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sábado, 25 de abril de 2015

FLORESTAS DE ARAUCARIAS...


O botânico que percorreu Itararé
Em 1820, em viagem de pesquisa pelo interior do estado de São Paulo e pela região Sul, inclusive passando por Itararé, o botânico francês August Saint Hílare, descreve a paisagem:
“É a Araucária Brasiliensis, alta, imóvel, elegante e majestosa, que mais contribui para dar aos Campos Gerais, uma feição característica. Às vezes, essas árvores pitorescas elevam-se solitárias em meio dos campos, pompeando toda a beleza de seu porte e fazendo ressaltar, com a sua cor escura, o verde tenro da relva que se estende como um tapete sob as suas copadas. Em alguns lugares, encontram-se pequenas matas espessas constituídas exclusivamente de araucárias, e, enquanto à sombra dos nossos pinheiros crescem apenas algumas plantas raquíticas, em meio das coníferas brasileiras, e, em contraposição à rigidez de suas formas, vicejam inúmeras espécies de ervas e subarbustos de folhagem variegada e ramos delicados.”
Botanico oSaint-Hilaire
Saint Hílare
O fruto da Araucária, o saboroso Pinhão
Entre os meses de maio e junho o pinhão, o fruto da Araucária, de alto valor nutricional, cai ao chão. Nesta época também começam as festas juninas que têm a tradição de assar os pinhões na brasa das “fogueiras de São João”. Com a derrubada predatória dos Pinheiros essa iguaria não é mais tão presente nas festas folclóricas e juninas locais.  A semente é avidamente consumida por várias espécies da fauna; uma ave, a gralha azul, ao esconder os frutos no solo para posterior consumo, acaba involuntariamente contribuindo para a sua disseminação.  Saint Hílare diz que “em épocas imemoriais, contribuíram elas para a subsistência dos índios, que as denominavam ibá, a fruta, ou a fruta por excelência. Logo que os europeus desembarcaram na costa do Brasil, procuraram conhecer a árvore que as produzia e foi com essas sementes que, em grande parte, se alimentaram os antigos paulistas nas bárbaras expedições contra o Paraguai. Entre os Rios Itararé, Funil e Pelame, eram comuns ataques e saques aos tropeiros que levavam tropas para as feiras de Sorocaba"
Os Guaianases e Caingangues:
São os  indígenas que se refere, Saint Hílare são índios que habitavam as florestas de Pinheiros há mais de 8.000 anos. Os Guaianases, habitavam os territórios que hoje são os municípios de Itararé, Sengés, Bom Sucesso de Itararé...  Tinham a Araucária como árvore sagrada; consideravam-na como uma irmã, inclusive a usando em seu principal ritual de culto aos mortos, o “Kikikoi”. 
Após a tribo definir um local onde será entoado os cantos e rezas, chamado de “Praça dos Fogos”, é acendido o primeiro fogo, o qual antecede o corte de uma Araucaria e seu tronco servirá de konkéi (cocho), vasilha onde é colocada a bebida que recebe o nome do ritual – ‘kiki’. O segundo fogo ocorre na noite seguinte e antecede o início da preparação do konkéi. O terceiro fogo é a etapa final e mais importante do ritual. Os rezadores permanecem durante a noite ao redor dos fogos, cantando e tocando instrumentos. Durante esta etapa, determinadas mulheres, as péin, realizam as pinturas faciais, cuja finalidade é a proteção dos participantes contra os espíritos dos mortos de sua metade. Ao amanhecer os grupos se deslocam para o cemitério, onde novamente são realizadas rezas para os mortos nas suas sepulturas. Quando retornam para a praça de dança os grupos se fundem em danças ao redor dos fogos. O ritual é concluído com o consumo da bebida, do Kiki.
Os Caingangues e Guaianases. tinham o pinhão como principal fonte de sua alimentação, transformando-o em farinha ou comendo-o assado. No mês de maio, todas as famílias, saiam com seus cestos pela floresta para coletar e armazenar imensa quantidade de pinhão. Tinham suas próprias técnicas para aumentar a durabilidade das pinhas, impedindo as sementes de brotar. Estas eram guardadas sob riachos com água corrente. Há uma brincadeira Kaingang, a escalada do pinheiro, realizada com muita eficiência pelos meninos. Ainda se diz que o nó da pinha queimada é como um grande remédio.

NÃO ESQUEÇAMOS O VELHO DITADO INDÍGENA: "A NATUREZA NÃO É ALGO QUE HERDAMOS DE NOSSOS AVÓS...E SIM ALGO QUE EMPRESTAMOS DE NOSSOS NETOS"

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