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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Itararé..Estórias..Casos...

***Aparício de Freitas (Cidão), meeiro em lavouras de feijão e milho na Fazenda Santo Antônio, localizada no município de Itararé, com o nascimento do terceiro filho, vai até o Cartório de Registro Civil de Itararé, para registrar o seu terceiro filho sendo encarregado do cartório, José Dias, que tinha um apelido de Zé Vitrola, devido a sua mania de contar casos, piadas e o seu jeito extrovertido de compartilhar com as pessoas. Cidão, chegando ao cartório, do saudoso José Dias, que o recebe com aquela pergunta de praxe: Como vai chamar o garotão e Aparecido; - Doisberto !! - Mas, meu amigo, falou o Sr. José Dias, esse nome não existe e Aparecido fala: - Como não Sô Zé? Que vê? - Meu primeiro fio é o Zeroberto, o segundo é Umberto, então é craro o terceiro fio só pode ser Doisberto?
 
*** O ponto dos Boias Frias, ficava bem próximo da Vila Novo Horizonte, no pátio do antigo Posto de Combustível São Paulo Paraná, localizado na atual Avenida Paulo Ferreira. Celso Ribeiro de Jesus, popularmente conhecido como: Diabo Loiro, trabalhava na coleta de feijão de empreitada, tinha que pegar a condução no ponto. Onde os "Gatos"(intermediário na oferta de trabalho e dono da condução), aguardavam os "Boias Frias" (chamados, devido a marmita que levava a boia que comiam fria). Diabo Loiro, como era de costume, saía muito cedo de casa (5:00 da manhã), para cinco e meia pegar a condução e ir na lavoura para pegar no batente. Como ele era um cara que acreditava em espíritos, tinha um medo danado, pois, nesse horário que ia para o ponto, ainda estava escuro e ele tinha que passar perto do Cemitério Municipal, que fica na avenida mencionada, não tinha como pegar um atalho, os outros "acessos" não tinham iluminação publica e muito menos arruamento; era um carreiro. Nesse dia, uma sexta feira 13, ao passar em frente do cemitério ouve uns ruídos: Huuumm! Ele se arrepia e começa a rezar, tentando apressar os passos. O gemido começa a aumentar.. Huuuuuuummmmmm!! O Diabo Loiro, para. Cria coragem e pergunta: - O que é que essa pobre alma tá precisando? Lá de dentro do cemitério a pobre alma responde: PAPEL HIGÊNICO!!!
 
***Joaquim Emídio dos Santos, também conhecido como Joaquim Sozinho (tinha esse apelido pois era um solteirão), comerciante de tecidos e confecção, estabelecido na Rua São Pedro, no centro comercial de Itararé, sua loja localizava-se onde atualmente, esta a Casas Pernambucanas, um velhinho bem sucedido e beirava os "80 e lá vai fumaça", está na Santa Casa de Misericórdia de Itararé "nas últimas"... O diácono Lucas, que está a seu lado para lhe dar extrema unção, lhe fala ao ouvido: - Antes de morrer, reafirme a sua fé em Nosso Senhor Jesus Cristo e renegue o demônio. E Joaquim Sozinho, fica quietinho! Diácono Lucas Insiste: Antes de morrer, reafirme a sua fé em Nosso Senhor Jesus Cristo e renegue o demônio. E Joaquim Sozinho, Nada nada. Diácono Lucas então pergunta: - Por que é que o senhor não quer renegar o demônio Seu Joaquim? - Olha Seu Padre, como bom comerciante, enquanto eu não souber para onde eu vou, não quero ficar de mal com ninguém!!!
 
***Turíbio Fiuza, se acha azarado no jogo, mas mesmo assim participa de um bingo de assados e bolos na quermesse de São Pedro em Itararé. No 1º sorteio ele como sempre não ganhou nada! O Jorge Rosa, chega até ele para vender outro bilhete, de um novo sorteio. - Ô Turíbio, falou o Jorge, no primeiro sorteio você não ganhou, mas compre desse agora que você vai ganhar! -Vai Querer? E Turíbio: Vai querendo, vai! - Mais Turíbio, falou o Jorge, agora você vai ganhar! E Turíbio de novo: - Vai ganhando , vai! e Jorge insistindo em vários sorteios: - E Turíbio vai fazendo suas fezinhas. E Turíbio: - Vai fazendo, vai! Ô Turíbio, esse é o último sorteio, o mais esperado, vai ser leiloado uma leitoa recheada. Tenta; A sorte tarda mais não falta, disse o Jorge!! E Turíbio: Fui tentando, tentei tanto que: Tô, liso leso e com fome!!!
 
