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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Comida de Tropeiros

Comida De Tropeiros - Região Sudoeste Paulista.

O ouro de Minas Gerais foi rapidamente para fora do Brasil, mas a sua exploração deixou para sempre marcas na cultura no Oeste  e  Sul do país. Uma delas é o tropeirismo, o modo de viver dos homens que, no lombo de burros, levavam o ouro para o litoral e traziam muares do Rio Grande do Sul para as feiras de Sorocaba,   Hoje não há mais tropeiros, mas os seus costumes permanecem.  Por dois séculos esses viajantes transportariam alimentos e notícias entre as cidades fundadas pelos bandeirantes e criariam outras. “O movimento só declinou com a chegada da estrada de ferro, no fim do século passado. Por essa altura os seus hábitos e a sua comida rústica e saborosa já estavam enraizados. Desde então que são transmitidos fielmente de uma geração a outra.  Abaixo receitas de pratos tradicionais da nossa região e as famílias que até hoje preservam-nas: 

FOGÕES NOS POUSOS
Os ninhos de cupim são uns montes duríssimos de 30 cm ou mais. Chamados de tucuruva, foram aproveitados pelos tropeiros para improvisar um fogão que virou regra nas suas viagens.   Juntavam-se três deles para apoiar a panela e atiçava-se fogo em baixo. Outro fogão improvisado era a trempe, feita com pedaços de  forquilhas de varas verdes, fincadas no chão e aos quais as panelas eram presas.
 
FRANGO COM URUCUM: 3 c./s.de banha de porco-2 c./s.de urucum em grãos - 1 c./s. de cebolinha picada - dentes de alho amassados 1 cebola grande em rodelas finas - 1 frango limpo (de leite), em pedaços -1 limão -Sal a gosto.  Preparo: Deixe o frango de molho em uma gamela com água com o sumo de limão por 30 minutos e escorra. Tempere com alho socado com sal. Numa panela de ferro grande, aqueça a banha em fogo alto e frite o frango até que fique dourado. Junte aos poucos uma xicara  de água e vá raspando o fundo com uma colher de pau. Controle o fogo em temperatura baixa e despeje mais duas xicaras de água. Cozinhe até ficar tenro. Junte o urucum, mexa e cozinhe mais um pouco até dissolver os grãos de urucum. Ponha numa tigela, junte a cebola, a cebolinha e mexa.           Até a Marquesa gostou!!
A receita original é feita com frango caipira e inclui cabaça e pés. O prato também chamado, frango à moda da Marquesa.  Foi preservada de pai para filho entre varias famílias.  Conta-se que foi servida à Marquesa de Santos e que ela adorou, juntamente com seu  marido Brigadeiro Tobias.    A receita acima foi encontrada em um armário falso,  por ocasião da demolição do casarão da família, no Bairro Engenheiro Maia, município de Itaberá.

FEIJÃO TROPEIRO: ½ xicara a de farinha de mandioca-500 g de feijão  - 250 g de toucinho cortado em cubos pequenos - 2 dentes de alho amassados -1 cebola picada  - 1 pitada de pimenta-do-reino - Sal a gosto.  Pare decorar: Cebolinha verde e salsa picadas a gosto.  Preparo: Deixe o feijão de molho por 2horas. Ponha-o na panela  com água até 4 dedos acima dos grãos. Cozinhe. Escorra e reserve. Numa frigideira, frite o toucinho até dourar. Retire-o da frigideira com uma escumadeira e reserve e refogue o alho e a cebola na gordura que sobrou. Acrescente o feijão, o torresmo e a pimenta. Misture bem. Junte a farinha aos poucos, mexendo sempre. Decore com a cebolinha e a salsa.  Original ? – Existem outras versões de feijão-tropeiro, sobretudo em Minas Gerais, que levam ovos mexidos. Outras colocam uma pitada de noz moscada para realçar o sabor e facilitar a digestão. Mas o feijão dos tropeiros da região do Itararé, era preparado apenas com toucinho.   

