em algumas ocasiões, foram necessárias manifestações de protesto pelo atraso com que éramos atendidos pelos encarregados do setor junto a Estrada Sorocabana e a E.F.S.P.R.G, e também o privilegio as grandes serrarias e firmas, em detrimento aos produtores agrícolas locais. Em 1909 foi inaugurada a Estação de Itararé, com a presença do Presidente da Republica. Duas vezes semanalmente éramos brindados com a passagem do trem internacional, que ia de São Paulo ao Uruguai. Argentina. Ocasião em que a plataforma da nossa estação se transformava e uma verdadeira passarela da moda. Ilustres passageiros, durante a parada da composição, desfilavam seus belos trajes, sob as vistas e longos suspiros de toda a população de Itararé. Os itarareenses não deixavam por menos; Eles, pais e filhos ostentando vistosos ternos azul-marinho, chapéu de tecido das afamadas marcas “Prada” e sapatos pretos com meias brancas. Elas, mães e filhas, com seus vestidos longos e estampados e um vistoso pano enrolado na cabeça com as pontas caídas à altura dos ombros. Getúlio Vargas, Presidente Afonso Pena, e Percival Farguhar, (proprietário Southern Brazil Lumber & Colonization Company e da E.F.S.P.R.G.), foram três das muitas personalidades que transitaram por nossa estação ferroviária. A boa convivência entre carroças e carroceiros e “cavalo de ferro”, por fim, veio a se harmonizar a ponto de, em todos os horários de passagem das composições, formarem-se, no largo da estação, filas de carroças a espera dos produtos, mercadorias e, até, passageiros a serem transportadas para os diversos recantos da cidade ou do interior do município. Já, os colonos do Bairro da Seda, tiveram o privilégio de poder contar com um tipo “de carroção coberto com lona e com bancos para comodidade dos passageiros” que os transportava, em viagens de ida e volta do Bairro até a estação. Carroças, Carroções, Carretões, aranhas ou charretes, troles, gaiotas, carros de boi, tracionadas por um e até seis ou oitos animais cortavam, de ponta a ponta, as nossas terras urbanas e rurais. Muitas ruas da cidade foram aterradas com uso de carroças e gaiotas. Varias obras foram supridas de grandes quantidades de pedras e tijolos transportados por carroções e carretões puxados por duas, três e até quatro juntas de cavalos, mulas ou bois. Isso aconteceu na construção da nossa 1ª Matriz de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, nossas galerias de água e esgoto e calçamento de muitas ruas do quadro urbano, coleta de lixo, as sarjetas de arenito extraídas dos paredões em fronte a atual ponte da divisa. Muitas toras de enormes pinheiros e imensas imbuias saiam das matas, por vezes, situadas a quilômetros de Itararé, puxados por infindáveis juntas dos mais diferentes animais de tração. Em dias da Semana Santa, quando o Cine São José , exibia o filme mudo “Paixão de Cristo”, todas as ruas, próximas ao cinema, ficavam apinhadas de charretes e carroças, vindas de todos os cantos da cidade e do interior do município. Eram levas de sitiantes que chegavam, assistiam as sessões, choravam copiosamente, saiam do cinema com seus lenços a enrugar os olhos, pegavam suas carroças em voltavam, emocionados, para suas casas. Esse ritual se repetia, religiosamente, ano após ano. Mas, o reinado de nossas queridas carroças e seus carroceiros, haveria de declinar, por volta do início dos anos 30. Foi quando começaram a aparecer aqui por Itararé, os primeiros automóveis e seus irmãos, mais robustos, os caminhões. Eram veículos que, se comparados á aqueles que atualmente nos servem, pareceriam verdadeiros brinquedos de criança. Muitas eram as marcas de fabricação, todas importadas, que competiam no nosso mercado de transportes. Ford, Chevrolet, Buik, De Souto, Internacional, Duble Flaiton, entre outras. Em uma publicação do Jornal "O Itararé", no ano de 1934, chegamos a ter circulando em nosso município, cerca de 150 veículos automotores (automóveis e caminhões) e 850 Carroças, carroções, carretões e charretes, tudo isso somado a dezenas de bicicletas e algumas raras motocicletas. Para a época, acredito que, proporcionalmente, a nossa população, tivemos mais veículos automotores que atualmente. Alguns “pé de bodes” dos anos 20, faziam o transporte de passageiros que desembarcavam em nossa estação ferroviária.
Certa vez, Carmine Angelucci, confidenciou que, ao chegar ao início da subida da estação, (rua Newton Prado), parava seu "“pé de bode"” e pedia para seu passageiro não se assustar, pois por motivos técnicos subiria aquela acentuada rampa de marcha ré, pois só assim seu veículo chegaria ao topo até alcançar à Rua 15 de Novembro. Pode? Os motivos técnicos: No cambio, a 1ª e a 2ª marchas, estavam escapando.
