O ouro de Minas Gerais foi rapidamente para fora do Brasil, mas a sua exploração deixou para sempre marcas na cultura no Oeste e Sul do país. Uma delas é o tropeirismo, o modo de viver dos homens que, no lombo de burros, levavam o ouro para o litoral e traziam muares do Rio Grande do Sul para as feiras de Sorocaba, Hoje não há mais tropeiros, mas os seus costumes permanecem. Por dois séculos esses viajantes transportariam alimentos e notícias entre as cidades fundadas pelos bandeirantes e criariam outras. “O movimento só declinou com a chegada da estrada de ferro, no fim do século passado. Por essa altura os seus hábitos e a sua comida rústica e saborosa já estavam enraizados. Desde então que são transmitidos fielmente de uma geração a outra. Abaixo receitas de pratos tradicionais da nossa região e as famílias que até hoje preservam-nas:
Os ninhos de cupim são uns montes duríssimos de 30 cm ou mais. Chamados de tucuruva, foram aproveitados pelos tropeiros para improvisar um fogão que virou regra nas suas viagens. Juntavam-se três deles para apoiar a panela e atiçava-se fogo em baixo. Outro fogão improvisado era a trempe, feita com pedaços de forquilhas de varas verdes, fincadas no chão e aos quais as panelas eram presas.
FRANGO COM URUCUM: 3 c./s.de banha de porco-2 c./s.de urucum em grãos - 1 c./s. de cebolinha picada - 2 dentes de alho amassados 1 cebola grande em rodelas finas - 1 frango limpo (de leite), em pedaços -1 limão -Sal a gosto. Preparo: Deixe o frango de molho em uma gamela com água com o sumo de limão por 30 minutos e escorra. Tempere com alho socado com sal. Numa panela de ferro grande, aqueça a banha em fogo alto e frite o frango até que fique dourado. Junte aos poucos uma xicara de água e vá raspando o fundo com uma colher de pau. Controle o fogo em temperatura baixa e despeje mais duas xicaras de água. Cozinhe até ficar tenro. Junte o urucum, mexa e cozinhe mais um pouco até dissolver os grãos de urucum. Ponha numa tigela, junte a cebola, a cebolinha e mexa. Até a Marquesa gostou!!
A receita original é feita com frango caipira e inclui cabaça e pés. O prato também chamado, frango à moda da Marquesa. Foi preservada de pai para filho entre varias famílias. Conta-se que foi servida à Marquesa de Santos e que ela adorou, juntamente com seu marido Brigadeiro Tobias. A receita acima foi encontrada em um armário falso, por ocasião da demolição do casarão da família, no Bairro Engenheiro Maia, município de Itaberá.
FEIJÃO TROPEIRO: ½ xicara a de farinha de mandioca-500 g de feijão - 250 g de toucinho cortado em cubos pequenos - 2 dentes de alho amassados -1 cebola picada - 1 pitada de pimenta-do-reino - Sal a gosto. Pare decorar: Cebolinha verde e salsa picadas a gosto. Preparo: Deixe o feijão de molho por 2horas. Ponha-o na panela com água até 4 dedos acima dos grãos. Cozinhe. Escorra e reserve. Numa frigideira, frite o toucinho até dourar. Retire-o da frigideira com uma escumadeira e reserve e refogue o alho e a cebola na gordura que sobrou. Acrescente o feijão, o torresmo e a pimenta. Misture bem. Junte a farinha aos poucos, mexendo sempre. Decore com a cebolinha e a salsa. Original ? – Existem outras versões de feijão-tropeiro, sobretudo em Minas Gerais, que levam ovos mexidos. Outras colocam uma pitada de noz moscada para realçar o sabor e facilitar a digestão. Mas o feijão dos tropeiros da região do Itararé, era preparado apenas com toucinho.
ABÓBORA COM RAPADURA: Esta receita é preservada pela família do tropeiro Capitão Eugênio Gabriel. O primeiro nome da receita era Abóbora Formiguinha, em homenagem do primeiro nome de Taquarituba (Formiguinha). A receita foi elaborada pela esposa do Capitão Eugênio Gabriel, Carmela Perrone Gabriel . Ingredientes: 3 k. de abóbora menina (casca verde rajada) - 1.200 k. de rapadura - cravos da índia a gosto. Preparo: Pique a rapadura. Coloque os pedaços em uma panela grande e leve ao fogo para derreter com uma xicara de água. Cozinhe em fogo abaixo por vinte minutos até o melado engrossar e atingir o ponto de fio fraco. Com uma escumadeira, retire a espuma que se formar. Ponha os pedaços de abóbora e os cravos na panela com o melado. Cozinhe por 15 minutos em fogo médio. Retire a abóbora cuidadosamente e deixe a calda engrossar por mais 20 minutos. Ponha novamente os pedaços de abóbora na calda, retire do fogo deixe esfriar e sirva.
