Estávamos eu o Sargento Cantídio, comandante do Tiro de Guerra de Itararé e o colega atirador, Américo José Giordano, (o saudoso Quinho), a beira do Rio Itararé, a espera de pacas, na ceva que o Sargento, mantinha, na corredeira paulista, bem próxima da usina da fabrica Cimento Maringá. O silencio era total, passava-se das 8:00 horas da noite, quando o silencio foi quebrado com estampidos de rojões soltados pelos os moradores mais próximos do rancho que residiam no Bairro Poço Preto. Era só o inicio de uma caçada que duraria, por mais dias. Voltamos para o rancho, já que na ceva, naquela noite a caçada, tinha ido "por água abaixo". O local das corredeiras , é maravilhoso e a exuberância da mata ciliar do Itararé, permite a rara possibilidade com a perfeita interação com a natureza, apesar de local ainda deserto e extremamente adverso; O sargento, vez um caminho com bom acesso até ao rancho que recebia esporadicamente moradores de bairros próximos e da cidade, que vinham pescar, com tarrafa o Cascudo, que era o ideal para um bom ensopado. Levantamos bem cedo, no dia seguinte, pois esperávamos o Edson Lopes e seu irmão Mário Lopes, para pesca do cascudo, eram bons boleadores de tarrafa. Estávamos, tomando café, quando ouvimos: O de casa !! O Sargento Cantidio, respondeu: - O de fora"", pode entrar a porta não tem tramela, e saímos na frente do rancho, que surpresa inusitada, era o Bentinho Gaúcho, montado no Cabotino, a procura de um boi desguaritado. O Sargento, convidou para entrar, ofereceu café e o Bentinho: - se tiver um purinha aceito!! Conversa vai, conversa vem, por algum tempo, falando da caçada de paca, e da pescaria, que iriamos fazer. Bentinho, parecia bem a vontade entre nós, sem muita cerimonia,já no terceira dose, começou a contar vantagem como um dos melhores caçadores de paca da região, não tinha ceva, caçava com cachorros. e contou o seguinte caso: "Lá pras bandas, do Rio Jaguaricatu, tinha um outro grande caçador, cuja alcunha não deixava duvidas: Zé Paca, pela primeira vez estava enfrentando dificuldade em toda sua vida, na caçada , de uma determinada paca, seus cães exímios caçadores estavam o decepcionando. Zé Paca, os levava no carreiro da bicha manhosa, conseguiam localizá-la, persegui-la, mas não a alcançavam, era muita rápida na carreira pela mata, as tentativas foram muitas, por vários dias seguidos; Os cães em questão de minutos de perseguição ficavam junto ao seu dono, ofegantes e cortados por cipós, quase suplicando a desistência de infrutífera missão. A paca, a essa altura famosa nas redondezas por sua corrida sagaz como um corisco, correndo em ziguezague pela vereda; Zé Paca, sentiu profundamente ferido em seu amor próprio e até pouco humilhado; Afinal a fama de paqueiros de seus cães, era notória e percorria toda a região. Mas, relutante, atendeu os conselhos dos amigos . Um pouco constrangido, procurou o Bentinho Gaúcho, o nosso visitante, Bentinho, dispensa apresentação!! Seus dois cães eram mestres em perseguição de qualquer tipio de caça. Não havia nenhuma animosidade entre eles; eram amigos, que ficava um clima desagradável, isso ficava. Mas, Zé Paca, foi direto ao assunto: Meu amigo Bentinho,... - e narrou detalhadamente a estória da paca que de tanto astuciosa e veloz nunca era alcançada pelos seus cães. Bentinho, escutou atentamente e soltou uma baforada de seu "paiero" de fumo bruto, passou a mão carinhosamente sobre a cabeças de seus cães e com desdém e empáfia, respondeu decisivo: - Então vamu atrais da bicha agora!!! Com estalar dos de dedos chamou; Sansão e Carrasco, magros, todavia caçadores natos, até então cabisbaixos e sonolentos entenderam a mensagem com balanços frenéticos dos rabos e imediatamente tornaram altivos e inquietos; Rumaram todos para a mata, onde vivia tal paca. No caminho Bentinho, reafirmou as virtudes de seus cães: - Zé Paca,manda a sua