Comitantemente, com o aparecimento, dos automóveis e caminhões surgiram, também, as bicicletas e as motocicletas. Muitos foram os itarareenses , dos anos 30, 40, 50 e, até mais para frente, que se utilizaram destes meios de transporte, dentre os ciclista destacamos o Senhor Willis Gorski, que fazia entrega dos famosos doces "pés de moleque", confeccionados pela sua esposa Dona Cornélia. Todos os anos eram emplacados todos os veículos de Itararé. Tanto os automotores, como os tracionados por animais, carroças, charretes, troles, etc. e, também, as motos e bicicletas. Curiosidades , dos anos 40, o pedreiro conhecido por Joaquim Ché, solicita através de um requerimento ao prefeito Eugênio Dias Tatit, informações sobre o porquê de ter sido emplacado o “carrinho de mão” de sua propriedade. Um outro fato histórico, ocorrido nos anos da sangrenta, segunda Guerra Mundial foi o racionamento de alimentos e, principalmente, de combustíveis em todo o território nacional. Em Itararé, os proprietários de veículos de passeio recebiam um cupom para abastecimento mensal de no máximo 50 litros de combustível. Já, para os veículos de transporte a quantidade chegava a 200 litros mensais. Também, levado pelo esse rígido racionamento, muitos veículos, em especial, os caminhões, foram adaptados para funcionarem com “gasogênio”. Uma das principais empresas de Itararé que comercializava automóveis e caminhões foi a Agência FORD, da família Lobo Ribeiro. Sua loja e oficinas tomavam todo o prédio que hoje é ocupado por uma igreja evangélica, uma loja, um posto de gasolina, um lavador e estacionamento para os clientes do Supermercado Cofesa. Agências da Internacional, na parte baixa da rua São Pedro e da agência Willys Overland na rua 15 de novembro, no prédio atual do Banco do Brasil de propriedade do Osvaldo Silva,
Itararé por características próprias da sua formação como cidade, não teve um contato mais direto com alguns outros meios de transportes, comuns a outras localidades maiores; Não tivemos o bonde e, raramente, o avião, com a Cruzeiro do Sul, com transporte de passageiros, aliais, durou poucos anos, nos dias de hoje, convivemos com saudade das composições férreas e das carroças, porém, são os verdadeiros símbolos da nossa história e do nosso progresso. Antigamente os meios de transporte eram os animais, como o cavalo, burro, boi e outros que suportavam o peso humano. Com o tempo e com o avanço da civilização começaram a surgir as carroças e, por fim, os primeiros carros movidos a motor. Como, também, tivemos a evolução dos barcos que, de minúsculas canoas, evoluíram a imensos transatlânticos. Os transportes aéreos que desde o 14 bis e os dirigíveis, evolui e hoje temos grandes aviões com potências incríveis e uma enorme capacidade de locomover pessoas e cargas. Os pioneiros dos transportes rápidos que foram os trens movidos a vapor, as “Marias Fumaças” que se transformaram em expressos e “Trens Balas”. Toda essa odisseia só nos demonstra e confirma a grande capacidade do ser humano de sempre estar a se superar, seja na terra, na água, no ar, e, hoje, no vácuo do nosso grande espaço celeste. Qual será o limite? Marte? Vênus? O sol? Ou as profundezas dos mares e oceanos, até o núcleo do nosso planeta?
Itararé por características próprias da sua formação como cidade, não teve um contato mais direto com alguns outros meios de transportes, comuns a outras localidades maiores; Não tivemos o bonde e, raramente, o avião, com a Cruzeiro do Sul, com transporte de passageiros, aliais, durou poucos anos, nos dias de hoje, convivemos com saudade das composições férreas e das carroças, porém, são os verdadeiros símbolos da nossa história e do nosso progresso. Antigamente os meios de transporte eram os animais, como o cavalo, burro, boi e outros que suportavam o peso humano. Com o tempo e com o avanço da civilização começaram a surgir as carroças e, por fim, os primeiros carros movidos a motor. Como, também, tivemos a evolução dos barcos que, de minúsculas canoas, evoluíram a imensos transatlânticos. Os transportes aéreos que desde o 14 bis e os dirigíveis, evolui e hoje temos grandes aviões com potências incríveis e uma enorme capacidade de locomover pessoas e cargas. Os pioneiros dos transportes rápidos que foram os trens movidos a vapor, as “Marias Fumaças” que se transformaram em expressos e “Trens Balas”. Toda essa odisseia só nos demonstra e confirma a grande capacidade do ser humano de sempre estar a se superar, seja na terra, na água, no ar, e, hoje, no vácuo do nosso grande espaço celeste. Qual será o limite? Marte? Vênus? O sol? Ou as profundezas dos mares e oceanos, até o núcleo do nosso planeta?
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