Como agiriam nossos corajosos voluntários paulistas de 32, que deram a vida pela democracia, se pudessem vê-la agora tão aviltada? Se vissem nossa pátria tão saqueada? Nossa Constituição tão desrespeitada? Se vissem – em todos os níveis de governo – a maioria dos parlamentares surdos aos clamores e carências públicas, abusando vergonhosamente do erário e apenas preocupados consigo mesmos, como nessa falsa reforma política? E as constantes tentativas para desmoralizar o juiz Sérgio Moro? Tomara que, nesta data, a lembrança do exemplo dos voluntários de 32 nos faça refletir sobre a omissão acomodada de todos nós: do povo alfabetizado, das sociedades civis e dos representantes políticos que elegemos.
DIETA POÉTICA
Fazer dieta não é fácil para a maioria das pessoas. Imagine, então, para um poeta como Vinícius de Moraes, que amava intensamente os prazeres da vida, neles incluídos as noitadas nos botequins, a mesa farta e o copo sempre cheio. Deu-se que o poeta foi obrigado, pela saúde infiel, a fazer dieta. Suportou-a, entretanto, por poucos dias. Rebelde e irreverente, ele procurou seu médico e enviou-lhe um soneto que rompia o pacto que havia feito: “Não comerei da alface a verde pétala/ Nem da cenoura as hóstias desbotadas./ Deixarei as pastagens às manadas/ E a quem mais aprouver fazer dieta./ Cajus hei de chupar, mangas-espadas/ Talvez pouco elegantes para um poeta,/ Mas peras e maçãs deixo-as ao esteta/ Que acredita no cromo das saladas./ Não nasci ruminante como os bois/ Nem como os coelhos roedor; nasci/ Onívoro; deem-me feijão com arroz/ E um bife, um queijo forte e parati/ E eu morrerei feliz, do coração/ Por ter vivido sem comer em vão”. A genialidade e a leveza de Vinícius são incompatíveis com qualquer dieta
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