muié dona Francisca, bota a panela no fogo que rapidinho vamu cumê uma paca!! Se Sansão e Carrasco, não pega a bicha corto os bagos dos dois!! Chegando no nicho da desafeta e alertados pela ansiedade dos dois cães, Bentinho, com os gritos de estímulos soltou-os. A carreira tá feia e o pipocar dos galhos, paus e cipós era ouvido de longe. Ficaram parados em uma pequena clareira e sentados sobre os calcanhares e relaxados, só espera da bichona, com a mira fixa no carreiro, prontos acabar com a sua fama. Os latidos que anunciavam a busca, repentinamente passou para localização e perseguição ( os latidos são diferentes para cada situação, explicou Bentinho). -Lá vem a bicha Zé Paga, si prepara!! O barulho e os latidos aproximam-se cada vez mais. Dito e feito, a paca a paca passou a três metros de onde estávamos. Mas, muito afrente dos cães. Naquela velocidade era impossível Sansão e Carrasco, Alcançarem-na Puxa Tchê ! Quê diabos e isso? Esbravejou Bentinho Gaúcho, - Vinha ela novamente correndo em círculos perseguida pelos cães, quase deitados ao chão, para tentarem uma visão mais ampla entre as arvores e arbusto, pudemos visualizar sem nenhuma dificuldade uma cena inusitada e inacreditável. - Vi com os zóio que a terra há de comer! assegurou Bentinho, empolgado prosseguiu com o relato: - Na carreira, a paca sempre se via ameaçada pelo Carrasco e Sansão, já muito cansada, virava de costa, num giro horizontal de 180º e continuava a correr sempre imprimindo mais velocidade. Ela tinha quatro pernas sobressalentes nas costas; Enquanto quatros pernas corriam, quatros estavam descansando. Essa foi a grande descoberta dos dois caçadores. A principio ficaram incrédulos e indignados . Mas, Bentinho, não se deixou abater chamou de novo os cães que continuavam a perseguição. Sansão e Carrasco ofegantes e com a língua para fora e com corpos feridos, no triscar de galhos e cipós, ficaram em posições e deitaram aos pés de seu dono. Bentinho não titubeou; Sacou de seu facão sorocabano de três listas e rapidamente cortou duas embirras de cipó enrolada em uma arvore próxima e testou sua resistência com uma lapada num tronco caído e com ajuda de Zé Paca, amarrou Carrasco e Sansão, espinhaço com espinhaço: um pra baixo e outro pra riba, quatro patas no chão e quatro patas pra cima. - Agora quero ver a fia de uma égua escapá ! Deu a voz de comando e lá se foram os dois cães atrelados, meio desequilibrados, porém rapidamente, adaptaram-se a criatividade de Bentinho e Zé Paca e tomaram rumo a mata adentro. Retomaram a caçada, Carrasco carregando Sansão de barriga pra cima e pernas para o ar. Não demorou muito desentocaram a paca; Bentinho e Zé Paca, estavam em ótima posição de visualização e puderam notar perfeitamente quando a paca em velocidade virava revezando as pernas; Desesperada percebia que os dois cães também faziam num sincronismo perfeito. Não deu Outra!! A carreira foi curta. Antes que a paca desse o terceiro giro sobre si mesma, estava nas garras de Sansão e Carrasco. Quinho, o interpelou: - Seo Bentinho, com é que Carrasco e Sansão, viravam no revezamento? Sei não Quinho, mais que o desmantelo foi grande foi! Ainda, não tínhamos retomados os fôlegos dos acesos de risos ,não pudemos evitar. Bentinho, soltou a última baforada de seu cigarro de palha de fumo bruto, cuspiu no chão e muito sério nos preguntou: - Oia, Sargento e Oceis! Não tão achando que é mentira minha não? - Que é isso Bentinho Gaúcho! Claro que acreditamos; Que o caso além de verdadeiro e muito divertido!! Respondeu o Sargento Cantidio. Antes de nossa total recuperação e de um olhar para o outro e o outro olhar para o um!! Bentinho deu inicio a outro caso hilariante, mas, esse fica para próxima vez. Nos dias atuais, passado muito tempo, lembro-me do saudoso Bentinho Gaúcho e seus casos verdadeiros!!!
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