***Na época em que eu estudava no 2º ano primário no Grupo Escolar Tomé Teixeira, nossa querida professora dona Neuza Rolim, pergunta ao nosso colega Roberto Temiski: - Diz ai um verbo. Teminski: pensou, pensou e respondeu: - Bicicreta- Não é "bicicreta" Teminski, é bi-ci-cle-ta. E bicicleta não é verbo, falou dona Neuza, e virando para o Jaime Branco, pergunta:- Jaime, diz um ai um verbo? Jaime, pensou, pensou e arriscou: - Prástico não é "prástico", Jaime, é plás-ti-co, e plástico não é verbo! E virando-se para Paulo Quarterroli, pergunta: - Diz um verbo ai, Paulo? Paulo, pensou, pensou e respondeu com convicção: - HOSPEDAR!. Muito bem, diz dona Neuza, até que enfim uma resposta certa. Agora, Paulo, diz ai uma frase com o verbo que você escolheu. Paulo Quarterroli, encheu o peito de coragem e falou: HOSPEDAR DA BICICRETA É DE PRASTICO!!!
 
***-Alô, Seu José Miranda!? Aqui é o caseiro do sitio de Itararé. - Pois não, Seu Ernesto. Houve algum problema ai? -Ah, eu só estou ligando para avisar que o Traque, seu papagaio morreu. Meu papagaio? MORREU? O TRAQUE! Que ganhou o concurso? - Ele mesmo. Puxa! Que tristeza! Gastei tanto com ele...Mas...morreu de que? -De comer carne estragada! -Carne estragada? Quem fez está maldade? - Quem deu carne para ele, Seu Ernesto? - Ninguém. Ele comeu carne de cavalo morto. - Cavalo morto? - Que cavalo morto, seu Ernesto? - O puro-sangue que o sinhô tinha, na cocheira! Morreu de tanto  puxar carroça d'água! - Tá louco? que carroça d'água? -Para apagar o incêndio! ´-Mas, que incêndio, meu Deus? - Na sua casa... a sede do sitio...uma vela caiu, aí pegou fogo nas cortinas! - Caramba, mas, aí tem luz elétrica! Que vela é essa? - Do velório! De quem? Da sua mãe Dona Laudelina! Ela apareceu aqui sem avisar de noite e eu dei um tiro nela pensando que era ladrão! - Meu Deus, que tragédia (começa a chorar) - Seu José, o sinhô não vai chorar por causa de um papagaio, VAI??? 
Frase de itarareense: "A coisa que mais causa sede no homem...É Chifre... Dá uma vontade do peão beber pra caracas": Waldomiro Dias Domingues - (Miro Vaca).

sábado, 25 de abril de 2015

BENTINHO GAÚCHO E A CAÇADA DE PACA...



