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sexta-feira, 24 de abril de 2015

VOLTEANDO DATAS...

 


20 de outubro de 1918 (terça-feira); Falece no Rio de Janeiro, aos 63 anos idade, Artur de Azevedo. Foi um dramaturgo, poeta, contista e jornalista brasileiro.  Em sua homenagem,   na sessão contos e fatos do Jornal "O Itararé,  publicaram o seu famoso conto A DOENÇA DO FABRÍCIO: O Fabrício,  era amanuense (copista de texto a mão) numa repartição pública, e gostava muito da Zizinha, filha única do Major Sepúlveda.  O seu desejo era casar-se com ela, mas para isso era preciso ser promovido porque os vencimentos de amanuense não davam para sustentar família. Portanto, o Fabrício limitava-se à posição de namorado, esperando ansioso o momento em que pudesse ter a de noivo.Um dia, o rapaz recebeu uma carta de Zizinha, participando-lhe que o pai, o Major Sepúlveda, resolvera passar um mês em Caxambu, com a família, e pedindo-lhe que também fosse, pois ela não teria forças para viver tão longe dele.  Sorriu ao amanuense a idéia de ficar uma temporada em Caxambu, hospedado no mesmo hotel que Zizinha. Sendo como era, moço econômico, tinha de parte os recursos necessários para as despesas da viagem; faltava-lhe apenas a licença, mas com certeza o ministro não lha negaria.Enganava-se o pobre namorado. O ministro, a quem ele se dirigiu pessoalmente, perguntou-lhe de carão fechado:- Para que quer o senhor dois meses de licença?   -Para tratar-me.  - Mas o senhor não está doente! - Estou, sim, senhor; não parece, mas estou.   Nesse caso submeta-se à inspeção de saúde e traga-me o laudo. Só lhe darei a licença sob essa condição.Três dias depois o Fabrício, metido numa capa, com lenço de seda atado em volta do pescoço, a barba por fazer, algodão nos ouvidos, foi à Diretoria Geral de Saúde.   O seu aspecto era tão doentio que o doutor encarregado de examiná-lo disse logo que o viu: - Aqui está um que não engana: vê-se que está realmente enfermo!  E dirigindo-se ao Fabrício: - Que sente o senhor?   O Fabrício respondeu com uma voz arrastada e chorosa: - Sinto muitas coisas, doutor; dores pelo corpo, cansaço, ferroadas no estômago, opressão no peito. - Vamos lá ver isso! Dispa o casaco!    Fabrício pôs-se em mangas de camisa, e o médico auscultou-o.  Não tem tosse?  - Tenho, mas só à noite; não me deixa dormir.              - Bom. Pode vestir o casaco.   E o doutor foi escrever o laudo, que entregou ao amanuense. Este na rua desdobrou o papel, para ver que espécie de doença lhe arranjara o médico e leu: "Cardialgia sintomática da diátese artrítica. "Não imaginem o efeito que lhe produziram essas palavras enigmáticas para ele.   - E não é que eu estou mesmo doente? - pensou o pobre rapaz.   Ao chegar a casa, tinha as fontes a estalar. Vieram depois arrepios de frio, a que sucedeu uma febre  violenta e febre foi  esta, que durou vinte dias.   O enfermo teve alta justamente quando Zizinha, voltava de Caxambu com um noivo arranjado lá.   Maldita cardialgia sintomática da diátese artrítica-Fonte: Jornal "O Itararé" 25 de outubro 1918.  (Com correção ortográfica).



 
 
 
 
 

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