CAMPANHA ELEITORAL....

 

Comício do Partido da União Democrática Nacional – UDN, de saudosa memória, que se realizou em Bom Sucesso, na época  bairro de Itararé, atualmente, município de Bom Sucesso de Itararé, isso lá nos anos de 1959.

 

Francisco Alves Negrão, prefeito de Itararé e seu companheiro de partido, vice-prefeito Manoel Antunes Martins, apoiavam as candidaturas  de José Carlos Magno Neto (Tico), para prefeito e Antônio Pellissari para vice, a comitiva era composta da maioria de seus candidatos a vereadores, percorriam a região dos Minérios em campanha eleitoral.

 

 Negrão, que tinha o forte de sua votação na área rural do município, desde amanhã já tinha contaquitados  os moradores dos bairros dos Campos, Serrinha, Taguarussu, Itambé, Caieiras, Lumber e Gramadinho.

 

Cumpriam, como todos os políticos dos velhos e novos tempos, um cansativo itinerário por redutos visitando os caciques e chefe,  cabos eleitorais, indecisos e votantes de primeira viagem. Comiam o pó das estradas de terra colorada da região, o pão que o diabo amassou.  

Chegando em Bom Sucesso,  invariavelmente, um churrasquito nem sempre de boa carne na casa de um correligionário mais aquentado pelos pilas. 

                                                                                                                                                            Após a carne, um arrastão em todas as casas do bairro, com as mocinhas, contratadas para a panfletagem e logicamente não faltaria o famoso,  torneio de futebol, reunindo os times de toda os bairros da região, com direito a troféu e medalhas, oferecido pelo candidato majoritário, para o campeão, vice e 3ºcolocado. 
Finamente , o objetivo da árdua jornada  o comício para centenas de eleitores fieis e os inevitáveis curiosos das reuniões deste tipo.

 

A visita ao chefe político local, fosse de que fundão de mundo, era imperiosa, sob o risco de perda de votos que seriam importantes na decisão do pleito já aprazado,  esse , não tinha favorito, seus adversários politicos, Ângelo Augusto Ghizzi (prefeito, na gestão 51/54, com uma excelente administração), tendo como companheiro de chapa, Manoel Luciano de Mello.

 

Negrão e Tico teriam chegado à casa de um correligionário influente na divisa de Pinhalzinho, Pr.

Após os cumprimentos de praxe, o puxar dos bancos para a sombra, os copos de água fresca e os comentários sobre o tempo, o estado dos bois e das safras, Tico, com o modo calmo de falar que era uma de suas características, dirigiu-se ao cacique eleitoral:

 

- E então, prezado chefe, como vai a zona?

 

O então prefeito eleito, José Carlos Magno Neto, pretendia inteirar-se da situação eleitoral da região.  

Mas sucede que “zona” tem outra acepção que não a clássica, pelo menos para a população de nossa terra: pode significar o local onde se situa o baixo meretrício, os cabarés, onde as “meninas” que se pintam, bebem e dormem tarde, dedicam-se à mais antiga profissão do mundo. 

Em Itararé, havia a maior "zona de meretrício" do sul-doeste paulista, situava-se na  Vila Osório, no auge do ciclo madeireiro

Ao ser indagado como ia a “zona” o chefe udenista chegado a molhar a goela em água que passarinho não bebe, entendeu o termo na sua acepção boêmia. 

Sorriu com um arzinho cúmplice de malandro de campanha e lascou, a meia voz:

Pois olha, prefeito Negrão e Tico, até que dá pra meter o cavalo, nesta semana chegaram duas ou três coxudas que não são de botar fora.

Ante a surpresa dos dois políticos, face ao inusitado da resposta, ainda arrematou:

- E tem mais: são potrancas pra qualquer serviço que uns colhudos como nós possam querer...