Estávamos eu o Sargento Cantídio, comandante do Tiro de Guerra de Itararé e o colega atirador, Américo José Giordano, (o saudoso Quinho), a beira do Rio Itararé,  a espera  de pacas, na ceva que o Sargento, mantinha, na corredeira paulista, bem próxima da usina da fabrica Cimento Maringá.  O silencio era total, passava-se das 8:00 horas da noite, quando o silencio foi quebrado com estampidos de rojões soltados  pelos   os moradores mais próximos do rancho que residiam no  Bairro Poço Preto.  Era só o inicio de uma caçada que duraria, por mais dias.  Voltamos para o rancho, já que na ceva, naquela noite   a caçada, tinha ido "por água abaixo".  O local das corredeiras , é maravilhoso e a  exuberância da mata ciliar do Itararé, permite a rara possibilidade com a perfeita   interação com a natureza, apesar de local ainda deserto e extremamente adverso; O sargento, vez  um caminho com bom acesso até ao rancho que  recebia esporadicamente moradores de bairros próximos e da cidade,  que vinham pescar, com tarrafa  o  Cascudo, que era o ideal para um bom ensopado.  Levantamos bem cedo, no dia seguinte, pois esperávamos o Edson Lopes e seu irmão Mário Lopes, para pesca do cascudo, eram bons  boleadores de tarrafa.  Estávamos, tomando café, quando ouvimos: O de casa !! O Sargento Cantidio, respondeu: - O de fora"", pode entrar a porta não tem tramela, e  saímos na frente do rancho, que surpresa inusitada, era o Bentinho Gaúcho, montado no Cabotino, a procura de um boi desguaritado.   O Sargento, convidou para entrar, ofereceu café e o Bentinho: -  se tiver um purinha aceito!! Conversa vai, conversa vem,  por  algum tempo, falando da caçada de paca, e da pescaria, que iriamos fazer.  Bentinho, parecia bem a vontade entre nós, sem muita cerimonia,já no terceira dose, começou a contar vantagem como um dos melhores caçadores de paca da região, não tinha ceva, caçava com cachorros. e contou o seguinte caso: "Lá pras bandas, do Rio Jaguaricatu, tinha um outro grande caçador, cuja alcunha não deixava duvidas: Zé Paca, pela primeira vez estava enfrentando  dificuldade em toda sua vida, na caçada , de uma determinada paca, seus cães exímios caçadores estavam o decepcionando.   Zé Paca, os levava no carreiro da bicha manhosa, conseguiam localizá-la, persegui-la, mas não a alcançavam, era muita rápida na carreira pela mata, as tentativas foram muitas, por vários dias seguidos;  Os cães em questão de minutos de perseguição  ficavam junto ao seu dono, ofegantes e cortados por cipós, quase suplicando  a  desistência de infrutífera missão. A paca, a essa altura famosa nas redondezas por sua corrida sagaz como um corisco, correndo em ziguezague pela vereda;   Zé Paca, sentiu profundamente ferido em seu amor próprio e até pouco  humilhado; Afinal a fama de paqueiros de seus cães, era notória e percorria toda a região.   Mas,  relutante, atendeu os conselhos dos amigos .   Um pouco constrangido, procurou o Bentinho Gaúcho, o nosso visitante, Bentinho,  dispensa apresentação!!   Seus dois cães eram mestres em perseguição de qualquer tipio de caça.   Não havia nenhuma animosidade entre eles;   eram amigos, que ficava um clima desagradável, isso ficava.   Mas, Zé Paca, foi direto ao assunto:   Meu amigo Bentinho,... - e narrou detalhadamente a estória da paca que de tanto astuciosa e veloz nunca era alcançada pelos seus cães.   Bentinho, escutou atentamente e soltou uma baforada de seu "paiero" de fumo bruto, passou a mão carinhosamente sobre a cabeças de seus cães  e com desdém e empáfia, respondeu decisivo: - Então vamu atrais da bicha agora!!!   Com estalar dos de dedos chamou; Sansão e Carrasco, magros, todavia caçadores natos, até então cabisbaixos  e sonolentos entenderam a mensagem com balanços frenéticos dos rabos e imediatamente tornaram altivos e inquietos;   Rumaram todos para a mata, onde vivia tal paca.   