ABÓBORA COM RAPADURA: Esta receita é preservada pela família do tropeiro Capitão Eugênio Gabriel.  O primeiro nome da receita era Abóbora Formiguinha, em homenagem do primeiro nome de Taquarituba (Formiguinha).  A receita foi elaborada pela esposa do Capitão Eugênio Gabriel, Carmela Perrone Gabriel .  Ingredientes: 3 k. de abóbora menina (casca verde rajada) - 1.200 k. de rapadura - cravos da índia a gosto.  Preparo: Pique a rapadura.  Coloque os pedaços em uma panela grande e leve ao fogo para derreter com uma xicara de água.   Cozinhe em fogo abaixo por vinte minutos até o melado engrossar e atingir o ponto de fio fraco.   Com uma escumadeira, retire a espuma que se formar.  Ponha os pedaços de abóbora e os cravos na panela com o melado.   Cozinhe por 15 minutos em fogo médio.   Retire a abóbora cuidadosamente e deixe a calda engrossar por mais 20 minutos.  Ponha novamente os pedaços de abóbora na calda, retire do fogo deixe esfriar e sirva.
 
COMIDA DE FESTA -  Criação de escravos feita com sobras de carne, este prato era servido na festa da Santa Cruz, pela família Boa Aventura.  É costume acompanhá-la com farinha de mandioca para formar um pirão no prato.
 
ELITE CAFEEIRA                                                                          O Café, assim como o tropeirismo, teve um papel importante na história do Oeste de São Paulo.    Ele movimentou a economia de toda a região até ao século XX e criou a elite conhecida por “barões do café”. Até hoje, no Caminho dos Picadores  , estão preservados alguns dos luxuosos casarões desses fazendeiros e a gastronomia tropeira. 

AFOGADO: ¼ xícara de banha - 2 c./s. alfavaca, de cebolinha,  de hortelã e de salsa - 1 colher de chá de sal  - 1 kg de acém cortado em pequenos cubos ou costela - 100 gramas de toucinho fresco cortado em cubos - 3 litros de água - 2 dentes de alho amassados - 2 folhas de louro - 1 cebola grande picada- 1 pitada de urucum moído. Preparo:  Frite a carne no óleo até dourar. Acrescente o toucinho, a cebola, o urucum, o sal, o alho e a água. Deixe cozinhar em fogo alto por 1h30 ou até a carne ficar bem macia e a desfiar-se. Se necessário, junte mais água. Quando estiver no ponto, prove o sal, adicione a alfavaca, a cebolinha, a hortelã e a salsa. Mexa e sirva, esta receita, é preservada pela família Colaço de Piraju, preparada  pelo tropeiro e cafeicultor Paulo Colaço.
 
BAGRE:  Todos os pescam no rio Itararé, principalmente nos grotões da Barreira, sabem que ali é o paraíso dos bagres.  Nos tempos das tropas, muitos ali pescavam e segundo o saudoso tropeiro, Deoclécio José Duarte (Véio), era de encher o bornal, poucas horas da boca da noite.  O nosso querido Véio, além de tanger tropas do Rio Grande a Itararé, era um exímio mestre cuca, preparava um bagre na panela  de "dar água na boca":  2,5k. de bagre em postas - 5 batatas grandes fatiadas grossas - 5 dentes de alhos grandes amassados -2 cebolas grandes picadas- 4 tomates grandes picados sem casca e sementes - Caldo de limão, urucum moído, salsa (coentro opcional), pimenta e sal: a gosto - 1 xicara de caldo das cabeças temperado - 11/2 de azeite - 1 litro de água fervente.  Preparo: Retire as barbatanas do bagre fazendo um corte profundo nas laterais das nadadeiras.  Puxe as nadadeiras de trás para a frente para tirar as espinhas inteiras.  Lave bem e tempere com sal e limão e deixe descansar. Por o azeite em uma panela grande de ferro ou barro (se preferir).  Refogue alho, urucum, cebola, tomate, adicione o caldo e pimenta, junte as batatas e deixe cozinhar um pouco.  Adicione água quente até as batatas ficarem meio cozidas.  Adicione as posta do peixe arrumando-as batatas e deixe ferver um pouco e confira o sal. após colocar o peixe não mexa mais até cozinhar e se precisar adicione água quente aos poucos.  Quando as batatas estiverem cozidas, desligue o fogo.   Servir na própria panela para não desmanchar o peixe.
-Hum, que delicia Veio!! Quando assim chamavam-no a resposta vinha na "ponta da língua": -"Véio é a vó.  Malcriado".
 

 

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