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terça-feira, 25 de agosto de 2015

O PRIMEIRO DIA DE AULA DO MESTRE JORGE CHUERI...

O ingresso na escola é um evento muito importante na vida de uma criança, pois é o primeiro passo rumo à independência em relação aos pais. É a construção de um espaço próprio, que marcará seu   caminho futuro. Para os pais, esse também é um evento decisivo. É um momento de constatação de  que seu filho esta se tornando independente.  . O artista mor itarareense,   percorre seu caminho com alegria e realizações.    Ele é cheio de amor para as coisas da vida.   E é cheio de respeito para as coisas da morte. Seu espírito penetra a sua visão silenciosa. E a sua alma de artista possui-a cheia de um novo mistério  A suas obras é a razão da sua existência.  Elas o faz, grande e nobre.  E o consola da dor e o consola da angustia.   Ele, nos narra onde tudo começou:
MANHÃ: Na residência do árabe Simão Jorge Chueri, o aroma do café forte escapava pela porta aberta na rua, indo de encontro aos olfatos que ali, naquela manhã passavam....
E a voz, sonora e forte encheu a casa:  - Ô Jorge, já está na hora!  - É o Nei, o Garibaldi  - disse minha mãe. Cristovão e Garibaldi (conhecidos também como Assad e Nei) eram os dois filhos homens do casal José e Helena Andraux.   Seu pai, admirador de "descobridor" Colombo, e de Garibaldi. esposo de Anita. homenageou os dois filhos com seus nomes, em uma família composta de mais cinco mulheres.   Eu deixei  a cozinha, passei pela sala e coloquei a tiracolo minha maleta escolar de madeira tingida de amarelo, ilustrada na base com um losango verde amarelo, onde se lia a frase "SALVE JAHU", homenagem dedicada a um personagem brasileiro por seu feito aéreo em nossa aviação, que naqueles tempos, já estava engatinhando.    O percurso era pequeno.   Em instantes chegamos à esquina da Quinze de Novembro, onde o Grupo Escolar aparecia.   Paramos defronte o açougue do Honorato Gaya, internamente separado pelo cômodo onde o Pedro Pereira de Almeida, vendia sua verduras, sua frutas e legumes, suas rapaduras, seus pés-de-moleque, seus doces de cidra, suas cocadas.   Ali, onde hoje e o atual edifício da Prefeitura Municipal de Itararé era o nosso antigo Mercado Municipal.   O movimento da escola era razoável  - crianças subiam e desciam os degraus, mães e pais levavam seu filhos para o primeiro dia de aula.   Algumas crianças choravam, não queriam ir à escola.   Acompanhado de Garibaldi, subimos os degraus da escada que nos introduziriam ao interior solene do edifício.   Entramos numa pequena saleta.   Garibaldi entregou um papel a uma escrevente, que, após lê-l0, fez algumas anotações em um livro.   A saleta estava movimentada.   Pelo corredor várias crianças iam e vinham.   Nesse instante, um usenhor trajando escuro apareceu.   Garibaldi, pronta e respeitosamente o cumprimentou: - Seu Teixeira, este é o Jorge, filho de Simão Chueri.   Ele mora pertinho, ali embaixo na Rua São Pedro, onde seu pai tem loja.   O professor era alto, tinha os cabelos bem pretos, brilhantes e um pouco ondulado.   Usava uma camisa branca e uma gravata longa e de tonalidade cinza- claro.   Sua pele tinha uma cor esquisita - não era escura e nem clara lembrava a peroba, pelo tom vermelho e a imbuia pelo escuro. com nuances de amarelo envelhecido. parecendo o recipiente em que se toma chimarrão: tinha a pele cor de cuia.   A pele do rosto era totalmente despida de pelos, mas embaixo do queixo, havia vestígios esparsos de rala barba.   Tinha um porte atlético admirável, mas a bondade dos olhos e de quando estava falandoa todos cativavam, apesar do escuro das suas lentes.  Entregando ao amigo Nei, um papel, o respeitável diretor indicou-lhe o corredor dizendo: - Vá até o final deste corredor, na ultima porta a esquerda, entre e entregue este papeldo garoto a professora que esta na sala.   Era alia classe de primeiro ano primário .   Uma simpática professora ao nos ver, veio sorrindo ao nosso encontro.   Era ainda jovem, de voz amável e sorriso agradável.   Agradeceu ao meu amigo e tomando-me pelas mãos, conduziu-me a uma carteira.   Conversou alguma coisa comigo e sentiu a minha timidez em minhas respostas.  Foi ness"e momento que me lembrei de minha mãe a senti vontade de chorar, já com saudade de casa e do que me havia dito :antes de sair para a escola: "ABLA" (professora em árabe) é a sua segunda mãe... preste muita atenção ao que ela vai te ensinar".  Assim foi meu batismo no então Grupo Escolar de Itararé( E.E. Tomé Teixeira).   Assim foi o meu primeiro contato com minha querida dona MARIA GAVIÃO, que nunca mais vi e que só  saudade  deixou...
'THOMÉ TEIXEIRA, QUE SAUDADE IMENSA / DAQUELES TEMPOS DE INFÂNCIA E PAZ / DOS VELHOS MESTRES QUE NOS ENSINARAM / E DOS COLEGAS QUE NÃO VEJO MAIS...".
 JORGE "SHOWUERI":  Artista plástico, poeta, compositor, escritor e carnavalesco: É GENTE DE NOSSA GENTE... 

 


 

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