No caminho Bentinho, reafirmou as virtudes de seus cães: - Zé Paca,manda a  sua muié dona  Francisca, bota a panela no fogo que rapidinho vamu cumê uma paca!!  Se Sansão e Carrasco, não pega a bicha corto os bagos dos dois!!   Chegando no nicho da desafeta e alertados pela ansiedade dos dois cães, Bentinho, com os gritos de estímulos soltou-os.   A carreira tá feia e o pipocar dos galhos, paus e cipós era ouvido de longe.   Ficaram parados em uma pequena clareira e sentados sobre os calcanhares e relaxados,  só espera da bichona, com a mira fixa no carreiro, prontos acabar com a sua fama.   Os latidos que anunciavam a busca, repentinamente passou para localização e perseguição ( os latidos são diferentes para cada situação, explicou Bentinho).  -Lá vem a bicha Zé Paga, si prepara!!  O barulho e os latidos aproximam-se cada vez mais.   Dito e feito, a paca a paca passou a três metros de onde estávamos.   Mas, muito afrente dos cães.   Naquela velocidade era impossível Sansão e Carrasco, Alcançarem-na Puxa Tchê ! Quê diabos e isso?  Esbravejou Bentinho Gaúcho, - Vinha ela  novamente correndo em círculos perseguida pelos cães, quase deitados ao chão, para tentarem uma visão mais ampla entre as arvores e arbusto, pudemos visualizar sem nenhuma dificuldade uma cena inusitada e inacreditável. - Vi com  os zóio que a terra há de comer! assegurou Bentinho, empolgado prosseguiu com  o relato: - Na carreira, a paca sempre se via ameaçada pelo Carrasco e Sansão, já muito cansada, virava de costa, num giro horizontal de 180º e continuava a correr sempre imprimindo mais  velocidade.   Ela tinha quatro pernas sobressalentes nas costas; Enquanto quatros  pernas corriam, quatros estavam  descansando.   Essa foi a grande  descoberta  dos dois caçadores.   A principio ficaram incrédulos e indignados .   Mas, Bentinho, não se deixou abater chamou de novo os cães que continuavam a perseguição.  Sansão e Carrasco ofegantes e com a língua para fora e com  corpos feridos, no triscar de galhos e cipós, ficaram em posições e deitaram aos pés de seu dono.   Bentinho não titubeou;  Sacou de seu facão sorocabano de três listas e rapidamente cortou duas embirras de cipó enrolada em uma arvore próxima e testou sua resistência com uma lapada num tronco caído e com ajuda de Zé Paca, amarrou Carrasco e Sansão, espinhaço com espinhaço: um pra baixo e outro pra riba, quatro patas no chão e quatro patas pra cima.  - Agora quero ver a fia de uma égua escapá ! Deu a voz de comando e lá se foram  os dois cães atrelados, meio desequilibrados, porém rapidamente, adaptaram-se a criatividade de Bentinho e Zé Paca e tomaram rumo a mata adentro.   Retomaram a caçada, Carrasco carregando Sansão de barriga pra cima e pernas para o ar.   Não demorou muito desentocaram a paca; Bentinho e Zé Paca, estavam em ótima posição de visualização e puderam notar perfeitamente quando a paca em velocidade virava revezando as pernas; Desesperada percebia que os dois cães também  faziam  num sincronismo perfeito.   Não deu Outra!! A carreira foi curta.  Antes que a paca desse o terceiro giro sobre si mesma, estava nas garras de Sansão e Carrasco. Quinho, o interpelou: - Seo Bentinho, com é que Carrasco e Sansão, viravam no revezamento?  Sei não Quinho, mais que o desmantelo foi grande foi!   Ainda, não tínhamos retomados os fôlegos dos acesos de risos ,não pudemos evitar.   Bentinho, soltou a última baforada de seu cigarro de palha de fumo bruto, cuspiu no chão e muito sério nos preguntou: - Oia, Sargento e  Oceis! Não tão achando  que é mentira minha não? - Que é isso Bentinho Gaúcho!  Claro que acreditamos;  Que o caso além de verdadeiro e muito divertido!! Respondeu o Sargento Cantidio. Antes de nossa total recuperação e de um olhar para o outro e o outro olhar para o um!! Bentinho deu inicio a outro caso hilariante, mas, esse fica para próxima vez.  Nos dias atuais,  passado muito tempo, lembro-me do saudoso  Bentinho Gaúcho e seus casos verdadeiros!!!        



