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sábado, 25 de abril de 2015

BENTINHO GAÚCHO E A CAÇADA DE PACA...



Estávamos eu o Sargento Cantídio, comandante do Tiro de Guerra de Itararé e o colega atirador, Américo José Giordano, (o saudoso Quinho), a beira do Rio Itararé,  a espera  de pacas, na ceva que o Sargento, mantinha, na corredeira paulista, bem próxima da usina da fabrica Cimento Maringá.  O silencio era total, passava-se das 8:00 horas da noite, quando o silencio foi quebrado com estampidos de rojões soltados  pelos   os moradores mais próximos do rancho que residiam no  Bairro Poço Preto.  Era só o inicio de uma caçada que duraria, por mais dias.  Voltamos para o rancho, já que na ceva, naquela noite   a caçada, tinha ido "por água abaixo".  O local das corredeiras , é maravilhoso e a  exuberância da mata ciliar do Itararé, permite a rara possibilidade com a perfeita   interação com a natureza, apesar de local ainda deserto e extremamente adverso; O sargento, vez  um caminho com bom acesso até ao rancho que  recebia esporadicamente moradores de bairros próximos e da cidade,  que vinham pescar, com tarrafa  o  Cascudo, que era o ideal para um bom ensopado.  Levantamos bem cedo, no dia seguinte, pois esperávamos o Edson Lopes e seu irmão Mário Lopes, para pesca do cascudo, eram bons  boleadores de tarrafa.  Estávamos, tomando café, quando ouvimos: O de casa !! O Sargento Cantidio, respondeu: - O de fora"", pode entrar a porta não tem tramela, e  saímos na frente do rancho, que surpresa inusitada, era o Bentinho Gaúcho, montado no Cabotino, a procura de um boi desguaritado.   O Sargento, convidou para entrar, ofereceu café e o Bentinho: -  se tiver um purinha aceito!! Conversa vai, conversa vem,  por  algum tempo, falando da caçada de paca, e da pescaria, que iriamos fazer.  Bentinho, parecia bem a vontade entre nós, sem muita cerimonia,já no terceira dose, começou a contar vantagem como um dos melhores caçadores de paca da região, não tinha ceva, caçava com cachorros. e contou o seguinte caso: "Lá pras bandas, do Rio Jaguaricatu, tinha um outro grande caçador, cuja alcunha não deixava duvidas: Zé Paca, pela primeira vez estava enfrentando  dificuldade em toda sua vida, na caçada , de uma determinada paca, seus cães exímios caçadores estavam o decepcionando.   Zé Paca, os levava no carreiro da bicha manhosa, conseguiam localizá-la, persegui-la, mas não a alcançavam, era muita rápida na carreira pela mata, as tentativas foram muitas, por vários dias seguidos;  Os cães em questão de minutos de perseguição  ficavam junto ao seu dono, ofegantes e cortados por cipós, quase suplicando  a  desistência de infrutífera missão. A paca, a essa altura famosa nas redondezas por sua corrida sagaz como um corisco, correndo em ziguezague pela vereda;   Zé Paca, sentiu profundamente ferido em seu amor próprio e até pouco  humilhado; Afinal a fama de paqueiros de seus cães, era notória e percorria toda a região.   Mas,  relutante, atendeu os conselhos dos amigos .   Um pouco constrangido, procurou o Bentinho Gaúcho, o nosso visitante, Bentinho,  dispensa apresentação!!   Seus dois cães eram mestres em perseguição de qualquer tipio de caça.   Não havia nenhuma animosidade entre eles;   eram amigos, que ficava um clima desagradável, isso ficava.   Mas, Zé Paca, foi direto ao assunto:   Meu amigo Bentinho,... - e narrou detalhadamente a estória da paca que de tanto astuciosa e veloz nunca era alcançada pelos seus cães.   Bentinho, escutou atentamente e soltou uma baforada de seu "paiero" de fumo bruto, passou a mão carinhosamente sobre a cabeças de seus cães  e com desdém e empáfia, respondeu decisivo: - Então vamu atrais da bicha agora!!!   Com estalar dos de dedos chamou; Sansão e Carrasco, magros, todavia caçadores natos, até então cabisbaixos  e sonolentos entenderam a mensagem com balanços frenéticos dos rabos e imediatamente tornaram altivos e inquietos;   Rumaram todos para a mata, onde vivia tal paca.   