COMIDA DE FESTA - Criação de escravos feita com sobras de carne, este prato era servido na festa da Santa Cruz, pela família Boa Aventura. É costume acompanhá-la com farinha de mandioca para formar um pirão no prato.
ELITE CAFEEIRA O Café, assim como o tropeirismo, teve um papel importante na história do Oeste de São Paulo. Ele movimentou a economia de toda a região até ao século XX e criou a elite conhecida por “barões do café”. Até hoje, no Caminho dos Picadores , estão preservados alguns dos luxuosos casarões desses fazendeiros e a gastronomia tropeira.
AFOGADO: ¼ xícara de banha - 2 c./s. alfavaca, de cebolinha, de hortelã e de salsa - 1 colher de chá de sal - 1 kg de acém cortado em pequenos cubos ou costela - 100 gramas de toucinho fresco cortado em cubos - 3 litros de água - 2 dentes de alho amassados - 2 folhas de louro - 1 cebola grande picada- 1 pitada de urucum moído. Preparo: Frite a carne no óleo até dourar. Acrescente o toucinho, a cebola, o urucum, o sal, o alho e a água. Deixe cozinhar em fogo alto por 1h30 ou até a carne ficar bem macia e a desfiar-se. Se necessário, junte mais água. Quando estiver no ponto, prove o sal, adicione a alfavaca, a cebolinha, a hortelã e a salsa. Mexa e sirva, esta receita, é preservada pela família Colaço de Piraju, preparada pelo tropeiro e cafeicultor Paulo Colaço.
AFOGADO: ¼ xícara de banha - 2 c./s. alfavaca, de cebolinha, de hortelã e de salsa - 1 colher de chá de sal - 1 kg de acém cortado em pequenos cubos ou costela - 100 gramas de toucinho fresco cortado em cubos - 3 litros de água - 2 dentes de alho amassados - 2 folhas de louro - 1 cebola grande picada- 1 pitada de urucum moído. Preparo: Frite a carne no óleo até dourar. Acrescente o toucinho, a cebola, o urucum, o sal, o alho e a água. Deixe cozinhar em fogo alto por 1h30 ou até a carne ficar bem macia e a desfiar-se. Se necessário, junte mais água. Quando estiver no ponto, prove o sal, adicione a alfavaca, a cebolinha, a hortelã e a salsa. Mexa e sirva, esta receita, é preservada pela família Colaço de Piraju, preparada pelo tropeiro e cafeicultor Paulo Colaço.
BAGRE: Todos os pescam no rio Itararé, principalmente nos grotões da Barreira, sabem que ali é o paraíso dos bagres. Nos tempos das tropas, muitos ali pescavam e segundo o saudoso tropeiro, Deoclécio José Duarte (Véio), era de encher o bornal, poucas horas da boca da noite. O nosso querido Véio, além de tanger tropas do Rio Grande a Itararé, era um exímio mestre cuca, preparava um bagre na panela de "dar água na boca": 2,5k. de bagre em postas - 5 batatas grandes fatiadas grossas - 5 dentes de alhos grandes amassados -2 cebolas grandes picadas- 4 tomates grandes picados sem casca e sementes - Caldo de limão, urucum moído, salsa (coentro opcional), pimenta e sal: a gosto - 1 xicara de caldo das cabeças temperado - 11/2 de azeite - 1 litro de água fervente. Preparo: Retire as barbatanas do bagre fazendo um corte profundo nas laterais das nadadeiras. Puxe as nadadeiras de trás para a frente para tirar as espinhas inteiras. Lave bem e tempere com sal e limão e deixe descansar. Por o azeite em uma panela grande de ferro ou barro (se preferir). Refogue alho, urucum, cebola, tomate, adicione o caldo e pimenta, junte as batatas e deixe cozinhar um pouco. Adicione água quente até as batatas ficarem meio cozidas. Adicione as posta do peixe arrumando-as batatas e deixe ferver um pouco e confira o sal. após colocar o peixe não mexa mais até cozinhar e se precisar adicione água quente aos poucos. Quando as batatas estiverem cozidas, desligue o fogo. Servir na própria panela para não desmanchar o peixe.
-Hum, que delicia Veio!! Quando assim chamavam-no a resposta vinha na "ponta da língua": -"Véio é a vó. Malcriado".
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