FLORESTAS DE ARAUCARIAS...


O botânico que percorreu Itararé
Em 1820, em viagem de pesquisa pelo interior do estado de São Paulo e pela região Sul, inclusive passando por Itararé, o botânico francês August Saint Hílare, descreve a paisagem:
“É a Araucária Brasiliensis, alta, imóvel, elegante e majestosa, que mais contribui para dar aos Campos Gerais, uma feição característica. Às vezes, essas árvores pitorescas elevam-se solitárias em meio dos campos, pompeando toda a beleza de seu porte e fazendo ressaltar, com a sua cor escura, o verde tenro da relva que se estende como um tapete sob as suas copadas. Em alguns lugares, encontram-se pequenas matas espessas constituídas exclusivamente de araucárias, e, enquanto à sombra dos nossos pinheiros crescem apenas algumas plantas raquíticas, em meio das coníferas brasileiras, e, em contraposição à rigidez de suas formas, vicejam inúmeras espécies de ervas e subarbustos de folhagem variegada e ramos delicados.”
Botanico oSaint-Hilaire
Saint Hílare
O fruto da Araucária, o saboroso Pinhão
Entre os meses de maio e junho o pinhão, o fruto da Araucária, de alto valor nutricional, cai ao chão. Nesta época também começam as festas juninas que têm a tradição de assar os pinhões na brasa das “fogueiras de São João”. Com a derrubada predatória dos Pinheiros essa iguaria não é mais tão presente nas festas folclóricas e juninas locais.  A semente é avidamente consumida por várias espécies da fauna; uma ave, a gralha azul, ao esconder os frutos no solo para posterior consumo, acaba involuntariamente contribuindo para a sua disseminação.  Saint Hílare diz que “em épocas imemoriais, contribuíram elas para a subsistência dos índios, que as denominavam ibá, a fruta, ou a fruta por excelência. Logo que os europeus desembarcaram na costa do Brasil, procuraram conhecer a árvore que as produzia e foi com essas sementes que, em grande parte, se alimentaram os antigos paulistas nas bárbaras expedições contra o Paraguai. Entre os Rios Itararé, Funil e Pelame, eram comuns ataques e saques aos tropeiros que levavam tropas para as feiras de Sorocaba"
Os Guaianases e Caingangues:
São os  indígenas que se refere, Saint Hílare são índios que habitavam as florestas de Pinheiros há mais de 8.000 anos. Os Guaianases, habitavam os territórios que hoje são os municípios de Itararé, Sengés, Bom Sucesso de Itararé...  Tinham a Araucária como árvore sagrada; consideravam-na como uma irmã, inclusive a usando em seu principal ritual de culto aos mortos, o “Kikikoi”. 
Após a tribo definir um local onde será entoado os cantos e rezas, chamado de “Praça dos Fogos”, é acendido o primeiro fogo, o qual antecede o corte de uma Araucaria e seu tronco servirá de konkéi (cocho), vasilha onde é colocada a bebida que recebe o nome do ritual – ‘kiki’. O segundo fogo ocorre na noite seguinte e antecede o início da preparação do konkéi. O terceiro fogo é a etapa final e mais importante do ritual. Os rezadores permanecem durante a noite ao redor dos fogos, cantando e tocando instrumentos. Durante esta etapa, determinadas mulheres, as péin, realizam as pinturas faciais, cuja finalidade é a proteção dos participantes contra os espíritos dos mortos de sua metade. Ao amanhecer os grupos se deslocam para o cemitério, onde novamente são realizadas rezas para os mortos nas suas sepulturas. Quando retornam para a praça de dança os grupos se fundem em danças ao redor dos fogos. O ritual é concluído com o consumo da bebida, do Kiki.
Os Caingangues e Guaianases. tinham o pinhão como principal fonte de sua alimentação, transformando-o em farinha ou comendo-o assado. No mês de maio, todas as famílias, saiam com seus cestos pela floresta para coletar e armazenar imensa quantidade de pinhão. Tinham suas próprias técnicas para aumentar a durabilidade das pinhas, impedindo as sementes de brotar. Estas eram guardadas sob riachos com água corrente. Há uma brincadeira Kaingang, a escalada do pinheiro, realizada com muita eficiência pelos meninos. Ainda se diz que o nó da pinha queimada é como um grande remédio.

NÃO ESQUEÇAMOS O VELHO DITADO INDÍGENA: "A NATUREZA NÃO É ALGO QUE HERDAMOS DE NOSSOS AVÓS...E SIM ALGO QUE EMPRESTAMOS DE NOSSOS NETOS"

sexta-feira, 24 de abril de 2015

VOLTEANDO DATAS...