No caminho Bentinho, reafirmou as virtudes de seus cães: - Zé Paca,manda a  sua muié dona  Francisca, bota a panela no fogo que rapidinho vamu cumê uma paca!!  Se Sansão e Carrasco, não pega a bicha corto os bagos dos dois!!   Chegando no nicho da desafeta e alertados pela ansiedade dos dois cães, Bentinho, com os gritos de estímulos soltou-os.   A carreira tá feia e o pipocar dos galhos, paus e cipós era ouvido de longe.   Ficaram parados em uma pequena clareira e sentados sobre os calcanhares e relaxados,  só espera da bichona, com a mira fixa no carreiro, prontos acabar com a sua fama.   Os latidos que anunciavam a busca, repentinamente passou para localização e perseguição ( os latidos são diferentes para cada situação, explicou Bentinho).  -Lá vem a bicha Zé Paga, si prepara!!  O barulho e os latidos aproximam-se cada vez mais.   Dito e feito, a paca a paca passou a três metros de onde estávamos.   Mas, muito afrente dos cães.   Naquela velocidade era impossível Sansão e Carrasco, Alcançarem-na Puxa Tchê ! Quê diabos e isso?  Esbravejou Bentinho Gaúcho, - Vinha ela  novamente correndo em círculos perseguida pelos cães, quase deitados ao chão, para tentarem uma visão mais ampla entre as arvores e arbusto, pudemos visualizar sem nenhuma dificuldade uma cena inusitada e inacreditável. - Vi com  os zóio que a terra há de comer! assegurou Bentinho, empolgado prosseguiu com  o relato: - Na carreira, a paca sempre se via ameaçada pelo Carrasco e Sansão, já muito cansada, virava de costa, num giro horizontal de 180º e continuava a correr sempre imprimindo mais  velocidade.   Ela tinha quatro pernas sobressalentes nas costas; Enquanto quatros  pernas corriam, quatros estavam  descansando.   Essa foi a grande  descoberta  dos dois caçadores.   A principio ficaram incrédulos e indignados .   Mas, Bentinho, não se deixou abater chamou de novo os cães que continuavam a perseguição.  Sansão e Carrasco ofegantes e com a língua para fora e com  corpos feridos, no triscar de galhos e cipós, ficaram em posições e deitaram aos pés de seu dono.   Bentinho não titubeou;  Sacou de seu facão sorocabano de três listas e rapidamente cortou duas embirras de cipó enrolada em uma arvore próxima e testou sua resistência com uma lapada num tronco caído e com ajuda de Zé Paca, amarrou Carrasco e Sansão, espinhaço com espinhaço: um pra baixo e outro pra riba, quatro patas no chão e quatro patas pra cima.  - Agora quero ver a fia de uma égua escapá ! Deu a voz de comando e lá se foram  os dois cães atrelados, meio desequilibrados, porém rapidamente, adaptaram-se a criatividade de Bentinho e Zé Paca e tomaram rumo a mata adentro.   Retomaram a caçada, Carrasco carregando Sansão de barriga pra cima e pernas para o ar.   Não demorou muito desentocaram a paca; Bentinho e Zé Paca, estavam em ótima posição de visualização e puderam notar perfeitamente quando a paca em velocidade virava revezando as pernas; Desesperada percebia que os dois cães também  faziam  num sincronismo perfeito.   Não deu Outra!! A carreira foi curta.  Antes que a paca desse o terceiro giro sobre si mesma, estava nas garras de Sansão e Carrasco. Quinho, o interpelou: - Seo Bentinho, com é que Carrasco e Sansão, viravam no revezamento?  Sei não Quinho, mais que o desmantelo foi grande foi!   Ainda, não tínhamos retomados os fôlegos dos acesos de risos ,não pudemos evitar.   Bentinho, soltou a última baforada de seu cigarro de palha de fumo bruto, cuspiu no chão e muito sério nos preguntou: - Oia, Sargento e  Oceis! Não tão achando  que é mentira minha não? - Que é isso Bentinho Gaúcho!  Claro que acreditamos;  Que o caso além de verdadeiro e muito divertido!! Respondeu o Sargento Cantidio. Antes de nossa total recuperação e de um olhar para o outro e o outro olhar para o um!! Bentinho deu inicio a outro caso hilariante, mas, esse fica para próxima vez.  Nos dias atuais,  passado muito tempo, lembro-me do saudoso  Bentinho Gaúcho e seus casos verdadeiros!!!        



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