 


20 de outubro de 1918 (terça-feira); Falece no Rio de Janeiro, aos 63 anos idade, Artur de Azevedo. Foi um dramaturgo, poeta, contista e jornalista brasileiro.  Em sua homenagem,   na sessão contos e fatos do Jornal "O Itararé,  publicaram o seu famoso conto A DOENÇA DO FABRÍCIO: O Fabrício,  era amanuense (copista de texto a mão) numa repartição pública, e gostava muito da Zizinha, filha única do Major Sepúlveda.  O seu desejo era casar-se com ela, mas para isso era preciso ser promovido porque os vencimentos de amanuense não davam para sustentar família. Portanto, o Fabrício limitava-se à posição de namorado, esperando ansioso o momento em que pudesse ter a de noivo.Um dia, o rapaz recebeu uma carta de Zizinha, participando-lhe que o pai, o Major Sepúlveda, resolvera passar um mês em Caxambu, com a família, e pedindo-lhe que também fosse, pois ela não teria forças para viver tão longe dele.  Sorriu ao amanuense a idéia de ficar uma temporada em Caxambu, hospedado no mesmo hotel que Zizinha. Sendo como era, moço econômico, tinha de parte os recursos necessários para as despesas da viagem; faltava-lhe apenas a licença, mas com certeza o ministro não lha negaria.Enganava-se o pobre namorado. O ministro, a quem ele se dirigiu pessoalmente, perguntou-lhe de carão fechado:- Para que quer o senhor dois meses de licença?   -Para tratar-me.  - Mas o senhor não está doente! - Estou, sim, senhor; não parece, mas estou.   Nesse caso submeta-se à inspeção de saúde e traga-me o laudo. Só lhe darei a licença sob essa condição.Três dias depois o Fabrício, metido numa capa, com lenço de seda atado em volta do pescoço, a barba por fazer, algodão nos ouvidos, foi à Diretoria Geral de Saúde.   O seu aspecto era tão doentio que o doutor encarregado de examiná-lo disse logo que o viu: - Aqui está um que não engana: vê-se que está realmente enfermo!  E dirigindo-se ao Fabrício: - Que sente o senhor?   O Fabrício respondeu com uma voz arrastada e chorosa: - Sinto muitas coisas, doutor; dores pelo corpo, cansaço, ferroadas no estômago, opressão no peito. - Vamos lá ver isso! Dispa o casaco!    Fabrício pôs-se em mangas de camisa, e o médico auscultou-o.  Não tem tosse?  - Tenho, mas só à noite; não me deixa dormir.              - Bom. Pode vestir o casaco.   E o doutor foi escrever o laudo, que entregou ao amanuense. Este na rua desdobrou o papel, para ver que espécie de doença lhe arranjara o médico e leu: "Cardialgia sintomática da diátese artrítica. "Não imaginem o efeito que lhe produziram essas palavras enigmáticas para ele.   - E não é que eu estou mesmo doente? - pensou o pobre rapaz.   Ao chegar a casa, tinha as fontes a estalar. Vieram depois arrepios de frio, a que sucedeu uma febre  violenta e febre foi  esta, que durou vinte dias.   O enfermo teve alta justamente quando Zizinha, voltava de Caxambu com um noivo arranjado lá.   Maldita cardialgia sintomática da diátese artrítica-Fonte: Jornal "O Itararé" 25 de outubro 1918.  (Com correção ortográfica).



 
 
 
 
 

LEMBRANÇAS...


                                                                                                                                                                                                                  Ôh,  minha Lua Prateada!   Com você eu posso falar!  Sobre a querida Itararé.Que saudade eu sinto das noites frias de junho, em festa de São João, na Fazenda do mesmo nome de propriedade do Dr; João Batista Ferreira Lobo ( Ni Lobo),  onde lá no Terreiro a fogueira ardia em brasa num clarão.  Bem antes já se juntavam as madeiras, tudo era em abundância; amontoados os troncos, os galhos era só espera.  O Pedro Tatit, era dono da Loja "Tem Tudo", levava fogos de artifícios, ainda sem saber do perigo, e nem mesmo avisado, trazia os balões para estas noites ir soltar. distribuía traque e caixinhas de fósforos de cor para as crianças.  Que alegria ver o balão subindo nas suas cores tremendo e o seu fogo até cuspindo,  as estrelas caindo dos fogos de artifícios,   Ao lado com mesas improvisadas estavam todos os doces, aqueles que hoje não se come mais.  Tanta coisa, pé de moleque, encomendado Willi Gorski, cocadinha, batata doce, pinhão cozido e não faltava a canjiquinha e o arroz doce algodão doce.  Noutro lado o gostoso bolo de fubá, o milho cozido pronto para mastigar, o quentão só para gente grande tomar, a pipoca, o  bolinho de frango.  Cantava-se com a viola tocando, e sanfona do mestre Ataliba, na quadrilha improvisada fazendo acompanhamento numa grande alegria.  Ah! que saudades do tempo que tenho do sitio Santo Antônio, que era  de meus pais,  saudades  das caminhadas no mato procurando os ovos que as galinhas deixavam por lá.  Ir pegar as mangas e abacates no chão, pois caíam de montão, não dava tempo de distribuir tudo, os abacates que sobravam eram  para fazer sabão.   Saudades do vento no rosto, do cheiro de chão!  Do leite quentinho tirado na hora da Mansinha pela minha saudosa  mãe  Dona Cida.  Saudades de ir pescar  na lagoa, que tinha divisa com o sitio do saudoso João Contieri  e levar para casa peixes que nunca ninguém viu de tão miúdos. Mas a brincadeira valia.  Saudades dos domingos das corridas de cavalos em cancha reta , construída pelo o meu pai Zuza. Um pequeno relato que Itararé e sua gente me proporcionou, cada um de nós temos lembranças que nunca esqueceremos. De jogar bola no Campo da firma Sguário, na rua 15 de novembro.  Dos colegas e professores do Grupo Escolar Tomé Teixeira.  De nadar no Caiçara e no Recreio do Rio Verde.  Dos colegas at do Tiro de Guerra. Dos cinemas; Cine Itararé e São José. Dos bailes nos clubes:Fronteira, Primeiro de Maio e 13 de Maio.    O tempo passou, o progresso chegou nos sítios  também.  O pomar não é o mesmo, as frutas crescem em qualquer tempo!  Os ovos estão guardados recolhidos automaticamente e as galinhas na engorda, presas, coitadinhas presas em gaiolas.   Saudades do  leite que eram entregue de casa em casa de charrete, agora deixam o leite em galões, na porteira e levam todo embora para ser pasteurizado e  comercializado em saquinhos embalados. Saudades dos cinemas (hoje vamos assistir filmes em Itapeva).  Tenho saudades sim, mas também estou no novo tempo!  Olha eu aqui escrevendo no computador! E a velha maquina de escrever Reminthon??   Mas à noite com um olho no céu, procuro a Lua, o luar prateado e se der sorte ainda ouço a voz de um sertanejo, cantando a sua musica raiz que quase sempre é de felicidade e amor!  Do sonho da adolescência, restou a lembrança  que soube aproveitar: Itararé, onde nossas raízes perpetuam!!!


 
 

domingo, 12 de abril de 2015

MANINHO,PERNA MOLE E VURTO



Maninho, era pessoa popular de Itararé,   querido por todos, educado, carismático. Acometido  de uma doença degenerativa óssea, tinha os dedos das mãos retorcidos e rígidos, caminhava com dificuldade, amparado sempre por uma bengala. Porém, tinha um vozeirão de dar inveja a qualquer  locutor radiofônico.    Exercia com dignidade e profissionalismo, a função de comunicador de rua, utilizando um megafone simples, sem a tecnologia eletrônica dos atuais.   Fazia, propaganda de várias casas comerciais em Itararé, em especial das Casas Pernambucanas, que situava-se no prédio de propriedade do Joaquim de Oliveira (atual Palácio das Tintas).  Ficava na calçada ou na porta em frente, oferecendo as ofertas do dia aos transeuntes que ali passavam
Certa manhã, o seu filho João Perna Mole, chegou na Praça São Pedro, muito triste e justificou dizendo que no dia anterior tinha ido ao enterro de seu pai , que estava internado em Sorocaba. Perguntei: porque não nos tinha comunicado antes para que fossemos no velório e  acompanhássemos o enterro?   E ele justificou: -O pai, foi sepultado em Sorocaba, o translado do corpo até Itararé, inviabilizou- se pelo alto custo. Um sentimento profundo o acometia, por não ter acompanhado os últimos dias de vida de seu querido pai e por não tê-lo enterrado em Itararé sua terra que optou como adoção.    Enquanto conversávamos, íamos caminhando pela rua São Pedro e encontramos o Toninho Vurto, pessoa folclórica que  gostava de tomar da água que passarinho não bebe. Deu-se então o seguinte e curto diálogo:
João Perna Mole : - Ôi Vurto, perdi meu pai. - Toninho : O seu Maninho Morreu!! Morreu de que?Perna Mole:-Infarto, sei lá, MORREU IGUAL A UM PASSARINHO. Toninho:- PEDRADA OU FALTA DE ALPISTE?
E não é que o Perna Mole ficou sentido,  por muitos dias, com o Toninho Vurto por causa disso.



 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

PRA ECONOMIZAR


Heron Cavalcante, nascido na cidade paranaense de Pato Branco. Seu pai era um politico influente local, com filiação no Partido Social Democrático(PSD),  partido doentão governador do Paraná, Moises Lupion Neto, além de ser correligionário, tinha muito prestígio e amizade com o  governador. Um entrevero, com um desfecho trágico,
Heron tira as vida de um soldado e de  um sargento da Policia Militar do Estado do Paraná, lotados na cidade de Clevelândia.   Seu pai, recorre a Moises Lupion, pedindo ajuda ao seu filho. Atendendo, o pedido do amigo, o governador dá  guarida e abrigo na Fazenda Morungava, recomendando ao Antônio Cleto (Tonico) que acolhesse o Heron, em sua casa.Usando o pseudônimo de Pedrinho Gaúcho.Heron, residiu no seio da família Cleto, até a prescrição do crime. Após vai para o Estado de Mato Grosso. participando de muitas carreiras e finalmente, vai trabalhar no Jochey Clube, em Curitiba, como compositor no preparo dos cavalos para corrida. Pedrinho Gaúcho, em seu refugio,   trabalhava na Fazenda Morungava,  como tropeiro, domava cavalos e mulas, campeava o gado e também era um excelente ginete. Compunha cavalos de corrida em cancha reta, era jóquei, de vários carreirista de Itararé e região como: Luiz Carlos Luck, Hidío Abdala, Zuani de Fazio(Zuza), Tonico Cleto, Rivadavia Marques e para os irmãos Jango e Eurico Lolico de Taquarituba, Paulininho Colaço de Piraju e Doutor Lincon de Itatinga. Uma corrida que ficou famosa, aconteceu na cidade de Taquarituba, Pedrinho, conduziu o cavalo Tordilho de propriedade de Paulinho Colaço, contra o afamado cavalo "Pampa", de propriedade do deputado Walter Santana Menk, conduzido pelo jóquei, Bem Jardim, da cidade de Itaberá.   O cavalo Pampa até então, não tinha perdido nenhuma corrida, era o favorito disparado nas apostas, como uma execução excelente do Pedrinho, o Tordilho, ganhou a corrida, abrindo três corpos de vantagem ao seu oponente.  O prejuízo foi grande para muitos apostadores.Certo dia, Pedrinho Gaúcho,  chega para os colegas tropeiros da Fazenda  Morungava e diz: Vou ficar rico, descobri uma maneira de ganhar muito dinheiro. Seus colegas, abismados, logo perguntaram, como? No que ele respondeu, aguardem.
Passaram-se muitos dias e chega Pedrinho triste e acabrunhado. Seus amigos perguntaram o que tinha acontecido. Pedrinho, muito sentido respondeu: Minha experiência não deu certo, fiquei muito decepcionado. Logo em coro todos perguntaram qual era essa experiência tão importante, no que Pedrinho  respondeu:    DEIXEI DE ALIMENTAR UM CAVALO POR ALGUM TEMPO, PARA ECONOMIZAR COMIDA E NÃO É QUE, Quando ele estava quase acostumando morreu!!! É mais uma patacoada, do Pedrinho Gaúcho